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Imprensa internacional traduz “tchutchuca do centrão”; veja

“Putain du centrao”, escreveu o jornal francês “Le Figaro” para noticiar a confusão entre Bolsonaro e o youtuber.

A confusão entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o youtuber Wilker Leão na última 5ª feira (18.ago.2022) foi noticiada pela imprensa internacional, como a britânica BBC e o jornal argentino La Nación.

Ao detalhar o episódio, os veículos estrangeiros traduziram os xingamentos que o influencer direcionou ao chefe do Executivo, como “covarde”, “vagabundo”, “safado” e “tchutchuca do centrão”.

O francês Le Figaro traduziu “tchutchuca” como “puta”. O jornal usou a expressão “putain du centrao”. “PERRITA DEL CENTRAO”, LA NACIÓN…

Já o argentino La Nación escreveu “perrita del centrao”, algo equivalente a “cadela do centrão” em português. O texto explica que “tchutchuca” é “um insulto de conteúdo sexual”.

“PUNK”, CNN.

A norte-americana CNN Internacional usou “punk” como para traduzir “vagabundo”.

Segundo o Urban Dctionary, dicionário de gírias norte-americanas, “punk” era uma palavra usada na década de 1950 para denominar “um jovem acompanhante masculino”.

Outro significado do termo, segundo o dicionário de Cambridge, é um jovem que expressa rebeldia. “ENTRE OUTRAS OFENSAS”, BBC…

“ENTRE OUTRAS OFENSAS”, BBC.

O conglomerado britânico BBC não traduziu “vagabundo”, “safado” e “tchutchuca do centrão”. No site, o veículo se limitou a dizer que Bolsonaro foi chamado de “covarde, entre outras ofensas”.

“QUERIDA”, THE WASHINGTON POST.

O jornal norte-americano The Washington Post associou “tchutchuca” à palavra em inglês “darling”, que significa “querida” ou “querido”.

O termo “bum” foi o equivalente à palavra “vagabundo”. Segundo o dicionário de Cambridge, a palavra se refere à “alguém que não tem casa ou dinheiro e vive de pedir dinheiro a outras pessoas”.

*Com Poder360

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Governo Bolsonaro é alvo de mais de 200 denúncias internacionais

Jamil Chade – Diante das violações de direitos humanos no Brasil e da incapacidade das instituições de darem uma resposta, os últimos três anos foram marcados por uma explosão de recursos internacionais contra o governo brasileiro. Ações na ONU, em tribunais internacionais ou na Comissão Interamericana de Direitos Humanos se multiplicaram, na esperança por parte da sociedade civil de que a pressão estrangeira possa criar um constrangimento sobre as autoridades nacionais e preencher o vácuo deixado pela Justiça local.

Numa recente reunião entre entidades de direitos humanos e o governo brasileiro, um dos diplomatas responsáveis pelo departamento que lida com esses temas admitiu que o incremento de casos sendo tratados sobre o país é importante.

João Lucas Quental, diretor do Departamento de Direitos Humanos e Temas Sociais do Itamaraty, destacou que são mais de 220 casos tramitando em diversos estágios da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Hoje, o Brasil é um dos três países mais afetados pelas denúncias, numa região que conta com graves violadores de direitos humanos como Venezuela, Nicaragua e tantos outros.

Ao explicar a situação aos demais participantes do encontro, o diplomata admitiu que o aumento de casos é “bastante razoável”. Mas justificou que essa expansão é generalizada na Comissão, que recebeu “reforços orçamentários” nos últimos meses.

O incremento de casos também é verificado na Corte Interamericana, que hoje conduz dez casos contra o Brasil. O Itamaraty admite, também nesse processo, que há um “aumento do ritmo” de processos.

O reconhecimento ocorreu na quarta-feira, durante um encontro entre órgãos e ministérios do governo e o Conselho Nacional de Direitos Humanos. O evento era a 3ª Reunião de Monitoramento da Política Externa Brasileira em Direitos Humanos.

Participaram do encontro organizações da sociedade civil que integram a Comissão Permanente de Monitoramento e Ações na Implementação das Obrigações Internacionais em Matéria de Direitos Humanos do colegiado. Pelo governo, participaram a Assessoria Internacional do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos e a Divisão de Direitos Humanos do Ministério das Relações Exteriores.

