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”Genocídio de manual”

Israel bombardeia hospitais, repartições da ONU, campos de refugiados, escolas, prédios, igrejas, mesquitas e casas.

Em três semanas de ofensiva genocida a Faixa de Gaza já foi bombardeada com 18 mil toneladas de explosivos que atingiram mais de 12 mil alvos.

Bombas de fósforo branco, proibidas pela ONU, são jogadas sobre os 2,3 milhões de palestinos confinados no campo de concentração.

Israel assassina uma criança palestina a cada nove minutos. E deixa outras duas gravemente feridas, muitas delas na fila da morte imediata.

Grande número de crianças palestinas que por enquanto estão conseguindo sobreviver da chacina israelense ficaram órfãs de mães e, também, de pais.

Nove a cada dez palestinos assassinados em Gaza são mulheres, crianças, idosos e homens desarmados, indefesos e abandonados pelo mundo.

Famílias inteiras foram exterminadas. Com todos integrantes dizimados, muitos sobrenomes de famílias só existirão em registros memoriais.

Na Cisjordânia, onde o Hamas não atua, Israel já matou pelo menos 150 palestinos desde 7 de outubro – número próximo ao total de palestinos que assassinou naquele território em todo o ano de 2022.

Israel viola o direito internacional, comete inúmeros crimes de guerra e sua máquina mortífera elimina quem estiver pela frente: voluntários estrangeiros, funcionários da ONU, médicos, enfermeiros, socorristas, jornalistas …

Israel bombardeia ambulâncias e explode estações de água e universidades.

O cerco israelense decreta a sentença de morte de palestinos privados de água, energia elétrica, combustível, remédios, alimentos e ajuda humanitária.

Isso é guerra?

Decididamente, isso não é uma guerra.

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“É um genocídio de manual”, denunciou Craig Mokhiber na carta de demissão [27/10] do cargo de diretor do Escritório do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos, onde atuou por mais de 30 anos.

Craig alerta que a limpeza étnica em Gaza entrou “na sua fase final”, e o regime de apartheid avança “em direção à destruição acelerada dos últimos vestígios de vida palestina autóctone na Palestina”.

O termo genocídio surgiu no direito internacional depois dos horrores do Holocausto nazista; não existia até então.

Segundo a Enciclopédia do Holocausto –que os sionistas deveriam ler, para se enxergarem no espelho–, em 1944 o advogado judeu polonês Raphael Lemkin definiu genocídio como “um plano coordenado, com ações de vários tipos, que objetiva à destruição dos alicerces fundamentais da vida de grupos nacionais com o objetivo de aniquilá-los”.

A Convenção da ONU para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio, aprovada em 9 de dezembro de 1948 ainda sob os ecos do Holocausto, define como genocídio:
– “os atos cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso, tais como:
a) assassinato de membros do grupo;
b) causar danos à integridade física ou mental de membros do grupo;
c) impor deliberadamente ao grupo condições de vida que possam causar sua destruição física total ou parcial;
d) impor medidas que impeçam a reprodução física dos membros do grupo; e
e) transferir à força crianças de um grupo para outro”.

Voltando à Enciclopédia do Holocausto, encontramos que o Holocausto “foi a perseguição sistemática e o assassinato de 6 milhões de judeus europeus pelo regime nazista alemão, seus aliados e colaboradores. O Holocausto também é às vezes referido como ‘a Shoah’, palavra hebraica que significa ‘catástrofe’”.

A radicalização da perseguição de judeus culminou no plano nazista da “solução final da questão judaica” – um plano organizado e sistemático para o assassinato em massa dos judeus, em escala industrial.

Os princípios do direito internacional mostram que o crime de genocídio é equivalente ao Holocausto, e que o sionismo é equivalente ao nazismo.

É preciso nomear o que está acontecendo nos territórios palestinos pelo nome verdadeiro. Não é guerra, é um genocídio clássico; é Holocausto!

O sionismo usa o grupo Hamas como pretexto justificador para executar a “solução final” e ocupar totalmente os territórios palestinos com um Estado étnico-teocrático fundamentalista e terrorista.

*Do blog do Jeferson Miola

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Zelensky e o complexo de Dom Quixote

Enquanto presidente da Ucrânia acredita em vitória, apoio ocidental se esvai e autoridades se mostram cada vez mais céticas.

