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Cientistas encontram variante inédita do novo coronavírus no Amazonas

Pesquisas em andamento na Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Amazônia apontaram que a nova variante do novo coronavírus encontrada em pacientes japoneses tem origem no estado do Amazonas. As mutações achadas no vírus, até então inéditas, criaram o que será uma provável nova linhagem brasileira.

Segundo os cientistas, ainda é cedo para ter certeza, mas as mutações achadas podem significar que essa nova linhagem tem maior poder de transmissão, visto que duas importantes mutações foram descritas simultaneamente na proteína Spike — que faz a ligação do vírus às células e está é relacionada a capacidade de transmissão do SARS-CoV-2 (como é conhecido o novo coronavírus).

Os dados apontam que a linhagem B.1.1.28, que está presente em todo o país e que é a mais frequente no Amazonas, sofreu uma série de mudanças.

Os japoneses colocaram os dados do sequenciamento no banco de dados internacional, e as amostras colhidas agrupam com as nossas aqui. É o mesmo vírus, mas com muitas mutações.”

Calamidade

Manaus vive uma nova calamidade por uma segunda onda de casos e hospitalizações, com números maiores e crescimento mais acelerado que na primeira fase. O prefeito David Almeida (Avante) anunciou que o sistema público está novamente em colapso.

O governador Wilson Lima (PSC) afirmou que há carência de oxigênio para pacientes internados. Diante do cenário, ontem, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, visitou Manaus e prometeu ajuda ao estado para suprir a carência da rede.

Segundo o pesquisador da Fiocruz Amazônia que coordena os estudos, Felipe Naveca, o sequenciamento do vírus feito no Japão foi comparado com as amostras existentes no banco de dados do Amazonas coletadas entre abril e novembro do ano passado. Amostras locais de dezembro ainda estão em fase final de análise no estado, e vão ajudar a entender melhor a atuação das mudanças do vírus na nova onda de casos.

“Um grupo de pesquisadores da USP-Oxford me procurou para mostrar os resultados das análises deles a partir de material enviado por um laboratório privado do Amazonas. Essas análises também observaram sequências com mutações semelhantes às japonesas. São dois laboratórios completamente independentes, que chegaram à mesma conclusão simultaneamente, sem se comunicarem. O fato de o grupo ter nos mostrado esse resultado foi uma atitude louvável”, explica.

Naveca explica que uma “coincidência” reforçou ainda mais a convicção de que o vírus passou por mutações preocupantes no Amazonas.

Acredito que essas mutações possam ser parte da explicação para essa explosão de casos aqui no Amazonas. Mas nós sabíamos que o número de casos iria aumentar porque as pessoas não estavam fazendo distanciamento; nos dias 26 e 27 de dezembro houve protesto porque o governador mandou fechar o comércio, houve as festas de fim de ano. E o sistema de saúde do estado já estava fragilizado, é uma situação multifatorial a meu ver.”

Ontem, Manaus atingiu o recorde de enterros já registrados na cidade: 150 em apenas um dia (57 confirmados de covid-19). O número de hospitalizações também explodiu na capital do Amazonas: somente ontem foram 250, recorde em apenas um dia até aqui desde o início da pandemia. No início do mês passado, essa média era de 40.

Eram 1.994 pacientes internados com a doença ou suspeita dela, sendo 545 em UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Não há mais vagas disponíveis, e pessoas doentes precisam esperar por uma desocupação por morte ou alta nos hospitais.

*Com informações do Uol

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Reflexo das festas de fim de ano, Brasil tem 1.379 mortos em 24 horas

Um dia após ultrapassar as 200 mil mortes provocadas pela covid-19, o Brasil alcançou outras tristes marcas nesta sexta-feira (8). Confirmando a previsão de médicos, o país atingiu o mais alto índice de pessoas infectadas pela covid-19 e o maior número de óbito confirmados em 24 horas desde 4 de agosto, exatas duas semanas após o início das festas de fim de ano. Os dados são do consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte.

Pelo quarto dia consecutivo, o Brasil registrou mais de mil novas mortes por covid-19 entre um dia e outro. Nas últimas 24 horas, foram cadastrados 1.379 novos óbitos (maior marca desde 4 de agosto, com 1.394), com um total de 201.542 mortos desde o começo da pandemia.

Exatamente duas semanas após o Natal, o país voltou a apresentar aceleração na média móvel de mortes. Foram 872 mortes na média de sete dias, o que representa uma aceleração de 37% na comparação com 14 dias atrás. A última vez que o país teve média acima de 800 foi em 6 de setembro.

O país repete uma sequência que não via acontecer desde 18, 19, 20 e 21 de agosto (com 1.365, 1.170, 1.234 e 1.031 mortes, respectivamente), última vez na qual houve mais de mil novos óbitos em um intervalo de 24 horas durante quatro dias consecutivos. Em 5, 6 e 7 de janeiro, foram 1.186, 1.266 e 1.120, respectivamente.

Recorde de novos diagnósticos

Também hoje o Brasil ultrapassou a marca de 8 milhões de infectados pela doença, sendo o terceiro país do mundo a passar a marca, atrás apenas de Estados Unidos e Índia (com 21.808.008 e 10.413.417, respectivamente, em dados da Universidade Johns Hopkins).

