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Com assassinato de líderes opositores, Israel conduz mundo para “ciclo infernal” de guerras

Há vários cenários possíveis: desde uma guerra de vários fronts, na qual os EUA poderiam intervir diretamente em apoio a Israel, até outros mais apocalípticos.

Sobre as represálias de Hezbollah e Irã, individualmente ou em conjunto, desconhecem-se seus alcances e profundidade em Israel, que podem atingir Tel-Aviv, Haifa e, de forma ameaçadora, a planta nuclear de Dimona, onde se armazenam suas mais de 300 bombas atômicas clandestinas (ex-presidente Carter dixit).

Após o apoio do chefe do Pentágono, Lloyd Austin, a Israel e contra Hezbollah – fica a dúvida se inclui o Irã – a marinha dos EUA enviou 12 navios de guerra e seu porta-aviões USS Theodore Roosevelt ao Oriente Médio com 4 mil marines a bordo.

Esse tipo de fake news é projetado para semear dúvida e discórdia, além de zombar dos serviços de segurança iranianos que já foram infiltrados e corroídos em várias ocasiões, e glorificar a supremacia cibertecnológica de Israel como arma dissuasiva.

Pós-verdade e mentiras pró-Israel
Na era da pós-verdade e Netflix, onde a tríade EUA/Grã-Bretanha/Israel tem a grande vantagem de intoxicar o mundo com as supercherias deliberadas de Hollywood, o Corpo de Guardas da Revolução Islâmica revelou que o assassinato de IH foi planejado e executado por Israel com o apoio dos EUA e realizado com um projétil de curto alcance e uma ogiva de 7kg.

Existem vários cenários de guerra que variam desde uma guerra de vários fronts, na qual os EUA poderiam intervir diretamente, até outros cenários mais apocalípticos, como os esboçados pelo coronel aposentado Douglas Macgregor – ex-assessor do Pentágono e de Trump – que sem rodeios declarou que Israel controla os EUA, não se fala do Congresso estadunidense cuja maioria de membros bipartidários são generosamente lubrificados pelo AIPAC, o maior lobby israelense nos EUA – no qual concorda John Mearsheimer, um dos maiores geopolíticos do mundo e renomado professor da Universidade de Chicago.

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Hezbollah bombardeia Israel com drones e promete novos ataques

Ataque atingiram o norte de Israel, ferindo civis na cidade costeira de Nahariya.

O grupo armado libanês Hezbollah lançou uma série de ataques com drones e foguetes no norte de Israel nesta terça-feira (6), mas alertou que a tão esperada retaliação pelo assassinato de um alto comandante por Israel na semana passada ainda estava por vir.

O Hezbollah disse que lançou uma bateria de drones de ataque em dois locais militares perto do Acre, no norte de Israel, e também atacou um veículo militar israelense em outro local.

Os militares israelenses disseram que vários drones hostis foram identificados cruzando o Líbano e um foi interceptado. As Forças de Defesa de Israel afirmaram que vários civis ficaram feridos ao sul da cidade costeira de Nahariya. Imagens da Reuters mostraram um local de impacto perto de um ponto de ônibus em uma estrada principal fora da cidade.

Em comunicado, os militares israelenses disseram que sirenes soaram em torno do Acre, mas que acabou sendo um alarme falso, e que a sua força aérea atingiu duas instalações do Hezbollah no sul do Líbano.

Aumentam os temores de que o Oriente Médio possa ser levado a uma guerra total após as promessas do Hezbollah de vingar a morte do comandante do Hezbollah, Fuad Shukr, e do Irã de responder ao assassinato em Teerã, na semana passada, do chefe do grupo militante palestino Hamas.

Uma fonte do Hezbollah disse à Reuters que “a resposta ao assassinato do comandante Fuad Shukr ainda não chegou”.

Na manhã desta terça-feira, quatro pessoas foram mortas em um ataque a uma casa na cidade libanesa de Mayfadoun, quase 30 quilômetros ao norte da fronteira, disseram médicos e uma fonte de segurança.

Duas fontes adicionais de segurança disseram que os mortos eram combatentes do Hezbollah, mas o grupo ainda não havia publicado os habituais avisos de morte.

O Hezbollah e os militares israelitas têm trocado tiros durante os últimos 10 meses, em paralelo com a guerra de Gaza, com os ataques retaliatórios limitados principalmente à zona fronteiriça.

