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O “dilema da mídia”: Governadores da chamada “direita civilizada” subiram no palanque de Bolsonaro para apoiar a anistia do golpista

O “dilema da mídia” está em como cobrir a aliança entre governadores da “direita civilizada” e Bolsonaro sem normalizar discursos que desafiam a democracia.

A participação desses líderes de direita em atos pela anistia reflete um projeto eleitoral para 2026, mas expõe contradições entre suas posturas passadas e atuais, alimentando críticas de oportunismo.

A mídia, ao destacar essas figuras, corre o risco de amplificar narrativas golpistas, enquanto tenta se equilibrar na cobertura entre imparcialidade e responsabilidade democrática.

É uma senhora casca de banana que a própria mídia jogou no chão
Em 2023, quando esses governadores da direita bom-mocista condenaram os atos de 8 de janeiro.

Caiado, aos berros, chamou-os de “golpistas”, enquanto Ratinho Júnior falou grosso e reto em “terrorismo”.

Em 2025, a mudança de tom para pio é de um oportunismo político para lá de canalha, especialmente por estarem de olho nos votos bolsonaristas que apoiaram a tentativa de golpe.
A defesa da anistia é criticada até pela Anistia Internacional, que exige proteção específica para evitar novos ataques à democracia.

A presença de governadores em atos que questionam o Judiciário e as urnas eletrônicas, inapelavelmente, reforça as narrativas golpistas.

Apesar de buscarem uma imagem independente, a participação no palanque pelo perdão a Bolsonaro e seus generais golpistas, sugere que esses governadores ainda dependem da máquina bolsonarista para mobilizar apoio, o que limita sua autonomia como líderes de uma “direita civilizada”.

Os governadores citados têm motivações políticas claras para subir no palanque do comandante do golpe, Jair Bolsonaro:

Com Bolsonaro inelegível, os líderes da “direita civilizada” disputam o eleitorado bolsonarista para as eleições de 2026. A defesa da anistia, uma pauta cara aos apoiadores do ex-presidente, é uma forma de manter essa base leal, mesmo que contradiga posições anteriores.

Exemplo: Tarcísio de Freitas, que em 2023 criticou os atos golpistas como “cerceamento de direitos”, defendeu a anistia em 2025 como uma “pauta humanitária e urgente”.

Governadores como Zema e Tarcísio justificam a anistia como uma forma de “pacificar o Brasil”, argumentando que as penas (até 17 anos) são desproporcionais.

Tal narrativa, porém, é absurda. Anistia para golpista, que tinha planos de matar Lula, Alckmin, Moraes e Dirceu, é um escancarado incentivo à impunidade de atos antidemocráticos.

A mídia apoiando Tercisio, por exemplo, como vimos no Estadão essa semana, normaliza discursos antidemocráticos.

Editoriais, que sugerem o surgimento de uma “direita civilizada” após a inelegibilidade de Bolsonarom, podem ser lidos como uma tentativa de separação do bolsonarismo “radical” de uma direita “aceitável”, mas ignoram a aliança prática entre esses governadores e Bolsonaro em pautas como a anistia para golpista.

Ou seja, está difícil para a mídia apoiar a direita em 2026 sem apoiar golpista.

Por Carlos Henrique Machado

Compositor, bandolinista e pesquisador da música brasileira

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