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Guerra se alastra por sete frentes diferentes no Oriente Médio

Ataque massivo do Irã amplia ainda mais o conflito e levará a nova retaliação de Israel, muito provavelmente com o apoio dos Estados Unidos.

O que era um temor passou a ser realidade: o sangrento conflito no Oriente Médio já é uma guerra regional com sete frentes diferentes de combate.

A última delas foi aberta de fato na terça-feira (1º) com os ataques do Irã, que lançou cerca de 200 mísseis balísticos e de cruzeiro contra o território de Israel.

A maior parte dos mísseis foi interceptada ainda no ar, com ajuda dos militares dos Estados Unidos, Reino Unido e outros países (inclusive árabes) que ajudaram mais uma vez a defender os israelenses.

Mas a intenção do governo iraniano era clara: causar o máximo de danos possíveis para vingar as mortes dos líderes do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e do Hamas, Ismail Haniyeh – este último morto em julho em plena Teerã, a capital do Irã.

A resposta de Israel, com ataques contra o território e interesses iranianos, é inevitável.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que os líderes iranianos cometeram “um grande erro” e já confirmou que vai revidar.

Sete linhas de frente
Com o conflito aberto com o Irã, Israel passa agora a combater em sete linhas de frente – o chamado “círculo de fogo”, composto não apenas pela República Islâmica mas também por grupos e milícias financiadas e armadas por Teerã.

As outras seis frentes são dominadas por vários inimigos de Israel:

  • Hamas, na Faixa de Gaza
  • Hezbollah, no sul do Líbano
  • O governo e milícias na Síria
  • Rebeldes Houthis que controlam boa parte do Iêmen
  • Grupos paramilitares xiitas no Iraque
  • Militantes de vários grupos na Cisjordânia

O exército israelense está combatendo no terreno em três desses territórios: a Faixa de Gaza (área original da guerra, iniciada com os bárbaros ataques dos militantes do Hamas contra civis no sul de Israel, no dia 7 de outubro do ano passado); o sul do Líbano, invadido no início da semana; e a Cisjordânia, onde as Forças de Defesa de Israel vêm atacando vários grupos militantes nas últimas semanas.

Nos outros territórios, o envolvimento dos israelenses se dá através de bombardeios de sua força aérea.

Agora, os militares israelenses estão planejando a resposta ao Irã – a cabeça desse polvo com vários tentáculos militares.

Os alvos dos israelenses poderão ser instalações de petróleo do Irã ou até mesmo os locais onde o regime tenta enriquecer urânio para a fabricação de uma bomba nuclear.

É muito provável que os militares dos Estados Unidos não apenas apoiem o revide mas também ajudem os israelenses de alguma forma nos ataques –especialmente com logística e informações de inteligência.

A forma desse revide bem como a extensão da participação americana nele vão definir se o conflito vai se ampliar ainda mais, tendo impactos de fato globais ou não.

Guerra se expande e capital de Israel é atacada por mísseis do Iêmen

Exército de Israel confirmou ataque contra áreas centrais do país, incluindo a capital Tel Aviv, nesta quinta-feira (26/9).

Envolvido na guerra da Faixa de Gaza e ameaçando iniciar um novo conflito contra o Hezbollah, no Líbano, Israel foi alvo de um ataque de mísseis disparados do Iêmen, nesta quinta-feira (26/9).

Segundo as Forças de Defesa de Israel (FDI), os projéteis tiveram como alvo áreas centrais do país, como a capital Tel Aviv. O exército, no entanto, disse ter identificado apenas um projétil, que foi interceptado pelo sistema de defesa aéreo israelense.

Autoridades de Israel ainda não deram maiores detalhes sobre o caso. A mídia do país, no entanto, afirma que ao menos 17 pessoas ficaram feridas no ataque.

Até o momento, os Houthis – que controlam parte do Iêmen – ainda não reivindicaram o ataque. A ofensiva contra o território israelense, no entanto, aconteceu horas após o líder do grupo, Sayyed Abdul-Malik Badreddin al-Houthi, anunciar apoio ao Hezbollah em meio à intensificação dos bombardeios de Israel no Líbano.

No último dia 15 de setembro, o grupo iemenita já havia atacado Israel com um míssil supersônico, sem deixar vítimas fatais.

Os Houthis, junto de grupos que fazem parte do chamado eixo da resistência, têm realizado uma série de ofensivas contra Israel em apoio ao Hamas desde o início da guerra na Faixa de Gaza. A organização do Iêmen tem atuado, principalmente, em ataques contra embarcações no Mar Vermelho.

