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Apoio dos EUA a israelenses pode fazer com que Israel bombardeie até o Irã, diz analista

Para ex-funcionário do Pentágono, se não fosse o apoio norte-americano a Israel, o barril de pólvora que se encontra a região neste momento não estaria prestes a explodir, e Tel Aviv não teria coragem de expandir sua campanha militar como já prometeu algumas vezes.

Na noite de ontem (11), os Estados Unidos e o Reino Unido lançaram uma operação militar contra os houthis no Iêmen. De acordo com a BBC, a maioria dos bombardeamentos aconteceram em bases aéreas e aeroportos do país, alguns perto de áreas residenciais. A ação foi uma resposta aos ataques houthis a navios no mar Vermelho, disse o governo de ambos os países.

De fato, os houthis têm atacado embarcações na região, mas também já apresentaram sua justificativa: a campanha militar de Israel na Faixa de Gaza, a qual já deixou mais de 23 mil pessoas mortas. O grupo iemenita disse que só pararia as ações no mar Vermelho quando um cessar-fogo fosse alcançado no enclave palestino.

EUA e Reino Unido lançaram uma operação militar contra os Houthi no Iêmen, informou a mídia local – Sputnik Brasil, 1920, 11.01.2024
Panorama internacional
EUA e Reino Unido lançaram uma operação militar contra os houthis no Iêmen, informa a mídia local

Para o ex-analista sênior de política de segurança do Pentágono, Michael Maloof, foi “apenas por causa do aval norte-americano que os israelenses foram encorajados” a lançar tamanha campanha militar, e que enquanto “Washington fornecer esse apoio”, as Forças de Defesa de Israel (FDI) não vão parar de atuar em Gaza.

“Estamos em uma ladeira muito escorregadia agora. Os Estados Unidos poderiam entrar em uma guerra, e até agora Joe Biden não demonstrou uma liderança forte. […] foi apenas por causa dos Estados Unidos que os israelenses foram encorajados e estão avançando. O que poderia impedi-los é se os EUA parassem todas as suas exportações de munições para Israel neste momento, porque caso contrário estariam apenas a alimentá-lo. […] estamos jogando cada vez mais gasolina no fogo. […] Israel [também] se sente encorajado e agora quer ir para o sul do Líbano. Portanto, enquanto os Estados Unidos fornecerem esse apoio, é com isso que vamos nos deparar […]”, afirmou Maloof em entrevista à Sputnik.

O ex-analista ainda destacou que “a administração Biden tem sido negligente em sua visibilidade” nas últimas semanas e, com um ano eleitoral pela frente, “precisa dar a impressão de estar novamente forte”. Em sua visão, o bombardeio no Iêmen também acontece porque “as pessoas precisam ter a imagem de um executivo-chefe forte, e Biden tem sido tudo menos isso”.

Assim como Biden, Maloof mencionou o secretário de Estado, Antony Blinken, o qual classificou como tendo “uma eficácia praticamente zero” ao sublinhar que a visita feita pelo secretário ao Oriente Médio não surtiu nenhum efeito.

“Bem, claramente, a visita de Blinken foi inútil. Os houthis continuaram atacando mesmo enquanto ele estava na região. Portanto, sua eficácia é praticamente zero. […] Ele é muito tímido e manso […] e não está fazendo nada que provoque ou demonstre qualquer capacidade de unir esses lados. E tudo o que ele está fazendo é gastar, desperdiçar dinheiro viajando por aí sem fazer nada […]”, afirmou.

Além de uma liderança enfraquecida na presidência e na política externa, Maloof citou a “desordem” do Congresso norte-americano e a resistência em aprovar pedidos da administração Biden. No entanto, ressaltou que Israel é um caso diferente da Ucrânia.

“Infelizmente, temos um Congresso que está em desordem. E há agora um enorme debate em curso sobre a possibilidade de continuar a apoiar não só a Ucrânia, mas também Israel. No entanto, Israel provavelmente venceria entre os dois, devido ao formidável lobby israelense que existe no Congresso. Isso está tornando o nosso ano eleitoral, para dizer o mínimo, muito tumultuado.”

Por fim, Maloof disse que a situação no Oriente Médio está um caos de tal forma que, continuando a campanha militar, Israel poderia até “ter a rara capacidade de unir os sunitas e os xiitas”, concluindo “que isso não vai funcionar tão bem”.