A insistência do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em convencer os países ocidentais a enviarem mais recursos para o confronto contra a Rússia, mostra um cenário onde as crenças do político começam a ser vencidas pelo cansaço.

“Ninguém acredita na nossa vitória como eu. Ninguém”, disse Zelensky em entrevista concedida à revista TIME após viagem para os Estados Unidos, onde teve reuniões na Casa Branca, no Pentágono e no Arquivo Nacional, em Washington.

Segundo ele, incutir a crença de que a vitória é possível “requer todo o seu poder, sua energia (…) É preciso muito de tudo.”

Contudo, após quase 20 meses de guerra, cerca de um quinto do território ucraniano está ocupado pelo exército do governo de Vladimir Putin, e as viagens que Zelensky tem feito ao exterior mostram que tanto o interesse como o apoio internacional diminuíram.

Citando uma pesquisa elaborada pela Reuters, a publicação afirma que o percentual de norte-americanos que querem que o Congresso envie mais armas para Kiev caiu de 65% em junho para 41%.

E a eclosão da guerra em Israel também tem sido um desafio, por conta do desvio do foco de atenção do confronto na Europa para o Oriente Médio.

“Teimosia”
Ao voltar para a Ucrânia, membros do círculo próximo a Zelensky retrataram um presidente “irritado”, um sinal de que seu propalado senso de humor e otimismo não sobreviveram ao segundo ano de guerra.

Além disso, o presidente ucraniano tem sido pressionado a investigar os sinais de corrupção dentro de seu governo diante de um cenário em que a guerra não parece acabar tão cedo.

Para uma autoridade próxima a Zelensky, ele se sente traído pelo Ocidente, deixando-o sem meios para vencer a guerra, apenas com meios para garantir sua sobrevivência.

A crença de Zelensky em uma vitória contra os russos tem preocupado até mesmo alguns de seus conselheiros, ao ponto de ter prejudicado a apresentação de novas estratégias e mensagens.

Um ponto que é tido como tabu é a possibilidade de negociação de paz com os russos – uma alternativa que inclusive já tem sido trabalhada pelos norte-americanos, conforme reportagem publicada na NBC News.

Porém, Zelensky descarta tal possibilidade principalmente se ela resultar na perda de território, algo que os ucranianos ouvidos em pesquisas de opinião descartam. Para o presidente, isso significativa “deixar esta ferida aberta para as gerações futuras”.

Enquanto a Ucrânia aumenta a produção de drones e mísseis usados para atacar centros de comando e depósitos de munição russa, o exército de Putin segue bombardeando áreas civis e a infraestrutura que será necessária para a população passar o próximo inverno.

*GGN

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Mortes com nomes, endereços e reconhecimento facial

“Um pranto que devemos chorar junto, mas sem aceitar que mortos palestinos sejam reduzidos apenas a números”, escreve Hildegard Angel.

O Fórum Latino Palestino realizou um protesto comovente nas areias de Copacabana contra o massacre de crianças em Gaza, humanizando as vítimas palestinas, com nomes e idades, tendo, junto ao sudário de cada uma, fincada uma rosa. Sua humanização é o que não nos vem sendo apresentado, diferente do que ocorre com os 1.400 mortos pelo Hamas, cujas histórias, biografias e fotos são diariamente mostradas nos telejornais. Uma campanha muito bem realizada por Israel. Um pranto que devemos chorar junto, mas sem aceitar que mortos palestinos sejam reduzidos apenas a números por essa mesma mídia inconsequente.

A contagem dos mortos em Gaza – mais de dez mil – aumenta a cada minuto, a cada segundo. Bombardeios atacam compulsivamente, em contínuas tempestades de artefatos assassinos. Estima-se que um mesmo número de cadáveres se encontre sob os escombros de concreto. Alguns ainda vivos, em agonia, soterrados, contando tempo até se entregarem a Alá. Há os que morreram em chamas, atingidos pelas bombas incendiárias. Há os que padecem dos ferimentos de fósforo branco, que perfura pele e carne.

Se fosse um filme de Hollywood, assistiríamos das nossas poltronas, ao lado de um saco de pipocas. O filme de Gaza nos obriga a ter ao lado um saco de vômito. Há o registro de um rastro de pessoas mortas numa estrada, quando caminhavam, não sei se para o Norte ou para o Sul, obedecendo às determinações de Israel, que são tantas e de tal forma contraditórias, que não conseguimos acompanhar.Bombardeiam cortejo de ambulâncias e depois dizem que atingiram civis sem querer, pois visavam um militante do Hamas. Nossa saúde mental nos aconselha a acreditar, mas nem as mais medíocres inteligências conseguem.

