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Brasil cobra ação das Nações Unidas e defende solução política para o Oriente Médio

O governo brasileiro fez um duro pronunciamento nesta quarta-feira (29) sobre a crise no Oriente Médio, criticando a falta de liderança das potências mundiais e cobrando o Conselho de Segurança da ONU a assumir um papel mais ativo na busca pela paz. Também frisou que apenas um acordo político entre israelenses e palestinos pode garantir a segurança e a estabilidade na região.

As críticas foram feitas pelo chanceler brasileiro, Mauro Vieira, que participou de uma reunião do colegiado convocada para lidar com a crise no Oriente Médio no Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino. Em um discurso, porém, ele atacou abertamente a falta de união na comunidade internacional, informa Jamil Chade, no UOL.

Em sua avaliação, os acordos que estabeleceram uma trégua nos últimos dias em Gaza são “sinais de esperança”, mas não a solução por si só. O governo brasileiro defende que a criação de um Estado palestino reconhecido internacionalmente precisa fazer parte de um acordo de paz.

O chefe do Itamaraty também alertou para a desunião que permeou o Conselho de Segurança ao lidar com a crise. O órgão precisou de semanas até que um acordo fosse estabelecido. Para Vieira, há um “horror sem precedentes” em Gaza — e nem isso gerou uma resposta unida da comunidade internacional.

“Nós temos que nos unir e ser solidários com todos os necessitados. A situação no Oriente Médio, incluindo a questão palestina, é, no entanto, um dos assuntos mais vetados do Conselho de Segurança. Esse registro é um testemunho infeliz do fato de que, na maioria das vezes, as divergências triunfam sobre o interesse comum nesse órgão”, disse Vieira.

Segundo ele, “o conflito no Oriente Médio não desapareceu, pois os países não conseguiram se entender na ONU.

“O agravamento da situação entre Israel e a Palestina nos últimos anos não nos obrigou a nos unirmos e agirmos em prol do objetivo comum de alcançar a paz para os palestinos, israelenses e o povo do Oriente Médio em geral”, disse.

Para Vieira, o colegiado também tem responsabilidade ao não conseguir atingir seu objetivo de defender a paz e a segurança internacional

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Política

Lula e comitiva chegam ao Oriente Médio para participação na COP28

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou, nesta terça-feira (28/11), na Arábia Saudita para uma sequência de compromissos oficiais. No Oriente Médio, o petista representará o Brasil na Conferência do Clima das Nações Unidas (COP28) em Dubai, nos Emirados Árabes.

Esse giro marca a primeira viagem internacional desde que o petista passou por cirurgia no quadril, no fim de setembro.

Por meio das redes sociais, Lula confirmou que, na Arábia Saudita, vai apresentar projetos de investimento no Brasil e aumentar as relações comerciais e a parceria entre os países, com foco nos setores de energia, agricultura e indústria, segundo o Metrópoles.

O chefe do Executivo também reforçou que a comitiva do governo federal deve apresentar projetos no âmbito do Novo PAC para investimentos em infraestrutura. Confira o pronunciamento na íntegra:

Depois de participar da COP28 em Dubai, o petista seguirá para Berlim, capital da Alemanha, onde deve ficar por três dias. Com Lula no exterior, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), assumiu a Presidência.

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Secretário-Geral da ONU, exalta a atitude de Lula de buscar a paz a todo custo no Oriente Médio

Enquanto a direita brasileira xucra, na sua vasta precariedade, tenta produzir melodramas funestos, inspirados em fake news para atacar Lula, o presidente ganha cada vez mais tamanho e robustez na cena global como um dos maiores estadistas do planeta.

Quando Lula se movimenta para cessar esse dramático quadro de aniquilamento quase total da Palestina, produzido e cultivado pelos sionistas de Israel, ele dá outro tom ao debate global sobre a questão.

Com o espírito que lhe é peculiar, de buscar uma saída negociada, a admirável iniciativa de Lula mereceu uma exaltação do Secretário-Geral da ONU, António Guterres.

As manifestações contrárias à guerra que Lula busca, opõem-se ao coro comandado pelos EUA, de acirrar os espíritos e conduzir o conflito que tem por consequência o massacre de Gaza que pode sim ficar fora de controle.