A pressão internacional não vem apenas das instituições regionais. Na ONU, 47 cartas já foram enviadas ao governo brasileiro por parte dos relatores da instituição cobrando respostas sobre violações de direitos humanos. Os temas, uma vez mais, abarcam uma série de setores e tratam das atitudes do presidente sobre o golpe de 1964, a questão indígena, a violência policial, saúde e pesticidas.

“O aumento de casos envolvendo o Estado brasileiro nos últimos anos junto a órgãos e mecanismos internacionais demonstra não apenas o quanto uma série de políticas e atos administrativos do atual governo fere padrões mínimos de proteção aos direitos humanos”, explica Daniel Campos de Carvalho, professor de Direito Internacional do curso de Direito da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

*Com Uol

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Eduardo Bolsonaro pode ser investigado por invasão do Capitólio nos EUA

O deputado Jamie Raskin disse a brasileiros que uma das investigações sobre o Capitólio deve envolver as conexões internacionais da extrema direita americana.

O deputado norte-americano Jamie Raskin (Partido Democrata) afirmou a representantes de entidades da sociedade civil brasileira que pretende citar o Brasil nas investigações feitas pelo comitê especial da Câmara dos Estados Unidos sobre a invasão do Capitólio (Legislativo dos EUA), em 6 de janeiro de 2021, por apoiadores do então presidente Donald Trump.

O parlamentar disse ao grupo de brasileiros que uma das investigações feitas pelo Congresso sobre o Capitólio deve envolver as conexões internacionais da extrema direita americana e, como consequência, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) poderá ser incluído nas apurações.

Raskin disse ao grupo de brasileiros que uma das linhas da investigação feita pelo Congresso sobre o 6 de Janeiro deve envolver a partir de agora as conexões internacionais da extrema direita americana. Assim, o caso de Eduardo poderá ser incluído entre os temas a serem analisados em breve pelo comitê.

“A reunião para mim foi muito educativa. Está claro que as forças pró-democracia e pró-direitos humanos no Brasil estão com medo de que algo parecido com o que ocorreu nos EUA em 6 de Janeiro [de 2021] possa acontecer em seu país”, disse Raskin, após o encontro.

Questionado por jornalistas sobre a possibilidade de mencionar o Brasil no relatório final da comissão, disse não saber ao certo em que medida entrará em casos específicos. “Thomas Paine disse que os EUA seriam um refúgio para pessoas fugindo da opressão política e econômica, e eu espero que o país cumpra esse papel neste século, derrotando o fascismo e cumprindo um papel de apoiar as democracias, as instituições democráticas e as eleições no mundo todo.”

Em fevereiro do ano passado, os sites americanos Media Matters e Proof apontaram que Eduardo, filho do presidente Jair Bolsonaro (PL), teria se encontrado com o empresário Michael Lindell e outros aliados de Trump envolvidos no planejamento do ataque ao Congresso.

Na ocasião, o deputado brasileiro negou ter participado de reuniões secretas sobre a invasão. Ele esteve em Washington naquela semana e se encontrou com Ivanka Trump, filha do republicano, e Jared Kushner, marido de Ivanka e assessor do então presidente, no dia 4 de janeiro. A Folha entrou em contato com a assessoria de imprensa e com o gabinete de Eduardo nesta sexta, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.

Grupos de extrema direita são acusados de terem atuado diretamente no planejamento e no ataque ao Capitólio, que visava a tentar impedir a certificação da vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais de 2020, último passo para confirmar a derrota de Trump. O republicano acusa, desde o pleito, que a votação foi fraudada, mas suas alegações nunca foram provadas.

No Brasil, Bolsonaro também tem feito uma série de ataques ao sistema eleitoral, que incluem ameaças golpistas e a reciclagem de teorias conspiratórias já desmentidas, como parte de sua campanha à reeleição. Esse comportamento alimenta temores de que o presidente pode não aceitar o resultado em caso de derrota e de que seus apoiadores poderiam tentar um movimento como o do 6 de Janeiro.

*Com Folha

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Vídeo: Shinzo Abe, ex-premier, é morto a tiros quando fazia comício no Japão

No Brasil, todo cuidado, ainda é pouco. Estamos à beira de uma eleição bastante conturbada. Atentemos!

Atirador, que serviu nas forças armadas japonesas, usou arma caseira e foi preso no local do crime.