Na semana passada, Israel matou Shukr, o comandante militar mais graduado do Hezbollah, num ataque ao reduto do grupo nos subúrbios ao sul da capital do Líbano, Beirute.

O líder do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, prometeu vingança, mas disse que a resposta seria “estudada”. Ele deve falar nesta terça-feira no memorial de uma semana para Shukr.

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Hezbollah bombardeia Israel e intensifica conflito; grupo promete novos ataques

Ataques com drones feriram civis em Nahariya; tensão no Oriente Médio aumenta com promessa de vingança pela morte do comandante do Hezbollah, Fuad Shukr.

O norte de Israel foi alvo de uma série de ataques com drones e foguetes lançados pelo grupo armado libanês Hezbollah nesta terça-feira (6). Os ataques resultaram em ferimentos a civis na cidade costeira de Nahariya e intensificaram os temores de um conflito ainda maior na região.

O Hezbollah declarou que lançou drones de ataque contra duas instalações militares próximas a Acre, no norte de Israel, além de ter alvejado um veículo militar israelense em outra localidade. Em resposta, os militares israelenses confirmaram a interceptação de um dos drones e relataram que vários civis ficaram feridos nas proximidades de Nahariya. Imagens mostraram um impacto próximo a um ponto de ônibus em uma estrada principal fora da cidade, destaca a CNN.

A situação acirra os temores de uma guerra total no Oriente Médio, especialmente após a promessa de vingança do Hezbollah pela morte do comandante Fuad Shukr, assassinado por Israel na semana passada.

A manhã desta terça-feira também foi marcada pela morte de quatro pessoas em um ataque a uma casa na cidade libanesa de Mayfadoun, cerca de 30 quilômetros ao norte da fronteira com Israel. Fontes médicas e de segurança confirmaram que os mortos eram combatentes do Hezbollah, embora o grupo ainda não tenha publicado comunicados oficiais.

A recente morte de Shukr, comandante militar de alto escalão do Hezbollah, em um ataque nos subúrbios ao sul de Beirute, acirrou ainda mais as tensões. O líder do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, prometeu uma resposta “estudada” e deve se pronunciar no memorial de uma semana pela morte de Shukr.

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ONU pede que países ‘ajam com urgência’ para evitar que Israel amplie guerra no Oriente Médio

Irã disse que vai retaliar assassinato cometido em seu território; países pedem que cidadãos deixem o Líbano.

O alto comissário das Nações Unidas para os direitos humanos, Volker Türk, pediu nesta segunda-feira (5) por maiores esforços diplomáticos para evitar uma guerra aberta entre Israel e outros países do Oriente Médio. As declarações ocorrem em meio a ataques israelenses no Líbano e o aumento da retórica belicista iraniana.

“Profundamente preocupado”, disse Türk, que pediu “a todas as partes, assim como os Estados com influência, que ajam com urgência” para evitar o alastramento do conflito.

Na semana passada, os assassinatos do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã e do líder militar do Hezbollah, Fuad Shukr, no Líbano aumentaram as tensões na região. Israel não assumiu o ataque contra Haniyeh, mas havia declarado a intenção de destruir o grupo por causa dos ataques de 7 de outubro.

As mortes fizeram o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, declarar que Israel tinha ultrapassado as “linhas vermelhas”, enquanto o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, ameaçou com “punição severa”.

“O Irã tem legalmente o direito de punir” Israel, insistiu o porta-voz da diplomacia iraniana, Naser Kanani, nesta segunda-feira em Teerã.

No domingo, ministros das Relações Exteriores do G7 disseram temer “uma regionalização da crise, começando pelo Líbano”, onde Israel responderia em caso de ataque do Hezbollah, e pediram para evitar “uma nova escalada”.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, teria dito a seus homólogos do G7 que Irã e o Hezbollah podem lançar um ataque contra Israel dentro de 24 ou 48 horas, ou seja, a partir desta segunda-feira, segundo a imprensa estadunindese.

Blinken também conversou por telefone com o primeiro-ministro iraquiano, Mohamed Shia al Sudani, sobre a “importância das medidas” para acalmar a situação, diante da possibilidade de ataques de grupos armados iraquianos favoráveis ao Irã.