Israel ataca seus “inimigos” com maestria e absoluta precisão, direto no alvo almejado. Através de drones, lança bombas pelas janelas de apartamentos, em andares determinados. As labaredas denunciam.

Com cada jornalista marcado para morrer vai a família inteira. Foi assim com o chefe da sucursal da Al Jazeera, Wael Al Dahdouh, eliminado em casa com cinco parentes. Assim foi com o jornalista da TV Palestina, Mohammed Abu Havan, assassinado com 11 familiares. Dessa forma, revidam os jornalistas “desobedientes”, que insistem em se manter ativos.

Retaliação com precisão, armamento monitorado e reconhecimento facial. Vingança contra a imprensa corajosa, que exibe as atrocidades, antes escondidas sob os tapetes de outras guerras, no Iraque, na Síria, no Afeganistão, na Líbia e em tantos morticínios distantes, contra povos “estranhos”, que falam línguas esquisitas e professam religiões, hábitos e culturas diferentes.

*Hildegard Angel/247

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Lista de autorização para deixar Gaza é suspensa pelo Egito e brasileiros continuam sem saída

Depois de conversar com os países envolvidos no processo de liberação de estrangeiros e pessoas com dupla nacionalidade na Faixa de Gaza, o Brasil foi novamente frustrado no quinto dia de autorizações para sair do território sob ataque de Israel rumo ao Egito. Não só os brasileiros, neste domingo (5). “Nenhuma lista hoje”, afirmou no início da manhã (madrugada no Brasil) Alessandro Candeas, embaixador junto à Autoridade Nacional Palestina, na Cisjordânia, sobre a divulgação diária feito pelos egípcios.

Na véspera, ele já havia dito que o ritmo de saída no posto de fronteira de Rafah era lento, e que poucos dos nomes autorizados de fato conseguiam sair. Até então, cerca de 2.700 pessoas das talvez 7.500 elegíveis em Gaza haviam recebido permissão, diz a Folha.

Sem listas, supõe-se que a prioridade será retirar as pessoas já com o OK de saída, pouco mais de 500 por dia desde a quarta (1), mas isso não estava claro. O Brasil tem 34 pessoas inscritas na lista para repatriação em Gaza, 24 delas brasileiras, 7 palestinas em processo de imigração e 3 parentes próximos desses árabes. Do grupo, 18 estão no ponto de fronteira de Rafah e 16, na cidade Khan Yunis, a cerca de 10 km de lá.

Para a pessoa deixar Gaza, segundo o acordo vigente, seu nome precisa ser autorizado pelo Egito, que é quem receberá o refugiado, por Israel, que não quer saída de terroristas infiltrados, e pelos mediadores Estados Unidos e Qatar —esta uma monarquia do golfo Pérsico com interlocução com o Hamas.

O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, já falou com todos os envolvidos em algum ponto da crise. No sábado (4), foi a vez de o assessor internacional do Planalto, o ex-chanceler Celso Amorim, de ligar para o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, para tratar do caso.

Na sexta (3), o chanceler de Israel, Eli Cohen, havia dito a Vieira a Vieira que todos os brasileiros deverão sair até a quarta (8). Não se sabe se ele se referia aos cidadãos natos ou também aos palestinos do grupo.

É uma corrida contra o tempo e as bombas de Israel, que segue atacando Khan Yunis e Rafah, apesar de focar sua ação terrestre no trecho de Gaza que vai da capital homônima para o norte.

Candeas já teve de tirar os brasileiros da escola da capital homônima da faixa usada como abrigo. Depois, levou o grupo para Rafah, enquanto parte dele já estava em Khan Yunis.

No sábado, o embaixador relatou as dificuldades adicionais do acordo de saída de estrangeiros, que até então tinha tirado quatro levas de pessoas. O portão em Rafah, controlado pelo Egito, abre de forma inconstante, e boa parte das pessoas listadas para sair não conseguiram fazê-lo.

