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Cresce movimento evangélico contra Bolsonaro: “Permitiu a morte de mais de 500 mil irmãos”

Manifesto da Coalizão Evangélica contra Bolsonaro afirma que o “bolsonarismo cria uma religiosidade mentirosa”.

Evangélicos de todo o Brasil lançaram nesta quinta feira (22) um manifesto contra a “política de morte” do presidente Jair Bolsonaro. O documento é assinado por 37 entidades religiosas.

Compõem o movimento, grupos que resistem ao retrocesso que o país atravessa desde o processo de impeachment de Dilma Rousseff, em 2016 – como a Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito – e outros, que vêm aderindo à Coalizão Evangélica contra Bolsonaro, na medida em que evolui a crise, sanitária, social, política e econômica do país.

“Bolsonaro não tem ideia do que seu negacionismo causou na base da fé cristã, dos protestantes, o que deve ter acontecido com católicos e espíritas”, diz o pastor Ariovaldo Ramos, coordenador da Frente.

A realidade associada à tragédia que se aproxima de levar cerca de 540 mil brasileiros à morte é impossível de ser negada. O combate de Bolsonaro a medidas simples, mas fundamentais, como uso de álcool em gel, máscaras de proteção, distanciamento social, e até mesmo às vacinas, foi seguido por milhões de evangélicos, e o resultado catastrófico se abateu sobre eles.

“A proporção de evangélicos [entre 25% e 30% da população brasileira] que morreram é muito grande. Muitos pastores cooperaram com o negacionismo de Bolsonaro. As pessoas o apoiaram na prática, foram a movimentos, cultos, encontros. Mas então começaram a ser assaltadas pela realidade”, diz Ramos. “O tio, a avó, o avô, parentes começaram a morrer.”

Mas não apenas isso. Houve um templo, conta o religioso, que perdeu seus cinco pastores para a covid-19 de uma única vez. “As pessoas dormiram com cinco pastores liderando uma grande comunidade e acordaram com os cinco mortos. Isso causa um impacto emocional que não se mede por estatísticas, (isso) criou marcas profundas.”

Segundo avaliação de Ramos, presbítero da Comunidade Cristã Reformada em São Paulo, após a explosão da pandemia e “a debacle nacional” – desemprego, crescimento da fome etc. – , os evangélicos começaram a abandonar o barco bolsonarista. “Começou no povo, e foi chegando aos pastores. A adesão de pastores (ao “Fora Bolsonaro”) é cada vez maior.”

Crise de fé

Os efeitos perversos causados por Bolsonaro com seu negacionismo transcendem a própria realidade concreta (e perversa). A aliança entre pastores e o presidente, a pregação de que as pessoas podiam desprezar máscaras e demais cuidados, porque “não vai acontecer nada”, provocou uma crise de fé.

Graças ao negacionismo, as mortes se alastraram entre as comunidades evangélicas, e as pessoas começaram a se perguntar? “’Por que aconteceu comigo, com o pastor, com meu tio? Nós não tivemos fé?’ Então precisamos dizer às pessoas que não tem nada a ver com fé, tem a ver com descuido, irresponsabilidade, pandemia, contaminação”, diz o pastor.

Por tudo isso, na opinião de Ariovaldo Ramos, a credibilidade de Bolsonaro entre os cristãos, e não apenas os evangélicos, não tem como ser recuperada. As informações de que ele não só não comprou a vacina, como trabalhou para disseminar o vírus e pela homicida tese da imunização de rebanho se tornaram reais pelos fatos em si, indesmentíveis.

Estatisticamente, cada família brasileira tem alguém próximo, senão dos círculos próximos, que veio a falecer, ou foi infectado gravemente, teve sequela etc. Esse impacto, por motivos óbvios, vem sendo devastador entre os religiosos que seguiram as “recomendações” do chefe de governo. “Duvido que Bolsonaro consiga convencer as pessoas do contrário do que já está claro. Um ou outro pode ser assaltado pela dúvida, mas um refluxo não vai acontecer”, prossegue o religioso.

No Manifesto da Coalizão Evangélica contra Bolsonaro, os evangélicos afirmam que o “bolsonarismo cria uma religiosidade mentirosa que nada tem a ver com o verdadeiro Evangelho, causando perversão e idolatria cega, além de uma ignorância negacionista, tanto da ciência como dos ensinamentos libertadores e verdadeiros de Jesus Cristo”.

“Enquanto, nos Evangelhos do Novo Testamento, encontra-se a valorização da vida e da dignidade humana, a cura de enfermos e a multiplicação dos pães e peixes, no governo de Jair Bolsonaro há “um agir maligno, que já permitiu a morte desnecessária de mais de meio milhão de irmãos e irmãs”, diz o documento.

Esse comportamento se materializa na rejeição de dezenas de e-mails da Pfizer, na negação do auxílio emergencial de R$ 600 e, ao mesmo tempo, na concessão de bilhões de reais a políticos via emendas parlamentares. “A nossa fé não combina com um governo que, como disse Jesus, se assemelha à face do mal – que veio para matar, roubar e destruir (João 10:10)”, diz a coalizão evangélica.

Leia a íntegra do Manifesto da Coalizão Evangélica contra Bolsonaro neste link.

Assinam o documento:

Aliança de Batistas do Brasil – ABB @aliancadebatistas
Aliança de Negras e Negros Evangélicos do Brasil (ANNEB)
Coletivo de Mulheres das Organizações Religiosas do Distrito Federal (COMOR-DF)
Coletivo Esperançar @esperancar
Cristão contra fascismo @cristaoscontraofascismo
Cuxi Coletivo Negro Evangélico @cuxicoletivonegroevangelico
Evangélicas Pela Igualdade de Gênero @mulhereseig
Evangelicxs pela Diversidade @evangelicxs_
Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito @frentedeevangelicos
Frente Evangélica Pela Democracia no Maranhão
Frente Evangélica pela Legalização do Aborto @evangelicaspelalegalizacao
Frente Evangélica Socialista
Movimento Negro Evangélico @mnebrasil
Movimento Pela Bancada Evangélica Popular – @bancadaevangelicapopular
MOSMEB – Movimento social de Mulheres Evangélicas do Brasil @mosmebrasil
Núcleo de Evangélicas e Evangélicos do PT @evangelicosptoficial
Núcleo de Evangélicas e Evangélicos do PT AM
Núcleo de Evangélicas e Evangélicos do PT BA @nept.ba
Núcleo de Evangélicas e Evangélicos do PT DF @NEPTDF
Núcleo de Evangélicas e Evangélicos do PT MA
Núcleo de Evangélicas e Evangélicos do PT MG @NePTMG
Núcleo de Evangélicos e Evangélicos do PT PB
Núcleo de Evangélicos e Evangélicos do PT PR @neptpr
Núcleo de Evangélicos e Evangélicos do PT RN
Núcleo de Evangélicas e Evangélicos do PT SC @evangelicxdoPTSC
Paz e Esperança Brasil @pazesperancabr
Plataforma Intersecções @interseccoes
Rede Fale @redefale
Revista Zelota @revistazelota
Rede de Mulheres Negras Evangélicas @redenegrasevangelicas
Igreja Batista do Caminho @ibcaminho
Comunidade Cristã na Zona Leste @cczl_oficial
Igreja Cristã Redenção Baixada @icredencao
Nossa Igreja Brasileira @nossaigrejabrasileira
Refugo – @refugobrasil
Comunidade Batista do Caminho – Campina Grande/PB comunidadedocaminhocg
Igreja Evangélica Maravilhosa Graça / MA

*Com informações do Brasil de Fato

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EXAME/IDEIA: Bolsonaro perde apoio entre evangélicos, sua base mais fiel

A avaliação do governo do presidente Jair Bolsonaro está no pior momento desde que assumiu o Palácio do Planalto, em janeiro de 2019.

Segundo a Exame, a desaprovação do governo do presidente Jair Bolsonaro está no pior momento desde que assumiu o mandato, em janeiro de 2019. Os brasileiros que consideram a gestão como ruim ou péssima somam 50%. Esse patamar tem se mantido há dois meses, oscilando apenas dentro da margem de erro, que é de três pontos percentuais para mais ou para menos. Aqueles que avaliam o governo como ótimo ou bom são 24%, e os que consideram regular, 22%.

A avaliação positiva caiu mesmo no grupo que é considerado a “fortaleza” do presidente: os evangélicos. Em janeiro deste ano, entre os que se declaravam seguidores da religião, 45% avaliavam a gestão de Bolsonaro como boa ou ótima . Já em maio, o percentual caiu para 38%. Entre os evangélicos, os que consideram o governo ruim ou péssimo somam 31%, percentual bem abaixo do verificado na população em geral.

Os dados são da mais recente pesquisa EXAME/IDEIA, projeto que une Exame Invest PRO, braço de análise de investimentos da EXAME, e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. O levantamento ouviu 1.243 pessoas entre os dias 17 e 20 de maio. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. Confira a pesquisa completa.

Insatisfações

A principal insatisfação da população, incluindo a comunidade evangélica, é a morosidade no processo de vacinação contra a covid-19. O Brasil ainda está na fase de imunização do grupo prioritário, composto por 77 milhões de pessoas. Estimativas do próprio Ministério da Saúde apontam que esta etapa será concluída apenas em setembro, e a imunização de toda a população deve avançar para 2022.

Outro ponto de perda de apoio é a situação grave, com altas taxas de mortes, da pandemia de coronavírus, como explica o pastor Ariovaldo Ramos, um dos fundadores da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito.

“Uma questão que talvez tenha escapado a alguns é que dentro da população evangélica há um grande número de vítimas da covid-19. Quando Bolsonaro começou a dizer que era uma gripezinha, que o número de vítimas seria irrisório, essa prática fez muitos evangélicos apoiarem o negacionismo”, diz o pastor que representa o movimento que surgiu em 2016 e está espalhado por todo o Brasil.

E não só entre os evangélicos diminuiu o apoio ao presidente Bolsonaro. Entre os católicos, a aprovação passou de 27%, em janeiro, para 19% na pesquisa EXAME/IDEIA de maio. No começo deste ano, um grupo que reúne mais de 300 líderes religiosos cristãos protocolou um pedido de impeachment do presidente. Na lista estavam padres católicos, anglicanos, luteranos, metodistas e também pastores.

Bolsonaro contra suspensão de cultos

O presidente Bolsonaro sempre se colocou contrário às medidas adotadas por governadores e prefeitos de restringir atividades religiosas presenciais, para evitar aglomerações e a disseminação do vírus. A Advocacia-Geral da União chegou a pedir no Supremo Tribunal Federal (STF) a suspensão dos decretos locais, sob o argumento de perseguição religiosa.

A corte analisou poucos dias depois uma outra ação de mesmo tema, mas promovida pelo PSD e pelo Conselho Nacional de Pastores do Brasil. A maioria dos ministros entendeu que cabe aos governadores e prefeitos a escolha sobre a proibição de missas e cultos durante a pandemia de covid-19.

O pastor Ariovaldo Ramos ainda destaca que chegou a conversar com outros amigos pastores que mantiveram cultos presenciais e que, em pouco tempo, muitos membros dessas comunidades começaram a contrair o coronavírus. “Foi aí que eles começaram a se dar conta que foram enganados pelo governo, com um discurso que na prática não se sustentava”, afirma.

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