Brigada Paraquedista e Forças Especiais travam disputa interna por influência na estrutura do Exército.
O Alto Comando do Exército realiza uma intervenção no Comando de Operações Especiais (COpEsp), unidade formada por Kids Pretos, que aderiu à tentativa de golpe liderada por Jair Bolsonaro. A decisão faz parte de um movimento para retomar o controle hierárquico da tropa de elite, que, ao longo dos anos, acumulou um nível de autonomia e influência que desafiou a estrutura de comando tradicional.
Entre as principais preocupações do Alto Comando estão a quebra de hierarquia e a indisciplina, exacerbadas durante a gestão Bolsonaro, período em que as forças especiais passaram a se considerar acima da cadeia de comando. A intervenção no COpEsp busca conter essa autonomia excessiva e garantir que suas atividades permaneçam sob total supervisão.
Uma das principais medidas adotadas foi a redução no número de vagas do Curso de Ações de Comandos (CAC), essencial para ingresso nas forças especiais em conjunto com a conclusão do curso de paraquedismo. Essa exigência reflete a ligação direta entre as forças especiais e a Brigada Paraquedista, duas unidades que historicamente rivalizam pelo domínio interno no Exército. Nos últimos anos, essa disputa se acirrou, especialmente com o crescimento da independência operacional dos comandos.
O atual comandante do Exército, general Thomás Paiva, oriundo da Brigada Paraquedista, representa uma tentativa do Alto Comando de reequilibrar a influência dentro da instituição. Embora os paraquedistas sejam a porta de entrada para as forças especiais, os comandos adquiriram, ao longo dos anos, maior autonomia e influência política, consolidada durante o governo Bolsonaro. Durante esse período, setores das forças especiais passaram a operar alinhados a interesses políticos, desafiando a hierarquia do Exército e influenciando decisões estratégicas, gerando atritos internos e preocupação com a disciplina militar.
A nomeação de Thomás Paiva para o comando da Força Terrestre faz parte dessa estratégia de contenção, consolidando a influência da Brigada Paraquedista e reduzindo o espaço de manobra do COpEsp. Além da diminuição de novos operadores das forças especiais, outras medidas vêm sendo discutidas para reforçar a supervisão sobre essas tropas. Entre elas, estão o aumento da fiscalização, a revisão do orçamento e ajustes na estrutura de comando, assegurando que sua atuação esteja alinhada às diretrizes institucionais e não a interesses isolados.
O Alto Comando avalia mecanismos para garantir que as operações conduzidas pelo COpEsp respeitem a política institucional do Exército, prevenindo interferências políticas ou ações autônomas que coloquem em risco a disciplina militar. Embora essas medidas sejam bem recebidas por parte da cúpula militar, enfrentam resistência entre setores das forças especiais, que enxergam a reformulação como uma tentativa de reduzir sua influência. Segundo Cleber Lourenço, Forum, alguns oficiais argumentam que as forças especiais desempenham papel estratégico e que a restrição de sua autonomia pode comprometer a eficiência do Exército em cenários de conflito.
O Exército agora enfrenta o desafio de reorganizar sua estrutura interna sem afetar a eficiência operacional das forças especiais. A disputa de poder entre o COpEsp e a Brigada Paraquedista continua sendo um fator determinante nesse processo, e as mudanças poderão redefinir o equilíbrio de forças dentro da instituição. O sucesso dessa reformulação dependerá da capacidade do Alto Comando de reafirmar a hierarquia e limitar a influência política sobre setores estratégicos da tropa. Além disso, será necessário redistribuir funções dentro da estrutura militar para evitar que setores descontentes busquem recuperar seu espaço de forma independente.
O debate sobre o papel das forças especiais dentro do Exército não se restringe apenas à hierarquia, mas também envolve o futuro da doutrina militar brasileira. A crescente sofisticação dessas tropas e sua relevância em operações estratégicas levantam questionamentos sobre como integrá-las à estrutura convencional sem que sua autonomia gere riscos institucionais. O histórico recente demonstrou que, sem uma supervisão adequada, essas unidades podem atuar como centros de poder paralelo, dificultando a manutenção da disciplina e do controle interno. Para evitar esse risco, o Alto Comando precisará equilibrar a restrição da autonomia com a preservação da eficiência operacional dessas unidades.