A Cisjordânia é a área palestina reconhecida como um governo de fato pelas Nações Unidas. Gaza é outra história. Em 2007, o Hamas, grupo terrorista palestino que atacou Israel há quase um mês e disparou a crise atual, expulsou os rivais da Autoridade Nacional Palestina do território. Israel e Egito fizeram um cerco ao território, controlando entrada e saída de pessoas e bens. Já foram repatriadas 1.410 pessoas que estavam em Israel e 32, que moravam na Cisjordânia. É a maior ação do tipo em tempo de guerra da história brasileira.

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Israel bombardeia mais um campo de refugiados e deixa 45 mortos e pelo menos 100 feridos

Pelo menos 45 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas após um novo bombardeio israelense, no sábado à noite (4) contra o campo de refugiados de al-Maghazi, na região central da Faixa de Gaza, segundo comunicado do Ministério da Saúde do Hamas. As Forças Armadas israelenses informaram que investigam se havia operações na área durante o bombardeio.

Inicialmente, em relatório publicado no Telegram, o porta-voz do Ministério, Ashraf al-Qudra, havia citado 30 mortes. O Hamas afirma que Israel bombardeou casas “diretamente”, acrescentando que a maioria das vítimas “são crianças e mulheres”.

O número de mortes pode chegar a 52, de acordo com Mohammad al-Hajj, diretor de comunicações de um hospital nas proximidades citado pela CNN americana, diz O Globo.

— Uma das casas do acampamento foi atingida. Esta casa estava lotada de moradores. Seus residentes foram bombardeados enquanto estavam seguros em suas casas — relatou à rede americana Khalil al-Daqran, chefe de enfermagem do hospital dos Mártires de al-Aqsa.

Um jornalista fotógrafo da agência turca Anadolu, Muhammad Alaloul, cuja casa foi parcialmente destruída, disse à CNN que os seus quatro filhos, Ahmed, Qais, Rahaf e Kenan, bem como os seus quatro irmãos, morreram no atentado.

— Eu vi meu filho, Kenan; minha filha, Rahaf; eu vi Ahmad, meu filho… e Qais, meu filho. Vi meus três irmãos serem martirizados. Vi amigos que estavam em minha casa sendo martirizados — disse Alaloul. — Minha casa ficou completamente destruída… estava cheia de crianças e agora ainda há pessoas presas nos escombros em uma área que não conseguimos alcançar.

O campo de refugiados de al-Maghazi fica na parte central do enclave palestino, onde vivem mais de 33 mil pessoas em uma área de cerca de 0,6 quilômetros quadrados, segundo a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA, na sigla em inglês).

Uma universidade também foi alvo de bombardeios no sábado, segundo a vice-ministra das Relações Exteriores da Palestina, Amal Jadou, em um vídeo publicado no X (antigo Twitter).

Na sexta-feira, os militares israelenses admitiram ter atacado uma ambulância em frente ao hospital al-Shifa, alegando que ela foi “usada” pelo Hamas. Esse atentado deixou 15 mortos e 60 feridos, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

No sábado, o Hamas informou que 15 pessoas foram mortas quando um dos bombardeios atingiu uma escola da ONU que servia de abrigo para palestinos deslocados no campo de Jabaliya.

Israel prometeu destruir o Hamas após o ataque brutal de 7 de outubro em território israelense, no qual mais de 1.400 pessoas, principalmente civis, foram mortas. Entre os mortos também estão mais de 300 soldados. Mais de 240 pessoas, entre israelenses e estrangeiros, foram feitas reféns durante o ataque, segundo o Exército israelense.

Do lado palestino, cerca de 9.770 pessoas foram mortas na Faixa de Gaza até então, a maioria delas mulheres e crianças, segundo as autoridades do Hamas.

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Hamas anuncia as mortes de 60 reféns após bombardeios em Gaza

Israel tem intensificado os bombardeios contra Gaza depois que membros do Hamas invadiram o território israelense em 7 de outubro.

O grupo extremista Hamas informou, neste sábado (4/11), que 60 reféns morreram desde 7 de outubro em decorrência dos bombardeios de Israel contra Gaza. Segundo o comunicado divulgado pelo grupo, há 23 corpos de reféns sob escombros.

“O bárbaro bombardeamento sionista de Gaza causou a perda de mais de 60 prisioneiros inimigos em Gaza, e após buscas, 23 dos seus corpos ainda estão desaparecidos sob os escombros até agora”, informou o Hamas.