Shinzo Abe, o ex-primeiro-ministro que governou o Japão por mais tempo, morreu nesta sexta-feira vítima de um atentado na cidade de Nara, no Oeste do país. Abe, de 67 anos, o foi baleado no pescoço e na clavícula esquerda por volta das 11h30 locais (23h30 de Brasília) quando ele fazia um discurso de campanha, dois dias antes das eleições para a Câmara Alta do país. O ex-premier desmaiou e foi transportado ao hospital de helicóptero em estado inconsciente e com uma parada cardíaca, informa O Globo.

Relatos da mídia disseram que o suspeito de 41 anos usou o que parecia ser uma arma caseira, e relatos de testemunhas e registros em vídeo indicam que ele disparou dois tiros. O assassinato é um episódio chocante em uma sociedade que tem algumas das leis de armas mais rígidas entre as maiores economias globais, onde poucos episódios de violência política foram registrados nos últimos 50 anos.

O suspeito, que foi detido segundos após efetuar os disparos, foi identificado pela polícia como Tetsuya Yamagami, morador de Nara. Hoje desempregado, ele é um ex-integrante das chamadas Forças de Autodefesa do Japão, onde serviu no ramo naval por três anos, até 2005. A suposta arma do crime — uma espingarda caseira — foi recuperada. De acordo com a emissora pública NHK, o suspeito disse à polícia que estava insatisfeito com o ex-primeiro-ministro e pretendia matá-lo.

Abe foi primeiro-ministro de 2006 a 2007, e depois entre 2012 e 2020. Ele ficou conhecido por apoiar uma estratégia de crescimento econômico agressiva destinada a combater a deflação, a chamada Abenomics, por sua visão conservadora da História e por adotar uma política externa linha-dura, apostando na militarização do Japão.

Suspeito de cometer o crime é detido por forças de segurança logo após efetuar os disparos

Médicos trataram Abe por quatro horas e meia, mas sem sucesso. Ele fazia um discurso de campanha para a eleição de um candidato do governista Partido Liberal Democrático (PLD), sigla que está no poder no Japão pela maior parte do tempo desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Ainda no local do atentado, bombeiros da equipe de resgate disseram que Abe não apresentava sinais vitais.

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Parlamento Europeu coloca em votação moção para condenar Bolsonaro

Vai à votação nesta quinta-feira no Parlamento Europeu uma resolução que, se aprovada, condenará o presidente Jair Bolsonaro por sua política ambiental e de direitos humanos, usando as mortes de Bruno Pereira e Dom Phillips como exemplo das violações cometidas no país, segundo Jamil Chade, Uol.

O texto ainda vai pedir que o Brasil se comprometa com acordos climáticos e de direitos humanos antes que qualquer aproximação maior seja feita entre o bloco e o país. Os europeus deixam claro inclusive que não aceitarão a adesão do Brasil na OCDE enquanto tais temas não forem solucionados.

O texto original da resolução era ainda mais duro. Ele chegava a propor que o acordo comercial entre a União Europeia e Mercosul não fosse ratificado e que seu conteúdo fosse reaberto para que uma nova negociação possa ocorrer. Na prática, se aprovado, ele enterraria qualquer chance de que o pacto de livre comércio possa sobreviver nas atuais bases.

Mas o texto que será submetido ao voto foi suavizado, na esperança de conseguir um amplo número de apoios. Ainda assim, ele representa uma pressão inédita sobre o governo Bolsonaro, já com sérias dificuldades no exterior.

O texto, segundo observadores, é uma espécie de moção de censura do Parlamento contra o governo brasileiro.

A moção ainda “condena a destruição da floresta tropical no Brasil e insta as autoridades brasileiras a reforçarem as leis de proteção ambiental e a colocarem termo imediato à destruição deliberada e sistemática dos ecossistemas”.

O rascunho do texto também “exige veementemente às autoridades brasileiras que se oponham à legislação e políticas que afetam negativamente os povos indígenas e que adotem políticas para travar e inverter a perda de biodiversidade, o desflorestamento e a degradação da terra que incluam o enfoque no respeito e aplicação dos direitos dos povos indígenas e das comunidades quilombolas”.

O documento ainda pede a restauração e reforço da capacidade das agências ambientais; em particular, apela à “desmilitarização da Funai”, além do maiores recursos.