Enquanto isso, a direita bolsonarista, que apoiou a mortandade de 703 mil brasileiros, promovida pela besta fera que estava na cadeira da presidência e também o genocídio do povo Yanomami, segue, em tempo integral, atacando Lula, sem propor ao menos uma única pauta em benefício do Brasil, inundando as redes sociais de lama fétida extraída do próprio esgoto.

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Conflito no Oriente Médio já tem 298 mortos: 100 em Israel e 198 na Faixa de Gaza. Há milhares de feridos

O conflito iniciado neste sábado (7) com ataques do movimento armado Hamas a Israel já registra 298 mortes, segundo os serviços de emergência. O Hamas bombardeou Israel nesta manhã (7) em uma ofensiva de surpresa, considerada um dos maiores sofridos pelo país nos últimos anos. Os ataques aconteceram principalmente na parte sul do país. Milhares de foguetes foram lançados e, em comunicado, os militares de Israel afirmaram que “vários terroristas se infiltraram no território israelita a partir da Faixa de Gaza”.

O grupo Hamas afirmou se tratar do início de uma grande operação para a retomada do território. Segundo os serviços de emergência, ao menos 298 pessoas morreram, sendo 100 em Israel e 198 na Faixa de Gaza, mortas na retaliação israelense; milhares de pessoas ficaram feridas, segundo o G1.

Em resposta aos ataques, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que seu país está em estado de guerra. O premiê lançou a operação “Espadas de Ferro” e convocou uma reunião de emergência com autoridades de segurança. O país convocou uma grande quantidade de reservistas. O ministro da Defesa do país, Yoav Galant, afirmou que o Hamas cometeu um “grande erro”.

O premiê israelense também pediu aos cidadãos que sigam as instruções de segurança. A recomendação é que as pessoas fiquem próximas a prédios e espaços protegidos.

“As Forças de Defesa de Israel defenderão os civis israelenses e a organização terrorista Hamas pagará um alto preço pelas suas ações”, disse o comunicado divulgado pelos militares israelenses”.

O conflito entre Israel e Palestina se estende há décadas. Em sua forma moderna remonta a 1947, quando as Nações Unidas propuseram a criação de dois Estados, um judeu e um árabe, na Palestina, sob mandato britânico. Israel foi reconhecido como país no ano seguinte. Desde então, há uma disputa por território, e vários acordos já tentaram estabelecer a paz na região, mas sem sucesso.

Segundo um alto comandante militar do Hamas, 5 mil foguetes foram lançados contra Israel. Sirenes de avisos de bombardeios foram acionadas em várias regiões de Israel, incluindo Jerusalém. Há registros de edifícios danificados em Tel Aviv e em outras cidades.

Segundo a imprensa israelense, homens armados atiraram contra pedestres na cidade de Sderot, no sul do país.

“Este é o dia da maior batalha para acabar com a última ocupação”, afirmou Mohammad Deif, comandante do Hamas.

O governo de Israel afirmou, ainda, que “soldados foram mortos” durante os ataques e que outros militares do país são feitos reféns pelo grupo armado na Faixa de Gaza.

O grupo Jihad Islâmica Palestina disse que seus combatentes se juntariam ao Hamas no ataque contra Israel.

“Fazemos parte desta batalha, os nossos combatentes estão lado a lado com os seus irmãos nas Brigadas Qassam até que a vitória seja alcançada”, disse o porta-voz do braço armado da Jihad Islâmica, Abu Hamza, no Telegram.

O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Tierk, afirmou estar chocado com os ataques e apelou ao fim imediato da violência em Gaza.

“Este ataque está tendo um impacto horrível sobre os civis israelenses”, disse Tuerk em comunicado. “Os civis nunca devem ser alvo de ataques.”

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Vazam documentos secretos de inteligência dos EUA sobre Ucrânia, Oriente Médio e China

Um novo conjunto de documentos secretos que revelam os segredos de segurança nacional dos Estados Unidos em temas que vão da Ucrânia ao Oriente Médio e à China apareceu em sites de mídia social nesta sexta-feira (7).

Segundo o jornal The New York Times, os documentos classificados detalham planos estadunidenses e da OTAN para fortalecer as forças armadas ucranianas antes de uma ofensiva planejada contra as tropas russas.

