“Tudo que o governo faz é gasto. Uma pergunta que temos que responder é: quanto custa não fazer? Quanto custou não alfabetizar esse país?”, disse o presidente, em crítica aos juros.
O presidente Lula (PT) falou nesta quinta-feira (20) sobre a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de manter a taxa básica de juros (Selic) em 10,5% ao ano. Ele condenou os gastos excessivos do país com o pagamento de juros, que somaram em 2023 R$ 790 bilhões, e disse que enquanto o governo federal investe na produção e na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, o BC, liderado por Roberto Campos Neto, tem investido no mercado financeiro.
“Quando você fala em gasto, tudo que o governo faz é gasto. Uma pergunta que nós temos que responder é a seguinte: quanto custa não fazer as coisas necessárias? Quanto custou não fazer a reforma agrária no Brasil nos anos 40? Quanto custou não alfabetizar esse país nos anos 50? Custou muito. A Transposição do Rio São Francisco, que eu comecei a fazer, foi tentada por Dom Pedro II em 1846. Nunca deixaram ele fazer. Pois eu demorei quase 150 anos para fazer, para trazer água para 12 milhões de nordestinos que viviam no semi-árido nordestino. É gasto? É gasto. E não é gasto você ver as pessoas morrendo de fome? Ver as pessoas saindo a pé, com uma mochila, ou trabalhar em uma frente de trabalho para ganhar R$ 30 por mês? Quanto custa isso para o Estado? Então o que nós temos que ter noção é de que quando a gente faz uma coisa e aquilo resulta em um benefício coletivo, na melhoria da qualidade de vida, aquilo é um investimento extraordinário que nós estamos fazendo. Nós estamos investindo no povo brasileiro. A decisão do Banco Central foi investir no sistema financeiro, foi investir nos especuladores que ganham dinheiro com os juros. E nós queremos investir na produção”, disse Lula em entrevista à Rádio Verdinha, em Fortaleza (CE).