Datena afirma que não se arrepende, que repetiria cadeirada em Marçal nas mesmas circunstâncias e que espera ter “lavado a alma de milhões”.
São Paulo — O candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Luiz Datena, afirmou em nota divulgada na manhã desta segunda-feira (16/9) que espera ter “lavado a alma de milhões” ao dar uma cadeirada em Pablo Marçal (PRTB) durante o debate da TV Cultura na noite desse domingo (15/9). O tucano disse que não defende o uso da violência para resolver um conflito, mas que também não se arrepende do que fez e que repetiria o gesto.
Datena disse esperar que, com sua atitude, ter mostrado “o risco que a candidatura de Pablo Marçal representa para a integridade das pessoas, para a nossa democracia e para a sobrevivência de milhões de cidadãos que dependem da atuação da prefeitura de São Paulo para ter uma vida menos indigna”.
“Espero, também, ter lavado a alma de milhões de pessoas que não aguentavam mais ver a cidade tratada com tanto desprezo e desamor por alguém que se propõe a governá-la, mas que quer mesmo é saqueá-la, de braços dados com o crime organizado”, afirmou o apresentador da Band.
O candidato disse também que não defende o uso da violência para resolver conflito e que “essa é a regra e sempre a respeitei nos meus 67 anos de vida”. “Até o dia de ontem”, disse. O tucano afirmou que “os limites de civilidade foram rompidos e corrompidos por um oponente”, o que tornou difícil seguir essa regra.
Datena também disse que Marçal demonstrou falta de caráter e que será “detido no voto”. “Mas, a despeito disso, precisava também ser contido com atos. Foi o que eu fiz”, disse.
“Eu sou um cara de verdade e, com um gesto extremo, porém humano, expressei minha real indignação por ter, de forma reiterada, sido agredido verbal e moralmente por um adversário que, como todos têm podido constatar, afronta a todos com desrespeito e ultraje, ao arrepio da ética e da civilidade”, afirmou Datena.
Candidato do Psol afirmou que o nível da campanha em São Paulo vem sendo rebaixado.
Em entrevista concedida logo após um debate na TV Cultura, o candidato à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, lamentou os episódios de agressão e rebaixamento do nível dos debates eleitorais. A declaração veio em resposta a uma pergunta sobre o comportamento de José Luiz Datena, que agrediu Pablo Marçal durante o programa após uma série de provocações. Boulos não poupou críticas à situação, apontando a falta de equilíbrio emocional e propostas entre alguns concorrentes.
O episódio de desentendimento entre Datena e Pablo Marçal foi um dos pontos mais comentados do debate. Segundo Boulos, Marçal teria passado grande parte do programa atacando Datena, o que teria provocado o descontrole do apresentador. “É preciso dizer que o Datena foi provocado o debate inteiro pelo Pablo Marçal, que veio para tumultuar”, afirmou Boulos, destacando que, embora as provocações não justifiquem a violência, elas contribuíram para o clima de tensão. “Acabou perdendo o controle”, disse Boulos sobre o comportamento de Datena.
O candidato do PSOL, no entanto, ressaltou que seu objetivo nos debates é apresentar propostas e discutir soluções para a cidade, algo que ele acredita estar sendo prejudicado pelo baixo nível de discussões e ataques pessoais. “Infelizmente, o nível dessa eleição está sendo muito rebaixado, não só por esse episódio da agressão, mas pelo nível do próprio prefeito Ricardo Nunes”, criticou Boulos, fazendo referência ao atual mandatário de São Paulo.
Debates sem profundidade nas propostas
A preocupação de Boulos com o conteúdo dos debates vai além dos momentos de tensão e agressividade. Para ele, o eleitor paulistano tem sido privado de uma discussão qualificada sobre o futuro da cidade. “Quem quer ser prefeito de São Paulo precisa ter equilíbrio emocional, precisa ter condição moral e precisa ter proposta”, afirmou o candidato. Boulos destacou ainda que tem se preparado para os debates e conta com uma equipe dedicada a apresentar soluções para os problemas da cidade, mas que essas ideias têm tido pouca visibilidade devido à postura de outros candidatos.
Durante a entrevista, Boulos voltou a frisar sua missão na campanha: “Eu vim para os debates para discutir propostas, me preparei, juntei um time e tenho um objetivo nessa eleição: fazer de São Paulo uma cidade mais humana, mais igual e mais inovadora”. Para ele, é essencial que o eleitor tenha a oportunidade de conhecer e comparar as propostas de cada candidato de forma clara e objetiva. Confira:
Candidatos voltam a se desentender em debate, e apresentador parte para cima do adversário; Marçal deixou o programa.