De ontem para hoje, foram cadastrados 84.977 casos de covid-19 em todo o país. Até então, o recorde entre um dia e outro havia acontecido em 29 de dezembro (79.295). Deve-se ressaltar, porém, que o estado do Paraná não havia enviado dados atualizados antes do fechamento do boletim desta quinta (7), às 20h. Ou seja: estes números que estavam faltando foram inseridos no cálculo desta sexta. No total, são 8.015.920 infectados desde o início da pandemia.

Os altos números exatos 14 dias depois do Natal confirmam a previsão feita por epidemiologistas de que as festas de fim de ano elevariam os números de contaminados e mortos pela doença. Segundo eles, a tendência é continuar crescendo no mês de janeiro.

Dados do Ministério da Saúde

Em boletim divulgado nesta tarde, o Ministério da Saúde confirmou o registro de 52.035 testes positivos para o novo coronavírus nas últimas 24 horas em todo o país. Na quinta-feira (7), de acordo com as informações do Ministério, o Brasil bateu o recorde de novos casos de um dia para o outro, com 87.843. O total de infectados chegou a 8.013.708 desde o início da pandemia.

De ontem para hoje, houve 962 novas mortes causadas pela covid-19, segundo a pasta. Desde o começo da pandemia, 201.460 pessoas morreram devido à doença. O governo federal também informou que 7.114.474 pessoas se recuperaram da doença, com 697.774 outras em acompanhamento.

Nenhum estado em queda

Pela primeira vez desde que o consórcio de veículos de imprensa faz o cálculo, nenhum estado apresentou queda na média móvel. Por outro lado, 15 mais o Distrito Federal tiveram aceleração. Onze mantiveram estabilidade.

Das regiões, apenas o Centro-Oeste ficou estável (11%). As demais, apresentaram aceleração: Nordeste (17%), Norte (110%), Sudeste (47%) e Sul (25%).

*Com informações do Uol

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Butantan pede à Anvisa autorização para uso emergencial da vacina; Fiocruz fará o mesmo

Instituto apresentou dados referentes à CoronaVac nesta sexta-feira; pedido é o primeiro protocolado na agência para vacina contra doença que já matou mais de 200 mil brasileiros.

BRASÍLIA — O Instituto Butantan solicitou à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), nesta sexta-feira, a autorização emergencial de uso da vacina CoronaVac contra a Covid-19. O prazo estimado pela agência para avaliação do pedido é de até dez dias. Ainda hoje, a Fiocruz deve pedir o uso emergencial do imunizante da AstraZeneca/Universidade de Oxford (Reino Unido), principal aposta do governo federal até o momento, à agência.

Em nota, a Anvisa afirmou que já iniciou a triagem dos documentos enviados pelo IB ao órgão. Segundo a agência, a primeira etapa da análise, que ocorre nas 24 horas iniciais, servirá para checar se as informações apresentadas atendem aos requisitos da solicitação emergencial.

Caso a documentação esteja incompleta, a Anvisa pode paralisar a contagem do prazo de análise para solicitar novas informações ao Butantan. Além dos dados apresentados nesta sexta-feira, a agência também vai analisar o que já foi apresentado pelo Butantan durante o processo de submissão contínua. Durante o processo as desenvolvedoras submetem os dados da vacina à agência durante o seu desenvolvimento.

“A análise do pedido de uso emergencial é feita por uma equipe multidisciplinar, envolve especialista das áreas de registro, monitoramento e inspeção. A equipe vem atuando de forma integrada, com as ações otimizadas e acompanhadas pela Comissão que envolve três Diretorias da Agência”, explicou a Anvisa.

*Com informações de O Globo

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Manaus enfrenta um novo colapso e acende alerta para o caos no Brasil

A explosão de internações e mortes em Manaus por covid-19 nos últimos dias fez os brasileiros assistirem novamente o caos causado pelo novo coronavírus. Apesar de a pandemia ter começado, lá no começo de 2020, por Rio de Janeiro e São Paulo, foi o Amazonas, com seu frágil serviço de saúde, a enfrentar colapso de saúde e funerário.

A pergunta inevitável para o restante do país é: isso indica que teremos uma repetição do comportamento da epidemia nos demais estados do país onde o vírus demorou mais a chegar na primeira onda?

Especialistas ouvidos por VivaBem afirmam que há, sim, semelhanças com o cenário de fevereiro do ano passado, mas com alguns agravantes como a falta de medidas de isolamento social e a nova variante circulando no país.

“A sensação que eu tenho é que está se repetindo, sim, só que com uma velocidade maior. Manaus colapsou mais rápido agora do que da primeira vez”, diz Miguel Nicolelis, cientista e presidente do Comitê Científico do Consórcio Nordeste.

Manaus e a repetição do caos No caso de Manaus, o crescimento no número de internações e mortes chama a atenção quando comparados com a primeira onda. Na quarta-feira (6), foram 110 sepultamentos nos cemitérios da capital. Dez dias antes, esse número não era nem metade: foram 52 enterros em 28 de dezembro.

O número de pessoas que precisaram de internação seguiu o mesmo padrão: saltaram de 76 para 221 (maior número já registrado até aqui). A alta nos dois casos não encontra precedentes com o primeiro momento da pandemia.

Manaus foi a primeira cidade do país a registrar um colapso na saúde pública pela covid-19. Em 5 de abril, o então prefeito Arthur Virgílio reconheceu a calamidade e fez um apelo por ajuda em todos os níveis. “Não podemos ver mais pessoas diariamente sacrificadas por falta de capacidade de atendimento”, disse à época.