A reformulação do COpEsp não é apenas uma mudança administrativa, mas um reflexo da disputa interna dentro do Exército. A relação entre as forças especiais e a Brigada Paraquedista continuará sendo central nessa reconfiguração, e os próximos anos definirão se o Exército conseguirá manter o equilíbrio entre eficácia operacional e controle hierárquico. O grande desafio será encontrar um meio-termo entre disciplina e autonomia, prevenindo novos episódios de indisciplina e interferência política dentro das Forças Armadas.
Nos bastidores, a cúpula do Exército admite que as investigações sobre a trama golpista causarão mudanças na caserna. A Agência Pública apurou que, desde a apresentação do relatório final da Polícia Federal (PF) sobre o caso, em novembro de 2024, o comando militar ordenou uma revisão completa na estrutura e na formação das Forças Especiais do Exército, além de implementar alterações no Comando de Operações Especiais (Copesp), o reduto dos “kids pretos”.
Foi nas mesmas instalações do Copesp, em Goiânia, que o tenente-coronel Mauro Cid delatou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que ouviu, pela primeira vez, militares das Forças Especiais sugerirem “causar o caos” para impedir a posse do presidente Lula (PT). O fato teria ocorrido em plena crise golpista do fim de 2022, como já reportado pela Pública.
São esperadas mudanças significativas no Copesp para depois de março, mas já há alterações – ainda que tímidas – em andamento. As mudanças iniciais, as primeiras na formação dos “kids pretos” em mais de 15 anos, foram publicadas na edição de 20 de dezembro de 2024 do Boletim do Exército.
Por ora, a Força apenas excluiu o próprio Copesp do processo de seleção de alunos para os próximos cursos de Forças Especiais, realizados há mais de 20 anos no Centro de Instrução de Operações Especiais em Niterói (RJ). O Comando Militar do Planalto e o Departamento-Geral de Pessoal do Exército, em Brasília (DF), serão responsáveis pela escolha das novas turmas.
O número de vagas, porém, continua igual desde 2009: no máximo 24 vagas para sargentos e outras 24 para oficiais.
À Pública, o professor emérito da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (Eceme) Francisco Teixeira disse que vê com pouca expectativa as mudanças prometidas nos “kids pretos”.
“Quem ensinará a nova doutrina, se não os mesmos oficiais que ensinavam a anterior? Para mim, o correto seria encerrar o batalhão”, afirmou Teixeira, que é também professor titular de história na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
“Um dos problemas é que o batalhão tem uma tradição de enviar oficiais para cursos no Exército dos Estados Unidos [em Fort Moore] desde os tempos da Escola das Américas, onde se passa uma noção de ‘ameaça interna’ aos militares latino-americanos. O curso nos EUA tem a função de direcionar eles contra aquilo que os americanos chamam de ‘forças subversivas’, mas das próprias sociedades em que se encontram… se a lógica do ‘inimigo interno’ for mantida, mudanças pontuais não vão adiantar”, disse o professor emérito da Eceme.
Curso de operações psicológicas sai do batalhão dos kids pretos A Pública apurou que uma das primeiras mudanças em relação aos kids pretos foi a retirada do curso de operações psicológicas do Copesp. A unidade o abrigava desde 2017, quando o curso foi criado pelo então comandante do Exército general Eduardo Villas Bôas. De 2025 em diante, as atividades ocorrerão no Centro de Estudos de Pessoal da Força, no Rio de Janeiro. O Exército agora entende que “não é conveniente” que o curso ocorra “junto ao próprio batalhão”.
A decisão passa também pelo caso do oficial que, até 8 de fevereiro de 2024, comandava o 1º (e único) Batalhão de Operações Psicológicas do Exército, em Goiânia: o tenente-coronel Guilherme Marques Almeida.
Como outros denunciados, o militar é mais um dos colegas de Mauro Cid na turma de formandos do ano de 2000 da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) envolvidos na trama golpista. A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Marques Almeida por suposta participação em “operações estratégicas de desinformação” na trama golpista.
Durante o governo Bolsonaro, o tenente-coronel Marques Almeida cumpriu “missão” para o Exército Brasileiro atuando como instrutor na “Escola de Operações Psicológicas do Exército Peruano” durante parte do período da pandemia, entre maio de 2020 e janeiro de 2022, segundo o Diário Oficial da União.