O principal aliado de Israel, os Estados Unidos, que reforçou sua presença militar no Oriente Médio, garantiu que “ao mesmo tempo tenta acalmar a situação diplomaticamente”. Mas em um ato celebrado em Jerusalém na noite de domingo, o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, insistiu que seu governo está “decidido a opor-se” ao Irã e seus aliados “em todas as frentes”.

O Ministério da Saúde libanês anunciou nesta segunda-feira (5) a morte de duas pessoas em um ataque israelense no sul do Líbano, poucas horas depois de um bombardeio do grupo Hezbollah contra o norte de Israel.

O Hezbollah abriu uma “frente de apoio” ao Hamas no sul do Líbano, após 7 de outubro, com uma troca de tiros diária com o Exército de Israel. A violência na fronteira matou pelo menos 549 pessoas no Líbano desde outubro, a maioria combatentes do Hezbollah, mas também 116 civis, segundo um balanço da agência AFP.

Em Israel e nas Colinas de Golá ocupadas, 22 soldados e 25 civis morreram desde outubro, segundo as autoridades.

*Com AFP, Al Jazeera e Haaretz/BdF

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Macron liga para Lula para elogiar posição do país sobre Venezuela

Presidente francês também agradeceu a presença de Janja nas Olímpiadas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu, nesta segunda-feira (5), telefonema do presidente francês Emmanuel Macron.

De acordo com o Palácio do Planalto, Lula foi elogiado pela posição de Brasil, Colômbia e México que emitiram nota conjunta acerca do resultado das eleições na Venezuela. Macron também citou a posição do país de estímulo ao diálogo entre o governo e a oposição venezuelana.

Lula, que está em visita ao Chile, reiterou compromisso com “a busca de uma solução pacífica entre as partes e que respeite a soberania do povo venezuelano”.

Olímpiadas
Emmanuel Macron também agradeceu a presença da primeira-dama Janja da Silva na abertura das Olímpiadas de Paris.

Lula, por sua vez, enalteceu o carinho de Macron e de sua esposa na recepção à delegação brasileira.

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O que se espera da visita de Lula ao Chile, em meio à crise da Venezuela

O encontro, para fechar diversos acordos bilaterais, traz como pano de fundo a posição conflitante de ambos os países sobre o vizinho latino-americano.

A visita oficial do presidente Lula ao Chile já estava marcada antes da crise política da Venezuela que abalou a América Latina. Não foi cancelado, mas o encontro, previsto para fechar diversos acordos bilaterais, traz como pano de fundo a posição conflitante de ambos os países sobre o vizinho latino-americano.

Quando o resultado das eleições na Venezuela foi divulgado há uma semana dando vitória a Nicolás Maduro para a reeleição no país, em anúncio que ainda gera preocupações e inseguranças, o presidente do Chile foi o primeiro a marcar posição que chamou a atenção: a de questionar diretamente a validade eleitoral e levantar a hipótese de fraude.

Naquele dia, as instituições eleitorais venezuelanas não tinham trazido provas de que o resultado era confiável, mas tampouco apresentaram provas do contrário. Por isso, a postura de Gabriel Boric foi duramente criticada na região, interpretada como uma oposição política direta à Venezuela. E as falas de Boric fugiram das expectativas regionais, uma vez que o presidente é apontado como liderança de esquerda na região.

Enquanto isso, transcorreu a postura do presidente Lula, de não defender e tampouco questionar, somente elogiar o processo eleitoral e esperar os registros eleitorais para parabenizar formalmente Maduro.

Essas reações opostas chegaram a balançar as relações entre os países, com Maduro opondo-se veemenetemente ao Chile. E somente uma semana após o início do grave conflito político da Venezuela, Lula desembarca em Santiago para consolidar relações internacionais diretamente com Boric.

*GGN

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Primeira-ministra de Bangladesh renuncia e foge do país após protestos com 300 mortos, dizem Forças Armadas

Milhares de manifestantes invadiram a residência oficial do governo, que vem sendo alvo de uma onda de manifestações estudantis contra uma política de cotas para veteranos de guerra para empregos públicos. Premiê estava no poder havia 15 anos.

Primeira-ministra de Bangladesh renuncia e foge do país após protestos com 300 mortos, dizem Forças Armadas

Milhares de manifestantes invadiram a residência oficial do governo, que vem sendo alvo de uma onda de manifestações estudantis contra uma política de cotas para veteranos de guerra para empregos públicos. Premiê estava no poder havia 15 anos.

Homens passam correndo por um shopping que foi incendiado durante uma manifestação contra a primeira-ministra Sheikh Hasina e seu governo, em Dhaka, Bangladesh, domingo, 4 de agosto de 2024. —

Homens passam correndo por um shopping que foi incendiado durante uma manifestação contra a primeira-ministra Sheikh Hasina e seu governo, em Dhaka, Bangladesh, domingo, 4 de agosto de 2024. — Foto: AP/Rajib Dhar
Homens passam correndo por um shopping que foi incendiado durante uma manifestação contra a primeira-ministra Sheikh Hasina e seu governo, em Dhaka, Bangladesh, domingo, 4 de agosto de 2024. — Foto: AP/Rajib Dhar

A primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, renunciou nesta segunda-feira (5), segundo anunciou o comando das Forças Armadas, em meio a uma onda de protestos contra o governo que já deixou 300 mortos.

Após renunciar, Hasina, que estava no poder havia 15 anos e uma das mulheres mais poderosas da Ásia, deixou o país, ainda segundo os militares. As Forças Armadas anunciaram também a formação de um governo interino comandado pelos militares.

Um dos países mais populosos do mundo, Bangladesh, no sudeste asiático, vem sendo palco de protestos estudantis nas últimas semanas que já deixaram 300 mortos. Os manifestantes protestam contra o sistema de cotas do governo que reserva um terço dos empregos públicos para parentes de veteranos da guerra contra o Paquistão, em 1971, quando Bangladesh se tornou independente e virou um país.

Também nesta segunda, milhares de manifestantes invadiram a residência oficial da premiê, na capital Daca (veja vídeo abaixo). Pela manhã, a internet chegou a ser bloqueada no país inteiro, após um fim de semana com manifestações massivas e violentas.

Segundo o canal local CNN News 18, Hasina fugiu para a cidade de Agartala, no nordeste da Índia. Ainda de acordo com o canal, ela já chegou ao local, e o governo indiano deve oferecer proteção à agora ex-premiê.

Em pronunciamento, o chefe das Forças Armadas, Waker-uz-Zaman, disse que o governo interino funcionará até que uma solução para o país seja encontrada.

A política de cotas havia sido abolida em 2018, mas foi restabelecida em junho deste ano. Em janeiro, manifestantes já haviam feito uma onda de protestos contra a premiê Sheikh Hasina após ela se reeleger em um pleito do qual a oposição se retirou alegando fraude.

Os protestos, liderados por grupos de estudantes do país, começaram em julho de forma pacífica, mas se tornaram violentos após embates com a polícia e com grupos pró-governo. Analistas do país também apontam influência das difíceis condições econômicas, incluindo inflação alta, aumento do desemprego e esgotamento das reservas estrangeiras.

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Eleições na Venezuela: o que está em jogo para a Rússia?

Rússia e EUA antagonizam posição sobre Maduro e crise na Venezuela expõe disputa de interesses geopolíticos.

Logo após a divulgação dos primeiros resultados das eleições da Venezuela no último domingo (28), indicando a vitória de Nicolás Maduro com 51,2% dos votos contra 44,2% de Edmundo González Urrutia, a Rússia, junto com a China, foi um dos primeiros países a reconhecer a reeleição do presidente venezuelano. Moscou manifestou o desejo de dar continuidade à parceria estratégica com Caracas e o presidente russo, Vladimir Putin, em particular, afirmou que Maduro é sempre bem-vindo em solo russo.

Moscou já colocou esta saudação em prática. Nesta sexta-feira (2), o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Ivan Gil, informou que Nicolás Maduro recebeu um convite para a cúpula do Brics, que será realizada na cidade russa de Kazan, em outubro.

“O presidente Vladimir Putin convida, em sua qualidade de presidente em exercício do Brics, o Presidente Nicolás Maduro à reunião ‘BRICS Plus’ dos líderes dos estados membros da união”, escreveu Gil na rede social X e publicou uma carta do líder russo a Maduro.

Por outro lado, o Departamento de Estado dos EUA alegou na última quinta-feira (1º) que o candidato da oposição venceu as eleições venezuelanas, intensificando a tensão internacional sobre o pleito. O antagonismo na forma com que Moscou e Washington reagiram ao resultado eleitoral dá o tom da disputa de interesses estratégicos no cenário internacional que gira em torno de Caracas.

:: Brasil, México e Colômbia pedem ‘verificação imparcial’ e ‘saída institucional’ na Venezuela ::

No caso específico da Rússia, a boa relação com a Venezuela tem um lastro histórico herdado ainda durante os governos de Hugo Chávez. Nos últimos anos, a conexão está relacionada com o isolamento que o Ocidente impôs a Moscou.

É o que afirma o Professor de Relações Internacionais da Universidade de São Petersburgo, Victor Jeifets, ao Brasil de Fato. Segundo ele, o imediato reconhecimento da vitória de Maduro por parte da Rússia era esperado, “já que tanto para a Rússia, quanto para a China, a Venezuela é um aliado importante”.

O pesquisador destaca que a Venezuela não só tem boas relações com Moscou, mas ainda goza de um status especial na formulação da política externa russa. Na doutrina de política externa da Rússia, a Venezuela é classificada especificamente como um país aliado na América Latina.

“A Rússia atualmente não tem tantos aliados. Entre os que a Rússia classifica como aliados, o Brasil, por exemplo, não é chamado assim na concepção da política externa russa, mas a Venezuela sim. E acredito que Moscou não está disposta a se desfazer de aliados”, observa.

As manifestação de apoio a Maduro por parte de Putin pode ser entendida como protocolar na medida em que seguiu a linha da tradição diplomática de Moscou de adotar uma certa neutralidade em processos políticos de países soberanos, em regiões distantes e fora do que a Rússia considera como região de influência (o espaço pós-soviético).

Além disso, a Rússia enviou uma delegação de representantes do parlamento e da Comissão Eleitoral Central do país. Os observadores relataram que as eleições decorreram em um “ambiente calmo e pacífico e que os procedimentos de votação foram transparentes e imparciais”.

No entanto, na medida em que foi se instaurando um cenário de instabilidade na Venezuela, com a oposição e atores internacionais alegando fraude eleitoral, a Rússia reforçou a sua posição de defender o resultado da votação anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral venezuelano.

De acordo com a embaixada russa em Caracas, o não reconhecimento do resultado das eleições representa um ato de interferência nos assuntos internos de um Estado independente. A mesma posição foi explicitada em um comunicado do Ministério das Relações Exteriores, que manifestou uma “rejeição categórica às tentativas de vários Estados de se arrogarem o direito de reconhecer ou não reconhecer os resultados do processo eleitoral na Venezuela”.

“Gostaríamos de enfatizar a posição de princípio russa anteriormente declarada: a eleição da liderança do país é um privilégio exclusivo do povo. Estamos convencidos de que não deve haver duplicidade de critérios nesta matéria”, completou a chancelaria.

Já o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que ‘a oposição não quer aceitar a derrota’. Ele destacou que a oposição ‘deve fazê-lo’ e parabenizar Maduro pela vitória.

A posição russa também está relacionada com o histórico de boa cooperação entre os dois países. Em visita à Venezuela em 2023, o chanceler russo, Serguei Lavrov, selou uma união com o presidente Nicolás Maduro para “unir forças” contra as sanções dos EUA. E no começo de 2024, os dois países assinaram 340 acordos nas áreas de mineração, gás, petróleo e turismo. Na ocasião, Lavrov destacou a parceria estratégica dos dois países.

Mas a relação de aliança entre Moscou e Caracas vai além do histórico de boa cooperação. A Venezuela é um dos poucos países no cenário internacional que abertamente apoia a Rússia na guerra da Ucrânia e que reconhece os territórios do leste ucraniano anexados por Moscou – Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporozhye – como parte da Federação Russa.

Assim, a Rússia apoia Maduro por entender que uma mudança de rota na política da Venezuela poderia representar um risco estratégico para Moscou. Foi o que expôs o diretor do Instituto da América Latina da Academia de Ciências da Rússia, Dmitry Rosenthal, durante um briefing para a imprensa internacional no centro de mídia do grupo Rossyia Segodnya no dia seguinte às eleições venezuelanas.