O clima voltou a esquentar entre o apresentador José Luiz Datena (PSDB) e o ex-coach Pablo Marçal (PRTB) durante debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo promovido, neste domingo (15), pela TV Cultura.
Depois de algumas provocações e desentendimentos entre os candidatos, Datena partiu para cima do adversário e o agrediu com uma cadeira. Imediatamente, o mediador chamou o intervalo comercial e o debate foi interrompido.
O julgamento do chamado “Mensalão”, um dos episódios mais marcantes da história recente do Brasil, ainda suscita debates, desconfianças e controvérsias. O caso, que foi televisionado por cinco meses, transformou-se em um verdadeiro espetáculo midiático. De acordo com Henrique Pizzolato, um dos réus mais emblemáticos do processo, o julgamento não apenas seguiu uma narrativa preconcebida, mas foi pautado por “mentiras e meias verdades”, como ele revelou durante uma entrevista concedida ao programa Conversas com Hildegard Angel..
No decorrer da entrevista, Pizzolato reitera como sua vida pessoal e profissional foi completamente devastada em consequência de uma condenação que, segundo ele, foi fundamentada em uma sucessão de distorções e acusações infundadas. “Fui acusado de desviar dinheiro público do Banco do Brasil para financiar a compra de votos de parlamentares, mas nunca foi apresentada uma única prova material dessa acusação”, afirma o ex-diretor do Banco do Brasil.
O Papel da Mídia e o “Julgamento-Show”
Uma das maiores críticas feitas por Pizzolato durante a conversa foi sobre a espetacularização do julgamento. “Foi uma novela, um show midiático com direito a capas pretas, encenações e orquestrações”, comenta ele, destacando o caráter quase teatral do julgamento, que teve ares de reality show. Essa dramatização, segundo Pizzolato, serviu para manipular a opinião pública e selar o destino de figuras-chave do Partido dos Trabalhadores (PT), como José Dirceu e José Genoino, além de outros réus.
Durante a entrevista, Hildegard Angel enfatiza que o julgamento do Mensalão representou uma “caça às bruxas” política e ideológica, reminiscente dos processos inquisitórios da Idade Média. Pizzolato acrescenta que ele e outros réus foram perseguidos de forma implacável pela imprensa e por setores do Judiciário, que, de acordo com ele, tinham como objetivo maior enfraquecer o governo do presidente Lula e destruir a reputação do PT.
A Teoria do “Mentirão”
A falta de provas concretas e a ausência de registros bancários que comprovassem o desvio de recursos públicos são alguns dos pontos que Pizzolato mais destacou durante a entrevista. “Eles sabiam que eu era inocente. No entanto, já haviam decidido quem seriam os condenados antes mesmo de qualquer investigação profunda”, ressalta. Segundo Pizzolato, a teoria de uma “sofisticada organização criminosa”, promovida pelo então ministro do STF, Joaquim Barbosa, era essencialmente fictícia e serviu para construir uma narrativa conveniente para interesses políticos.
Pizzolato conta que, mesmo com auditorias independentes, tanto do Banco do Brasil quanto da Visanet, que não encontraram qualquer desvio de recursos, o processo seguiu adiante. “Foi um julgamento montado para condenar. Criaram uma fantasia, e eu era necessário para eles poderem dizer que havia dinheiro público envolvido”, reflete ele.
As Consequências Pessoais e Profissionais
A vida de Henrique Pizzolato e de sua família nunca mais foi a mesma após o início do processo. Ele relata as humilhações, perseguições e o isolamento que sofreu, comparando sua experiência a uma tortura moderna: “A tortura hoje não começa pelo corpo, como na ditadura militar; ela começa pela alma, com linchamentos públicos, julgamentos midiáticos e a destruição da reputação”, desabafa.
O ex-diretor do Banco do Brasil relata que, até hoje, enfrenta dificuldades financeiras e profissionais. Com seus bens bloqueados e seu nome manchado, ele afirma que sua vida foi irremediavelmente comprometida pelo “Mentirão”, como ele chama o julgamento do Mensalão.