Mas se seguir o ritmo atual, o número de mortes pode superar aqueles enfrentados no pico da primeira onda. “Se por um lado ainda não tem tantos casos confirmados, como no final de abril e início de maio, claramente temos um excesso de internações, com vários hospitais lotados, inclusive na rede privada, e também um aumento de óbitos”, afirma Felipe Naveca, virologista e pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) Amazônia. “Tudo indica que vamos viver aquele cenário catastrófico novamente.”

Os hospitais de Manaus, por sinal, estão completamente lotados e há relatos de pacientes na espera por atendimento. Na rede pública, 271 dos 289 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) tinham pacientes na quarta-feira. Na rede privada, 194 dos 205 leitos também estavam ocupados.

Naveca está à frente de pesquisas sobre o novo coronavírus no estado e diz que ainda é impossível responder se as reinfecções ajudaram a ampliar o número de pessoas pegando —novamente— o vírus . “Junto com a FVS [Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas] estamos investigando possíveis casos suspeitos. Mas certamente esse novo aumento de casos nos mostra que a indicação que Manaus havia chegado a um estado de imunidade de rebanho era uma afirmação desprovida de sustentação científica e que, aparentemente, fez mais mal do que bem”, pontua, citando a campanha eleitoral nas ruas como a maior culpada pela alta.

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Saúde do Amazonas informou que o estado ainda não confirmou nenhum caso de reinfecção de covid-19.

Ana Brito, pesquisadora da Fiocruz Pernambuco e professora da UPE (Universidade de Pernambuco) na área de epidemiologia, admite que a situação do Brasil é preocupante principalmente pela falta de coordenação nas medidas de controle da circulação do vírus no país —o que fez o país nunca encerrar uma primeira onda.

“O cenário que assistimos no nosso país é extremamente dramático. Desde o início da pandemia, em nenhum momento tivemos qualquer ação ou política de estado coordenada nacionalmente e articulada nos três níveis de governo. Com ações fragmentadas, sem uma ampla campanha de saúde pública, o Brasil assiste a disseminação progressiva da transmissão do vírus em todo o seu território, resultando numa permanência de casos e óbitos em patamares elevados”, avalia.

Ela ainda lembra que a confirmação da chegada da nova variante do coronavírus no país pode agravar o cenário de forma ainda mais rápida. “Sem uma política de enfrentamento; sem sequer apontar para um esforço de vacinação; com o esgotamento das medidas de isolamento social; e ainda sob a ameaça real de uma nova variante do Sars-CoV-2, a situação que estamos assistindo em Manaus e no Rio neste momento é apenas uma antecipação do que devemos assistir no restante dos grandes centros urbanos do Brasil, caso não se mude nada nos próximos dias”, pontua.

Nicolelis analisou também o cenário recente das demais capitais do país e viu números críticos em muitas delas. “São Paulo, Rio, Campo Grande, Curitiba, Porto Alegre, Florianópolis estão, por exemplo, com alta muito maior que na primeira onda. No Nordeste, tirando São Luís, oito estão com tendência de crescimento, e três delas em ritmo maior que na primeira onda”, completa.

Uma diferença que ele cita da primeira onda é que os casos estão crescendo em todas regiões ao mesmo tempo. “Essa questão é o diferencial da primeira onda. Antes você teve um escalonamento, demorou um tempão para chegar no Sul, no Centro-Oeste, no interior de Minas. Agora a transmissão comunitária está no país inteiro, é um crescimento síncrono. Por isso precisamos pensar em um lockdown nacional, como a Inglaterra fez”, diz.

*Com informações do Uol

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Butantan certifica que Coronavac tem 100% de eficácia contra casos moderados e graves

A principal notícia sobre a Coronavac chegou em boa hora. O Butantan garante em 100% que, quem tomar a vacina, não desenvolve as formas moderada e grave da Covid-19 e, portanto, não morre da doença.

O Butantan fará o anúncio oficial às 17 horas, porém a notícia foi antecipada pela GloboNews.

Isso enterra por completo as especulações criminosas de Bolsonaro e seus asseclas na mídia de aluguel, como o Pingo nos Is, da Jovem Pan e congêneres.

Dados da eficácia da CoronaVac foram divulgados nesta quinta — Foto: Divulgação/Governo de SP

*Da redação

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Cheiro podre, fadiga, danos neurológicos: pacientes com sequelas de Covid-19 não conseguem tratamento no SUS

Pacientes enfrentam demora no atendimento e ouvem que sequelas são “psicológicas”; muitos têm que arcar com remédios do próprio bolso.

Para esses pacientes, a doença só deu duas alternativas: “Ou você morre ou tem dinheiro pra arcar com as consequências”

“Um dia eu tô bem e no outro não tenho vontade de sair da cama”, conta motorista.

Ministério da Saúde ainda não fez protocolo sobre sequelas, prejudicando atendimento.

“Esse vírus me arrancou o meu funcionamento básico, minha memória, a minha comunicação, me arrancou o direito de sentir o cheiro dos meus filhos, poder sentir o gosto da minha comida preferida”, desabafou Natália Spinelli, fonoaudióloga e diretora de clínica de reabilitação infantil, em um grupo do Facebook que reúne pacientes com possíveis sequelas da Covid.

Natália, de Recife, Pernambuco, começou a sentir os sintomas da infecção por coronavírus em 18 de maio e, quando se curou da doença, pensou que o pior já havia passado. Mas outros efeitos começaram a aparecer: cansaço, suor frio, dor no corpo, uma fadiga “indescritível”.