Bruno e Dom

A resolução é uma resposta à violência no Brasil contra indígenas e ambientalistas. O texto “condena veementemente a violência sistemática perpetrada contra os povos indígenas e deplora a pobreza e a discriminação que estes enfrentam continuamente; rejeita a deterioração dos direitos humanos no Brasil desde que Jair Bolsonaro tomou o poder”.

A moção ainda “denuncia o aumento dos assassinatos e ataques e a crescente criminalização contra os povos indígenas e defensores do ambiente e, em particular, condena os assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips mortos em virtude da sua defesa dos direitos dos povos indígenas”.

Entre os principais pontos, o Parlamento irá apelar a uma investigação independente e rápida dos assassinatos, bem como a uma melhor proteção dos povos indígenas e dos defensores dos direitos humanos e do ambiente no Brasil.

A deputada Anna Cavazzini, Vice-Presidente da Delegação do Parlamento Europeu ao Brasil e negociadora dos Verdes para a resolução, deixou claro que os assassinatos de Dom Phillips e Bruno Pereira não são um caso isolado.

“É um sinal forte de que o Parlamento Europeu condena claramente os assassinatos cada vez mais frequentes de indígenas e defensores do ambiente no Brasil e identifica claramente a responsabilidade do governo Bolsonaro na crescente violência contra os povos indígenas, bem como as crescentes taxas de desmatamento a ela associadas”, disse.

“A violência crescente desde o início do mandato de Bolsonaro não é uma coincidência. O Parlamento Europeu condena o fato de ter cortado o financiamento das agências, continuado a enfraquecer a legislação ambiental, e atacou verbalmente os povos indígenas e os defensores do ambiente em várias ocasiões”, disse.

O texto solicita às autoridades brasileiras que garantam uma investigação rápida, exaustiva, imparcial e independente sobre os desaparecimentos e mortes de Bruno Pereira e Dom Phillips, bem como a “responsabilização de todos os envolvidos neste crime, incluindo aqueles que o ordenaram.

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Vídeo: Desfile de 4 de julho é interrompido por tiroteio nos EUA; pelo menos 5 mortos

Pelo menos cinco pessoas morreram e outras 16 ficaram feridas durante um tiroteio que interrompeu as celebrações do Dia da Independência dos Estados Unidos, comemorado hoje, na cidade de Highland Park, localizada próxima a Chicago, no estado de Illinois. A informação foi confirmada pela polícia local, que também orientou os moradores a se abrigarem em locais seguros, já que o suspeito do crime não tinha sido preso até as 12h30 no horário local (14h30 no horário de Brasília), segundo o Uol.

A informação foi confirmada pela polícia local, que também orientou os moradores a se abrigarem em locais seguros, já que o suspeito do crime não tinha sido preso até as 12h30 no horário local (14h30 no horário de Brasília).

Pelo menos 5 pessoas morreram, e 19 foram levadas a hospitais depois que tiros foram disparados durante uma parada de 4 de Julho (dia da independência dos Estados Unidos) nesta segunda-feira em Highland Park, no estado de Illinois.

As informações são de um comunicado da polícia. O texto não deixa claro se entre os 19 que foram levados ao hospital estão os 5 mortos.

Há relatos de feridos, mas as autoridades não confirmaram essa informação oficialmente até o momento. A emissora ABC ouviu fontes segundo as quais um atirador pode ainda estar à solta.

Ambulâncias e carros da polícia estão no local. Vídeos do incidente mostram pessoas sendo colocadas nas ambulâncias.

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Baltasar Garzón: A batalha judicial contra a extradição de Assange para os EUA ainda não terminou

Artigo do advogado de Assange revela que a batalha judicial por sua não extradição está entrando em um caminho em que terá que ser determinada a verdadeira essência da violação do direito à liberdade de expressão e da defesa nuclear da liberdade de acesso à informação e sua difusão

por Baltasar Garzón, no Fórum 21*

Há dez anos, em 19 de junho de 2012, Julian Assange refugiou-se na embaixada do Equador em Londres, onde permaneceria até 11 de abril de 2019.

Lembro-me que quando assumi a coordenação de sua defesa, um mês depois, pensei que estávamos todos afetados pela luta que Assange havia empreendido desde 2010, notícias horripilantes e terríveis foram publicadas nos principais jornais do mundo, revelando a crueldade do exército norte-americano e das autoridades que dirigiram a guerra no Afeganistão e no Iraque.

Há poucos dias, a decisão da ministra britânica do Interior, Priti Patel, de aceitar entregar Julian Assange aos Estados Unidos, ficará na história da ignomínia.

Trata-se de uma decisão que criminaliza a atividade do jornalismo em sua essência. Com ela, entende-se que o que Julian Assange e o WikiLeaks fizeram, recebendo informações verídicas, que testemunhavam crimes de guerra no Iraque e Afeganistão, divulgando-os e publicando-os como de interesse público, pode ser punido como crime e seus autores julgados e condenados.

Portanto, a decisão de Patel é um precedente que coloca em risco todos os jornalistas investigativos do mundo.

Como em outros países, inclusive na Espanha, o processo de extradição britânico conta com a intervenção do poder executivo. Além de passar pelos tribunais, com múltiplas instâncias e recursos, as extradições no Reino Unido também são de responsabilidade do Governo.

Algo que ficou muito visível no caso Pinochet, em que a extradição para a Espanha do general chileno havia sido acordada na justiça, mas, ao chegar ao ministro do Interior britânico Jack Straw, este concordou em entregá-lo ao seu país de nacionalidade, o Chile, supostamente devido ao seu delicado estado de saúde.

Embora mais tarde, quando o ex-ditador chileno chegou a seu país, levantou-se da cadeira de rodas e revelou, zombeteiramente diante do mundo, que seu estado de saúde não era aquele alegado.

A grande diferença entre este caso e o atual de Julian Assange é que com aquela decisão pretendia-se a impunidade do ditador e com esta consuma-se a perseguição e condenação do jornalista.

Agora, a ministra do Interior, Patel, tinha argumentos humanitários e de saúde para haver bloqueado a extradição.

Já em primeira instância, perante a juíza distrital, Vanessa Baraitser, foram divulgados laudos médicos que testemunharam, e assim afirmaram, que a situação de saúde psíquica e mental de Julian Assange era tão debilitada que ele poderia morrer na prisão.

Além disso, o Relator da ONU contra a Tortura o visitou em seu local de detenção, a prisão de alta segurança de Belmarch, e também concluiu que a condição deteriorada de sua saúde tornava muito credível a possibilidade de que ele pudesse morrer em uma prisão norte-americana.

No entanto, o governo de Boris Johnson, por meio de Patel, não demonstrou nenhuma condescendência pela saúde do jornalista, como fez Straw em sua época em favor do ex-ditador chileno.

A batalha judicial começa

Não obstante, a decisão adotada ontem [20 de junho de 2022] não significa o fim do processo de extradição no Reino Unido, pelo contrário, agora começa a parte nuclear da batalha judicial.

Contra decisão da ministra Patel agora será interposta apelação perante o Supremo Tribunal britânico e, eventualmente, mais tarde também poderá ser feita perante o Supremo Tribunal do Reino Unido.

Todos os argumentos contra a extradição que foram invocados pela defesa e negados pela juíza da comarca, Vanessa Baraitser, em primeira instância, agora também podem ser submetidos a “recurso cruzado”.

Na ocasião, a juíza Baraitser negou a extradição sob o argumento de que Julian Assange poderia morrer em um presídio norte-americano, pois estaria submetido a um sistema prisional muito severo (Medidas Administrativas Especiais) e entraria em um presídio de segurança máxima, uma situação de abuso que não encontraria amparo nas normas europeias.

Os Estados Unidos recorreram desse elemento humanitário, ante a corte superior, aportando um conjunto de garantias diplomáticas vagas e imprecisas sobre o tratamento que se daria ao jornalista extraditado.

Surpreendentemente a corte superior, em uma sentença concisa, decidiu reverter a decisão precedente de não extradição.

Finalmente, a apelação ante a Corte Suprema, com relação a esse elemento, não foi vista em seu mérito porque, notadamente, o órgão judicial britânico máximo compreendeu que nenhum elemento legal existia para analisar nas garantias diplomáticas dadas pelos Estados Unidos, mesmo que a defesa tenha dado múltiplos precedentes de violações daquelas mesmas garantias judiciais por parte dos Estados Unidos com outros países europeus.

