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Vídeos: “Volta, Evo Morales”, grita multidão em La Paz

Desafiando uma chuva fina e a polícia, milhares de partidários de Evo Morales caminharam nesta quinta-feira pelas ruas de La Paz para exigir a renúncia da presidente interina boliviana, Jeanine Áñez, e o retorno do líder indígena, asilado no México.

“Estamos bem enfurecidos com esta senhora que se nomeou sozinha” presidente, “queremos que Evo retorne”, disse à AFP Nery, 28 anos, vestida com o tradicional traje aimara, enquanto mascava folhas de coca, um costume ancestral andino.

Mãe de uma menina de seis anos, Nery veio da vizinha cidade de El Alto, bastião de Morales, junto a milhares de trabalhadores e camponeses, boa parte indígenas, que carregavam a bandeira ‘wiphala’ dos povos aborígenes bolivianos, convertida em símbolo do Estado pelo ex-presidente.

A passeata entrou pacificamente em La Paz no início da tarde, e tentou se aproximar o máximo possível do Palácio Quemado, a sede do governo, que está cercado pela polícia.

De imediato, quase todas as lojas do centro fecharam as portas e o trânsito foi interrompido pela passagem dos manifestantes, muitos com “ponchos vermelhos” de uma organização camponesa andina pró-Morales, que gritavam: “Añez golpista, fora do palácio!”, “Agora sim, guerra civil!” e “Volta Evo!”.

“Estamos exigindo a renúncia da presidente, esta presidente racista, golpista”, disse à AFP Juan Gutiérrez, um dos “ponchos vermelhos”.

“Esperamos a renúncia”

Morales, primeiro presidente indígena da Bolívia e que chegou ao poder em 2006, renunciou no domingo, após três semanas de protestos diante de irregularidades nas eleições de 20 de outubro, que o reelegeram para um quarto mandato consecutivo.

“Estes senhores golpistas têm que partir. Carlos Mesa (ex-presdidente e candidato à presidência) tem que partir. Áñez, (Waldo) Albarracín, (Luis Fernando) Camacho têm que partir da Bolívia”, disse à AFP Gregorio Jucamari, da central agrária Puerto a Costa, sobre os líderes dos protestos contra Morales.

“Esperamos a renúncia imediata de Áñez”, declarou Narciso González, operário da construção de 48 anos, que exigiu o respeito ao “estado ‘plurinacional'”, que reconhece oficialmente a existência dos povos indígenas, 36 na Bolívia.

No início da noite, foram acionados cerca de 50 militares com equipamento de choque para proteger a avenida El Prado, a principal de La Paz, mas o grupo não tentou dispersar os manifestantes, observou o jornalista da AFP.

Muita gente em La Paz treme quando descem as passeatas de El Alto. Até o final da década de 1970, os indígenas necessitavam de um passe para entrar na cidade.

Germán Flores, funcionário público de 62 anos, disse à AFP que “o povo de El Alto vai fechar as estradas e impedir que os alimentos cheguem a La Paz. Isto vai afetar os que têm mais (dinheiro), que comem três ou quatro vezes por dia, e não este povo (de El Alto), que come só uma vez”.

“O que eu lamento é que o povo não reagiu na hora certa para apoiar Evo antes de ele renunciar”, declarou Flores, que disse ser filho de um ativista assassinado pelos militares durante a ditadura do general Hugo Bánzer (1971-1978).

 

*Com informações do Uol/A Postagem

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