Documentário e Rede de Apoio
Um ponto relevante levantado na entrevista foi o lançamento de um documentário dirigido por Silvio Tendler, que contará a versão de Pizzolato sobre os fatos. O filme busca lançar luz sobre o que ele considera um dos maiores erros judiciais da história do Brasil, explorando as entranhas do processo do Mensalão.
Além disso, Pizzolato mencionou a criação da “Rede Lawfare Nunca Mais”, uma iniciativa para unir vítimas de perseguições judiciais injustas no Brasil e em outros países da América Latina. “Transformamos o sofrimento em uma luz de esperança”, afirma ele. A rede conta com o apoio de figuras proeminentes, como o Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel, e já tem adeptos em países como Argentina, Chile, Bolívia e México.
Reflexão e Conclusão
A entrevista com Hildegard Angel expôs uma versão dos fatos que contrasta com a narrativa oficial propagada pela grande mídia na época. Pizzolato e outros réus do mensalão continuam a lutar pela revisão de suas condenações e pelo reconhecimento dos erros cometidos. No entanto, o impacto do julgamento sobre suas vidas e sobre o cenário político brasileiro é inegável.
Ao final da conversa, Pizzolato deixa uma reflexão que ecoa em meio às acusações: “Quem não foi vítima de lawfare, provavelmente será um dia”. O caso do Mensalão, embora encerrado juridicamente, permanece vivo no debate público, agora com novas nuances e questionamentos, que podem reabrir as feridas de um dos momentos mais polarizadores da história brasileira recente.
Brasília, 2023/08/02 A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Marina Silva, na apresentação dos dados de alertas de desmatamento do DETER até 31 de julho e das ações de fiscalização na Amazônia e no Cerrado. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Ministra diz que ação coordenada para ampliar queimadas é ‘aliança do crime com a emergência climática’.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que os incêndios intencionais registrados em meio a uma seca histórica representam casos de “terrorismo climático”. As declarações foram dadas neste sábado (14) durante agenda no interior de São Paulo.
Marina também comparou a ação orquestrada para provocar queimadas com a tentativa de golpe de Estado realizada pela extrema direita em 8 de janeiro de 2023. Para ela, os responsáveis pelos incêndios atuam deliberadamente “para criar o caos no Brasil”.
“Há uma proibição em todo o território nacional do uso do fogo, mas existem aqueles que estão fazendo um verdadeiro terrorismo climático usando a temperatura alta e a baixa umidade e ateando o fogo do nosso país, prejudicando a saúde das pessoas, a biodiversidade, destruindo as florestas”, disse Marina.
A ministra também destacou o impacto das queimadas na saúde pública, na biodiversidade e na economia do país.
“Há uma intenção na ação dessas pessoas. Não é possível que diante de uma das maiores secas da história no nosso continente e no nosso país, que as pessoas continuem colocando fogo. Isso causa um grande mal à saúde pública, ao meio ambiente, aos nossos sistemas produtivos e só agravam o problema da mudança do clima”, afirmou.
Incêndios são ‘aliança do crime com a emergência climática’ Marina citou as 50 investigações abertas pela Polícia Federal sobre queimadas criminosas e destacou a necessidade de que os órgãos de inteligência também atuem para descobrir como tem sido feita a articulação desse tipo de ação criminosa.
Segundo a ministra, há “uma aliança do crime com a emergência climática” agindo no país nesse momento.
“É no trabalho de inteligência que a gente vai descobrir qual é a motivação. Eu estou comparando praticamente o que está acontecendo com esses incêndios criminosos mesmo em um período de alto risco, com proibição em todos os estados, com o que aconteceu no dia 8. São pessoas atuando deliberadamente para criar o caos no Brasil. Parece que é uma aliança do crime com a emergência climática”.
Deputados também cobram candidatos à presidência da Câmara vazão a medidas que, segundo eles, limitem a ingerência do Judiciário sobre pautas do Legislativo.
Em meio às campanhas dos candidatos à presidência da Câmara dos Deputados, lideranças partidárias têm condicionado apoio aos postulantes à sucessão de Arthur Lira (PP-AL) à capacidade dos parlamentares de costurar uma solução em torno do imbróglio envolvendo as emendas parlamentares, apurou a CNN.
O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, em agosto, pela suspensão do pagamento de emendas diretamente a estados e municípios, as apelidadas “emendas Pix”.
A Corte determinou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Congresso Nacional chegassem a um consenso em torno de regras para dar mais transparência até o último dia 9 de setembro.
