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Trump deporta imigrante por engano; Justiça cobra grave erro

Um tribunal federal de apelações dos Estados Unidos criticou severamente o governo do presidente Donald Trump por sua inércia no caso do imigrante Kilmar Abrego Garcia, deportado por engano para El Salvador. Em decisão unânime, os juízes do 4º Circuito classificaram como “chocante” a alegação de que não há mais nada a ser feito para trazê-lo de volta ao país e exigiram que o Executivo tome medidas imediatas.

A Corte rejeitou o pedido do governo para suspender a ordem da juíza federal Paula Xinis, de Maryland, que determinou o depoimento, sob juramento, de ao menos quatro autoridades dos departamentos de Imigração, Segurança Interna e Estado. A exigência visa esclarecer o que foi feito — ou negligenciado — para reverter a deportação indevida.

Os juízes afirmaram que o governo Trump estaria “reivindicando o direito de esconder residentes deste país em prisões estrangeiras, sem qualquer aparência de devido processo legal”. Para o tribunal, a justificativa de que Garcia já foi deportado e, por isso, nada mais pode ser feito, é inaceitável.

“Isso deveria chocar não apenas juízes, mas qualquer cidadão que valorize a liberdade”, destacou a decisão.

A corte também advertiu para um risco institucional maior: o agravamento da tensão entre os poderes. “Estamos perigosamente próximos de um atrito irreversível que ameaça enfraquecer tanto o Executivo quanto o Judiciário”, afirmaram os magistrados.

Crise diplomática e resistência do governo
Garcia foi deportado em 15 de março, e desde então, a juíza Xinis tem cobrado do governo documentos e explicações sobre as tentativas de corrigir o erro. Em 4 de abril, ela ordenou que o Executivo “facilitasse e efetivasse” o retorno do imigrante, atualmente preso no CECOT, presídio de segurança máxima em El Salvador.

Apesar de a Suprema Corte dos EUA ter mantido a decisão, apontou que o termo “efetivar” poderia ser ambíguo e exceder a autoridade do tribunal. Diante disso, Xinis exigiu um cronograma claro para a repatriação de Garcia. Como a ordem foi ignorada, ela passou a cobrar relatórios diários sobre as medidas adotadas.

Em resposta, no último domingo (13), o governo afirmou que “facilitar” significava apenas remover obstáculos domésticos, sem envolver negociações diplomáticas com El Salvador. Trump, por sua vez, disse que só agiria mediante ordem direta da Suprema Corte.

Reações na Casa Branca e em El Salvador
Na segunda-feira (14), Trump se reuniu com o presidente de El Salvador, Nayib Bukele, na Casa Branca. Durante o encontro, o ex-presidente chamou de “gente doente” os jornalistas que o questionaram sobre o retorno de Garcia. Bukele negou envolvimento e afirmou que não tem poder para devolver o imigrante aos EUA.

“Essa pergunta é absurda. Como eu poderia contrabandear um terrorista para os Estados Unidos?”, disse o presidente salvadorenho.

Pressão do Congresso
O senador democrata Chris Van Hollen, de Maryland, manifestou indignação com a postura do governo. Em nota, afirmou que, caso Garcia não esteja de volta até o meio da semana, ele próprio viajará a El Salvador para negociar sua libertação.

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Weintraub xinga ministros do STF em vídeo de reunião que Planalto não quer mostrar

Advocacia-Geral da União pede para ser autorizada a entregar apenas parte do registro da reunião.

Thaís Oyama – O Planalto resiste em entregar ao STF o vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril sob o argumento de que o encontro tratou de “assuntos potencialmente sensíveis e reservados de Estado, inclusive de relações exteriores”.

A Advocacia-Geral da União, que representa o presidente da República no inquérito aberto a partir das acusações do ex-ministro Sergio Moro, pede para ser autorizada a entregar apenas parte do registro da reunião.

Já se sabe que o vídeo, além de trazer a suposta ameaça do presidente de demitir Sergio Moro caso ele não concordasse com a substituição do delegado Maurício Valeixo mostra uma reunião pródiga em palavrões e menções a assuntos que o governo preferiria tratar em volume baixo, como os acordos com o centrão.

E também é sabido que a China foi citada na reunião em termos pouco elogiosos pelo próprio Bolsonaro e logo na abertura do encontro.

Mas a frase mais potencialmente danosa dita na mesa não saiu da boca do presidente, e sim do seu ministro da Educação.

Depois de comentar medidas tomadas pelo STF que desagradaram o governo, Abraham Weintraub afirmou que a corte era composta por 11 filhos da puta. Um deles é o destinatário do vídeo. E ainda pode compartilhar com os outros dez o comentário “sensível” do ministro.

Pelo Twitter, o ministro afirmou que não faz xingamentos e que é educado.

“Há muito ‘jornalista’ dizendo que eu xinguei fulano, beltrano e ciclano. Tenho muitas horas de entrevistas duras e inúmeros debates no Congresso (onde eu fui sim xingado). Desafio a apontarem um único palavrão que eu tenha proferido. Posso ser contundente, porém, sou bem educado”, afirmou.

O ministro, porém, já usou as redes sociais para fazer diversos xingamentos, como quando chamou o presidente francês, Emmanuel Macron, de “calhorda oportunista” ou quando provocou uma crise diplomática com a China por um tuíte racista.

Ele também xinga seguidores que o criticam: “Miguel, sinto em avisar, porém, seu caso não resolve estudando. Tem que reencarnar. Aproveita e peça para não voltar tão feio (parece mistura de tatu com cobra)”.

Chegou a chamar a mãe de uma internauta de “égua sarnenta e desdentada”.

Também ofendeu a jornalista Vera Magalhães, chamando-a de pinóquio.

Em audiência no Senado, em fevereiro passado, Weintraub Weintraub afirmou que não se arrependia de seus xingamentos nas redes sociais e que eles eram fruto da liberdade de expressão.

 

*Com informações da Folha