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Um chapéu de cangaceiro para esconder a falta de ideia sobre o Nordeste

Xico Sá – Vestir o chapéu de cangaceiro, como fez o paranaense Sergio Moro, em recente visita ao Recife, é a maneira mais óbvia e folclórica que a maioria dos candidatos à Presidência utiliza para tentar uma conexão política com o Nordeste. Uma conexão discada, digamos assim, de tão batida que é, mas segue em voga, na falta de melhores argumentos sobre a região.

A prova da buchada de bode (ou carneiro) é outro capítulo especial das campanhas eleitorais. Nem todos encaram, embora seja um dos pratos mais saborosos, sofisticados e artesanais da culinária nordestina — não há estudioso que arrisque uma origem, mas Portugal, Líbano e Escócia têm receitas bem parecidas, com a mesma técnica e apresentação, variando apenas detalhes do recheio das bolsas.

Nas eleições de 1994, o ex-presidente FHC, em visita ao sertão potiguar, provou a sustança e disse que já havia degustado algo semelhante em Paris. Estava se referindo a uma comida chamada tripes à la mode de Caen, à base de tripa, porém diferente. Durante àquela campanha, em crônica na Folha de S. Paulo, resolvi afrancesar de vez a parada, com biquinho na pronúncia e tudo: buchadá de bodê.

A indumentária do cangaço, a gastronomia sertaneja e a visita à estátua do Padre Cícero em Juazeiro são itens obrigatórios no Instagram eleitoral dos visitantes aos “paraíbas” — só para lembrar, de leve, a forma como o presidente Bolsonaro se referiu aos nascidos nos nove e distintos Estados da região.

Moro com chapéu de cangaceiro

Não careço repetir aqui o excelente desabafo que fez o colega alagoano Carlos Madeiro, em artigo para o UOL: “Caro político, já passou da hora de tirar esse chapéu de couro no Nordeste”. É preciso, porém, deixar algumas dicas de cenários e símbolos para outras possibilidades representativas do Nordeste.

No mesmo Recife em que o ex-juiz posou como dublê de cangaceiro, por que não uma visita ao Porto Digital, um dos mais importantes centros de invenções e tecnologias da América Latina?

Os candidatos também podem incrementar o Instagram com fotos sob os moinhos de ventos das pás gigantes da energia eólica espalhada no litoral do Rio Grande do Norte ou Ceará. Energia limpa, quixotesca. No mesmo ramo do futuro, estão chegando as usinas de hidrogênio verde nos arredores de Fortaleza.

Mostrar as escolas públicas de excelência, seja em Oeiras (PI), Sobral ou Brejo Santo (CE), também pode ser uma boa forma de dialogar com o Nordeste contemporâneo. E você, leitor, leitora, o que sugere como nova simbologia da região?

*Publicado no Diário do Nordeste

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O faro de Carluxo falhou logo com seu vizinho Ronnie Lessa?

Hoje, deparei-me no twitter com hashtag #Carlostemrazao.

Curioso, fui ver o que era, afinal, também me chamo Carlos.

Entrando, vi que foi um pombo criado por Eduardo Bolsonaro com a seguinte mensagem:

“COMO SER ODIADO?

Absolutamente todos os vagabundos e traíras foram, antes de descobertos, apontados por Carlos como tais.

Seu faro para pilantra e vagabundo nunca pode ser desprezado. Dá para escrever um livro só com as trairagens.
#CarlosTemRazao”

Fui no google para ver sinônimos de vagabundo e encontrei bandido e este me mostrou outros sinônimos como: malfeitor, assaltante, bandoleiro, cangaceiro, criminoso, delinquente, facínora, ladrão, marginal, pirata, pistoleiro, salteador, sequestrador.

Eu acho que o assassino de Marielle, Ronnie Lessa, que é vizinho de Carluxo no condomínio Vivendas da Barra, enquadra-se nesse leque de adjetivos.

Talvez pela proximidade quase umbilical da família Bolsonaro com milicianos tenha feito Carluxo olhar, mas não farejar perigo morando ao lado de um, que por acaso também é traficante de armas e foi apontado como o assassino de Marielle e Anderson.

Talvez seja também porque, no mundo da milícia, todos tenham o mesmo cheiro e como Carluxo, praticamente, cresceu convivendo com o miliciano Queiroz, o faz tudo de seu pai há 35 anos, fora as inúmeras condecorações que a família já deu a milicianos, assim como empregos laranjas nos gabinetes do quarteto Bolsonaro, Jair, Flávio, Eduardo e o próprio Carluxo, ele achou em seu faro fino que o cheiro de Ronnie Lessa era familiar e, então, deu de ombros.

Convenhamos, com um vizinho desses, que tudo indica é pai de uma menina que namorou o seu irmão mais novo, não dá para ignorar o faro, ele está debaixo do nariz. Além disso, o porteiro disse que, quando interfonou para o Seu Jair, perguntando se poderia permitir a entrada de Élcio Queiroz que participou do assassinato de Marielle, ele não foi para a casa 58 de Seu Jair, mas para a casa de Ronnie Lessa. O que chamou a atenção do porteiro pelas câmeras internas, ligando novamente para o Seu Jair que, por sua vez, disse a ele que sabia para onde Élcio estava indo.

Bom, se Carluxo não farejou o Ronnie Lessa, farejou o perigo que Bolsonaro corria com a memória da secretária eletrônica da portaria, correndo para pegá-la e não se sabe se adulterou, mas buliu em todo o arquivo.

Dito isso, fica a pergunta: Carluxo não farejou Ronnie Lessa, seu vizinho no condomínio porque não o considera bandido ou toda vez que entra no condomínio Vivendas da Barra, seu nariz entope e perde o seu faro demolidor?

São essas coisas que têm que ser esclarecidas, senão dá a entender que o faro de Carluxo para encontrar bandidos é seletivo.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas