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O Brasil real que Bolsonaro quer esconder: Flow é tão popular quanto o bolsonarista Pingo nos Is

É bom lembrar que Bolsonaro, mesmo com todo o apoio que teve da mídia e do clero do dinheiro grosso no Brasil, só se elegeu por uma farsa montada por ele, Guedes e Moro, que consistia em condenar Lula sem provas, tirá-lo da eleição para Moro, de olho na presidência da República em 2022, virar ministro e iniciar sua carreira política. Do contrário, Lula venceria Bolsonaro com os pés nas costas, como apontavam as pesquisas.

Bolsonaro só não perdeu para Haddad por conta de outra farsa que armou, a da facada sem sangue e sem faca, para fugir dos debates, o que também teve total apoio da mídia para produzir o que produziu nesse país, a morte por covid de quase 700 mil brasileiros, 33 milhões de miseráveis vivendo na mais absoluta fome e uma incontável legião de trabalhadores vivendo dos bicos mais degradantes, que sequer pagam as despesas mais básicas.

Tudo isso, sem falar que a inflação está acima de dois dígitos, nível de desemprego idem, e uma inflação dos alimentos que é mais do que o dobro da inflação oficial, além dos juros que, mês a mês vão subindo e extorquindo a população que precisa de crédito.

O resultado é que mais de 80% das famílias estão endividadas, com um nível recorde de inadimplência .

Por isso Bolsonaro fala em golpe e não fala de feijão, de carne, de proteína, já que nem sobre o carboidrato ele pode abrir a matraca para mentir.

O Brasil está absolutamente colapsado, seja sob o ponto de vista econômico, seja social. A única coisa que cresceu muito nesse país foi o número de bandidos armados por Bolsonaro e as tragédias diárias por conta dessa política de lobby que sustenta e amplia a indústria das armas, sobretudo a Taurus.

Por isso, Michelle, que tem seu nome mais associado ao miliciano Queiroz do que o patrão, por conta dos cheques depositados por ele em sua conta e que consagrou o clã como formação de quadrilha e peculato, numa série gigantesca de esquema de laranjas e fantasmas envolvendo toda a falange, busca um discurso totalmente fora da realidade, invariavelmente apoiado por pastores vigaristas, charlatães que têm conexão direta com outros vigaristas que peregrinavam pelo gabinete do presidente e no MEC, como se viu no escândalo de corrupção do ouro, tendo no comando o ministro da Educação de Bolsonaro, Milton Ribeiro.

Ou seja, por si só, o sujeito, que teve como critério de governança a vagabundagem, tenta retomar aquela estética de que as histerias das redes sociais, armadas por milhões de robôs, deem conta de mentir o suficiente para negar o resultado trágico que Bolsonaro enfrenta nessas eleições por um bonde de absurdos que cometeu.

Bolsonaro está apostando no intermúndio digital, no Saci Pererê, no Caipora e em duendes para montar seu coreto com a mesma atmosfera que montou na Jovem Pan para se refugiar, usando para isso, recursos milionários para que comentaristas digam tolices e o transformem em slogan de berrante para o curral.

Agora mesmo, o programa Flow, que é uma das maravilhas da idiotice nacional, passou a ter espaço nessa guerra digital, organizada por bolsonaristas em que uma legião beligerante de robôs e pessoas de carne e osso, inflam a audiência de forma tão farsante quanto a facada, a cloroquina, a terra plana e outros mocotós que compoem essa geleia fascista neopentecostal.

Tudo isso para tentar falsificar uma narrativa equilibrada entre duas candidaturas, ignorando por completo o dia a dia amargo que os brasileiros vivem, sobretudo na hora em que se defrontam com um caixa de supermercado.

É essa a concepção de sucesso de Bolsonaro, e é assim que ele pretende seguir o curso de sua campanha, entre o medieval, o pentecostal e o digital; entre a mentira e a ocultação da verdade, com 100 anos de sigilo, já que não tem o que apresentar em quatro anos de governo e qualquer conquista do povo brasileiro, por alguém que trabalhou diuturnamente para massacrar os pobres e ampliar a pobreza e a miséria no país, enquanto faz discurso contra a urna eletrônica, contra a democracia, a favor da violência e de golpes que garantam poder e impunidade.

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Política

Arthur Lira: O Brasil está na contramão do mundo

A princípio, essa frase de Lira no twitter, produz o uma sensação de que ele está absolutamente correto ou não estaríamos nesse buracosem fundo em que Bolsonaro nos enfiou.

Mas Lira, que está em total desespero com a derrocada da campanha de Bolsonaro, resolveu fazer chacrinha com a cara dos brasileiros. Mas a coisa é muito pior, ele faz tudo para atender às demandas eleitorais de Bolsonaro, dizendo que o “Brasil está na contramão do mundo, e isso é muito bom”.

Esse tipo de frase cínica só poderia vir de quem, ao lado de Ciro Nogueira, comanda de verdade o orçamento desse país.

Enquanto o leite chega a custar R$ 12 e seus derivados, principalmente o queijo, fazerem explodir a inflação, Lira, que vive no seu mundo particular de Alice, no controle do orçamento secreto, dá de ombros para 91% dos lares brasileiros que trocaram o macarrão pelo miojo, que ainda é mais barato que o macarrão.