“Eu comecei a esquecer coisas muito simples do trabalho, das aulas on-line, dos meus filhos. Chegou o momento que eu tinha que fazer o cadastro de alguma coisa online e o CPF e RG, que é algo totalmente memorizado, e eu não lembrava mais.” Para ela, “o pós foi infinitamente pior do que os dias que eu tava [com a doença]”.

Além de Natália, Francisca Benedita também não se viu totalmente curada depois que a fase aguda da doença – a infecção em atividade – passou. Francisca, que tem 45 anos e mora em Fortaleza, no Ceará, ficou internada por 60 dias na UTI; 22 destes passou intubada, com auxílio da ventilação mecânica invasiva.

Hoje, quatro meses depois da alta, lida com “muita dor de cabeça, tontura, falta de paladar”.

“Tem dias que eu sinto a casa podre, mas é o meu nariz que tá podre, porque eu chamo as pessoas pra vir e ninguém tá sentindo nada”, descreve. Depois da Covid, ela passou a apresentar fraqueza, pressão alta, problema da tireoide, além de sequelas pulmonares. Hoje, faz acompanhamento particular: “Ou você morre ou tem dinheiro pra arcar com as consequências”, finaliza.

Natália e Francisca Benedita são duas entre os mais de 5 milhões de brasileiros curados de coronavírus até 5 de novembro de 2020 – depois de mais de sete meses de pandemia e 161 mil óbitos registrados no Brasil. Esse número, 5,06 milhões de recuperados, aparece com destaque no site do Ministério da Saúde (MS) e nas redes sociais do governo federal. Entretanto, relatos de pessoas que tiveram a Covid e estudos indicam que as consequências da infecção não acabam quando o vírus é derrotado pelo corpo.

Um dos estudos pioneiros sobre o assunto, do Hospital Policlínico Universitário Agostino Gemelli, em Roma, na Itália, indicou em julho que apenas 12,6% dos participantes não apresentaram sintomas persistentes depois da cura. Do restante, 32% tiveram um ou dois sintomas e 55%, mais de três. As sequelas mais persistentes foram fadiga (53,1%), dificuldade de respirar ou dispneia (43,4%), dor nas articulações (27,3%) e dor no peito (21,7%).

Pacientes são orientados a “procurar um psicólogo”

“Tenho que aprender a conviver com a dor de cabeça que não passa”, afirma Raphaela Fagundes, que tem 35 anos e é motorista de aplicativo em Bauru, interior de São Paulo. Ela e o sobrinho começaram a sentir os sintomas da Covid – cansaço, exaustão, febre e dor de cabeça – no dia 18 de setembro. Foram medicados com cloroquina, azitromicina, prednisona, dipirona e ivermectina, e 14 dias depois, seguindo o ciclo da doença, seus exames deram negativo, indicando que estavam “curados”. Mas as dores persistiram. “Os remédios que estavam me dando morfina, cortisona não estavam tirando a dor”, contou a motorista.

Além das dores, que já duram mais de um mês, Raphaela apresenta fraqueza e “confusão de palavras” e não tem paladar e olfato. “O cheiro que eu sinto é de podre, de madeira podre. Só isso. O resto eu não sinto mais nada”, contou. “Um dia eu tô bem e no outro não tenho vontade de sair da cama.”

A motorista não está conseguindo trabalhar por causa da fadiga “muito forte”. Antes sua rotina chegava a 15 horas diárias, hoje já não consegue fazer três corridas sem parar para descansar.

Mas Raphaela, que é mãe solteira e vive com a filha, conta que desistiu de buscar atendimento. Na última vez que foi ao hospital, no meio de outubro, teve suas dores caracterizadas como “psicológicas”. “[O médico] falou que era pra eu e meu sobrinho procurarmos um psicólogo, porque o nosso caso era crise de ansiedade, porque não tinha como a gente estar com a dor que estávamos descrevendo.”

Segundo Carolina Marinho, professora de clínica geral da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e responsável por pesquisa sobre as possíveis consequências a longo prazo do coronavírus, as sequelas podem ser tanto pela ação do vírus quanto por causa da intubação ou ventilação mecânica. “O paciente precisa ficar paralisado, imobilizado, a própria ventilação mecânica sopra dentro do pulmão com pressão positiva, então ela produz lesão no tecido pulmonar, lesão inflamatória.”

Por outro lado, “algumas vezes são exacerbações de doenças que as pessoas já tinham”. Em outros casos, se tem observado “pacientes com sintomas que não tinham antes”. É o que aconteceu com Natália Spinelli, que durante a infecção por Covid apresentou sintomas “moderados”, como cansaço, suor frio, dor no corpo e fadiga. Depois da cura, começou a sentir sequelas neurológicas, como perda de memória e confusão mental, que só melhoraram depois de tratamento. A fonoaudióloga conta que, para ela, lidar com a doença foi mais fácil do que com as sequelas: “Eu sofri, mas o que eu sofro hoje em dia, o depois, foi imensuravelmente muito mais”.

Outra sequela é a síndrome da fadiga crônica, que se caracteriza por sintomas como fadiga e cansaço extremos, dores e aumento do volume das articulações e até aparecimento de gânglios e linfonodos na região do pescoço ou da virilha, segundo o médico José Roberto Provenza, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia.