O governo, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), pediu mais tempo para que as novas regras sejam apresentadas.
De acordo com deputados ouvidos, essa condicionante é a fundamental — acima de pautas como a PEC da Anistia ou o diálogo com o Palácio do Planalto.
A capacidade de discutir com ministros do governo e do STF e voltar a empoderar o Congresso Nacional na distribuição de recursos para as bases eleitorais dos parlamentares de forma mais dinâmica virou o verdadeiro fiel da balança.
A leitura de aliados do presidente Lula é de que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em torno da liberação das emendas fortaleceu a articulação política do governo, principalmente os ministros Alexandre Padilha, das Relações Institucionais; e de Rui Costa, da Casa Civil.
Apesar de a PEC da Anistia ser considerada “apenas mais uma pauta” entre as discussões, deputados também têm cobrado os principais candidatos à presidência da Câmara que deem vazão a medidas que, segundo eles, limitem a ingerência do Judiciário sobre as pautas discutidas pelo Legislativo.
Em condição de anonimato, um deputado admitiu à CNN que esses dois pontos são muito mais caros aos parlamentares, que buscam autonomia, do que qualquer discussão entre base governista e oposição.
O candidato que aglutinar de forma mais bem-sucedida essas duas pautas deverá ser vencedor, apesar das costuras do Palácio do Planalto e de oposicionistas.
Isso se dá porque, na visão desse parlamentar, o voto dos deputados para escolher o próximo presidente da Câmara é secreto.
Os deputados Elmar Nascimento (União Brasil-BA), Hugo Motta (Republicanos-PB) e Antonio Brito (PSD-BA) são os candidatos mais bem-posicionados no momento, segundo líderes de bancadas.
Em encontro com empresários, Andrei Rodrigues contou como a plataforma foi usada para ameaçar autoridades.
O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues, compartilhou com um grupo de empresários, durante uma reunião realizada na quinta-feira (12) em São Paulo, detalhes preocupantes sobre o uso da plataforma X (antigo Twitter) para ameaçar autoridades envolvidas em investigações de grande relevância. O encontro, organizado pelo grupo Esfera Brasil, foi marcado pela defesa enfática de Rodrigues em favor do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que recentemente determinou a suspensão do X no Brasil após a rede social não cumprir ordens judiciais.
Segundo Andrei Rodrigues, um dos episódios mais graves aconteceu quando o senador Marcos do Val (Podemos-ES) publicou, na plataforma, fotos da filha de 5 anos e da esposa de um delegado da Polícia Federal, que fazia parte da equipe responsável por investigar o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados. A postagem trazia a legenda “Procura-se vivo ou morto”, o que gerou uma série de comentários ameaçadores, com usuários sugerindo valores pela morte da criança e de sua mãe. “Imaginem, uma criança de 5 anos. Isso gerou reações do tipo: ‘Morto vale quanto?'”, disse o diretor da PF aos empresários, destacando o impacto emocional e psicológico dessas ameaças. A esposa do delegado, segundo ele, segue em tratamento até hoje devido ao trauma causado pela situação, segundo informa a jornalista Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo.
Rodrigues ainda afirmou que a Polícia Federal, diante da gravidade do caso, solicitou ao ministro Alexandre de Moraes que a postagem fosse retirada do ar. O magistrado, em resposta, determinou que a plataforma removesse imediatamente o conteúdo e impôs uma multa diária de R$ 50 mil caso a ordem não fosse cumprida. No entanto, a rede social ignorou tanto a ordem de exclusão quanto o pagamento da multa.
Ao descrever a postura da plataforma, Rodrigues mencionou que o X, além de não remover a postagem, sinalizou que poderia encerrar suas operações no Brasil, de forma a evitar o cumprimento de futuras ordens judiciais. “Eles disseram que iriam tirar o escritório do Brasil para que as autoridades não tivessem com quem falar”, relatou o diretor da PF. Essa sequência de desobediências culminou na decisão de Moraes de suspender o funcionamento da plataforma em todo o território nacional, medida que entrou em vigor no dia 30 de agosto.
Durante a reunião, Rodrigues questionou os empresários presentes: “Coloquem-se na posição do meu colega e de Moraes: o que fariam diante de uma situação dessas?”. Segundo relatos de pessoas presentes, a reação do público foi de indignação e perplexidade com os detalhes compartilhados pelo diretor da PF.