Apelos de Lula, Petro e Guterres na ONU lembram que oligarquias são a raiz do desastre global

“Aqueles que têm o poder de destruir a vida não nos escutam […] ainda que representemos a grande maioria”, declarou Gustavo Petro durante discurso na ONU.

O mundo está à beira do desastre, mas ninguém assume a responsabilidade por isso, pareceu ser a conclusão do primeiro dia do chamado “debate geral” da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas.

Talvez por isso, o secretário-geral, António Guterres, condenou o que chamou de “impunidade” global, ao abrir, nesta terça-feira (24), a sessão inicial do debate geral, junto com “a desigualdade” e “a incerteza”, um trio que está levando a civilização à beira de desastres, e essa rota é insustentável. “Estamos nos aproximando do inimaginável, um barril de pólvora que está envolvendo o mundo inteiro”, advertiu Guterres, e assinalou que as guerras, a mudança climática e a desigualdade estão piores do que nunca. Ao mesmo tempo, convidou aos participantes: “os desafios que enfrentamos podem ser resolvidos”.

Ele ressaltou a impunidade, onde “as violações e abusos ameaçam o próprio alicerce do direito internacional e da Carta da ONU”. Acrescentou que “o nível de impunidade no mundo é politicamente indefensável e moralmente intolerável”, onde governos acreditam que podem violar as convenções internacionais e a Carta da ONU, “invadir outro país ou destruir sociedades inteiras” sem consequências. Assinalou os casos da Ucrânia e de Gaza, aos quais chamou “um pesadelo sem fim que ameaça levar toda uma região”; condenou os atos do Hamas, mas afirmou que “nada pode justificar o castigo coletivo do povo palestino”, que incluiu também a morte de mais de 200 funcionários da ONU. Guterres detalhou as injustiças da desigualdade econômica e também da mudança climática, insistindo que a única solução é multilateral e urgente. E que não há muito tempo.

Lula na ONU
O desfile anual de mandatários e altos representantes dos 193 países membros começou, por tradição, com o presidente do Brasil. Luiz Inácio Lula da Silva, uma das vozes mais poderosas do Sul Global, elevou o alerta sobre o rumo atual do planeta.

Lula falou sobre os esforços do Brasil para impulsionar um acordo para frear as guerras em Gaza e na Ucrânia, e advertiu que esses conflitos demonstram o fracasso da comunidade internacional.

Da mesma forma, deplorou um sistema econômico internacional que se “converteu em um Plano Marshall ao contrário, onde os mais pobres financiam os mais ricos”. Os mais ricos, afirmou, duplicaram suas fortunas e pagam menos impostos que os pobres, proporcionalmente 60% da humanidade é agora mais pobre — ante o qual o Brasil está promovendo uma proposta para estabelecer normas mínimas de impostos globais.

Outras vozes do Sul Global
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, acusou, com um discurso lírico, que nesse fórum da ONU “aqueles que têm o poder de destruir a vida não nos escutam”, [não escutam] os que não têm armas de destruição em massa ou grande quantidade de dinheiro, “ainda que representemos a grande maioria”.

Ele advertiu ainda que “a floresta amazônica está queimando” e isso implica o fim do mundo. Acusou que, “quando Gaza morrer, toda a humanidade morrerá”, pois as crianças palestinas “são o povo escolhido de Deus”. O que ele chamou de “oligarquia mundial” da mudança climática, das guerras, das punições econômicas contra países desobedientes como Cuba, e concluiu que a pergunta agora para o mundo é: a vida ou a ganância? Indicou que chegou a hora de pôr fim à oligarquia mundial e substituí-la por uma democracia dos povos. Que já não se precisa ouvir os Biden, Xi, Putin e os europeus, mas sim os povos.

*Diálogos do Sul

Com assassinato de líderes opositores, Israel conduz mundo para “ciclo infernal” de guerras

Há vários cenários possíveis: desde uma guerra de vários fronts, na qual os EUA poderiam intervir diretamente em apoio a Israel, até outros mais apocalípticos.

Sobre as represálias de Hezbollah e Irã, individualmente ou em conjunto, desconhecem-se seus alcances e profundidade em Israel, que podem atingir Tel-Aviv, Haifa e, de forma ameaçadora, a planta nuclear de Dimona, onde se armazenam suas mais de 300 bombas atômicas clandestinas (ex-presidente Carter dixit).

