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‘Queremos que Putin venha ao G20’, declara Celso Amorim

Assessor especial de Lula afirmou que, para Brasil, a Rússia é ‘ator necessário’ na cúpula e questionou ‘hipocrisia’ do Tribunal Penal Internacional em aplicar mandado de prisão contra líder russo, mas não aos ‘outros que cometeram crimes de guerra’.

“Queremos que Putin venha. Uma conferência do G20 sem a Rússia seria incompleta”, declarou Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta segunda-feira (18/12), ao considerar a presença do líder russo fundamental para as pautas que serão discutidas no evento.

”Em assuntos como a reforma da governança global, como podemos ignorar a Rússia? A Rússia é um ator necessário. A eventual ausência vai contra os interesses do G20”, completou Amorim.

A cúpula do G20, que reúne 19 países mais a União Europeia e a União Africana, é o principal fórum de cooperação econômica do mundo. O evento está previsto para novembro de 2024, no Rio de Janeiro.

A declaração dada em nome da presidência carrega um teor justamente por Putin estar sendo alvo de um mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional de Haia (TPI), acusado por “crimes de guerra” cometidos na Ucrânia.

Como signatário do Tratado de Roma que estabelece o TPI, em tese o Brasil é obrigado a executar o mandado de prisão caso o presidente russo ingresse no país.

No entanto, no início deste mês, durante a cerimônia de declaração conjunta de intenções e acordos com a Alemanha, em Berlim, o próprio presidente Lula demonstrou ter um entendimento diferente e fez um convite direto ao líder do Kremlin:

“Não sou eu que posso dizer. É uma decisão judicial, e um presidente da República não julga as decisões judiciais. Ele cumpre ou não cumpre. E, portanto, o Putin está convidado para o G20 no Brasil e para os Brics no Brasil. E se ele comparecer, ele sabe o que vai acontecer. Pode acontecer ou pode não acontecer. Ele não faz parte desse tribunal. Ele não é assinante. Os Estados Unidos também não. O Brasil é”, declarou o petista, em público.

Ainda nesta segunda-feira (18/12), Amorim questionou uma espécie de “hipocrisia” em relação à aplicação das regras do tribunal:

“O TPI foi criado quando eu era embaixador nas Nações Unidas e foi visto como um avanço. Mas o fato é que as grandes potências foram excluídas. Isso só vale para os outros? Apenas para os países declarados inimigos do Ocidente. Onde estão os outros que cometeram crimes de guerra?”, disse o assessor brasileiro.

(*) Com Ópera Mundi

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Por Celeste Silveira

Produtora cultural

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