A pergunta que quase todos os brasileiros fazem é, aonde vamos parar com um presidente encurralado pela tragédia generalizada em que ele jogou o país em função de um esquema de corrupção cada dia mais escancarado com denúncias de todos os lados e investigações com provas irrefutáveis que podem levar todo o clã para a cadeia.
Lógico, se Bolsonaro pudesse, já teria dado o golpe. Como não pode, tenta forjar um suposto apoio popular que as pesquisas de opinião rapidamente o desmentem, revelando que até dias atrás ele já contava com 64% de rejeição, o que deve ter piorado muito depois dos atos de 7 de setembro.
Na realidade, o que se tem é um país paralisado caminhando para uma hiperinflação, principalmente dos alimentos, uma pandemia que já matou 600 mil brasileiros e segue matando 500 por dia.
Do outro lado, não há qualquer sinal de que exista alguém no governo com capacidade gerencial, o que explica por que chegamos a esse estado de coisas.
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Bolsonaro, ao entregar a Casa Civil a Ciro Nogueira (PP), mais propriamente ao centrão, promove uma espécie de autodestituição.
É certo que Bolsonaro, quando se candidatou à presidência da República, cumpria seu mandato de deputado federal eleito pelo PP. Como o PP foi o partido mais denunciado pela Lava Jato, a estratégia foi fazer de conta que Bolsonaro ficou no partido durante dez anos, chegando ao ponto de ser atacado por uma paródia feita pelo general Augusto Heleno, “se gritar pega centrão, não fica um, meu irmão”, fazendo alusão a uma quadrilha, tentando construir uma cortina de fumaça para não associar Bolsonaro a sua eterna casa política.
Afinal, Bolsonaro se vendia, podem rir, como o único candidato capaz de varrer a corrupção do país.
Agora, o mesmo Bolsonaro entrega ao PP o ministério mais estratégico do governo, a Casa Civil, deixando claro que teve que engolir o que vomitou contra o PP, porque não tem escolha, já que, para ao menos permanecer na cadeira da presidência como uma múmia, uma espécie de rainha da Inglaterra, terá que se submeter ao real dono da moradia, o centrão.
Isso também não deixa de ser uma pá de cal em Moro e numa boa parcela da mídia que, frequentemente, dizem que a Lava Jato foi um divisor de águas no Brasil no combate à corrupção. Então, pensa-se, grande divisor de águas! Um partido com a maior quantidade de políticos denunciados pela Lava Jato assume os assentos centrais do governo do mesmo Bolsonaro que, na fraude montada com Moro, colocou o ex-justiceiro de Curitiba nas pastas da Justiça e Segurança Pública como recompensa por ter tirado Lula da disputa eleitoral, condenando-o sem provas à prisão.
Não há mais nada a acrescentar, essa imagem é autoexplicativa e representa com fidedigna precisão o autoimpeachment de Bolsonaro, justamente porque o Congresso, que é dominado pelo centrão, tem literalmente Bolsonaro nas mãos, tal o acúmulo de crimes e, consequentemente, a pilha de pedidos de impeachment em função de sua folha corrida.
A CPI deu um mata-leão em Bolsonaro, este é o ponto central, revelando seus crimes, e certamente revelará muito mais. Sabendo disso, ele está se armando para se manter na presidência e não ser preso.