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PF achou slides que Braga Netto usou para incitar militares a ‘ampliar poder’, diz jornal

Documento, encontrado na sede do PL, defende ‘poder de pressão política’ das Forças Armadas.

A Polícia Federal encontrou uma apresentação que teria sido usada pelo general Walter Braga Netto em palestras realizadas em clubes militares para incentivar a tropa a “ampliar o poder de influência na Esplanada”. O documento foi achado na sede do Partido Liberal (PL), em Brasília, durante a Operação Tempus Veritatis, deflagrada em fevereiro de 2024. A informação é do repórter Fausto Macedo, de O Estado de S.Paulo.

O documento foi encontrado em um computador apreendido numa sala de assessores de Walter Braga Netto.O texto aborda a “evolução do relacionamento civil-militar no Brasil” e defende o “poder de pressão política” das Forças Armadas para “participar ativamente das decisões nacionais” e “ampliar o poder de influência na Esplanada”.

Braga Netto, que foi ministro da Casa Civil e da Defesa no governo de Jair Bolsonao, foi um dos 37 indiciados por organização criminosa, golpe de Estado e abolição violenta do Estado de Direito. De acordo com as investigações, ele conhecia o plano de matar o ministro Alexandre de Moraes, o presidente Lula e o vice Geraldo Alckmin. Braga Netto também foi candidato à vice de Bolsonaro em 2022.

Com o nome “Palestra nos Clubes Militares – 29 JUN V2.pptx”, à apresentação foi adicionado um alertas de “acesso restrito” e um pedido: “Solicita-se evitar cópias e divulgação”. O documento foi criado pelo assessor Carlos Antonio Lopes de Araujo e que a última modificação foi feita pelo coronel da reserva Marcelo Lopes de Azevedo.

Braga Netto: palestra nos clubes militares
A apresentação tem 67 páginas de slides. O documento começa se contrapondo ao discurso de que “Forças Armadas não se envolvem em política” e de que “lugar de militar é no quartel”: “Seguindo o pensamento liberal, os militares foram afastados do centro de poder e das decisões de Estado. Com isso, perdemos paulatinamente a capacidade de influenciar!!”.

Para ilustrar a afirmação, um slide exibe duas imagens de reuniões presididas por Lula em agosto de 2009 e pór Dilma em janeiro

ro de 2012 com a pergunta: “Algum militar?”

Para fazer a comparação dos governos de Lula e Dilma com gestão de Jair Bolsonaro, slide exibe duas imagens de reuniões presididas por Lula em agosto de 2009 e pór Dilma em janeiro de 2012 com a pergunta: “Algum militar?”

Em seguida, a “importância da participação dos militares na conjuntura política”: “A atuação política é necessária para não ceder espaço. Não estamos em um movimento retrógrado, mas sim num aproveitamento do êxito”, segue a apresentação. “Nunca haverá vácuo de poder”, diz outro trecho do arquivo.

Além dos governos Lula e Dilma, a apresentação critica o que classifica como ativismo do Judiciário, elencando a soltura de Lula, em 2019, e a “articulação contra o voto impresso e auditável”.

Num trecho que se inicia com um slide que tem como título “Por que queremos mais quatro anos de governo Bolsonaro?”, há página de rascunho, com sugestões que Braga Netto adicionar informações sobre a campanha de 2022, em que foi cadidato a vice de Jair Bolsonaro, além de “projetos” para 2024 e 2026. “No caso concreto, o general pode citar o exemplo pessoal que concorreu como vice-presidente e está colocando o nome dele à disposição do partido”.

A PF, que encontrou o documento e enviou uma cópia para o STF, afirma que a apresentação seria um “chamamento aos demais militares a participar da vida política”.

 

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