Após o apoio do chefe do Pentágono, Lloyd Austin, a Israel e contra Hezbollah – fica a dúvida se inclui o Irã – a marinha dos EUA enviou 12 navios de guerra e seu porta-aviões USS Theodore Roosevelt ao Oriente Médio com 4 mil marines a bordo.

Esse tipo de fake news é projetado para semear dúvida e discórdia, além de zombar dos serviços de segurança iranianos que já foram infiltrados e corroídos em várias ocasiões, e glorificar a supremacia cibertecnológica de Israel como arma dissuasiva.

Pós-verdade e mentiras pró-Israel
Na era da pós-verdade e Netflix, onde a tríade EUA/Grã-Bretanha/Israel tem a grande vantagem de intoxicar o mundo com as supercherias deliberadas de Hollywood, o Corpo de Guardas da Revolução Islâmica revelou que o assassinato de IH foi planejado e executado por Israel com o apoio dos EUA e realizado com um projétil de curto alcance e uma ogiva de 7kg.

Existem vários cenários de guerra que variam desde uma guerra de vários fronts, na qual os EUA poderiam intervir diretamente, até outros cenários mais apocalípticos, como os esboçados pelo coronel aposentado Douglas Macgregor – ex-assessor do Pentágono e de Trump – que sem rodeios declarou que Israel controla os EUA, não se fala do Congresso estadunidense cuja maioria de membros bipartidários são generosamente lubrificados pelo AIPAC, o maior lobby israelense nos EUA – no qual concorda John Mearsheimer, um dos maiores geopolíticos do mundo e renomado professor da Universidade de Chicago.

ONU pede que países ‘ajam com urgência’ para evitar que Israel amplie guerra no Oriente Médio

Irã disse que vai retaliar assassinato cometido em seu território; países pedem que cidadãos deixem o Líbano.

O alto comissário das Nações Unidas para os direitos humanos, Volker Türk, pediu nesta segunda-feira (5) por maiores esforços diplomáticos para evitar uma guerra aberta entre Israel e outros países do Oriente Médio. As declarações ocorrem em meio a ataques israelenses no Líbano e o aumento da retórica belicista iraniana.

“Profundamente preocupado”, disse Türk, que pediu “a todas as partes, assim como os Estados com influência, que ajam com urgência” para evitar o alastramento do conflito.

Na semana passada, os assassinatos do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã e do líder militar do Hezbollah, Fuad Shukr, no Líbano aumentaram as tensões na região. Israel não assumiu o ataque contra Haniyeh, mas havia declarado a intenção de destruir o grupo por causa dos ataques de 7 de outubro.

As mortes fizeram o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, declarar que Israel tinha ultrapassado as “linhas vermelhas”, enquanto o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, ameaçou com “punição severa”.

“O Irã tem legalmente o direito de punir” Israel, insistiu o porta-voz da diplomacia iraniana, Naser Kanani, nesta segunda-feira em Teerã.

No domingo, ministros das Relações Exteriores do G7 disseram temer “uma regionalização da crise, começando pelo Líbano”, onde Israel responderia em caso de ataque do Hezbollah, e pediram para evitar “uma nova escalada”.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, teria dito a seus homólogos do G7 que Irã e o Hezbollah podem lançar um ataque contra Israel dentro de 24 ou 48 horas, ou seja, a partir desta segunda-feira, segundo a imprensa estadunindese.

Blinken também conversou por telefone com o primeiro-ministro iraquiano, Mohamed Shia al Sudani, sobre a “importância das medidas” para acalmar a situação, diante da possibilidade de ataques de grupos armados iraquianos favoráveis ao Irã.

O principal aliado de Israel, os Estados Unidos, que reforçou sua presença militar no Oriente Médio, garantiu que “ao mesmo tempo tenta acalmar a situação diplomaticamente”. Mas em um ato celebrado em Jerusalém na noite de domingo, o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, insistiu que seu governo está “decidido a opor-se” ao Irã e seus aliados “em todas as frentes”.

O Ministério da Saúde libanês anunciou nesta segunda-feira (5) a morte de duas pessoas em um ataque israelense no sul do Líbano, poucas horas depois de um bombardeio do grupo Hezbollah contra o norte de Israel.

O Hezbollah abriu uma “frente de apoio” ao Hamas no sul do Líbano, após 7 de outubro, com uma troca de tiros diária com o Exército de Israel. A violência na fronteira matou pelo menos 549 pessoas no Líbano desde outubro, a maioria combatentes do Hezbollah, mas também 116 civis, segundo um balanço da agência AFP.