Analistas ouvidos pelo jornal dizem que mais de 100 documentos podem ter sido obtidos. Junto com a sensibilidade dos próprios documentos, podem ser extremamente prejudiciais, disseram autoridades americanas.

“Um alto funcionário da inteligência chamou o vazamento de ‘um pesadelo para os Cinco Olhos’, em uma referência aos Estados Unidos, Grã-Bretanha, Austrália, Nova Zelândia e Canadá, as chamadas nações dos Cinco Olhos que compartilham amplamente inteligência”, afirmou o NY Times.

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Farra da viagem presidencial ao oriente médio teve custo de R$ 3,6 milhões

O “giro comercial” do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao Oriente Médio custou mais de R$ 3,6 milhões aos cofres públicos brasileiros. A viagem ocorreu entre os dias 12 e 18 de novembro deste ano. Os números foram fornecidos pelo Ministério das Relações Exteriores ao Metrópoles, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).

O chefe do Executivo federal visitou três nações: Emirados Árabes, Bahrein e Catar. De acordo com o Itamaraty, o objetivo da viagem foi fortalecer as relações do Brasil com países da região do Golfo Pérsico, grandes produtores de petróleo que possuem fundos soberanos de investimentos (relembre a viagem mais abaixo).

Do montante gasto, R$ 1,9 milhão foi destinado às diárias para alimentação e hospedagem e outros R$ 373 mil em passagens para bancar a ida do presidente ao continente asiático, de seguranças do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), de assessores pessoais de Bolsonaro, além da comitiva de ministros e uma equipe de suporte, como intérpretes e auxiliares locais.

Segundo o Itamaraty, 28 pessoas integraram a comitiva presidencial, sendo 18 ligados à Presidência, como ministros, secretários e assessores pessoais de Bolsonaro, e 10 ao Itamaraty. Os gastos da comitiva com diárias somaram R$ 268,3 mil. Já as despesas com passagens foram de R$ 155,2 mil.

Outras 24 pessoas viajaram em aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) e somaram R$ 280,1 mil em diárias com alimentação e hospedagem.

Outros gastos com viagens

Em termos de comparação, durante um ano de pandemia (março de 2020 e março de 2021), o Planalto desembolsou R$ 18,5 milhões em viagens de Bolsonaro com cartão corporativo. Ou seja, a visita comercial e diplomática ao Oriente Médio representou 19,4% dos gastos com traslados em um ano.

Já em 2019, primeiro ano da atual gestão, a Presidência da República gastou R$ 8 milhões, de acordo com dados obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo via LAI. Foram pagamentos de passagens aéreas, hospedagem, transporte e alimentação. São viagens pagas em iniciativas oficiais do Planalto, representado por servidores, outras autoridades ou o próprio Bolsonaro.

Naquele ano, o presidente também fez uma visita que incluiu Japão, China, Emirados Árabes Unidos, Catar e Arábia Saudita. Foram 19 dias com uma despesa total de R$ 1 milhão.
Emirados Árabes

Bolsonaro desembarcou em Dubai, capital de Abu Dhabi, em 13 de novembro, e ficou na região até a manhã do dia 16 do mesmo mês.

Além dos gastos com diárias e passagens, o governo brasileiro desembolsou R$ 1,1 milhão na região. As despesas estão distribuídas da seguinte forma:

R$ 879,9 mil em aluguéis de carros;
R$ 242,5 mil em salas de escritórios para a equipe de apoio presidencial que prepara eventos;
R$ 15,6 mil na contratação de intérpretes;
R$ 6,8 mil para a compra de material de escritório; e
R$ 2,7 mil na compra de uma trituradora.

Durante agenda nos Emirados Árabes, o presidente Jair Bolsonaro se reuniu com autoridades locais e participou da Expo 2020, exposição mundial realizada periodicamente há mais de um século. Cada edição ocorre numa cidade diferente.

O chefe do Executivo federal ainda participou de uma feira de aviação e de um fórum de investimentos. Nesse último, diante de empresários e autoridades árabes, distorceu dados sobre a Amazônia e disse que a floresta não pega fogo, pois é úmida.

