O hacker Walter Delgatti Neto, que ganhou notoriedade após vazar mensagens do senador e ex-juiz responsável pela Lava-Jato Sergio Moro (União – PR), também monitorava em tempo real o ex-ministro da Economia Paulo Guedes. A informação consta na decisão do juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, que o condenou a 20 anos e um mês de prisão em razão da Operação Spoofing, deflagrada em 2019, para apurar o vazamento de diálogos do magistrado com procuradores também integrantes da força-tarefa da operação. Segundo o magistrado, o monitoramento do ex-ministro é um dos indicativos de que as intenções de Delgatti não eram de “reparar injustiças”, como alegado, segundo O Globo.
“Verificou-se que Walter Delgatti monitorava em tempo real a conta do então Ministro de Estado da Economia Paulo Guedes, além de outros 30 perfis do Telegram, conforme qualificação 30 exposta no RAMA n. 43/2019 DICINT/CGI/DIP/PF. Todo o conteúdo foi retirado do celular Apple, modeli iPhone Xs Max. (….) Se o intuito realmente fosse somente o de reparar injustiças, não teria hackeado o Ministro de Estado da Economia Paulo Guedes e Conselheiros do CNMP. A amplitude das vítimas é imensa e poderia render inúmeras ocasiões de extorsões”, diz o texto.
Ao todo, contanto o celular onde foi identificado o monitoramento de Guedes e outros aparelhos eletrônicos, o parecer cita um total de 126 vítimas do crime de interceptação indevida de comunicações telemáticas cometido por Delgatti. No momento em que foi preso pela primeira vez, em 2019, o hacker acompanhava as conversas de pelo menos 43 pessoas no momento que ocorriam. O monitoramento era feito ainda através da exportações de dados, que incluem todo o histórico de mensagens do dono da conta e outras documentos disponíveis.
“Em uma subpasta que estava diversas imagens, printsscreens (capturas) de telas de números referentes a contatos de diversas pessoas, entre elas Procuradores da Republica, Delegados de Policia Federal, advogados entre outros” diz o texto.
Delgatti foi condenado por crime de organização criminosa, lavagem e ocultação de bens, direitos e valores, por invadir dispositivo informático de uso alheio com o fim de obter, adulterar ou destruir provas.
O “hacker da Vaza Jato”, como ficou conhecido, foi preso novamente em outras duas ocasiões. A última delas ocorreu por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, em razão da suspeita de invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para inserir documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).Na última semana, Delgatti afirmou em depoimento à CPI de 8 de janeiro ter participado de uma trama golpista que teria o envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
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