“Se os israelenses continuarem a bombardear Gaza e expandirem a guerra, como prometeram fazer no Líbano, terão a rara capacidade de unir os sunitas e os xiitas. […] Quando você fizer com que os dois pensem da mesma maneira, isso será problemático. Por enquanto, países como a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, que são sunitas, querem realmente reprimir tudo porque têm outras agendas. […] os sauditas têm trabalhado arduamente para pôr fim à guerra com o Iêmen. Se eventualmente houver pressão exercida até mesmo sobre esses países, se Israel quiser avançar, vão bombardear até o Irã. Portanto, enquanto os Estados Unidos lhes derem essa capacidade, as coisas não terminarão muito bem”, concluiu o ex-analista.

*Sputnik

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Vídeo: Almirante dos EUA parabeniza golpe na Bolívia que teve seu apoio

‘Há pressão econômica, pressão diplomática e a dos militares; nossa força militar tem apoiado essa pressão’, afirmou Craig Stephen Faller, responsável pelo Comando Sul, que inclui a IV Frota.

O almirante norte-americano Craig Stephen Faller disse na última sexta-feira (15/11) que o Comando Sul do país acompanhou de perto os últimos acontecimentos da Bolívia e parabenizou o “profissionalismo” das Forças Armadas bolivianas na “defesa da democracia” no país.

Na sequência da mesma entrevista, a um rede de TV digital da oposição venezuelana, a VPI TV, Faller pediu para que outras “forças armadas sejam profissionais, porque sei que há profissionais que fazem o correto”.

O Comando Sul reúne um conjunto de forças militares norte-americanas responsável pelo planejamento de contingência, pelas operações e pela cooperação militar com países da América Central, do Sul e Caribe. Uma das forças sob o comando de Faller é a chamada IV Frota, recriada recentemente. O Comando Sul dispõe de até 4.000 homens para atuação imediata na América do Sul. O símbolo das tropas sob o comando de Faller é um escudo com uma águia ao alto, representando os Estados Unidos, e o mapa da América Central e do Sul abaixo.

A entrevista configura um verdadeiro chamado para uma intervenção militar na Venezuela. A jornalista que entrevista Craig pergunta diversas vezes quais são as ações e planos do Comando Sul e dos Estados Unidos para a Venezuela.

As declarações do almirante aconteceram um dia antes de uma grande manifestação em apoio ao governo de Nicolás Maduro e do fracasso quase que total de um protesto de apoiadores da oposição e do presidente autoproclamado Juan Guaidó. A fala de Faller incitava ainda que os militares da Venezuela “considerem seu juramento e façam a coisa certa”, numa insinuação bastante explícita de que eles receberiam apoio dos EUA no caso de atuarem de forma semelhante ao que ocorreu na Bolívia.

“Nosso enfoque aqui é trabalhar junto as verdadeiras, boas e profissionais forças de seguranças de Colômbia e Brasil. E outras [forças] regionais que são muito efetivas, que ajudam a compartilhar informações e compreendem a gravidade da situação e tentam encontrar formas de ajudar. Nosso governo, dos Estados Unidos, segue fazendo pressão no governo de Maduro e assim desenvolvemos um papel de assistência aqui”, afirmou.

Em outra ocasião, Faller já havia comparado o governo do presidente Maduro ao da Síria de Bashar al-Assad, dizendo que a Venezuela se aproximaria de uma situação similar se o mandatário venezuelano não deixasse o poder.

Questionado sobre uma possível intervenção militar na Venezuela, o almirante afirmou que já há “pressão” de países e que isso é um “fator importante”, pois, segundo ele, Maduro “está cada vez mais isolado”.

“A comunidade internacional está aplicando muita pressão, são mais de 50 nações unidas. E esse é um fator importante na pressão que está sendo aplicada. Então, há pressão econômica, pressão diplomática e a dos militares. Nossa força militar tem apoiado essa pressão”, disse.

Faller ainda afirma, sem se preocupar minimamente em oferecer qualquer tipo de comprovação, que “há uma conexão do narcotráfico e o governo de Maduro”, sendo o presidente um “narcotraficante que agora tem um livre reinado para governar junto com outros governos” e que apoia o terrorismo internacional.

Durante a entrevista, Cuba, Rússia e China foram citados como apoiadores de Maduro.

O almirante afirmou ainda que toda a política estratégica do Comando Sul segue as linhas governamentais norte-americanas e disse que deixa aos “responsáveis políticos” as decisões e, assim, se “mantêm focado no papel militar”. “Nosso trabalho deve ser estarmos prontos para cooperar com nossos sócios compartilhando informações e inteligências”, afirmou.

Veja a entrevista completa (em espanhol) abaixo:

 

 

*Com informações do Ópera Mundi