A médica da família Raquel Soeiro, professora da Universidade de Campinas (Unicamp), que atua na atenção primária da saúde pública em Campinas, observou que os pacientes que tiveram sintomas leves da Covid têm feito queixas de cansaço. “[A fadiga] é o que eles mais relatam. Eles falam que parece que a energia acaba antes do final do dia”, relatou.

“Parecia que os ossos estavam desmanchando”

Kellyane Vaz, de Palmas, no estado de Tocantins, também ouviu de profissionais da saúde que suas queixas eram somente fruto da ansiedade e que deveria “procurar um psicólogo para tratar e fazer acompanhamento psiquiátrico”. Ela foi diagnosticada com Covid no dia 22 de maio, com sintomas como febre, dor de garganta e falta de ar. Ainda estava isolada em casa quando, na noite de 7 de junho, sequelas neurológicas começaram a aparecer.

“Estava deitada lá, isolada, levantei para ir ao banheiro e comecei a sentir as pernas tremerem. Eu não conseguia firmar a perna no chão, tremendo e tremendo. Como já era noite eu pensei: ‘Ah, amanhã de manhã quando acordar eu vou ao médico’. Quando voltei do banheiro, eu já não conseguia segurar o celular, eu não tinha força na mão pra segurar o celular”, conta.

No dia seguinte, foi internada no Hospital Geral de Palmas, onde ficaria na ala neurológica por dez dias. Fez uma série de exames e continuou o acompanhamento em casa com o neurologista, “experimentando vários remédios”. “O tremor não passava, eu continuava com as pernas tremendo, não tinha domínio sobre a perna nem força nos braços. Sentia muita dor no corpo todo. Parecia que os ossos estavam desmanchando.” Nesse meio-tempo, esperou dois meses por uma consulta com outro neurologista pelo SUS, mas acabou buscando um médico particular.

Kellyane é pedagoga e está afastada do trabalho desde que teve os primeiros sintomas. Atualmente é auxiliada nas tarefas de casa pela tia e pela prima, que ajudam a criar a filha de 4 anos. “Eu não consigo ainda pegar a minha filha no colo. Dirigir, eu não faço ainda por conta dos braços. Eu não tenho segurança ainda. Atividades físicas, eu ainda não consigo”.

*Com informações da Agência Pública

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Anvisa autoriza Fiocruz a importar 2 milhões de doses da vacina Oxford

Agência autorizou a importação de 2 milhões de doses do imunizante.

BRASÍLIA – A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a importação de 2 milhões de doses de vacinas pela Fiocruz, para o enfrentamento do coronavírus. A instituição é a responsável pela produção da vacina desenvolvida pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford no Brasil. A expectativa é que as primeiras doses comecem a chegar ao país este mês.

A importação, que teve sinal verde no último dia 31, é considerada excepcional, porque o imunizante ainda não teve seu uso emergencial aprovado, assim como o registro sanitário. Ao justificar o pedido à agência, a Fiocruz alegou que pretende antecipar a disponibilização de vacinas a partir do momento em que o produto for autorizado pela Anvisa.

Como se trata de uma importação de vacina que ainda não foi aprovada no Brasil, a entrada no país deve seguir algumas condições estabelecidas pela Anvisa. A principal exigência é que as vacinas importadas fiquem sob a guarda específica da Fiocruz até que a Anvisa autorize o uso do produto no país.

“Para isso, a Fiocruz deve garantir as condições de armazenamento e segurança para manutenção da qualidade do produto”, destacou a Anvisa em seu comunicado.

As doses importadas foram fabricadas pelo Serum Institute of India PVT. LTD, que é uma das empresas participantes do Covaxx Facility, o programa de aceleração e alocação global de recursos contra o novo coronavírus coliderada pela OMS. Atualmente, existem quatro vacinas com pesquisa autorizadas no Brasil.

*Com informações de O Globo

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Vacina da Pfizer é a 1ª a ter uso emergencial aprovado pela OMS

A OMS (Organização Mundial da Saúde) aprovou hoje o uso emergencial da vacina desenvolvida pela farmacêutica americana Pfizer, em parceria com a BionTech. O imunizante é o primeiro com chancela da agência especializada em saúde e subordinada à ONU (Organização das Nações Unidas).

A farmacêutica já afirmou, de acordo com dados da terceira fase de testes, que a vacina é segura e tem 95% de eficácia. Nas últimas semanas, tanto a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) quanto a FDA (Food and Drug Administration), a agência norte-americana, aprovaram o uso emergencial do imunizante. A Pfizer afirmou ontem que, no Brasil, cogita solicitar o uso emergencial após reunião com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A Lista de Uso Emergencial da OMS (EUL) abre portas para que países acelerarem seus próprios processos de aprovação regulatória para importar e administrar a vacina, disse a agência. Segundo a OMS, a aprovação também permite que a UNICEF e a Organização Pan-Americana da Saúde adquiram a vacina para distribuição aos países necessitados.

Especialistas em regulamentação sanitária de todo o mundo e equipes da própria OMS revisaram os dados sobre a segurança, eficácia e qualidade da vacina Pfizer, como parte de uma análise de risco x benefício, informou a organização em comunicado divulgado no site.

A revisão concluiu que a vacina atendeu aos critérios obrigatórios de segurança e eficácia estabelecidos pela OMS, e que os “benefícios do uso da vacina para tratar o covid-19 compensam os riscos potenciais”.

“Este é um passo muito positivo para garantir o acesso global às vacinas contra a covid-19. Mas quero enfatizar a necessidade de um esforço global ainda maior para conseguir o fornecimento de vacina suficiente para atender às necessidades das populações prioritárias em todos os lugares “, disse a Dra. Mariângela Simão, Subdiretora Geral da OMS para Acesso a Medicamentos e Produtos de Saúde, em nota.