Em Israel e nas Colinas de Golá ocupadas, 22 soldados e 25 civis morreram desde outubro, segundo as autoridades.

*Com AFP, Al Jazeera e Haaretz/BdF

Morre Henry Kissinger, o Nobel da Paz que mais fez da guerra a sua vida

Uma das personalidades mais influentes na política externa norte-americana desde os anos 1960, o diplomata faleceu aos 100 anos, em Connecticut (EUA).

Haroldo Ceravolo Sereza

Morreu em Connecticut (EUA), neste 29 de novembro de 2023, aos 100 anos, Henry Kissinger, diplomata, político e estrategista norte-americano. Kissinger é talvez a personalidade mais influente na política externa norte-americana dos anos 1960 para cá, tendo servido como secretário de Estado de dois presidentes republicanos, Richard Nixon e Gerald Ford, entre 1973 e 1977.

Nascido na Alemanha em 27 de maio de 1923, Kissinger migrou para os Estados Unidos, com a família, em 1938, fugindo do nazismo. Cinco anos depois, conseguiu a cidadania norte-americana. Serviu ao Exército norte-americano durante a Segunda Guerra Mundial, a partir de 1943, e participou da ocupação do território alemão após o conflito.

Aluno de Harvard, Kissinger graduou-se, tornou-se mestre e doutor na instituição, entre os anos de 1950 e 1954. Também deu aulas de relações internacionais por quase duas décadas. Escreveu pelo menos 20 livros sobre temas como diplomacia, história e política.

Sob o comando de Kissinger, os Estados Unidos patrocinaram golpes de Estado aos borbotões, com destaque para o golpe contra o Chile de Salvador Allende em 1973. No mesmo ano, o secretário de Estado de Nixon negociava a paz no Vietnã, o que lhe rendeu um dos mais controversos Prêmios Nobel da Paz da história. Neste ano, também foi anunciado o prêmio para o negociador vietnamita, Le Duc Tho, que recusou o galardão.

A ditadura argentina, instituída em 1976, contou com sua bênção, assim como a uruguaia (1973) e o genocídio perpetrado pelo Paquistão contra a população de Bangladesh, durante sua guerra de independência. Também partiu de Kissinger o sinal verde para a invasão do Timor Leste pela Indonésia, em 1975.

Atribui-se a Kissinger, também, um papel central na organização da chamada Operação Condor, que articulou os sistemas repressivos das diferentes ditaduras do Cone Sul, incluindo o regime militar brasileiro.

No Brasil, tornou-se famosa a cena de Zuzu Angel, estilista que procurou pelo filho Stuart Angel, também cidadão norte-americano, desaparecido pela ditadura brasileira, entregando um dossiê sobre o caso a Kissinger, driblando a segurança presidencial de Geisel. Pouco depois do incidente, Zuzu foi assassinada num “teatrinho”: agentes da ditadura simularam um acidente automobilístico para matá-la. Nem Kissinger nem os Estados Unidos se moveram para localizar Stuart ou para que o assassinato de Zuzu fosse tratado como tal.

A influência de Kissinger, formalmente um defensor da “realpolitik” nas relações internacionais, permaneceu mesmo quando ele deixou o governo. Integrantes de seu gabinete fizeram parte de diferentes administrações norte-americanas. Também atuou como consultor em diversos organismos governamentais e criou uma empresa de consultoria, a “Kissinger Associates”, especializada em temas de relações internacionais.

O diplomata também teve um papel central na aproximação da China com os Estados Unidos (1969), nas negociações após a guerra do Yom Kippur (1973) e na relativa aproximação entre Estados Unidos e União Soviética, também durante os anos 1970 e 1980, o que resultou em acordos de controle da produção de arsenais nucleares.

Kissinger é considerado, por muitos, como um criminoso de guerra. O historiador Greg Grandin, da Universidade de Yale, estima que entre os anos de 1969 e 1976, morreram entre 3 a 4 milhões de pessoas em decorrência das políticas de Kissinger, fazendo dele uma das personalidades mais violentas da história do século XX.

*Opera Mundi

A guerra de Israel contra os palestinos envolve áreas de petróleo em Gaza e o neoliberalismo em queda

Análise geopolítica sobre a guerra em Israel e suas implicações para o Brasil e o mundo multipolar em desenvolvimento, por Pedro Augusto Pinho no Monitor Mercantil.