A acusação da PGR se baseia, entre outros elementos, em áudios atribuídos ao tenente-coronel – nos quais ele dizia atuar para “influenciar” grupos mobilizados no WhatsApp com desinformações sobre as urnas.
Em um dos áudios obtidos pela PF, o militar especialista em operações psicológicas fala em “direcionar o povo” para “a frente do Congresso” e em “explorar a dimensão informacional” disso – nas palavras dele, essa seria “a nossa parte”, sem detalhes.
Em outro áudio, Marques Almeida descreve com exatidão as cenas que todos veriam no dia 8 de janeiro de 2023 em Brasília: uma multidão fora de controle invadindo as sedes dos Três Poderes, funcionando como um “mecanismo de pressão” contra a posse de Lula. “Dá pra fazer um ‘trabalho bom’ nisso aí”, disse ainda o militar.
Ao mesmo tempo que afirmava que os militares tinham “os meios e gente” para conduzir as atividades contra a posse do presidente eleito, o tenente-coronel disse que, “dentro das Forças Armadas, ninguém quer se arriscar” para não “acabar preso depois”.
A PF não informou a data da gravação dos áudios do militar, mas a denúncia da PGR sugere que o material foi produzido durante a crise do acampamento golpista no Quartel-General do Exército em Brasília, no fim de 2022.
Seis meses após o fatídico 8 de janeiro de 2023, Marques Almeida foi promovido a comandante do 1º Batalhão de Operações Psicológicas. A promoção foi publicada no Diário Oficial da União em 7 de junho de 2023, assinada pelo atual comandante do Exército, general Tomás Paiva.
Pouco depois, em fevereiro de 2024, o tenente-coronel foi um dos alvos da Operação Tempus Veritatis, da PF, noticiada pela Pública. Chama atenção que Marques Almeida foi removido do comando do batalhão no mesmo dia dessa operação, 8 de fevereiro de 2024, também a mando do comandante do Exército.
A reportagem não localizou a defesa do tenente-coronel Guilherme Marques Almeida até a publicação desta reportagem.
O assassinato de Rubens Paiva, um dos crimes mais emblemáticos da ditadura militar e que norteia a história do filme ‘Ainda Estou Aqui’, indicado ao Oscar, permanece com muitas perguntas sem resposta.
Uma delas é o que os militares fizeram com o corpo do deputado após matá-lo. Agora, uma nova revelação pode ajudar a montar um quebra-cabeça que dura mais de 50 anos.
Veterano paraquedista, o militar Valdemar Martins de Oliveira prestou serviços de busca, apreensão e espionagem para o Exército durante a década de 1970 — alguns deles sob coação, disse ele em entrevista ao Intercept Brasil.
Em alguns desses trabalhos, ele acabou testemunhando ou tomando ciência de crimes praticados pelos órgãos de segurança da ditadura. Lembranças que, segundo Valdemar, nunca o abandonaram.
Uma delas envolve o destino dado pelos militares aos restos mortais de Rubens Paiva. As versões conhecidas se alternam entre seu corpo ter sido enterrado na praia ou atirado ao mar ou num rio.
De acordo com Valdemar, Paiva foi arremessado ao mar com um peso amarrado ao corpo: “uma roda de caminhão”.
Dois de seus colegas de regimento – Jurandyr Ochsendorf e Souza e Jacy Ochsendorf e Souza – participaram da ação de ocultação do corpo em janeiro de 1971, sob ordens de Paulo Malhães, chefe da equipe. Jurandyr lhe contou que o corpo de Paiva foi levado no mesmo dia da morte por um barco da Marinha.
Meses depois, os irmãos Ochsendorf seriam agraciados com a Medalha do Pacificador, honraria igualmente concedida pelo Exército ao assassino do deputado, o tenente Antônio Fernando Hughes de Carvalho, ligado ao Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica, CISA.
“Rubens Paiva já chegou quebrado ao 1º BPE [sede do DOI-Codi/RJ], vindo do CISA. Fernando Hughes terminou o serviço”, afirma.
Hoje, ele vive em uma espécie de limbo jurídico-militar. De um lado, o Exército o taxou de ter sido desertor durante a ditadura e isso o impediu de passar para a reserva. Mas ele garante que nunca desertou e que demorou anos até descobrir que havia um termo de deserção em seu nome. E, justamente por não saber que havia sido acusado de abandonar a tropa, conta que se sentia coagido a realizar trabalhos para o Exército.
Valdemar conta que resolveu falar por não ter mais medo de ameaças à sua família e, por isso, prefere contar o que sabe. “Fiquei calado por muito tempo. Dizem que a pena máxima é 30 anos, mas estou numa prisão há 50 anos”, desabafa.
Cinco denunciados, nenhum condenado Em 2014, o Ministério Público Federal denunciou cinco envolvidos, por formação de quadrilha armada, fraude processual, homicídio doloso e ocultação do cadáver de Rubens Paiva.
Entre eles, além de Jurandyr e Jacy Ochsendorf, Rubens Paim Sampaio, que integrou o Centro de Informações do Exército no Rio, José Antônio Nogueira Belham, ex-comandante do DOI-Codi/RJ, e Raymundo Ronaldo Campos.
Outros acusados, como Hughes, Malhães e o capitão Freddie Perdigão Pereira, que também teriam participado do crime, já haviam morrido na época da denúncia.
Até hoje, ninguém foi condenado pela morte de Paiva. Em fevereiro deste ano, o assassinato do deputado foi um dos três casos concretos analisados pelo Supremo Tribunal Federal, STF, durante a discussão se a Lei de Anistia deve valer para crimes permanentes e graves violações de direitos humanos — a Corte formou maioria para reconhecer que há repercussão geral.
Para o ex-preso político Ivan Seixas, ex-membro da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo – Rubens Paiva e consultor da Comissão Nacional da Verdade, as declarações do ex-militar são um importante resgate de informações sobre as ações repressivas do período.
“O fato de ele ter a disposição de falar tem de ser valorizado. Ele já mostrou que se opôs às mortes”, avalia. “Na Argentina não há um documento que prove nada, tudo é baseado em depoimentos, e ainda assim condenaram os culpados”.
Refutando versões oficiais de crimes Valdemar também contou detalhes de outro crime ocorrido na ditadura. Na chamada Casa da Morte, antro secreto de tortura e extermínio em Petrópolis, no RJ, ele conta que viu a morte do cabo e agente duplo Victor Luiz Papandreu, o “Grego”.
Militante do Vanguarda Armada Revolucionária Palmares, VAR-Palmares, Papandreu havia sido preso, aceitara ser informante dos órgãos de segurança e foi morto quando os agentes consideraram que ele não tinha mais serventia.
Após ser diagnosticado com transtornos psicológicos pelo médico Amílcar Lobo, Grego foi fuzilado à queima-roupa por Rubens Paim Sampaio, também denunciado no assassinato de Rubens Paiva, em maio de 1971.
Após sua morte, o corpo de Grego foi levado para uma usina e incinerado. De acordo com o médico, Paim havia assassinado mais de dez pessoas na casa de Petrópolis.
“Grego era inteligente, não estava louco. Mas ele era um incômodo, como eu”, conta Valdemar, que garante que Paim tinha uma extensa lista de assassinatos.
Um mês antes, o paraquedista havia participado do cerco ao casal de militantes do MR-8 [o grupo Movimento Revolucionário 8 de Outubro] Mário de Souza Prata e Marilena Villas-Boas, que resultou em tiroteio e morte do major José Túlio Toja Martinez numa rua de Campo Grande, subúrbio do Rio. O presidente Médici usou o episódio para adotar a execução como política de estado.
A versão oficial descreve que Marilena alvejou o major com um revólver ao ser abordada. Valdemar sustenta que o tiro inicial foi disparado por um potente fuzil FAL, do Exército, ou seja, o oficial pode ter sido morto por “fogo amigo”. “Seria necessário fazer um exame pericial para saber que tipo de bala o atingiu”, sugere.
Ele afirma também que o motorista de táxi que transportava o casal foi pressionado, posteriormente, a declarar que o primeiro disparo foi dado por Marilena. Ela e Mário teriam sido feridos e levados para o Hospital Central do Exército.
Anos depois, soube-se pela militante Inês Etienne Romeu que Marilena foi levada para a Casa da Morte, local onde Valdemar esteve por três vezes.