“A OMS e nossos parceiros estão trabalhando noite e dia para avaliar outras vacinas que alcançaram os padrões de segurança e eficácia. Nós encorajamos ainda mais desenvolvedores a participarem da nossa revisão e avaliação. É de vital importância garantir o suprimento crítico necessário para atender todos os países do mundo e conter a pandemia.”

O Grupo Estratégico de Especialistas em Imunização (SAGE) da OMS divulgará, em 5 de janeiro de 2021, políticas e recomendações específicas de vacinas para o uso da Pfizer em populações de diversos países, com base nas recomendações de priorização populacional do SAGE para vacinas contra a covid-19 em geral, divulgadas em setembro de 2020.

Ainda no comunicado, a agência explicou que a EUL avalia a “adequação de novos produtos de saúde durante emergências de saúde pública” — o objetivo principal é disponibilizar medicamentos, vacinas e diagnósticos o mais rápido possível para atender à emergência, “respeitando critérios rigorosos de segurança, eficácia e qualidade”.

A avaliação pesa a ameaça representada pela emergência, bem como o benefício que adviria do uso do produto contra quaisquer riscos potenciais.

No Brasil

Ontem, a Pfizer afirmou, após nova reunião com a Anvisa, que voltou a cogitar a solicitação para o uso emergencial da sua vacina contra a covid-19 no Brasil. A empresa tinha afirmado na última segunda-feira (28) que iria submeter o imunizante apenas para a chamada submissão contínua.

O argumento da Pfizer, no início da semana, era que tinha “esbarrado em dificuldades” do Guia de Submissão para Uso Emergencial, elaborado pela própria agência brasileira.

Porém, hoje, com novos esclarecimentos da Anvisa, o laboratório declarou que há a possibilidade da agência “modular” pontos específicos do guia de submissão, possibilitando maior agilidade na submissão deste tipo de processo.

“Uma nova reunião técnica será realizada e, com base nessa discussão adicional e no andamento das negociações com o Governo Brasileiro, a Pfizer irá avaliar a possibilidade de solicitar o uso emergencial”, disse a empresa, em comunicado.

“Em paralelo, a companhia continuará dando andamento ao processo de submissão contínua junto à Agência, em busca de uma rápida aprovação do registro de sua vacina”, acrescentou.

 

*Jamil Chade/Uol

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Saúde

Covid-19: ‘Tenho a impressão de morrer lentamente’: as pessoas que sofrem há meses com sintomas persistentes

Nove meses após ter contraído covid-19, a francesa Pauline Oustric, de 27 anos, ainda sofre de inúmeros sintomas ligados à doença, que a impedem de levar a vida que tinha antes. A jovem, que costumava correr e participar de competições de dança, hoje tem dificuldades para fazer pequenos esforços físicos. Uma caminhada de mais de 15 minutos provoca um grande cansaço que a obriga a se repousar durante horas ou até mesmo um dia inteiro.

Seus problemas respiratórios, digestivos e de raciocínio melhoraram, mas 40 semanas depois de ser infectada, ela ainda sofre de dores torácicas, na altura do coração, que a impedem de se movimentar normalmente, além de acufenos (zumbido nos ouvidos).

O caso de Pauline, que não precisou ser hospitalizada quando contraiu o novo coronavírus, está longe de ser isolado. Milhares de pessoas sofrem da chamada “covid-19 longa”, com sintomas que afetam vários órgãos do corpo e perduram meses depois do início da infecção.

“Eu ainda não recuperei minha saúde, que era perfeita, nem minha energia de antes”, diz Pauline, que afirma viver desde março em “uma montanha russa”, alternando dias bons e ruins por causa dos sintomas cíclicos.

Essa forma prolongada da doença, observada por alguns médicos, já vem chamando a atenção das autoridades médicas há algum tempo.

Em agosto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a existência de sequelas a longo prazo da covid-19 após uma videoconferência de seu diretor-geral, Tedros Adhanon Ghebreyesus, com pacientes de várias nacionalidades afetados por sintomas persistentes da doença.

“Nós sabemos relativamente pouco ainda sobre os efeitos a longo prazo da covid-19. Nos engajamos a colaborar com os países para que essas pessoas possam beneficiar dos serviços que precisam e para fazer avançar as pesquisas em seu favor”, afirmou o diretor-geral da OMS após o encontro.

Pauline, que participou dessa conferência, é uma das fundadoras e presidente da associação francesa “AprèsJ20” (“Depois do 20° dia”), nome que faz referência ao fato de que sintomas múltiplos da covid-19 se prolongam além do prazo normalmente indicado para quem não desenvolveu formas graves da doença.

“AprèsJ20” começou com uma hashtag lançada em abril no Twitter, seguida pela criação de grupos em outras redes sociais, com milhares de relatos de pessoas que diziam sofrer de sintomas prolongados da covid-19.

Em muitos casos, os problemas persistentes eram ligados a fatores psicológicos, como a ansiedade.

Na França, arte dos pacientes de covid-19 longa reunidos na hashtag “AprèsJ20” formou o grupo da associação que leva o mesmo nome.

