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Dallagnol e a BaladaJato organizada pela empresária que aparece nos vazamentos do Intercept

Na segunda-feira, dia 2, em parceria com a Agência Pública, o Intercept revelou que Dallagnol atuou diretamente para levar grandes empresários a financiar o “Instituto Mude – Chega de Corrupção”.

Trata-se de uma organização não-governamental que nasceu para coletar assinaturas em favor das dez famosas dez medidas contra a corrupção.

Dallagnol era uma espécie de diretor informal da coisa.

Em setembro de 2016, a co-fundadora do Mude, Patricia Fehrmann, escreveu o seguinte em um chat:

Olha a Rosangela Lyra na área gente: Oi Patricia acho que consegui 2 mega hiper Empresários, nao querem ver a palestra necessariamente mas dar um alo Lava Jato, para Deltan, e seria importante ter alguem do Mude junto pra explicar rapidamente o que precisamos, eles nao gostam de “perder” tempo entao precisa ser objetivo e rapido ok? Ela está falando sobre terça na Casa do Saber

Dallagnol responde: Bora.

Rosangela é ex-representante da Dior no Brasil e a palestra aconteceu no dia 13 de setembro daquele ano.

Ela ficou famosa nos protestos pelo impeachment, quando fez parte daquela fauna que aparecia em carros de som na Paulista de dia e tomando champanhe à noite nos Jardins.

Ex-sogra do volante Kaká, do São Paulo e da seleção brasileira, disputava os holofotes com a filha Caroline Celico.

Já conhecia Deltan de outros carnavais.

Em outubro de 2015, Rosangela organizou uma tal “Balada Contra Corrupção”, cuja estrela era Deltan, o Wesley Safadão da força tarefa.

A Veja São Paulo cobriu assim a soirée:

A noite de quarta (21) seria comum na Casa 92, balada que reúne mauricinhos e hipsters em Pinheiros. Carros de luxo esperavam sua vez no valet e muita gente bem vestida aguardava na fila para entrar no espaço.

Mas, ao contrário dos jovens habitués, quem compareceu ao evento de ontem foi um público ligeiramente mais velho, composto majoritariamente pela alta sociedade paulistana.

Estavam ali, claro, para beber champanhe, cerveja e suco de cranberry e lichia. A confraternização, no entanto, ia além. A festa, organizada pela empresária Rosângela Lyra, era uma balada contra a corrupção.

Para conseguir o ingresso, cada um teve que levar um papel com pelo menos dezesseis assinaturas em prol das “Dez medidas contra a corrupção”, iniciativa do Ministério Público Federal do Paraná para pressionar o Congresso por leis mais rígidas contra desvios de conduta dos políticos.

Os convidados não só atingiram a meta como dobraram a meta: houve gente que chegou com sacolas repletas de fichas preenchidas. Só a jornalista Lúcia Sauebronn conseguiu 400 nomes. “Fui pra Oscar Freire, para o Ibirapuera, pedi até no meu cabelereiro”, contou.

Por volta das 23 horas, com a casa cheia, chegou a “presença vip” da noite: o procurador da República Deltan Dallagnol, um dos coordenadores da força-tarefa que investiga a Operacão Lava-Jato no Ministério Público Federal do Paraná. Tímido e low profile [N.R.: imagine se não fosse], foi tratado como celebridade pelos presentes e não conseguia dar um passo sem posar para fotos e receber os parabéns pelo trabalho.

“Deltan, cadê você, eu vim aqui só pra te ver”, gritava Celine Carvalho, autointitulada “mãe” do Pixuleco, o boneco inflável do ex-presidente Lula. “Não, não viemos só para vê-lo, viemos para entregar as assinaturas que ajudamos a recolher”, rebateu Rosângela, visivelmente incomodada com a histeria em torno do procurador.

O discurso de Dallagnol na festa seria feito no quintal ao ar livre, onde a maioria estava acomodada, mas foi só o procurador pôr os pés na Casa 92 que um pé d’água começou a cair em São Paulo.

Procurando solução, Rosângela o levou para debaixo de um toldo, mas nada feito: a chuva engrossou mais e mais e o público começou a se dispersar, procurando se proteger do aguaceiro. (…)

Já com os sapatos encharcados, o procurador finalmente migrou para uma área fechada da balada e fez seu discurso. “Vocês acordaram cedo, estão cansados, tem chuva lá fora. São circunstâncias adversas que podem ser comparadas com as do nosso país hoje. O que precisamos é de pessoas como vocês, dispostas”, disse.

Fã de carteirinha, a empresária Sandra Koraicho já tinha ouvido outra palestra do procurador e o considera uma espécie de guru. “Quando ele fala, dá uma paz, uma esperança. Você sai outra pessoa.”

Segundo Rosângela Lyra, mais de 20 000 assinaturas foram entregues ao procurador na noite de ontem – a Procuradoria do Paraná já tem 400 000 signatários e precisa chegar a 1,5 milhão para enviar o documento para o Legislativo.

 

*Com informações do DCM