“A oposição venezuela entende perfeitamente que hoje o seu principal apoio vem dos países do Ocidente, sobretudo dos EUA. Eles não podem não se orientar pela posição deles, não podem desconsiderar suas posições, e é claro que aconteçam certas consultas, não pode haver dúvidas sobre isso. Além disso, no caso de uma hipotética vitória de Gonzalez nas eleições, a política externa da Venezuela em relação aos EUA faria um giro total de 180 graus de uma maneira bem rápida e ativa”, analisa.

O perfil político da oposição na Venezuela é um outro elemento fundamental que consolida a posição russa de apoio a Maduro. Além do alinhamento geopolítico, a influência que o Ocidente tem sobre a ala oposicionista na Venezuela fere os interesses pragmáticos de Moscou.

Segundo o professor de Relações Internacionais Victor Jeifets, “a Rússia nunca sequer tentou estreitar relações com a oposição, e nem a oposição tentou buscar seriamente um contato com Moscou”. Como exemplo, o pesquisador citou Moscou não tem nenhuma base de garantia por parte da oposição do país sobre os seus investimentos e contratos na esfera energética. “Estes estariam na zona de risco. Se mudasse o governo [na Venezuela], muitos dos investimentos russos não passariam pelo parlamento”, afirmou.

“O mais importante é que o Kremlin não está na posição de perder mais um aliado estando na condição de uma dura pressão de sanções. E o apoio a Maduro está ligado justamente a isso”, completa o pesquisador.

*BdF

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Embaixada no Líbano recomenda que brasileiros deixem o país

Representação do Brasil em Beirute monitora escalada da tensão após morte de comandante do Hezbollah e do principal líder político do Hamas.

A Embaixada do Brasil em Beirute emitiu um comunicado em que recomenda aos cidadãos brasileiros que residem no Líbano a deixarem o país “por seus próprios meios, até o retorno à normalidade”.

De acordo com o Itamaraty, o Líbano abriga a maior comunidade de brasileiros no Oriente Médio, com aproximadamente 22 mil pessoas.

A região vive uma escalada de tensão após o assassinato do comandante militar do Hezbollah, Fuad Shukr; e do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh. Estados Unidos, França e Reino Unido também orientaram que seus cidadãos deixem o Líbano imediatamente.

O documento da Embaixada do Brasil pede ainda que as pessoas com planos de viajar para o local cancelem a viagem. “Se você não estiver no Líbano, não viaje ao país”, enfatiza.

Para os cidadãos brasileiros que considerem essencial estar no Líbano, a recomendação é evitar permanecer no sul do país, em áreas fronteiriças ou em outras áreas de risco reconhecido.

O comunicado orienta brasileiros a seguirem todas as recomendações de segurança das autoridades locais, com atenção às áreas consideradas de risco. “Não participe de reuniões e protestos”, completa o texto.

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Breno Altman: “O chavismo fez uma aposta na politização do povo”

Em entrevista ao programa Bom Dia 247, o jornalista Breno Altman, editor do Opera Mundi, comentou sobre a situação política na Venezuela e o papel do chavismo na politização da população, que, segundo ele, explicaria uma nova vitória do presidente Nicolás Maduro no processo eleitoral. Segundo Altman, “o debate político na Venezuela é bastante acentuado.

O país é muito politizado, o chavismo fez uma aposta na politização do povo. Você conversa com as pessoas aparentemente mais simples e elas dialogam sobre a política como sujeitos da política e não como audiência. É muito comum o eleitor chavista se referir o tempo todo como nós, ele se refere como parte integrante do processo.”

Altman destacou que “a politização é mais visível, é mais classista. O chavismo tem a ver com a massa da classe trabalhadora, da população mais pobre. No Brasil a classe trabalhadora não tem esse nível de politização. A disputa é uma disputa de ideias muito acirrada.”

O jornalista enfatizou que “o chavismo fez uma aposta na mobilização, na organização, na politização e na transformação do povo venezuelano no fator essencial da governabilidade, desde o primeiro momento.

A relação de Chávez e depois de Maduro com o povo não era uma relação de entrega, no sentido em que o governo realiza políticas públicas, agrada ou desagrada o eleitorado e recebe em troca o seu apoio eleitoral a cada eleição. Não foi esta relação, não foi uma relação de opinião pública. Foi uma relação de organizar, mobilizar e educar, e mudar o Estado venezuelano para que fossem criadas instituições de poder popular. O chavismo também implementou um sistema de referendos e plebiscitos, de tal maneira que o povo decidisse as grandes questões.”.