Mas agora, todos os elementos jurídicos que foram negados em primeira instância pela juíza Baraitser, e que não foram objeto de recurso, serão revistos e estudados na apelação (“recurso cruzado”) pela defesa perante o Tribunal Superior.

E ali há os elementos jurídicos mais controversos dessa extradição, como o fato de estarmos enfrentando perseguição política porque a atividade jornalística não pode ser crime, a inexistência de dupla incriminação pela Lei de Espionagem dos Estados Unidos de 1917 aplicada à imprensa, a violação do princípio da proporcionalidade com penas que podem chegar a 175 anos de prisão, ou o uso abusivo da jurisdição norte-americana de forma extraterritorial para perseguir um jornalista estrangeiro que publicou no exterior. (Na Espanha, por exemplo, essa possibilidade seria inviável, de acordo com a Lei Orgânica do Judiciário).

Tudo isso vai ser elucidado a partir de agora, pois a batalha judicial não terminou, mais ainda, está entrando em um caminho em que terá que ser determinada a verdadeira essência da violação do direito à liberdade de expressão e defesa nuclear da liberdade de acesso à informação e sua difusão.

A par do exposto, no caso de esgotamento das instâncias judiciais internas, também permaneceria o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH), isso se o Primeiro-Ministro britânico, entre uma festa e outra, não decidir que a Grã-Bretanha deixe não só o União Europeia, mas também o Conselho da Europa e, portanto, o TEDH.

A satisfação de Pompeo

Um dos elementos mais marcantes da decisão da ministra Patel foi o escasso apoio obtido.

Praticamente toda a comunidade internacional de direitos humanos, incluindo agências das Nações Unidas, o Conselho da Europa e as organizações mais relevantes da sociedade civil se posicionaram contra.

Claro, ela obteve um apoio marcante: o de Mike Pompeo, ex-diretor da CIA e ex-secretário de Estado durante o governo de Donald Trump.

É delirante que Mike Pompeo saúde a decisão de Priti Patel no Twitter alguns dias depois de se saber que o Tribunal Nacional Espanhol concordou em chamá-lo para depor como investigado em relação ao caso instruído pelo magistrado Juiz Santiago Pedraz, chefe do Tribunal Tribunal Central de Instrução 5.

A intimação deve-se ao fato de que uma empresa de segurança espanhola que estava encarregada da segurança da Embaixada do Equador em Londres, quando Julian Assange estava asilado, teria trabalhado para a CIA empregando medidas extremas de espionagem por meio de de câmeras de vídeo com microfones, microfones ocultos escondidos na embaixada, e acessando os telefones e documentos de identidade de visitantes e advogados quando os deixávamos na entrada.

Juntamente com Pompeo, William Evanina, que na época era chefe de contrainteligência, também deve testemunhar na mesma condição. Ele recentemente confessou que a comunidade de inteligência dos EUA realmente desenhou um plano para penetrar na Embaixada do Equador em Londres, tendo acesso a tudo o que acontecia em seu interior.

Mas não só isso, Evanina ainda contou como planejaram o sequestro, e até mesmo o assassinato, de Julian Assange dentro da missão diplomática.

Na confissão de Evanina e outros agentes da CIA à imprensa americana, ficou muito claro que Mike Pompeo era o responsável por aquela operação e aquelas propostas. E com esses antecedentes, é concedida a autorização para a entrega de Julian Assange aos EUA.

É verdadeiramente perigoso que esta decisão possa se tornar efetiva.

O apoio internacional é bem-vindo e nós precisamos dele para conscientizar a justiça britânica da importância deste caso e da necessidade que a decisão seja revogada se nós quisermos continuar acreditando na benignidade de um verdadeiro sistema de proteção de direitos.

Certamente, “somos todos Julian Assange”.

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PGR aciona PF contra brasileiros que cobraram Aras nas ruas de Paris

Polícia interroga envolvidos em abordagem a procurador, que foi questionado sobre suspeitas no governo Bolsonaro, segundo a Folha.

​A Procuradoria-Geral da República acionou a Polícia Federal para abrir uma investigação contra ao menos três brasileiros que abordaram o chefe do órgão, Augusto Aras, durante suas férias em Paris.

Um vídeo publicado em redes sociais mostra Aras atravessando a rua e sendo cobrado para atuar em apurações envolvendo suspeitas do governo de Jair Bolsonaro (PL), como escândalos no MEC (Ministério da Educação).