Bahrein

No segundo destino da viagem presidencial, o chefe do Executivo brasileiro ficou em Manama, capital do Bahrein, apenas por um dia. Além dos custos com passagens aéreas e hospedagens, foram gastos R$ 115,5 mil, distribuídos conforme abaixo:

R$ 3,7 mil para materiais para escritório;
R$ 43,9 mil para aluguel de salas de apoio;
R$ 68 mil para o aluguel de veículos; e
R$ 80,1 mil para o pagamento de diárias de auxiliares locais.

Além de se reunir com autoridades locais, Bolsonaro inaugurou a embaixada do Brasil no Bahrein.

Catar

Em Doha, capital do Catar, o presidente fechou o giro comercial da viagem. Chegou à região em 17 de novembro e retornou ao Brasil na manhã do dia seguinte.

Durante a estadia, também foram desembolsados R$ 54,2 mil com as seguintes despesas:

R$ 1,7 mil com material para escritório;
R$ 1,5 mil no aluguel de uma trituradora; e
R$ 51,1 mil com serviços de interpretação.

Na capital Manama, o presidente se encontrou com autoridades do Catar. Participou de uma motociata e ainda visitou o estádio Lusail. O Catar vai sediar a Copa do Mundo de 2022.

“Dez, 15 motociclistas. Eu agradeço ao sheik pela gentileza. Ele descobriu que eu gosto de andar de moto”, disse o presidente.

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Matéria Opinião

Por que é necessário questionar a versão dominante de “acidente” sobre a explosão no Líbano?

A tragédia em Beirute no Líbano marcou esta primeira semana de Agosto em um ano já marcado por uma série de fatos insólitos de enorme gravidade como a pandemia do novo Coronavírus, a crise financeira global e o acirramento do conflito EUA x China.

Entretanto, em que pese o fato do problema no Líbano ser um fato lamentável por si só, um fato crucial precisa ser problematizado e pegou até mesmo analistas de renome de “calças curtas”. É comum na pressa analisar determinados fatos sem levar em consideração categorias de análise fundamentais como as questões do poder de difusão de informações e de apropriação dos fatos.

No mesmo dia do incidente, em vários círculos de análise política (tanto a da grande Imprensa monopolista quanto na chamada “Blogosfera” independente) houve uma pressa curiosa em concluir que a explosão em Beirute se tratava de um “desígnio divino”, ou seja, um azar muito grande que se abatia sobre os libaneses.

Esta postura chamou a atenção porque em que pese o fato de não haver uma investigação ainda minuciosa dos acontecimentos, as imagens da explosão não se encaixam no perfil de uma explosão convencional. Por mais que um acidente com nitrato de amônia seja um risco verificado em outras partes do Mundo – inclusive no Brasil – a explosão no porto de Beirute teve características muito próprias que suscitam no mínimo questionamentos diversos. Além do mais, o fato da explosão ter ocorrido no Líbano cria certamente um ar de suspense porque afinal de contas estamos nos referindo a uma região em disputa no coração do mar Mediterrâneo em um país vizinho da Síria e imbricado diretamente no conflito de interesses de superpotências globais. Se a explosão tivesse ocorrido na Samoa Americana ou na Polinésia francesa, sem querer desmerecer os habitantes destas ilhas do Pacífico, a linha de investigação poderia não suscitar tanta polêmica assim. Mas não é exatamente isso que quero retratar aqui e sim o problema da apropriação do fato e sua difusão.