A verdade, filha do céu, como a luz não se apaga. No seio da escuridão mais densa jaz a centelha que afinal propaga a chama. Em todos os tempos, quando a corrupção invade a sociedade e o vício contamina as fontes da vida pública, Deus suscita um apóstolo para salvar no meio da geral dissolução a dignidade da razão humana. Às vezes é um historiador, como Tácito, ou um poeta como Juvenal; outras é Demóstenes orador, ou Sêneca filósofo. Através do zumbir da lisonja, do riso aparvalhado das turbas, do resfolgo opresso das consciências, no meio das bacanais públicas, ergue-se vibrante e sonora a voz da verdade, semelhante ao canto do cisne de uma sociedade que sucumbe

José de Alencar, “Cartas de Erasmo”, “Ao Imperador”, 17 de novembro de 1865, em “José de Alencar, Ficção Completa e Outros Escritos”, Aguilar Editora, RJ, 1965, volume III

A guerra que Israel move contra os palestinos se insere no projeto geopolítico de colocar sob domínio anglo-estadunidense e israelense cerca de dois terços das reservas de petróleo do mundo, entre outros interesses políticos, econômicos e, por que não reconhecer, raciais, que levam à formação dessa união.

Em 31/12/2022, estavam computados 1.535 bilhões de barris de petróleo no mundo.

Nesta conta se excluem o que se poderia obter com o processamento de areias betuminosas e folhelhos de xisto, principalmente no Canadá, nos Estados Unidos da América (EUA) e na Federação Russa.

Aproximadamente 998 bilhões estavam na área ao sul da Turquia, no Irã, no Egito e na Península Arábica.

A perspectiva de desconstruir a importância do petróleo – óleo e gás natural – já tem início ao serem divulgadas estatísticas que separam o óleo, que é denominado petróleo, do gás natural, como se este viesse de outro lugar que não dos reservatórios de hidrocarbonetos.


Esses mapas indicam reservas eventuais de petróleo na região de Gaza. O da esquerda mostra áreas marítimas para exploração. O da direita, as áreas já autorizadas para execução da exploração. Os dois mapas constam do documento ‘’The Economic Costs of the Israeli Occupation for the Palestinian People: The Unrealized Oil and Natural Gas Potential”, de 2019, da UNCTAD (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento)

O neoliberalismo, que passou a dominar o mundo ocidental e influenciar o oriental a partir da década de 1980, tem na comunicação uma de suas armas mais importantes. Especialmente quando a comunicação virtual ganha força, como ocorre simultaneamente com as desregulações financeiras e a imposição da ideologia neoliberal, pelo Consenso de Washington.

Este “Consenso” será o instrumento de avaliação dos organismos internacionais de empréstimos e de acompanhamento econômico: Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial (WB), Organização Mundial de Comércio (OMC), dentre outros.

Vejamos os 40 anos que vão de 1973 a 2013, com informações da Agência Internacional de Energia (AIE), para o consumo de energia.

A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que agrupa o mundo desenvolvido ocidental, caiu de 61,3% para 39,2%.

A China, que percorreu caminho diferente do preconizado pelo Consenso de Washington, cresceu de 5,5% para 12,2%. O Oriente Médio, seguindo o exemplo chinês, passou de 0,8% para 5,1%.As Américas, fora da OCDE, ficaram praticamente estáveis no consumo de energia: 3,5% e 4,6%, início e fim do período.

Neste século 21, constatou-se a decadência na produção e no emprego pelo lado do Atlântico.

Mesmo reduzindo os encargos trabalhistas e previdenciários, com a nova escravidão dos “microempreendedores individuais” e a uberização do trabalho, reduziram-se os empregados com “carteira assinada”, e, simultaneamente, avançaram a fome e a miséria, inclusive nos países industrializados e desenvolvidos.

Há mais um dado para ser analisado com a guerra movida por Israel: a revelação da falácia das energias alternativas que fariam a transição energética.

Hoje, após mais de duas décadas de fechamento de usinas atômicas e da substituição de petróleo por energia eólica e solar fotovoltaica, já não resta dúvida da ineficiência desta substituição, quer pelo preço elevado, quer pelo uso abundante de minerais estratégicos, quer pela intermitência do fornecimento, quer mesmo pelos problemas ambientais que provocam.

Por outro lado, o mundo unipolar, do dólar estadunidense, vê-se superado, em todos aspectos, pelo mundo multipolar, construído em torno da República Popular da China (China), da Federação Russa (Rússia) e de países asiáticos e africanos organizados em instituições internacionais como a Iniciativa do Cinturão e Rota (ICR), os Brics, agora aumentados para 11 países, a Organização para Cooperação de Xangai e outras.