Ela tem quatro objetivos: o reconhecimento da covid-19 longa baseada nos sintomas (e não unicamente em testes) para efeitos de indenização pelo Seguro Social francês, tratamentos médicos pluridisciplinares devido ao fato da doença afetar diferentes órgãos, melhor acesso a informações para médicos e público, além da realização de pesquisas científicas na área.

No início da pandemia, não havia na França testes disponíveis em ampla escala para a população como atualmente. Por isso, muitas pessoas que ainda apresentam os sintomas da doença meses depois não tiveram, na época, o diagnóstico confirmado por meio de testes.

A associação também atua em colaboração com médicos e pesquisadores para aprofundar informações sobre a covid-19 persistente.

Comunidades online de pacientes do mesmo tipo também surgiram em outros países, como o Reino Unido.

No dia em que concedeu a entrevista à BBC News Brasil, a presidente da AprèsJ20 havia passado antes quatro horas deitada devido a um grande cansaço.

“Hoje, não me sinto mais capaz de trabalhar tanto como antes. Mas mesmo trabalhando menos, me sinto mais cansada”, diz a jovem, que colocou uma cama ao lado da mesa do computador para facilitar sua necessidade de repouso constante.

Pauline morava na Inglaterra, onde contraiu o Sars-CoV-2, e precisou voltar para a casa dos pais na França porque, segundo ela, não pode mais fazer tudo sozinha e precisa de um acompanhamento diário.

Pauline afirma que médicos identificaram nela uma disfunção de seu sistema neurovegetativo, que regula o corpo, o que poderia explicar seus problemas respiratórios, cardíacos, digestivos, musculares e de confusão mental.

Amélie Perrier, 43 anos, também sofre de covid-19 longa. Antes de março, quando contraiu a doença, costumava correr de 60 a 80 quilômetros semanalmente, além de participar de maratonas e fazer musculação.

“Hoje, um bom dia é quando consigo caminhar dois quilômetros”, diz ela, que lamenta muito não poder mais praticar esportes.

“Não é uma gripezinha”, diz Amélie. “Me sinto presa no meu corpo. Há dias em que tenho a impressão de morrer lentamente.”

Apesar da dificuldade para respirar normalmente e das dores no peito quando contraiu a covid-19, ela não foi hospitalizada.

Nove meses depois de ter sido infectada, Amélie ainda sofre de problemas respiratórios, “um cansaço imenso”, irritações na pele e problemas de perda de voz no decorrer do dia, que tornam difícil para ela se comunicar à noite.

Como no caso de Pauline, a covid-19 longa também mudou radicalmente sua vida. Ela era assessora de imprensa, trabalho que “adorava”, e atualmente está sem atividade profissional. A energia que lhe resta, afirma, reserva para se dedicar à filha de seis anos.

Ela acordava diariamente às 5 horas da manhã para correr e hoje tem dificuldades para se levantar da cama antes das 9 horas.

Amélie, que também é uma das fundadoras da associação AprèsJ20, teve melhoras nos meses de maio e agosto. Por isso, ela nem imaginava que ainda teria sintomas da covid-19 no mês de dezembro e chegou até a prever que participaria de uma corrida no final do ano.

Mas após algumas recaídas ela constatou que é melhor não fazer mais planos e viver um dia de cada vez. “Eu aceitei a doença. É preciso saber se adaptar e ter esperança”, ressalta.

Ela diz sentir “raiva” das pessoas que protestam pela reabertura de comércios ou que não respeitam os protocolos sanitários. “Falta solidariedade. As pessoas em boa saúde precisam perceber que pode acontecer com qualquer um, em qualquer idade.”

Os sintomas da covid-19 longa variam de um paciente para outro. A fadiga é um elemento comum.

A associação AprèsJ20 fez uma longa lista dos principais problemas sofridos, que vão de vertigens à perda de memória, dificuldades de concentração, taquicardia, dores no peito, nas articulações e nos dentes, falta de lubrificação nos olhos, entre inúmeros outros.

 

*Com informações do Uol

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Saúde

Margareth Dalcolmo: ‘Ser vacinado não nos isenta de andar de máscara pelos próximos dois anos’

Para a pneumologista e pesquisadora da Fiocruz, país perdeu o ‘timing’ na organização da vacinação contra a Covid-19.

Uma das profissionais de saúde mais atuantes durante a pandemia, Margareth Dalcolmo, pneumologista e pesquisadora da Fiocruz, é categórica ao afirmar que o país está atrasado na organização da vacinação, o que vai estender o prazo para imunização da população brasileira.

Em entrevista à Folha, ela critica o obscurantismo do discurso oficial a respeito da gravidade da pandemia, destaca o trabalho dos pesquisadores e diz que é obrigação de toda a comunidade acadêmica vir a público para esclarecer as dúvidas da população, inclusive em relação às vacinas.

A pesquisadora ainda alerta que os cuidados como uso de máscara de proteção, distanciamento social e evitar locais fechados deverão permanecer pelos próximos dois anos, mesmo após a chegada da vacina.

“São medidas civilizatórias.”

Muitos pesquisadores afirmam que o Brasil está atrasado no plano de vacinação. Qual impacto que a demora nessa organização da imunização terá sobre o controle da pandemia?

Nós temos um atraso no “timing” das providências. Há oito meses, assim que a epidemia eclodiu, as vacinas começaram a ser produzidas. Isso é uma coisa inédita. Nunca se produziu tanto em tão pouco tempo. Foram usadas plataformas de vacinas completamente novas.

O Brasil fez uma coisa muito boa, que foi investir em um processo de transferência de tecnologia e de nacionalização da vacina junto à AstraZeneca através da Fiocruz, que é, sem dúvida, louvável.