Duvidar das versões dominantes é papel constante dos núcleos progressistas. O motivo de se valorizar a criticidade é simples: quem controla os instrumentos de comunicação de massas consegue subordinar todo o hall das coberturas posteriores em uma voz unificada, ou seja, o fenômeno do monopólio da informação. Cerca de 1 hora e meia após a explosão, já circulava nas principais redes de notícias do Mundo a tese de “acidente” ou “obra do destino”, um “azar” muito grande recaiu sobre Beirute, “rezemos todos pelos libaneses”, ou seja, a coisa já ganhava até tons místico-religiosos. Entretanto, para bons analistas, a leitura sentimental de natureza religiosa não costuma satisfazer – em especial se temos em mente os fatos históricos na mão. Como historiador, sei a importância desta Ciência para a leitura do presente. Em suma, o discurso preponderante sobre a explosão em Beirute foi tomado de um frenesi pouco contextualizado, em especial se tratarmos dos fatos que ocorrem no Mundo de 2008 pra cá (para usarmos uma prazo analítico menor). Eu me pergunto quem consegue tirar um diagnóstico de “azar do destino” menos de duas horas após o evento sem que uma investigação ocorra? Entenda que todo o conjunto de informações que se seguiram caminharam nesta direção como principal vetor de investigação. Por que devemos ser obrigados a acreditar? Até mesmo o Lejeune Mirhan, conhecidíssimo professor e analista dos temas árabes no Brasil e que se coloca no campo dos analistas críticos aderiu com extrema facilidade o discurso de acidente no mesmo dia do evento (na mesma noite). Sua alegação partia da observação da própria imprensa do Hezbollah que não se manifestou em torno de questionar a natureza da explosão nas primeiras horas.

Ora, nada surpreendente! O próprio Lejeune faz questão de mencionar que o Hezbollah não costuma provocar ninguém, apenas reage e se protege em casos necessários, ou seja, mesmo um grupo considerado pelos ocidentais radical se coloca na defensiva na cobertura das informações. Isso entretanto não quer dizer muita coisa porque a análise da Geopolítica independe do Hezbollah. O Hezbollah por exemplo não previu em sua imprensa o despertar da Revolução colorida em 2011 na vizinha Síria e que culminou numa das mais brutais guerras do Oriente Médio em anos recentes.

Uma coisa que as esquerdas precisam compreender, sobretudo as reformistas é que desqualificar interpretações críticas e taxá-las de teorias “mirabolantes da conspiração” é um erro que a Burguesia deseja constantemente que se cometa. Se nós fossemos seguir esta lógica, o discurso crítico ao Golpe de Estado de 2016 no Brasil seria considerado “teoria” da Conspiração como a própria Burguesia se esforça diuturnamente em elaborar, num esforço que tem se provado inclusive difícil uma vez que não só as evidências como as provas do Golpe de Estado pululam por todos os poros, dentro e fora do Brasil. O tema do “Golpe de Estado no Brasil” já pertence até mesmo a cursos em Universidades no exterior!

Há quem discuta que Israel não tenha o interesse em agredir o Líbano no momento. De fato, não há indícios de que Israel esteja envolvido no caso por motivos que se provam óbvios, não há conjuntura política favorável local para uma agressão gratuita deste jeito. Mas isso não significa que o Imperialismo de conjunto não esteja interessado em bagunçar o Líbano. Um erro que vários analistas do Oriente Médio cometem é supervalorizar o papel de Israel no jogo de tabuleiro do Médio Oriente. Que Israel tem desempenhado um papel importante em servir de bucha de canhão dos interesses ocidentais na região não restam dúvidas mas o jogo vai além de Israel. E aliás, Israel é até vítima no caso porque assim como qualquer outra nação dominada, tem um governo completamente comprado pela rede de interesses estrangeiros e suas políticas, portanto, colocam os próprios habitantes de Israel em constante risco. Israel é vítima também, assim como os demais países da região.

Nada como o tempo para revelar que as coisas no Líbano vão muito além de azar. Tão logo a poeira da explosão abaixou e dias após, o próprio governo libanês colocou no hall de possibilidades interferência estrangeira. Mas, para muito além disso, quase que numa situação de auto-denúncia, manifestações tomam conta das ruas de Beirute contra o governo e com palavras de ordem ALTAMENTE controvertidas. Ao invés de “pão, terra e paz”, uma parte dos manifestantes exigem o retorno do controle do Líbano pela França! Isso mesmo que você acabou de ler! Uma das palavras de ordem como veiculado pela rede alemã de notícias Deutsche Welle deste sábado indica que uma parte significativa dos manifestantes protestam contra o governo central e exigem intervenção estrangeira no país. Se isso não é uma atuação de infiltrados que buscam incendiar uma “revolução colorida” no Líbano, o que é então? O povo libanês não quer ser colônia de ninguém. Será que a explosão mudou a opinião dos libaneses? Claro que não, estamos diante de uma tentativa de se emplacar uma “revolução colorida” no país aos mesmos moldes que levaram a Síria ao conflito civil em 2011. Em jogo, interesses estrangeiros abertos e explícitos na região no mesmo momento que uma crise global acontece onde EUA, União Europeia, Rússia e China se acotovelam no Oriente Médio sobre o controle de contratos tubulares de gás natural, jazidas de petróleo, rotas comerciais e mercados consumidores em uma clássica e corriqueira disputa Imperialista já vista inúmeras e inúmeras vezes na História recente. Devemos achar que tudo não passa de coincidência?