O pedido foi assinado pela vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, logo após episódio, em abril. A Folha entrou em contato com a PGR, mas não houve resposta.

Após a abordagem na capital francesa, auxiliares do chefe do Ministério Público Federal redobraram os cuidados com sua segurança.

De acordo com informações obtidas pela reportagem, a PF ouviu algumas das pessoas que criticaram Aras assim que eles retornaram de viagem, ainda no aeroporto de Guarulhos (SP).

Lindôra cita na requisição um artigo da lei nº 14.197, que trata dos crimes contra as instituições. O dispositivo diz que é crime tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais.

Sancionado em agosto de 2021, o texto da lei revogou a LSN (Lei de Segurança Nacional), editada na ditadura militar (1964-1985).

O mesmo artigo da lei foi citado no julgamento do STF (Supremo Tribunal Federal) que resultou na condenação do deputado bolsonarista Daniel Silveira (PTB-RJ) a oito anos e nove meses de prisão por ataques verbais e ameaças a ministros da corte.

A Folha apurou que a Polícia Federal abriu inquérito para investigar os críticos de Aras por injúria e difamação, mas não pelos supostos crimes citados pela Procuradoria.

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Le Monde, Al Jazeera, El País, Ansa, The Guardian… Lula candidato ecoa no mundo

Imprensa de todo o planeta repercute o lançamento oficial da chapa do petista para a corrida presidencial de 2022.

O lançamento oficial da chapa Lula/Alckmin, ocorrido em São Paulo neste sábado (7), repercutiu na imprensa mundial, que vê no ex-presidente de esquerda, respeitado e reconhecido em todo planeta por políticos dos mais diferentes matizes ideológicos, uma esperança para derrotar o extremista ultrarreacionário Jair Bolsonaro, que isolou o Brasil do resto da comunidade internacional e quer mais um mandato à frente do Palácio do Planalto.

Veja o que disseram os principais veículos de imprensa de vários países:

The Guardian

Um dos mais importantes diários do Reino Unido, a publicação britânica destacou a importância de Lula para o Brasil e para a América Latina.

“O ex-líder do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva deu o pontapé inicial no que ele espera que seja um final sensacional para uma das carreiras políticas mais extraordinárias da América Latina, declarando publicamente sua intenção de desafiar Jair Bolsonaro para a presidência, pedindo aos cidadãos para se unirem contra o populista incompetente e autoritário de extrema-direita.”

El País

O maior jornal da Espanha também destacou a luta do ex-presidente, que desafia a idade e nunca desiste, para acabar com o legado de destruição de Jair Bolsonaro.

“A aposentadoria nunca passou pela cabeça de Luiz Inácio Lula da Silva. Nem a prisão, nem a idade, nem seu próximo casamento diminuíram sua paixão pela política. O trabalhador que fez história ao chegar à presidência do Brasil há duas décadas oficializou sua candidatura às eleições de outubro em São Paulo neste sábado, nas quais é o favorito para impedir a reeleição do ultradireitista Jair Bolsonaro.”

Le Monde

O principal jornal diário da França, o Le Monde, salientou a importância de Lula num futuro processo de reconstrução do Brasil e falou sobre seu papel central na esquerda do país.

“Ele pretende “voltar ao combate”. O ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva anunciou no sábado, 7 de maio, que concorreria a um terceiro mandato nas eleições de outubro para “reconstruir” o país, após a “gestão irresponsável e criminosa de Jair Bolsonaro. Doze anos depois de deixar o poder com uma taxa de aprovação estratosférica (87%), o ex-sindicalista, que ainda não tem sucessor na esquerda, concorrerá a um terceiro mandato.”

Ansa

A mais importante agência de notícias da Itália tratou do lançamento da chapa e aproveitou para contextualizar a confusão promovida por Bolsonaro para tirar a credibilidade do processo eleitoral brasileiro, colocando os militares no meio de um assunto sobre o qual não têm qualquer atribuição.

“O fundador do PT é o líder nas pesquisas com entre 41 e 45% dos votos e supera Bolsonaro entre 8 e 15 pontos, que por sua vez levantou dúvidas sobre transparência eleitoral e está usando as Forças Armadas como uma espécie de “fiador” do Tribunal Superior Eleitoral, que já acusou de tentar prejudicá-lo.”