As Forças de Defesa de Israel (FDI) divulgaram que 242 pessoas foram sequestradas pelo Hamas durante os ataques de 7 de outubro, quando membros do grupo invadiram o território israelense e deixaram mais de 1.400 mortos.

Desde o ataque do Hamas, os militares israelenses iniciaram uma série de ataques aéreos e terrestres contra Gaza, a ação de Israel deixou ao menos 9 mil mortos e milhares de feridos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

O Exército de Israel confirmou, nessa sexta-feira (3/11), que bombardeou um comboio de ambulância nas proximidades do Hospital al-Shifa, o maior da Faixa de Gaza. Os militares israelenses defendem que membros do Hamas estão escondidos em túneis subterrâneos embaixo da unidade hospitalar, no entanto, a informação não foi confirmada por órgãos internacionais.

O grupo humanitário Médicos Sem Fronteiras (MSF) condenou o ataque de Israel contra unidades médicas: “Apelamos repetidamente a um cessar-fogo imediato e total, para a proteção das instalações de saúde, bem como dos médicos, pacientes e pessoas que aí se abrigam.”

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Embaixador da Palestina diz que sangue brasileiro “vale menos” em Gaza

O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, criticou as listas de pessoas autorizadas a deixar a Faixa de Gaza rumo ao Egito. Questionado quanto à saída de brasileiros e outros estrangeiros provenientes de países em desenvolvimento, o diplomata palestino afirmou que tem a impressão que “nosso sangue vale menos” que o de pessoas nascidas em países considerados ricos.

“Não quero exagerar, mas possivelmente é porque somos de Terceiro Mundo e o sangue e a vida daquele Primeiro Mundo vale mais. É uma realidade. O mundo está tendo um desequilíbrio”, afirmou o embaixador, em entrevista ao UOL nesta sexta-feira (3/11).

Ainda na opinião de Alzeben, além da vida dos brasileiros não ter “o mesmo valor” que a de cidadãos de países desenvolvidos, a dos palestinos valeria ainda menos. “Quando se trata da morte de palestinos, parece um ‘efeito colateral’ e que a vida deles não vale tanto quanto a dos outros. Esta é uma realidade que sentimos e o mundo está sentindo”, afirmou o diplomata da Palestina.

Os brasileiros que estão em Gaza seguem fora das listas de estrangeiros permitidos a deixar a região pela da fronteira com o Egito, por meio da passagem de Rafah. Essa situação se estende desde a última quarta-feira (1º/11), e o Itamaraty enviará, ainda nesta sexta, questionamentos sobre os critérios de seleção das listas, conforme adianta a coluna de Ricardo Noblat no Metrópoles.

Governos estrangeiros dizem que há em Gaza cidadãos de 44 países, bem como trabalhadores de 28 agências, incluindo organismos da ONU. Esses estrangeiros somariam um total de cerca de 7.500 pessoas em Gaza. O Egito estima que 500 pessoas cruzem a fronteira diariamente.

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Hezbollah ameaça escalada no conflito contra Israel: ‘todas as opções estão abertas’

Hassan Nasrallah, chefe do grupo libanês, disse que operação do Hamas foi realizada ‘no momento certo’ e ‘100% palestina’, acusando os Estados Unidos de usar Israel como ‘ferramenta’ no conflito.

Todas as opções estão abertas”, alertou nesta sexta-feira (03/11) Sayyed Hassan Nasrallah a Israel, em seu primeiro pronunciamento desde o início da guerra entre Israel e Hamas. Após a intensificação dos ataques israelenses na Faixa de Gaza, o líder do Hezbollah criticou tanto Tel Aviv quanto os Estados Unidos pelo massacre do povo palestino, diz o Opera Mundi.

O líder do Hezbollah afirmou que a “Operação Inundação de Al-Aqsa” foi uma resposta integralmente do Hamas contra o território israelense, por consequência dos abusos históricos de Israel aos palestinos. Nasrallah deixou claro que o Irã não exerceu qualquer influência sobre a primeira ofensiva do grupo palestino, reforçando que o Hezbollah entrou na batalha em 8 de outubro, um dia depois:

“A grande Operação Inundação de Al-Aqsa foi decidida e implementada 100% palestina. Foi planejada em total sigilo, nem mesmo outras facções palestinas tiveram conhecimento dela, muito menos movimentos de resistência estrangeiros”, confessou Nasrallah, acrescentando um elogio ao trabalho do Hamas em estabelecer “uma nova fase histórica na batalha com Israel”, que considera “correta, sábia e corajosa, realizada no momento certo”.