Mesmo que se prove por a + b = c que a explosão foi um acidente, nos livramos então da problematização política? De jeito nenhum. Não adianta fugir, todos os fatos do chamado Lebenswelt estão subordinados a relações sociais que por sua vez são pautadas por relações de poder. O caso Líbano não é um caso encerrado como a imprensa quis transparecer no mesmo dia. O caso Líbano é um caso político que a depender do desenrolar da situação pode revelar uma nova “Guerra Híbrida” na região.

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Trump derrotado, Irã vitorioso

Para o professor e escritor Lejeune Mirhan, vimos, no pronunciamento feito nesta quarta-feira na Casa Branca, “um Trump acuado, derrotado, vitimado pela força de seu maior oponente e inimigo em todo o Oriente Médio, o Irã, que sai dessa primeira fase do conflito direto extremamente fortalecido, mais respeitado”.

Assisti pregado na TV, ao vivo, à coletiva convocada pela Casa Branca, concedida (com atraso) pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Ao seu entorno, Mike Pence e Mike Pompeo, a dupla de neocons que compõe não só a vice-presidência como o Departamento de Estado. Atrás dele estavam TODOS os maiores generais quatro estrelas do país, do CENTCOM, Comando Central Conjunto das Forças Armadas dos EUA. Pela imagem já dá para se ver a cara de derrotados de todos eles.

Faço a seguir um resumo do que captei de mais importante do que Trump falou por quase meia hora:

1. Trump não esboçou nenhuma reação relacionada à destruição total de duas das suas oito bases existente (ainda) no Iraque. Fez questão de negar uma única morte, ainda que várias agências tenham mencionado muitos mortos e mais de 200 feridos e a destruição total das bases (como é possível duas bases militares com pelo menos mil soldados cada uma ser inteiramente destruída e nenhum deles vir a morrer?);

2. Afirmou que vai cobrar da OTAN (que os EUA mandam, na verdade) maior presença militar no Oriente Médio – o que é inédito – mas que sinaliza uma possível saída completa dos EUA de toda a região;

3. Reafirma que os EUA lutam contra o terrorismo, mas todos sabem que eles apoiam e financiam o Estado Islâmico. Mas pior que isso: diz lutar contra o terrorismo – mera peça publicitária de propaganda – mas assassina usando métodos terroristas o comandante militar que mais lutou contra o terrorismo e que é o responsável maior pela destruição do DAESH/ISIS, Al Qaeda, Al Nusra entre outros agrupamentos;

4. Pela primeira vez fez uma afirmação jamais ouvida, no sentido de reconhecer que EUA e Irã têm o mesmo objetivo de lutar contra o terrorismo e contra o ISIS (estranho dizer isso e matar quem luta contra essa organização terrorista; na verdade, seu discurso é para seu público interno e para os minions do mundo inteiro do tipo que temos no Brasil, que acreditam na propaganda governamental);

Em suma, vimos um Trump acuado, derrotado, vitimado pela força de seu maior oponente e inimigo em todo o Oriente Médio, o Irã, que sai dessa primeira fase do conflito direto extremamente fortalecido, mais respeitado. O Irã impôs a sua soberania mesmo sem ter armas nucleares. Mostrou ao mundo a capacidade, precisão, velocidade, letalidade, abrangência de todo o seu arsenal de mísseis balísticos (estimados em mais de 1,5 mil mísseis). Mostrou ainda ao mundo a total incapacidade, falência, fragilidade do sistema de defesa anti-aérea composta pelos (superados) mísseis patriots que não conseguiram barrar um míssil sequer dos mais de 30 lançados (praticamente todos atingiram em cheio os alvos).

