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Quem é Elon Musk, bilionário do Twitter que afronta Alexandre de Moraes

Processado por calote, discriminação e racismo, Musk é conhecido por ser um empresário sem empatia, violento e com questões familiares.

Neste domingo (7), o bilionário Elon Musk, dono do X e da Tesla, publicou na própria rede social que o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes deveria renunciar ou ser alvo de impeachment por “violar as leis brasileiras”.

Mas é o empresário sul-africano dono de uma das maiores fortunas do mundo que acumula uma série de polêmicas, entre elas a de ser uma pessoa agressiva, sem empatia e de caráter questionável.

Musk nasceu em 1971, filho de uma modelo e de Errol Musk, engenheiro eletromecânico dono de uma mina de esmeraldas na Zâmbia, durante o período de Apartheid. Ele até tentou se desvincular da hipótese de que o dinheiro da família o ajudou, pois se mudou para o Canadá ainda jovem, contratou US$ 100 mil de dívida educacional para financiar os estudos e iniciou sua primeira empresa com um computador que ele mesmo construiu. Mas foi a fortuna dos Musk que lhe deu respaldo para iniciar seus primeiros empreendimentos.

Errol Musk seria uma pessoa agressiva, violenta e mesquinha. Mesmo rico, proporcionava à família refeições apenas com manteiga de amendoim e feijão. Chamava Elon de idiota o tempo inteiro e repreendeu o filho veementemente por sofrer agressões na escola.

Elon Musk, apesar de criticar o pai, não conseguiu ser uma pessoa melhor. Diversos funcionários o processam por demissões infundadas ou porque, simplesmente, criticaram o dono do X, da empresa de foguetes SpaceX e da Tesla.

Este ano, Elon Musk responde por uma ação judicial por promover a demissão em massa de 75% dos funcionários do Twitter, sem pagar a eles os devidos bônus. O empresário responde ainda por um processo de fraudes, violações de contrato, múltiplas violações das leis WARN estaduais e federais do X.

Já os seis mil colaboradores da Tesça em Fredmont, no Vale do Silício, nos Estados Unidos, ajuizaram uma ação coletiva por racismo e discriminação cometidas pelo empresário.

Relações pessoais
Pai de 10 filhos, Elon Musk é conhecido por não manter bons relacionamentos com as mães da sua prole e até mesmo com alguns dos filhos. Em 2022, Vivian Jenna Wilson registrou um pedido de mudança de nome para não estar relacionada com o pai biológico de qualquer forma. Mulher trans, ela teria percebido a personalidade transfóbica de Musk, que já postou nas redes sociais que pronomes neutros são péssimos.

Em outubro, o bilionário iniciou uma batalha judicial pela guarda dos três filhos caçulas, a fim de impedir a mudança das crianças ao lado da mãe, a cantora Grimes, para fora da Califórnia, onde Musk reside.

Mesmo sendo um dos homens mais ricos do mundo, Musk repete as atitudes mesquinhas do pai. A fim de economizar seus bilhões para realizar o sonho de enviar expedições para Marte, Musk não tem casa própria, costuma morar ou se hospedar em imóveis de conhecidos. “Seria problemático se eu tivesse gastado bilhões de dólares em consumo pessoal. Na verdade eu nem possuo casa própria. Estou ficando em casa de amigos. Se eu for para a baía, onde tem a engenharia da Tesla, eu percorro por quartos vagos de casas de amigos. Eu não tenho iate, eu não tiro férias”, declarou em entrevista.

*GGN

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Brasil deve dar resposta enérgica ao bilionário do “vamos dar golpe em quem quisermos”

“O Brasil deve aproveitar ataque de Musk à democracia para banir sua plataforma de apoio à extrema direita e estimular rede social brasileira”, diz Aquiles Lins.

Em 24 de julho de 2020, o bilionário Elon Musk, dono da Tesla e da rede social X (antigo Twitter) mostrou os dentes contra a democracia de países latinoamericanos. Ao responder a uma provocação sobre interesse em derrubar o então presidente da Bolívia Evo Morales para ter acesso ao lítio boliviano, que abasteceria os carros da Tesla, Musk escreveu em sua conta no Twitter: “Vamos dar golpe em quem quisermos! Lide com isso”.