“O que vocês chamam de Casa da Morte, era a casa de Mario Lodders, filho de um alemão nazista”, ele explica.
Inês também contou ter reconhecido Hughes como um dos torturadores do local. Criado a mando do ministro do Exército Orlando Geisel, o centro de tortura teria sido desativado no fim de 1973.
Ingresso no Exército e nos porões da ditadura A trajetória de Valdemar no Exército começou em 15 de janeiro de 1968, com 17 anos, quando ingressou como soldado concursado no Núcleo de Divisão Aeroterrestre, onde hoje está o 27º Batalhão de Infantaria Paraquedista, no Rio de Janeiro.
Primeiro paraquedista de sua turma, foi cooptado já em agosto daquele ano pelo Centro de Informações do Exército, o CIE, órgão do aparato de segurança criado em 1967, subordinado ao Ministério do Exército e ao Serviço Nacional de Informação, o SNI.
Segundo ele, os paraquedistas, uma tropa de elite, eram fanatizados e treinados para a guerra. Após sua convocação, o sargento Guilherme do Rosário o apresentou ao então capitão Rubens Paim Sampaio.
Valdemar conta que Sampaio comparou sua aparência à de jovens militantes de esquerda. Ele ainda observa que não se deu conta que estava se embrenhando no submundo da vida militar. “Não sabia o que era o CIE. Simplesmente fazia o que meus superiores ordenavam”, relata.
Rubens Paim Sampaio, um dos mais ativos agentes da repressão, conhecido como “Dr. Teixeira”
O recruta teve treinamento especial no 1º Batalhão de Polícia do Exército, sede do futuro Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna, o DOI-Codi, no Rio de Janeiro.
Entre os instrutores, diz Valdemar, estavam dois oficiais estadunidenses egressos do Vietnã, que ministraram aulas sobre explosivos, fotografia, métodos de espionagem, sabotagem, interrogatório e tortura, além de temas sobre anticomunismo e ideologias de esquerda.
Dois de seus superiores estavam entre os mais ativos agentes da repressão institucionalizada: o próprio Paim Sampaio, que usava o codinome “Dr. Teixeira”, membro do CIE e oficial dos gabinetes dos generais Orlando Geisel (irmão do presidente da República) e Sylvio Frota; e o capitão Freddie Perdigão Pereira, o “Dr. Roberto”, integrante do CIE, DOI-Codi/SP, SNI e Grupo Secreto – milícia responsável por atentados a bombas a sedes de jornais, bancas de revistas, OAB/RJ e Riocentro.
Paim Sampaio e Perdigão eram chefes da Casa da Morte, cuja zeladoria era feita por um colega do grupo de paraquedismo de Valdemar: Antônio “Camarão” Waneir Lima, torturador e abusador de Inês Etienne Romeu, a única sobrevivente do local. “No quartel, ele gostava de dizer que tinha sodomizado Inês”, recorda Valdemar.
Elo entre a casa e o DOI-Codi de São Paulo, Perdigão foi um dos envolvidos no atentado à estilista Zuzu Angel, morta num acidente automobilístico em 1976.
Ele e Paim Sampaio também estiveram entre os 14 apontados pelo Ministério Público Federal, em 2014, como autores do sequestro, assassinato e ocultação do corpo do deputado Rubens Paiva.
Um terceiro chefe de Valdemar, o capitão Paulo Malhães, era um dos idealizadores da Casa de Morte, igualmente implicado no caso Rubens Paiva.
Em entrevistas, Malhães admitiu que utilizava animais para torturar presos (a famosa jiboia do DOI-Codi pertencia a ele) e que retirava arcadas dentárias e dedos dos corpos de guerrilheiros antes de jogar os cadáveres em rios.
No CIE, o soldado relata ter testemunhado até mesmo a quebra de hierarquia militar: oficiais de maiores patentes obedeciam a oficiais de menores patentes, coronéis obedeciam a capitães.
Ele assegura que o órgão estava diretamente conectado à Presidência e que suas determinações prevaleciam sobre as de outros destacamentos: “o presidente sabia tudo o que ocorria ali”, afirma.