O cenário de guerra fica cada vez mais possível com a decadência dos EUA, melhor dir-se-ia do Atlântico Norte.

Ao mesmo tempo em que a China e Rússia vão congregando países, mesmo com divergências históricas, como no recente Brics+.

A Iniciativa do Cinturão e Rota, reunida no 3º Fórum para Cooperação Internacional, em outubro de 2023, contava mais de 150 países e 30 organizações internacionais, de uma forma ou de outra, envolvidos na implementação desta iniciativa chinesa.

Único representante brasileiro convidado para o Fórum estava neste evento, o diretor responsável do Monitor Mercantil, jornalista Marcos de Oliveira. Lembrando que a Organização das Nações Unidas (ONU) possui, hoje, 193 países-membros.

Existe, é óbvio, o aspecto cultural nesta virada para o oriente, mas há a nítida decadência do Ocidente, que se envolve em guerras de conquista como se ainda vivêssemos no século 19.

A questão energética é bem um exemplo. Substituir o petróleo pelo vento e pelo sol é retroceder, enquanto a China busca na fusão nuclear o avanço na geração de energia.

Muito poder-se-ia discorrer sobre energia e guerra. Porém, neste artigo, buscamos vincular a guerra de um Estado contra uma população, a falência em menos de meio século de ideologia farsante e suas consequências para o Brasil.

E a tudo isso se soma a dívida imensa e sem lastro que acompanha o dólar estadunidense, presente na guerra das forças armadas, protegidas institucionalmente, contra população organizada pela necessidade de se defender do massacre e do extermínio e o cenário do ocidente em crise contra o oriente em desenvolvimento.

Uma percepção do Brasil neste belicoso cenário

Fundamentalmente, falta soberania ao Estado Nacional brasileiro.

Vive o País muito mais tempo como colônia dos portugueses, ingleses, estadunidenses e dos capitais apátridas do que como Estado independente soberano e altivo.

A denominada redemocratização se deu com a vitória neoliberal no Ocidente e o desaparecimento da questão nacional no cenário das discussões políticas. Era a globalização em vez dos Estados nacionais e também o identitarismo no lugar da cidadania.

Saído de 21 anos de governos autoritários, os brasileiros não perceberam que a criança estava na bacia de água suja.

Com os militares foi-se também o interesse nacional, muito bem demonstrado pela ação da diplomacia brasileira, voltando seus olhos para a vizinhança sul-americana e para a África, e reconhecendo as vitórias lá ocorridas nas lutas pelas independências políticas.

A bem da verdade, esta virada da diplomacia teve início com o curto governo Jânio Quadro (Afonso Arinos de Melo Francos), sofreu um revés com Castelo Branco (Juracy Magalhães), retomou a autonomia com Médici, Geisel e Figueiredo (Mário Gibson Barbosa, Antônio Azeredo da Silveira, Ramiro Saraiva Guerreiro) e retroagiu ao acompanhamento acrítico e automático dos EUA na Nova República até a volta de Celso Amorim, com Lula, em 2003.

Deve-se recordar o servilismo do Itamaraty no governo de Fernando Henrique Cardoso, sendo chanceler Celso Lafer, ao perseguir o corajoso e digno embaixador José Maurício de Figueiredo Bustani, quando, tendo sido eleito para primeiro diretor-geral da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq), já reeleito para novo período, se recusa a participar da farsa das “armas de destruição em massa” no Iraque, para justificar a invasão, a guerra de conquista daquele País, pelos EUA.

Fato imortalizado no filme Sinfonia de um homem comum, de José Joffily. O autor deste artigo se orgulha da amizade, surgida no curso secundário e até hoje mantida, com o diplomata e pianista Bustani.

Hoje, a diplomacia brasileira é pouco afirmativa, hesita na identificação dos interesses nacionais como da multipolaridade, e isso tem reflexo nesta questão da guerra de Israel contra os palestinos.

Um cenário possível, que já é objeto de debate acadêmico, está no reconhecimento da derrota do neoliberalismo globalizante e de sua concentração do quintal estadunidense: as Américas.

Os capitais anglo-israelense-estadunidenses assumiriam o poder pelos países das Américas, derrotando as veleidades brasileiras de governança nacional e procurando submeter Cuba, Venezuela, Nicarágua e Bolívia ao encolhido Império.