O bloqueio do X no Brasil ocorreu dentro do contexto de uma série de investigações conduzidas pela Polícia Federal envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores, que são alvo de inquéritos sobre o financiamento de atos antidemocráticos e a disseminação de informações falsas nas redes sociais. Além disso, a suspensão do X foi precedida por outra decisão de Moraes, na qual o ministro determinou a prisão de uma representante da plataforma no Brasil caso as ordens judiciais não fossem cumpridas.
A reunião foi concluída com Andrei Rodrigues reforçando a necessidade de cooperação entre as empresas de tecnologia e as autoridades, sobretudo em um momento em que plataformas digitais têm sido utilizadas para ameaçar e intimidar pessoas envolvidas em investigações criminais.
Depois da tempestade no sul do país, não veio a bonança. O dito popular não se concretizou e o que vemos hoje é uma seca pior do que a do deserto do Saara. As queimadas estão por todos os lados, são mais de 8 mil focos de incêndio em boa parte do território nacional.
Verdadeiros paraísos ecológicos estão sendo consumidos pelas chamas.
Incêndios, criminosos ou não, avançam sobre o cerrado, o segundo maior bioma do país. Imagens chocantes captadas por satélites revelam o fogo se alastrando por cerca de 500 km de extensão na floresta amazônica. As mudanças climáticas no Brasil estão eliminando biomas e transformando extensas áreas verdes em verdadeiros desertos. Nas últimas quatro décadas, o cerrado perdeu 27% da sua vegetação nativa.
O descaso das autoridades, a ganância do agronegócio e a imbecilidade humana de negacionistas ligados ao fanatismo ideológico de extrema-direita, estão colocando em risco a vida em nosso planeta.
Estamos ultrapassando a passos largos a linha do não retorno.
Quando falo do fanatismo de idiotas, não exagero. Quem se esqueceu do ‘Dia do Fogo’, ocorrido em agosto de 2019, quando fazendeiros, empresários e produtores rurais decidiram organizar uma manifestação criminosa em apoio às políticas de desmonte ambiental do governo Bolsonaro. Investigações da Polícia Federal confirmaram, na época, que esses “empresários” rurais combinaram e realizaram as queimadas em áreas de conservação da floresta amazônica no Pará. Ao todo, foram 1.457 focos de incêndio. Três grupos de extrema-direita foram identificados pela PF.
Alguma dúvida que o mesmo método está sendo utilizado nas queimadas que ocorrem hoje?
Em entrevista ao Boa Noite 247, o ex-ministro do Meio Ambiente Carlos Minc explicou os diversos tipos de queimada que convergem neste mesmo momento. Existem aquelas produzidas por pessoas que colocam fogo no meio da estiagem e do vento, para queimar lixo ou para preparar a terra. Mas segundo Minc, “tem um fogo que é conspiração, que é golpista, bolsonarista. Isso está aliado à impunidade. Daqueles 23 que foram flagrados pela Polícia Federal no Dia do Fogo em 2019, quantos foram presos ou condenados? Nenhum! Então, isso não é Marina e nem Lula. É o judiciário que deu mole pra quem planejou o crime ambiental.”
Essa impunidade acaba incentivando os crimes continuados.
Na campanha de mobilização de bolsonarista no 7 de Setembro passado, o empresário da fé, Silas Malafaia, “conselheiro espiritual” de Jair Bolsonaro, disse em alto e bom som: “No dia sete o Brasil vai pegar fogo! Dias depois, sua profecia se realizou. O fogo estava queimando em vários estados do país, inclusive no estado de São Paulo, onde não é comum incêndio de grandes proporções em áreas de plantio.
No auge das queimadas, o estado governado pelo bolsonarista Tarcísio de Freitas contabilizou mais de 380 focos de incêndio em dezenas de municípios. Imagens de satélite mostraram que o fogo se iniciou em várias regiões do estado no mesmo dia e praticamente no mesmo horário. Imagens feitas em reportagens de televisão e por internautas mostram homens ateando fogo em canaviais, sem qualquer constrangimento, em plena luz do dia. Tudo dentro de um esquema muito bem orquestrado.
Na última quarta-feira (11/9), o fogo começou a consumir parques florestais dentro de grandes cidades como Campinas, Osasco, Barueri e São Paulo. Muito suspeito isso ocorrer no mesmo dia e em regiões diferentes do estado. Na capital paulista, de agosto até a primeira semana de setembro, a Secretaria Municipal de Saúde registrou 1.523 casos de síndrome respiratória aguda grave, piorado pela poluição, e 76 óbitos decorrentes de problemas respiratórios.
A polícia do governo estadual chegou a prender uma dezena de incendiários, que foram soltos sem nada ser esclarecido. Talvez porque no último dia sete, na avenida Paulista, o próprio governador estava no carro de som ao lado de Bolsonaro e do Profeta do Fogo, Silas Malafaia. Pelo jeito, a extrema-direita não se contenta apenas em destruir a praça dos três Poderes, quer também incendiar o país.
Cabe ao governo federal, com a urgência necessária, promover um planejamento junto com estados e municípios para conter as queimadas.
Importante que se tragam a público as investigações da Polícia Federal sobre os “Demônios do Fogo”, assim que estiverem concluídas. O Secretário Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, Mário Sarrubbo, disse nesta quinta-feira (12/09) que os responsáveis pelas queimadas devem indenizar a população e restaurar os biomas afetados.
Em meio a esse inferno, eu, que de profeta não tenho nada, digo amém. Que assim seja.
MP não analisou transações imobiliárias de Carlos Bolsonaro nem origem do dinheiro para compra de imóveis.
A investigação arquivada contra o vereador Carlos Bolsonaro (PL) não contou com diligências que levaram à denúncia contra o senador Flávio Bolsonaro (PL), posteriormente arquivada após anulação de provas.
O Ministério Público encerrou a apuração contra o vereador sem analisar as transações imobiliárias dele, bem como não questionou sobre como foram quitados boletos do planos de saúde. Essas informações foram cruciais para identificar parte da lavagem de dinheiro atribuída ao senador.
Dados da quebra de sigilo mostraram que as movimentações financeiras de Carlos e Flávio eram diferentes.
O vereador sacou quase 90% do salário, enquanto o senador fez poucas retiradas. A prática dificulta a identificação de possíveis desvios, já que o filho “02” do ex-presidente Jair Bolsonaro possuía lastro para transações em espécie.
O promotor Alexandre Graça, responsável pelo procedimento, afirmou que “as diligências que se fizeram necessárias foram realizadas”. Disse também que “o questionamento feito é fruto do desconhecimento da investigação”.
Carlos declarou, em nota, que recebeu com tranquilidade a informação sobre o arquivamento. Manifestou também indignação com a acusação contra integrantes de seu gabinete.
Graça apresentou nesta quarta-feira (11) denúncia contra sete funcionários de Carlos sob acusação de integrarem um esquema de “rachadinha” liderado por Jorge Fernandes, chefe de gabinete do vereador. A apuração contra o filho do ex-presidente foi arquivada sob a justificativa de que não foi identificada irregularidade na movimentação financeira dele.
Nesta quinta-feira (12), o juiz Thales Braga devolveu a investigação para o Ministério Público, apontando inconsistência na apuração, na denúncia, e no arquivamento das suspeitas contra Carlos.
Transações imobiliárias de Carlos A investigação, por exemplo, não avançou sobre as transações imobiliárias do vereador. Ele adquiriu dois apartamentos no período sob investigação (2005 a 2021). Relatório da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI) do MP-RJ levantou suspeitas sobre ambas.
A escritura de compra e venda de um apartamento comprado em 2009 em Copacabana diz que os R$ 70 mil pagos pela transação foram quitados por meio de transferência bancária. Os técnicos do MP-RJ, porém, afirmam não ter localizado a operação na quebra de sigilo bancário do vereador. Eles encontraram apenas um pagamento de R$ 60 mil ao antigo proprietário.
O documento ressalta ainda o fato de Carlos ter acessado, no mesmo dia da transação, o cofre que mantinha numa agência do Banco do Brasil no centro do Rio de Janeiro. Ele também recebeu um depósito em espécie de R$ 10 mil na conta dias antes da operação.
Outro indício apontado no relatório é o fato de o valor da compra do apartamento em Copacabana ter sido 70% abaixo da avaliação feita pela prefeitura para a cobrança do ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis). O município costuma usar critérios de mercado para definir o cálculo do tributo.
O documento aponta ainda que a compra de um imóvel no centro em 2012 por R$ 180 mil provocou uma evolução patrimonial sem lastro na renda auferida pelo vereador naquele ano.
Flávio e o depósito em dinheiro vivo Na investigação contra Flávio, o extinto Gaecc (Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção) pediu a quebra de sigilo bancário de todas as pessoas que venderam imóveis ao senador no período sob análise.
Foi a partir dessa medida que os promotores identificaram depósito de R$ 638 mil em dinheiro vivo na conta do norte-americano Glenn Dillard no mesmo dia em que ele vendeu dois imóveis para Flávio. O valor oficial da transação foi de R$ 310 mil, correspondente às transferências bancárias realizadas pelo senador.
O Gaecc afirmou na denúncia contra Flávio que o dinheiro vivo que entrou nas contas de Dillard tinha como origem o esquema de “rachadinha” no antigo gabinete do senador na Assembleia Legislativa. A acusação foi arquivada após as provas serem anuladas.
Na investigação contra Carlos, não houve quebra de sigilo contra os antigos proprietários dos imóveis. Os autos da investigação mostram que Graça também não seguiu recomendação da coordenadoria de inteligência do MP-RJ de solicitar informações às operadoras de saúde Qualicorp e Unimed, com as quais Carlos informou à Receita ter mantido vínculos contratuais.
O relatório técnico afirma ter identificado a quitação de apenas um boleto, embora ele tenha declarado manter vínculos com os planos de saúde entre 2011 e 2020.
Foi por meio de pedidos de informação feitos ao plano de saúde e à escola das filhas de Flávio que o Gaecc conseguiu identificar o uso de dinheiro vivo para quitação dos boletos, segundo o ICL
No caso do senador, a informação tinha força porque ele não fazia saques em valores correspondentes aos gastos. O vereador, por sua vez, tinha lastro para operações em dinheiro vivo por sacar 87% do salário no período investigado, gerando R$ 1,98 milhão em espécie.
‘Patrimônio a descoberto’ Dados sobre os gastos pessoais, contudo, poderiam dar mais clareza ao padrão de gastos do vereador. O relatório da coordenadoria de inteligência do MP-RJ, por exemplo, identificou que Carlos apresentou aumento patrimonial sem origem clara nos rendimentos em 2010 e 2012.
“Ao apresentar ‘patrimônio a descoberto’, o saldo de caixa fica negativo, ou seja, sua renda líquida mensal fica insuficiente para arcar com suas despesas mensais declaradas. Isso sem contar que não se consideram nesta análise as despesas pessoais e de manutenção de seus bens, o que aumentaria ainda mais a insuficiência de caixa”, diz o relatório.
Em 2010, geraram o patrimônio a descoberto a aquisição de um carro e uma doação de R$ 70 mil para Flávio. Em 2012, o principal motivo de descompasso entre renda e aumento patrimonial foi a aquisição de outro imóvel, no centro, por R$ 180 mil.
Se em anos anteriores, o apadrinhamento de Jair Bolsonaro foi decisivo, neste é irrelevante, mostra balanço do GGN com pesquisas eleitorais
O apoio de Jair Bolsonaro nas eleições municipais deste ano não terá o mesmo impacto de pleitos passados e, para alguns casos, será irrelevante. É o que revelam as últimas pesquisas dos comandos das capitais dos 4 maiores colégios eleitorais do país: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Recife.
O fenômeno ocorreu logo após Nunes se distanciar do apoio direto de Jair Bolsonaro e se aproximar do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), ao mesmo tempo que Marçal fez um amplo esforço de aproximação com o ex-presidente e o eleitorado bolsonarista.
Também em Minas Gerais, a capital Belo Horizonte – que além de ser a terceira maior potência econômica do país, é do segundo estado no ranking de quantidade de eleitores -, o candidato de Jair Bolsonaro, Bruno Engler (PL), está em terceiro lugar nas pesquisas.
Levantamento da Quaest divulgado nesta quarta (11) mostrou Mauro Tramonte (Republicanos), liderando com 27% das intenções, seguido do atual prefeito Fuad Noman (PSD), com 20% e, depois, Engler com 16%. Ou seja, se as eleições fossem esta semana, o apadrinhado de Bolsonaro não disputaria o segundo turno da capital mineira.
As poucas chances motivaram, inclusive, um comício do PL no início do mês, com a presença da própria família Bolsonaro em peso: o ex-mandatário, a esposa Michele Bolsonaro e o filho, senador Flávio Bolsonaro (PL), além de outros nomes de peso da ultra-direita, como o popular e polêmico deputado Nikolas Ferreira (PL).