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Alckmin já ensaia discurso para aceitar a vice de Lula

Ao falar sobre o convite de Lula, Alckmin cita parcerias que Merkel e que FHC fizeram com rivais políticos e alerta para situação nos EUA, diz Guilherme Amado, do Metrópoles.

Geraldo Alckmin está mais propenso a aceitar a vice na chapa presidencial de Lula do que a ser candidato ao governo de São Paulo. Em conversas com amigos, Alckmin tem ensaiado um discurso em que cita parcerias que a chanceler alemã, Angela Merkel, e que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso firmaram com adversários políticos. E faz um alerta para a situação de risco que vive os Estados Unidos.

Alckmin já tinha citado o acordo que permitiu a eleição do social-democrata Olaf Scholz como substituto de Merkel na Alemanha, mas passou a incluir FHC em seu discurso. O ex-governador lembra que FHC procurou políticos que estiveram ao lado da ditadura para unificar o país em seu governo, como José Sarney, Marco Maciel, Antonio Carlos Magalhães e Jorge Bornhausen.

O ex-governador analisa que a falta de união nacional prejudicará o governo do presidente americano, Joe Biden. Ele afirma que o desempenho econômico dos Estados Unidos será afetado pela oposição vigorosa que governadores de alguns estados, como o Texas, fazem à administração federal.

Aliados de Alckmin dizem que o ex-governador enxerga que tomará o primeiro ato efetivo de uma personalidade política para furar a polarização no Brasil. Alckmin afirma que a decisão não será benéfica politicamente para ele, uma vez que afastará parcela importante do seu eleitorado nas classes média e alta de São Paulo, mas que terá um peso importante para o futuro do país.

Se Alckmin optar pela costura com Lula, a filiação ao PSB é o caminho mais provável. Mas, nesta sexta-feira (03/12), alas do PSD distribuíram um panfleto no WhatsApp em defesa da candidatura de Alckmin ao governo de São Paulo. O ex-governador estava apalavrado com o partido de Gilberto Kassab antes da articulação com Lula tomar corpo. Kassab defende o lançamento do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, como candidato ao Planalto.

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Mercado abandona a narrativa do “risco Lula” após seu discurso

O discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira (10), na visão de economistas e analistas de bancos e consultorias, serviu para aplacar o temor do mercado financeiro do chamado “risco Lula”, caso seja candidato e vença a eleição presidencial de 2022.

Segundo economistas e analistas ouvidos pelo jornal Folha de S. Paulo, Lula fez acenos ao mercado, embora tenha criticado as privatizações e o teto dos gastos públicos, e lembrou da escolha do empresário José Alencar para ser o seu vice em 2003.

“Não se deve usar uma eventual candidatura de oposição como desculpa para os erros em série cometidos pelo governo Bolsonaro”, disse o economista e ex-ministro do Planejamento e da Fazenda, Nelson Barbosa., sobre o chamado “risco Lula”. Ainda segundo ele, “o PT nunca foi esse bicho papão que é pintado. As pessoas precisam de inimigos imaginários para sobreviver”.

“O presidente Bolsonaro é que tem que lidar com isso”, completou em referência aos erros de condução da política econômica atual, comandada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

Para a economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta, o discurso do ex-presidente serviu para acalmar o ânimo dos investidores, que viram que ele “não pretende deixar o mercado desamparado”.

“Lula tem esse perfil mais intervencionista, o que coloca um sinal amarelo para o mercado. Ele procurou, com algumas falas mais conciliadas, não deixar o mercado desamparado, trouxe elementos desse Lula de 2002 para próximo do Lula de 2006”, disse a economista. Nesta quarta-feira, a Bolsa subiu 1,29% e o dólar recuou 2,36%, fechando a cotação em R$ 5,655.

A economista e professora da Universidade de São Paulo (USP) Laura Carvalho observa que a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, que na segunda-feira (8) anulou as condições impostas pelo ex-juiz Sergio Moro ao ex-presidente, não pode ser utilizada como pretexto ou justificava para eventuais turbulências no mercado.

“Vejo Lula como um conciliador que soube aproveitar muito bem o cenário externo favorável para realizar políticas importantes (de transferências de renda e investimento público em infraestrutura física e social) e conseguiu ao mesmo tempo reduzir a dívida pública, a inflação e acumular reservas internacionais. Não acho que faz sentido o temor. Ainda mais no cenário calamitoso em que nos encontramos”, avaliou.

Para Guilherme Mello, o professor do Instituto de Economia da Unicamp, “o chamado ‘risco Lula’ é um bicho papão inventado com o objetivo de manipular o mercado e os humores políticos. Ele não existe na prática, mas funciona para assustar os incautos”.

*Com informações do 247

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