Fracassos de Israel e Estados Unidos
O chefe do Hezbollah afirmou que, neste momento, um dos maiores erros de Israel é estabelecer objetivos que não consegue alcançar. Criticou a conduta israelense como “tolo e incapaz” pelo massacre de civis inocentes em Gaza, afirmando que a nação pode recuperar seus prisioneiros detidos em Gaza por meio de negociações.

“Durante um mês inteiro não conseguiu registrar uma única conquista militar”, criticou Nasrallah sobre as forças israelenses.

O chefe do Hezbollah ainda acusou os Estados Unidos de serem inteiramente responsáveis pela guerra em Gaza, utilizando Israel apenas como um “ferramenta de execução” para seus próprios interesses e, em seguida, exigiu que ambas as partes assumam as responsabilidades.

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Israel expulsa milhares de trabalhadores palestinos e os envia de volta para Gaza à força, apesar dos bombardeios

Número exato de habitantes do enclave que cruzaram a fronteira nesta sexta-feira é desconhecido, mas estima-se que sejam cerca de 7 mil; há relatos de tortura e maus-tratos.

Nesta sexta-feira, Israel enviou de volta a Gaza milhares de trabalhadores da Faixa que estavam no país no dia em que a guerra começou e não puderam voltar para casa. Eles foram detidos em massa ou transferidos à força para a Cisjordânia, em meio a um clima generalizado entre os judeus de que os palestinos vinham há meses usando seus empregos em Israel para reunir informações que levaram ao ataque do Hamas que matou 1.400 pessoas, a maioria civis, em 7 de outubro, segundo O Globo.

Falta de transparência e alegações de tortura e maus-tratos cercam todo o processo.

— Fomos colocados em um abrigo que não era decente nem mesmo para animais. Eles nos torturaram com choques elétricos e lançaram os cachorros sobre nós — disse Yasser Mostafa, à AFP em Gaza.

Uma mulher ajuda uma criança a beber água de uma garrafa enquanto espera ao lado das ambulâncias do Ministério da Saúde palestino — Foto: Mohammed ABED/AFP

O número exato de habitantes de Gaza que cruzaram a fronteira nesta sexta-feira, principalmente pela passagem comercial de Kerem Shalom, é desconhecido. Na verdade, as autoridades não fornecem números (nem as ONGs têm conhecimento deles) sobre quantos estavam realmente em Israel naquele dia, pois alguns voltaram a Gaza para o fim de semana e outros estavam na Cisjordânia. É certo apenas que, em 7 de outubro, 18.500 habitantes da Faixa foram autorizados a trabalhar no país.

Uma semana após o início da guerra, o vice-governador de Ramallah, Hamdan Barghuti, estimou em 3.200 o número de habitantes de Gaza com permissão de trabalho em Israel em centros esportivos, albergues ou hotéis da Cisjordânia. Pouco tempo depois, o canal de TV israelense 12 estimou o número de pessoas presas em 4.000. O Ministério do Trabalho da Autoridade Palestina fez uma estimativa semelhante. Ou seja, mais de 7.000 no total.

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Israel ataca comboio médico e hospital em Gaza; primeiras informações são de dezenas de mortos e feridos

Dezenas de pessoas foram mortas ou feridas em novo ataque do exército de Israel contra um hospital em Gaza. Desta vez, diversas ambulâncias que transportavam feridos para o sul da região também foram atingidas, assim como a entrada do Hospital al -Shifa. As informações são da rede de notícias Al Jazeera.

Os militares de Israel dizem que estão analisando o relatório do Ministério da Saúde de Gaza sobre o ataque ao hospital e ao comboio médico atingido, diz o 247.

Ainda conforme a Al Jazeera, as ambulâncias transportavam de 15 a 20 pacientes gravemente feridos que iam para Rafah, na fronteira com o Egito, em busca de tratamento.

“Informamos a Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho, informamos o mundo inteiro, que essas vítimas estavam alinhadas nessas ambulâncias”, disse Ashraf al-Qudra, porta-voz do Ministério da Saúde palestino em Gaza. “Este era um comboio médico”, ressaltou.