Al Jazeera

O mais influente grupo de comunicação do mundo árabe, a Al Jazeera, com sede em Doha, no Catar, destacou a missão de Lula, que é derrotar o autoritarismo de Jair Bolsonaro.

“O ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva lançou oficialmente sua campanha para as eleições presidenciais, pedindo que as pessoas se unam atrás dele para derrotar a ameaça totalitária, sem mencionar o titular de extrema-direita Jair Bolsonaro.”

Financial Times

Para o influente diário Financial Times, de circulação mundial e com sede no Reino Unido, voltado aos negócios e economia, o evento de lançamento aguçou a memória dos brasileiros de épocas melhores e foi um chamado à esperança.

“Luiz Inácio Lula da Silva lançou sua candidatura à presidência do Brasil neste sábado com um evento de campanha estridente que se concentrou na construção de uma grande coalizão para derrubar o líder Jair Bolsonaro. Subindo ao palco em São Paulo na frente de milhares de membros de seu Partido dos Trabalhadores, de esquerda, o ex-presidente mais conhecido como Lula foi recebido com aplausos estrondosos e jingles musicais anunciando o florescimento da esperança.”

*Com Forum

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Rússia solicita reunião do Conselho de Segurança da ONU após “provocações flagrantes” de cadáveres de civis em Bucha

Vice-representante permanente da Rússia na ONU, Dmitri Polianski, alertou que Moscou planeja “desmascarar os provocadores ucranianos e seus protetores ocidentais”.

RT – A Rússia solicitou neste domingo uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU para esta segunda-feira, 4 de abril, sobre as “flagrantes provocações de radicais ucranianos” na cidade de Bucha, localizada perto de Kiev.

O vice-representante permanente da Rússia na ONU, Dmitri Polianski, alertou que Moscou planeja “desmascarar” os “provocadores ucranianos e seus protetores ocidentais”.

Uma “encenação para a mídia ocidental”

Este domingo, o Ministério da Defesa russo qualificou de “provocação” as imagens que mostram os cadáveres de civis nas ruas daquela cidade ucraniana e denunciou que se trata de uma “encenação” criada “para a mídia ocidental”.

“Enquanto esta cidade estava sob o controle das Forças Armadas russas, nenhum morador local foi vítima de ações violentas”, ressaltou. Sublinhou ainda que os russos não bloquearam em momento algum as saídas de Bucha e que “todos os residentes locais tiveram a oportunidade de sair livremente da cidade em direcção a norte, incluindo a Bielorrússia”.

O Ministério esclareceu que todos os militares russos deixaram Bucha em 30 de março, enquanto as imagens foram transmitidas quatro dias depois , quando membros do Serviço de Segurança da Ucrânia e da televisão local chegaram à cidade.

Por sua vez, o prefeito da cidade, Anatoli Fedoruk, não só confirmou em mensagem transmitida por vídeo em 31 de março que não havia soldados russos na cidade, como “nem fez menção aos moradores locais com a mãos atadas, baleado nas ruas”.

“É particularmente preocupante que todos os corpos das pessoas cujas imagens foram publicadas pelo regime de Kiev, após pelo menos quatro dias, não apresentem rigor mortis, não tenham as manchas características dos cadáveres , enquanto nas feridas há sangue não coagulado. “, disseram os militares russos.

Segundo o lado russo, os fatos “ confirmam irrefutavelmente que as fotos e vídeos de Bucha são mais uma encenação do regime de Kiev para a mídia ocidental, como aconteceu em Mariupol com a maternidade, assim como em outras cidades”.

As imagens de corpos caídos nas ruas da Bucha, alguns com as mãos amarradas, foram divulgadas na noite deste sábado. O assessor do gabinete do presidente ucraniano, Mikhail Podoliak, afirmou que os civis “estavam desarmados”, “não representavam ameaça” e “foram mortos a tiros por soldados russos”.

*Com 247

Na foto em destaque, um soldado tira uma foto de seu companheiro enquanto ele posa ao lado de um tanque russo destruído e veículos blindados, em meio à invasão da Rússia na Ucrânia em Bucha, na região de Kiev, Ucrânia 2 de abril de 2022 (Foto: REUTERS/Zohra Bensemra)

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