Por outro lado, deixamos de prestar atenção nas outras vacinas que estavam em produção no mundo. E, hoje, há vacinas que já estão sendo aprovadas e nós não temos cronograma nem acordos de cooperação para sua compra.

Então, hoje, quando nós vemos o nosso ministro adiantar que vai ter uma compra de 70 milhões de doses junto à Pfizer, é estranho. Porque, até onde sabemos, o que temos assegurado são 8,5 milhões de doses.

Por outro lado, há a vacina da Sinovac, junto ao Instituto Butantan. As vacinas não podem ser para um estado só. Elas têm de ser incorporadas ao PNI [Programa Nacional de Imunização].

Estamos vivendo um momento de grande paradoxo. Se por um lado o Brasil tem grande tradição, reconhecida internacionalmente, de saber vacinar, pois o PNI é muito estruturado e organizado, por outro temos a preocupação com a logística e a aquisição de insumos.

Haverá várias vacinas, e a logística é diferente para cada uma delas.

Já a questão dos insumos é preocupante. Não porque não consigamos comprar 300 mil seringas e agulhas —se a produção brasileira não der conta, há condições de adquirir no mercado externo, mas o mundo inteiro está atrás da mesma coisa, o que deve aumentar os custos.

Isso poderia ter sido tratado antes.

E há uma desigualdade evidente em relação às vacinas. O Canadá, por exemplo, já está com cinco doses de vacina para cada habitante, por exemplo. Eles vão doar as doses excedentes para o consórcio Covax Facility, que deve destina-las aos países mais pobres — o que, certamente, não é o caso do Brasil.

​A sra. previu o janeiro mais triste da história. O que ainda é possível fazer para evitar um desastre?

Estamos num momento epidemiológico muito grave, esse recrudescimento que houve do mês de outubro para cá vai resultar realmente em uma segunda onda no Brasil. Vamos ter um fim e um começo de ano muito tristes no país, com uma segunda onda estabelecida.

A doença se rejuvenesceu. Temos visto muito mais jovens ficarem doentes.

Os jovens se acham invulneráveis, se aglomeram, estão trazendo a doença para dentro de casa. Entendo que esteja todo mundo muito cansado. Mas é uma epidemia longa, grave, desigual, que desnudou a desigualdade social obscena do Brasil.

Quando você vê a fila de pessoas esperando um leito para serem operadas, escândalos havidos em hospitais de campanha, corrupção em compras emergenciais, a gente se constrange muito.

E temo que se não resolvermos essa questão de insumos de uma maneira harmônica, mesmo sendo de responsabilidade dos municípios, isso vai dar margem a outro tipo de irregularidade, para não dar outro nome.

Se somarmos o que tem previsto de compra de insumo federal, estadual e municipal, ultrapassa os 300 milhões ao que o ministro está se referindo. Para quê? Nós somos 200 milhões de habitantes. Não vamos conseguir vacinar todo mundo. Não há vacina para todo mundo.

Aliás, não haverá vacina para todo mundo em todo lugar do mundo, porque se nós somarmos tudo o que vai ser produzido, vamos ter aproximadamente 2,7 bilhões de doses em 2021. Nós somos quase 8 bilhões de habitantes no planeta. A disputa por doses também é muito desigual.

Sabemos que os países ricos vêm na frente e compram.

Se o país tivesse se antecipado nesses processos, seria possível ampliar a quantidade de vacinados em 2021?

Acho que sim, pelo menos em questão de prazos.

O que está previsto no cronograma do Ministério da Saúde é um período contínuo de 16 meses. Isso é muito tempo, porque precisaríamos ter uma taxa de população vacinada no ano de 2021 perto de 60%, para alcançarmos a célebre imunidade de rebanho, de que todo mundo fala, mas que é um termo que só se aplica à vacinação.

Se nós tivéssemos nos adiantado na aquisição de doses e insumos, e tivéssemos investido pesadamente na logística da vacinação, poderíamos alcançar isso. Entendo que o Brasil é complexo, mas temos tradição e expertise em vacinação. O Brasil sabe vacinar.

Pesquisa Datafolha de dezembro mostra que 22% dos brasileiros não pretendem se vacinar contra a Covid-19, e esse índice chega a 50% se a vacina for chinesa. A que a sra. atribui esse descrédito da vacina?

A duas coisas. Primeiro, a um discurso muito equivocado por parte de algumas autoridades. Um discurso que é um desserviço ao Brasil e à opinião pública, que desacredita as vacinas.

Segundo, à ignorância. Ignorância no sentido de não saber. E é aí que entra o nosso papel de médicos, cientistas e pesquisadores de alertar e informar a população. As pessoas têm de entender que tudo vem da China. Não é que a vacina da Coronavac é chinesa. A vacina da AstraZeneca, cuja fábrica foi visitada recentemente pela Anvisa, fica na China. O insumo farmacêutico ativo, chamado de IFA, que nós vamos receber agora para produzir a vacina, vem da China.

A China é o maior produtor do mundo de matéria-prima da indústria farmacêutica e da indústria de biotecnologia. Por isso é uma questão de alertar a população. Vejo pessoas que ingenuamente dizem que só querem tomar a vacina inglesa. A vacina inglesa também vem da China.

Esse preconceito não é arraigado. É um preconceito ingênuo alimentado por um discurso oficial obscurantista.

 

*Com informações da Folha

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