Quase quatro anos depois, o bilionário agora se volta contra o Brasil, com ataques diretos ao Poder Judiciário, especialmente contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). No domingo (7), Elon Musk pediu no X a renúncia ou impeachment do ministro Alexandre de Moraes. O bilionário afirmou que em breve o X iria divulgar como as exigências do ministro violam a legislação brasileira, acusando-o de trair a Constituição e o povo brasileiro. Desde sábado (6), Elon Musk tem criticado publicamente Alexandre de Moraes acusando-o de praticar censura nas redes sociais.

Em resposta, o ministro Alexandre de Moraes incluiu Elon Musk no inquérito sobre as milícias digitais antidemocráticas. Em sua determinação, Moraes enfatizou que as redes sociais não estão isentas da lei, ressaltando a importância de cumprir as determinações judiciais. Moraes ordenou uma investigação sobre a conduta de Musk por obstrução à justiça e incitação ao crime, e estabeleceu multas para a X caso perfis sejam reativados irregularmente. Além disso, o ministro do STF estabeleceu uma multa diária de R$ 100 mil para cada perfil da rede social que venha a ser desbloqueado, em descumprimento da decisão judicial. E frisou a possível punição aos responsáveis legais pela empresa no Brasil caso isso ocorra.

Apesar da decisão do ministro Alexandre de Moraes, Musk removeu restrições de perfis de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro bloqueados pelo STF. Após a decisão, o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos fez uma transmissão ao vivo para quase 10 mil usuários do X entre 22h e 23h deste domingo. O extremista é foragido da Justiça brasileira desde outubro de 2021 e hoje vive nos EUA.

Com seu histórico de apoio à extrema-direita e sob a puída e falsa veste da liberdade de expressão, Elon Musk agride a soberania brasileira e deve ter uma resposta firme e enérgica das instituições do país. Um bilionário não pode tentar desestabilizar o estado de direito brasileiro para beneficiar os interesses da extrema-direita, que atacam a democracia, disseminam fake news em escala monumental e minam a credibilidade do sistema democrático. Esta nova agressão da extrema-direita internacional torna o momento ainda mais propício para uma atuação conjunta do Judiciário, do Congresso Nacional e do Executivo, não só para coibir as agressões do X e de seu dono, mas principalmente para apoiar financeira e tecnologicamente o desenvolvimento de plataformas sociais brasileiras.

*Aquiles Lins/247

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Vídeo: Orçamento secreto bilionário de Bolsonaro banca trator superfaturado em troca de apoio no Congresso

Esquema do governo destina R$ 3 bilhões em emendas para auxiliar base no Congresso; parte delas é gasta para compra de tratores com preços até 259% acima dos valores de referência.

Segundo matéria de Breno Pires, publicada no Estadão, um esquema montado pelo presidente Jair Bolsonaro, no final do ano passado, para aumentar sua base de apoio no Congresso criou um orçamento paralelo de R$ 3 bilhões em emendas, boa parte delas destinada à compra de tratores e equipamentos agrícolas por preços até 259% acima dos valores de referência fixados pelo governo.

O flagrante do manejo sem controle de dinheiro público aparece num conjunto de 101 ofícios enviados por deputados e senadores ao Ministério do Desenvolvimento Regional e órgãos vinculados para indicar como eles preferiam usar os recursos.

O detalhe é que, oficialmente, o próprio Bolsonaro vetou a tentativa do Congresso de impor o destino de um novo tipo de emenda (chamada RP9), criado no seu governo, por “contrariar o interesse público” e estimular o “personalismo”. Foi exatamente isso o que ele passou a ignorar após seu casamento com o Centrão.

Os ofícios, obtidos pelo Estadão ao longo dos últimos três meses, mostram que esse esquema também atropela leis orçamentárias, pois são os ministros que deveriam definir onde aplicar os recursos. Mais do que isso, dificulta o controle do Tribunal de Contas da União (TCU) e da sociedade. Os acordos para direcionar o dinheiro não são públicos, e a distribuição dos valores não é equânime entre os congressistas, atendendo a critérios eleitorais. Só ganha quem apoia o governo.

O senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), por exemplo, determinou a aplicação de R$ 277 milhões de verbas públicas só do Ministério do Desenvolvimento Regional, assumindo a função do ministro Rogério Marinho. Ele precisaria de 34 anos no Senado para conseguir indicar esse montante por meio da tradicional emenda parlamentar individual, que garante a cada congressista direcionar livremente R$ 8 milhões ao ano.

Ex-presidente do Senado, Alcolumbre destinou R$ 81 milhões apenas à Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), a estatal que controla, ao lado de outros políticos.

Um caso emblemático é o do deputado Lúcio Mosquini (MDB-RO). O governo aceitou pagar R$ 359 mil num trator que, pelas regras normais, somente liberaria R$ 100 mil dos cofres públicos. No total, o deputado direcionou R$ 8 milhões.

Há situações até em que parlamentares enviaram milhões para compra de máquinas agrícolas para uma cidade a cerca de dois mil quilômetros de seus redutos eleitorais. É o caso dos deputados do Solidariedade Ottaci Nascimento (RR) e Bosco Saraiva (AM). Eles direcionaram R$ 4 milhões para Padre Bernardo (GO). Se a tabela do governo fosse considerada, a compra sairia por R$ 2,8 milhões. À reportagem, Saraiva disse que atendeu a um pedido de Nascimento, seu colega de partido. Por sua vez, Nascimento afirmou ter aceito um pedido do líder da legenda na Câmara, Lucas Vergílio (GO).

Planilha secreta do governo obtida pelo Estadão revela que Alcolumbre também destinou R$ 10 milhões para obras e compras fora do seu Estado. Dois tratores vão para cidades no Paraná, a 2,6 mil quilômetros do Amapá. Sem questionar, o governo concordou em comprar as máquinas por R$ 500 mil, quando pelo preço de referência sairiam por R$ 200 mil.

As máquinas são destinadas a prefeituras para auxiliar nas obras em estradas nas áreas rurais e vias urbanas e também nos projetos de cooperativas da agricultura familiar. Os políticos costumam promover festas de entrega dos equipamentos, o que lhes garante encontros e fotos com potenciais eleitores em ano pré-eleitoral.

Ao serem entrevistados, deputados e senadores negavam o direcionamento dos recursos ou se recusavam a prestar informações. Confrontados com ofícios assinados por eles e a planilha do governo, acabaram por admitir seus atos.
‘Minha cota’ e ‘fui contemplado’: os termos nos ofícios dos parlamentares

O deputado Vicentinho Junior (PL-TO) escreveu à Codevasf que havia sido “contemplado” com o valor de R$ 600 mil para compra de máquinas. “Dificilmente esse ofício foi redigido no meu gabinete, porque essa linguagem aí, tão coloquial, eu não uso”, disse.

Somente após o Estadão encaminhar o documento, Vicentinho Junior admitiu a autoria, mas minimizou a expressão “contemplado” ali utilizada. “Às vezes, uma colocação nesse sentido nada mais é do que ser simpático”, resumiu.

“Minha cota”, “fui contemplado” e “recursos a mim reservados” eram termos frequentes nos ofícios dos parlamentares. Foi dessa última forma que a deputada e atual ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda (PL-DF), se dirigiu à Codevasf para definir o destino de R$ 5 milhões. “Não me lembro. Codevasf?”, perguntou ao Estadão.

Ao ler o documento, Flávia desconversou: “É tanta coisa que a gente faz que não sei exatamente do que se trata”. Nem tudo, porém, é registrado. O senador Rodrigo Cunha (PSDB-AL) admitiu que “ditou” para o ministro Marinho onde R$ 7 milhões deveriam ser aplicados.

Na prática, a origem do novo esquema está no discurso de Bolsonaro de não distribuir cargos, sob o argumento de não lotear o primeiro escalão do governo. De um jeito ou de outro, a moeda de troca se deu por meio da transferência do controle de bilhões de reais do orçamento ao Congresso. Tudo a portas fechadas, longe do olhar dos eleitores.

*Originalmente publicado no Estadão

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