Sendo este o desfecho da guerra no Oriente Médio e na Ucrânia sairiam vitoriosos o petróleo, como principal fonte primária de energia, e os Estados Unidos da América, como feitor dos capitais financeiros nas ricas e dominadas Américas, do Alasca à Patagônia.

Porém, o Brasil pode e deve reagir.

A população, em sua maioria, não aplaude o covarde nem o agressor dos mais fracos, ela estará contra ou a favor do governo conforme este a esclareça dos reais acontecimentos, não deixe o brasileiro refém das mídias hegemônicas e antinacionais, dos sites de relacionamento coordenados do exterior, e assuma sua responsabilidade em favor da justiça, da verdade, da paz e, principalmente do Estado e da Nação Brasileira.

*Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado, trabalhou por 25 anos na Petrobrás, foi membro do Corpo Permanente da Escola Superior de Guerra (ESG) e consultor das Nações Unidas na África (UN/DTCD 1987/1988).

*Viomundo

Erro ‘catastrófico’ para os EUA deixarem Israel entrar em guerra com o Hezbollah e o Irã

O governo israelita espera poder forçar Washington a ajudá-lo a travar uma guerra em múltiplas frentes com o Hezbollah e o Irão, enquanto as FDI estão “nas profundezas de Gaza”, mas isso é uma missão tola, uma vez que os problemas de Israel são da sua própria criação e não os problemas do povo americano, disse um ex-oficial da CIA à Sputnik.

Num artigo para Al-Mayadeen no início desta semana, o ex-oficial de inteligência do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, Scott Ritter, argumentou que o primeiro-ministro israelense, Benjamin

Natanyahu, está tentando escalar a situação no Líbano, a fim de atrair os EUA para uma guerra em múltiplas frentes contra o Hezbollah e, ​​em última análise, Irã. No entanto, Ritter também argumentou que tal manobra não teria sucesso, porque o Hezbollah não será incitado a um conflito que o coloque em desvantagem no cenário global.

Ritter disse que se o Hezbollah tomar a iniciativa e lançar um ataque em grande escala contra Israel, “as pessoas deixarão de falar sobre a Palestina. As pessoas deixarão de falar sobre a agressão de Israel e agora concentrar-se-ão numa nova frente que provavelmente incluirá o Irão”.

“É novamente por isso que [o líder do Hezbollah] Hassan Nasrallah fala de perseverança . Perseverança significa que você tem que lutar em tempos difíceis para garantir que não será distraído da visão estratégica”, disse Ritter, acrescentando que “o Hamas está vencendo esta luta”. .Israel não pode prevalecer. Israel não pode derrotar o Hamas no terreno. Israel perdeu a batalha da propaganda a nível mundial; eles perderam nos Estados Unidos.”

John Kiriakou, ex-oficial da CIA e denunciante do programa de tortura dos EUA , disse na terça-feira ao programa “The Critical Hour” da Rádio Sputnik que Ritter e Nasrallah estão certos: os EUA não podem vencer uma guerra contra o Hezbollah e não deveriam se envolver em tal luta.

*Sputnik

Guerra na Faixa de Gaza matou em 15 dias quase metade de jovens e crianças palestinas vítimas de conflitos desde o ano 2000

Do total de 3.265 jovens vítimas de conflitos na Faixa de Gaza desde o ano 2000, quase metade das mortes de crianças e adolescentes palestinos registradas neste aconteceu nas duas últimas semanas, durante a guerra entre Israel e o Hamas. Foram mortos ao menos 1.524 menores na região no atual confronto, ou 46,7% do total.

O número óbitos de pessoas com menos de 18 anos em 15 dias de guerra é quase três vezes o total de menores mortos no ano com mais vítimas até então. Em 2014, 548 crianças e adolescentes foram vítimas de uma ofensiva de Israel para destruir foguetes e túneis em Gaza.

A Folha de S. Paulo cruzou dados de mortes de menores de 18 anos na Faixa de Gaza, registrados pela B’Tselem, organização israelense de direitos humanos, com as informações de mortes recentes divulgadas pela Ocha, agência das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, que considera estimativas do Ministério da Saúde de Gaza e faz esse mesmo recorte etário.

As duas organizações têm bases historicamente semelhantes e contabilizam vítimas consequentes do confronto bélico na região, mortas por explosões ou armas de fogo.

O boletim da ONU que inclui informações sobre menores, de quinta-feira (19), só traz atualização sobre crianças e jovens palestinos. Das mortes em Gaza, cerca de 40% das vítimas desde o dia 7 de outubro são menores de idade.