Produto de Bolsonaro e do Centrão, Lira transforma em sua narrativa, bico em emprego power, ou seja, a geração de empregos no Brasil de Lira está em altíssima performance.

É certo que quem está ganhando com o governo Bolsonaro, cuida e protege.

Lira quer fazer do limão uma limonada discursiva, na base do cinismo, num país perfumado que ele chama de “Brasil real” que, na verdade, é o Brasil secreto em que o Centrão manipula o orçamento, na base de um clientelismo político de coronéis, enquanto 33 milhões de brasileiros estão na mais profunda miséria e mais de 60% da população vivendo em insegurança alimentar.

Mas o que é isso para um cínico cretino como Arthur Lira que nada de braçadas longas e largas no orçamento secreto? Lógico, além de outras coisas.

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Opinião

Janio de Freitas: O Brasil real escancara-se com Milton Ribeiro e pastores e a delinquência se desnuda

O jantar era um velório antecipado e os convivas não sabiam. Foram convidados a homenagear Gilmar Mendes pelos 20 anos completados no Supremo. Nunca houve isso, nem o patrocinador do gasto público, presidente da Câmara, é dado a finezas. Quem não percebeu na ocasião ainda pode saber que Arthur Lira aproveitou a data para proporcionar na casa oficial, entre dezenas de figurantes ilustres ou longe disso, o encontro desejado por Bolsonaro com o ministro Alexandre de Moraes.

Há dúvida sobre o tempo em que conversaram o acusado e o condutor das ações penais contra Bolsonaro. Menos de 48 horas depois, o que tenha sobrado da conversa destroçava-se, ao som de diálogos a um só tempo suaves e fulminantes do casal Milton Ribeiro.

O aviso de Bolsonaro ao ex-ministro e pastor, sobre busca da Polícia Federal em sua casa, não foi só interferência contrária a uma investigação da Polícia Federal. Não foi só a violação de sigilo oficial por interesse particular e criminal. Não foi só o conhecimento de motivos para prevenir o ex-ministro.

É também um chamado ao Tribunal Superior Eleitoral para considerar a nova condição do candidato Jair Bolsonaro. No mínimo, suspendendo-lhe o registro até que o Supremo defina os rumos processuais do caso e, neles, a condição do candidato implicado. Isso independe da responsabilização de Bolsonaro como presidente.

É um sistema quadrilheiro que começa a desvendar-se. Ficam bem à vista duas estruturas que têm a Presidência da República como elo entre elas. Uma age dentro da administração pública, em torno dos cofres, e reúne pastores da corrupção religiosa, ocupantes de altos cargos e políticos federais e estaduais. A outra age do governo para fora, na exploração ilegal da Amazônia, em concessões injustificáveis, e em tanto mais. Duas estruturas independentes que se conectam na mesma fonte de incentivos, facilitações e proteção para as práticas criminais.

A investigação de todo esse dispositivo de saque é complexa. O desespero do pastor Arilton Moura emitiu uma informação de dupla utilidade, para os investigadores e para os seus camaradas de bandidagem: “eu vou destruir todo mundo”, se a sua mulher for atingida de algum modo.

Logo, são muitos os implicados, incluindo esposas como possíveis encobridoras de bens ilegais. E, contrariando sua simpática discrição, mesmo Michelle Bolsonaro e suas ligações com pastores da corrupção, a começar com Milton Ribeiro por ela feito ministro.

O que se sabe do “todo mundo” está longe da dimensão sugerida pelo pastor. Uma das várias dificuldades iniciais para avançar com a investigação está na própria PF, em que se confrontam a polícia de policiais e a polícia de delinquentes (por comprometimento político ou não).

O embate público dos dois lados apenas começou, com a certeza de que o aviso dado por Bolsonaro partiu da PF contra a PF e, preso o ex-ministro, com ações a protegê-lo.

É imprevisível o que se seguirá no confronto de extrema gravidade: sem uma limpeza no quadro de chefes de inquéritos, a confiança na PF dependerá de saber, como preliminar, se a ação policial é de policiais ou de delinquentes. E não é fácil sabê-lo.

Note-se, a propósito, que eram dois os informados da então próxima prisão de Milton Ribeiro: o diretor-geral da PF, delegado Márcio Nunes de Oliveira, e o delegado Anderson Torres, ministro da Justiça que acompanhava Bolsonaro nos Estados Unidos, sem razão oficial para isso, quando o ex-ministro recebeu de lá o telefonema sobre a busca policial. Sem o esclarecimento dos seus papéis nessa transgressão, os dois bastam para comprometer a PF até como instituição.

Quando Bolsonaro procurava o ministro Alexandre de Moraes, com pedidos ou propostas, já o lado policial da PF cuidava de expor, na voz do ex-ministro, o crime de responsabilidade do presidente ilegítimo. Bolsonaro ruía com seu governo e seus pastores. O Brasil real escancarava-se outra vez, faltando-lhe mostrar, no entanto, onde o bolsonarismo militar vai encaixar, no novo cenário, o seu inimigo —a urna eletrônica, preventiva da corrupção também eleitoral.

*Com Folha

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