Isso coloca os EUA em uma situação de derrota, talvez a maior que se possa constatar desde a derrota da perda do Irã para os muçulmanos xiitas em fevereiro de 1979. Sinaliza ainda o aumento do isolamento desse país e dessa potência, não só no Oriente Médio, como mesmo de outras potências regionais imperialistas subalternas. Sinaliza, por fim, a chance real de saída total ou quase total de toda a região, que colocaria em xeque e em total insegurança seu maior aliado e protegido, que é o Estado sionista de Israel.

Há que se levantar duas dúvidas, que não tenho, por ora, uma resposta: 1. Será que o Irã irá interromper a série de ataques às bases estadunidenses no Iraque (ainda restam seis intactas), ou podemos esperar a continuidade dos ataques; 2. Será que a destruição de duas bases estadunidenses – com número de mortos norte-americanos ainda incertos – será o suficiente para considerar vingado a morte do maior general da história militar iraniana moderna?

Apenas para registro: quando da famigerada “primavera árabe” (sic) em fevereiro de 2011 o povo egípcio saiu às ruas para derrubar o ditador Hosni Mubarak, os satélites do Google registraram a maior manifestação de massas humanas da história, com mais de 10 milhões de pessoas saindo às ruas. Pois bem, pelos meus cálculos estimativos e por baixo, acho que mais de 30 milhões de iranianos sairam às ruas desde a sexta-feira. E não ouvimos um pio sequer desse gigante da Internet.

Viva a luta do povo iraniano contra o imperialismo! General Suleimani, sua memória será eternamente lembrada!

 

 

*Lejeune Mirhan/247

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Irã prepara ’13 cenários de vingança’ aos EUA pelo assassinato de Soleimani

Secretário do Concelho Supremo da Segurança Nacional do Irã afirmou que Teerã tem 13 cenários de vingança aos EUA pelo assassinato de Qassem Soleimani.

Segundo informou a agência Fars, o secretário Ali Shamkhani declarou que o Irã tem 13 cenários de vingança, e até o “mais fraco” deles se tornaria “um pesadelo histórico para os EUA”.

“A missão de vingar o assassinato do nosso irmão não será limitada a uma só operação”, disse Shamkhani, citado pela agência.

As declarações do secretário do conselho de segurança iraniano aparecem em meio à escalada de tensões no Oriente Médio após o major-general iraniano Qassem Soleimani, chefe da Força Quds, ter sido assassinado em ataque aéreo dos EUA realizado por ordem do presidente norte-americano, Donald Trump.

Nesta terça-feira (7), o Parlamento do Irã aprovou em votação unânime um projeto de lei que considera o Pentágono, subsidiárias e quaisquer instituições ligadas ao Pentágono entidades terroristas.

 

 

*Com informações do Sputnik

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Vídeo: Multidão toma as ruas de Teerã pedindo vingança por morte de General Soleimani

Na capital do Irã o clima de revolta durante as homenagens a Soleimani, morto em ataque aéreo americano na quinta-feira.

Uma multidão cercou a torre Azadi (liberdade), erguida nos anos 1970 para celebrar os 2.500 anos do império persa.

O dia de homenagens ao general Qassem Soleimani, nesta segunda-feira em Teerã, teve como tônica o pedido de uma vingança dura contra os autores do seu assassinato, vindo da filha do militar, de altas autoridades e também presente em manifestações espontâneas da população iraniana.

Na despedida da capital ao general, uma cerimônia foi realizada na mesquita da Universidade de Teerã, que ficou logo cercada por uma multidão de milhares de pessoas, que tomou todas as ruas ao redor do prédio e depois saiu em cortejo pela cidade.

A cerimônia na universidade foi reservada para convidados, principalmente militares, clérigos, políticos, membros do Judiciário e parentes.

O líder máximo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, se debruçou sobre o caixão de Soleimani e chorou. Os dois eram próximos, e o general era conhecido por sua lealdade extrema à mais alta autoridade do país.

— As famílias de soldados americanos no Oriente Médio vão passar os dias esperando pela morte dos seus filhos.

Trump, maluco, não pense que tudo acabou com o martírio do meu pai — disse a filha do militar, Zeinab Soleimani, acrescentando que “um dia escuro” recairá sobre os Estados Unidos e Israel.

 

 

*Com informações de O Globo