Do lado de Israel, autoridades locais estimam que 20 dos 705 mortos que tiveram os nomes identificados sejam crianças. A maioria morreu na ofensiva do Hamas a Israel há 15 dias.

Ao todo, o confronto tirou a vida de aproximadamente 5.800 pessoas, sendo 1.400 israelenses, e 4.449 palestinos, de acordo com autoridades locais.

A proporção de mortes palestinas é historicamente maior do que a de israelenses no confronto entre as duas partes. De 2000 até o início da atual guerra, 145 crianças e adolescentes israelenses foram mortos, sendo 90 em Israel, 51 na Cisjordânia e 4 em Gaza, de acordo com a B’Tselem.

No mesmo período, são 2.290 menores palestinos mortos, sendo 1.741 em Gaza, 537 na Cisjordânia e 12 em Israel.

Dados anteriores ao atual conflito indicam que foram 765 crianças de 0 a 12 anos e 976 adolescentes de 13 a 17 anos. No geral, 415 meninas e 1.326 meninos palestinos.

A morte de crianças foi uma das preocupações expressas na resolução proposta pelo Brasil no Conselho de Segurança da ONU. Com 12 votos favoráveis de 15 possíveis, o texto só não passou porque recebeu veto dos Estados Unidos, que destacou o direito de Israel se defender.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a mencionar as mortes de menores na sexta, em pronunciamento por vídeo, quando também classificou o ataque do Hamas de terrorista.

“Hoje quando o programa [Bolsa Família] completa 20 anos, fico lembrando que 1.500 crianças já morreram na Faixa de Gaza. Que não pediram para o Hamas fazer ato de loucura que fez, de terrorismo, atacando Israel, mas também não pediram que Israel reagisse de forma insana e as matasse. Exatamente aqueles que não têm nada a ver com a guerra, que só querem viver, brincar, que não tiveram direito de ser crianças”, disse.

Desde o início da guerra, cerca de 1 milhão de pessoas se deslocaram em Gaza: mais de 527 mil estão nas 147 estruturas emergenciais de abrigo montadas pelas Nações Unidas, a maioria na região central ou sul de Gaza.

Com o cerco à região, a crise humanitária se acentuou diante da escassez de água, alimentos, combustíveis e medicamentos.

Vinte caminhões de ajuda internacional conseguiram autorização para entrar na Faixa de Gaza neste sábado (21) a fim de levar mantimentos aos civis. Cerca de 200 caminhões ainda aguardam o sinal verde para a passagem.

Ao menos 210 pessoas ainda seguem reféns do Hamas, incluindo israelenses e estrangeiros, de acordo com as forças do país. O grupo liberou duas reféns americanas na sexta-feira.

Com informações da Folha de S. Paulo.

Irã diz que novas frentes podem surgir contra Israel durante a guerra

O governo do Irã sinalizou que outros países e grupos podem se envolver no conflito para defender os interesses dos palestinos.

O governo do Irã informou que outros países e grupos podem se envolver no conflito entre Israel e Hamas, que chegou ao sexto dia e resultou na morte de 2,6 mil pessoas desde sábado (7/10).

Hossein Amir Abdollahian, ministro das Relações Exteriores do Irã, não descartou a abertura de novas frentes de batalha a favor dos palestinos diante do cerco à Faixa de Gaza e da ajuda internacional a Israel. “Nestas circunstâncias, tudo é possível, e poderemos testemunhar novos acontecimentos na região”, declarou durante uma visita ao Iraque nesta quinta-feira (12/10), segundo o Metrópoles.

Segundo o chanceler iraniano, funcionários de alguns países entraram em contato com Teerã para perguntar sobre o assunto. “Dizemos-lhe que a nossa resposta clara sobre as possibilidades futuras é de que tudo depende dos movimentos do regime sionista [Israel] em Gaza”, afirmou.

O Irã, um dos principais rivais de Israel no Oriente Médio, é visto pela comunidade internacional como o principal patrocinador do Hezbollah, que, recentemente, declarou estar pronto para a guerra e reivindicou alguns ataques recentes contra posições israelenses na fronteira com o Líbano.

Além dos bombardeios entre o grupo xiita e forças israelenses, a tensão na região aumentou após a Síria acusar Israel de atacar dois aeroportos, em Damasco e Aleppo, acendendo ainda mais o alerta para a possibilidade de uma escalada na guerra, com a participação de países e grupos pró-Palestina da região.