Missões de espionagem e repressão Após deixar o cabelo crescer e adotar trajes civis, uma de suas primeiras missões foi fotografar jovens do movimento estudantil, entre eles, João Antônio Abi-Eçab e Catarina Helena Abi-Eçab, estudantes da USP e militantes da Ação Libertadora Nacional, a ALN, suspeitos da execução do capitão estadunidense Charles Chandler em outubro de 1968.
Em seguida, Valdemar Martins participou da ação de captura que resultou em tortura e morte do casal num sítio de um coronel em São João de Meriti, no Rio de Janeiro, em novembro de 1968.
“O governo procurava os assassinos do capitão, queria os culpados, mas eu disse que o casal nada sabia”, conta.
Após discordar da violência exercida pelos agentes, Valdemar relata ter sido agredido por “Miro”, policial do DOPS, e depois afirma que passou a ser perseguido e ameaçado por seus pares.
Dias depois, segundo Valdemar, Paim Sampaio produziu um falso termo de deserção que acredita ter como objetivo lhe imputar a execução do casal, que teria sido feita por Perdigão.
O termo de deserção
“O termo foi escrito à mão numa folha de caderno. Eles queriam que eu segurasse essa bucha”, relata.
A versão oficial sobre o caso Abi-Eçab citava que o casal morrera num acidente automobilístico, cujo veículo carregava explosivos.
Os militares receavam que o recruta denunciasse os crimes – algo que ocorreria muito depois, mas sem surtir efeito perante à Justiça Militar.
Hospedado no Hotel Marialva, no bairro da Lapa, Rio de Janeiro, Valdemar partia para operações diversas na região.
Em 1970, contudo, ele se reuniu com os militares na casa de sua irmã, em São Paulo, para tratar de sua permanência no quartel do Rio de Janeiro, proposta rechaçada pelos agentes de segurança.
Valdemar afirma que, como se recusou a dar continuidade às atividades de vigilância, acabou agredido, juntamente com sua mãe e irmã – ele teve um corte profundo na cabeça e seu braço quebrado, enquanto sua irmã sofreu um aborto.
Coagido, permaneceu ligado ao CIE. “Quem entrasse, não sairia mais, então eu me fazia de besta”, afirma.
Vida na clandestinidade e retorno à caserna
Valdemar Martins executou também tarefas mais amenas e burocráticas. Mesmo sem experiência, atuou como “funcionário” e olheiro nas empresas DIMIG e SPI, onde emitia certificados de títulos mobiliários e fundos de investimento, e na fábrica de cigarros Sabratti.
Diariamente, conta ele, tinha que se apresentar no prédio do DOI-Codi em São Paulo. Por discordar dos métodos de repressão, Valdemar revela que, frequentemente, neste e em outros casos, seus relatórios omitiam informações.
Em 1972, ele foi enviado para as regiões de Marília e de Ribeirão Preto, ambas no interior de São Paulo, para se infiltrar em grupos de teatros, bares de universitários e igrejas.
Quatro anos depois, Valdemar foi avisado que estava sendo procurado por Mariel Mariscot, ex-paraquedista e notório integrante do temido Esquadrão da Morte, e teve sua casa invadida. Ao perceber que a porta seria arrombada, conta que escapou pelos fundos e pulou o muro. Mariscot seria preso em seguida.
Em meio a turbulências, partiu para o Chile, onde trabalhou numa mineradora e prestou serviços para o CIE quando requisitado. “Havia o receio de ameaças à minha família”, pontua.
No início da reabertura política, em 1979, procurou seu antigo chefe em São Paulo e Marília, Waldir Silveira Mello, que havia se tornado juiz auditor da Justiça Militar.
Porém, foi aconselhado a “sumir, pois sabia demais”. O conselho, além de outro ataque, no qual seu carro foi alvejado por tiros, o compeliram a seguir na semiclandestinidade durante as décadas seguintes, quando trabalhou em garimpos e fazendas, como boia-fria – e procurou, sem sucesso, auxílio de oficiais para resolver sua situação militar.
A sua sorte mudou em 1997. Após relatar sua condição a diversos oficiais, foi chamado para se reapresentar ao seu antigo batalhão. Munido de habeas corpus preventivo foi, 30 anos após seu ingresso nas Forças Armadas, reincorporado em 12 de março de 1998, com 47 anos de idade.
A estadia no quartel foi curta. Ele foi licenciado do serviço em 26 de julho de 1999 por ultrapassar a idade permitida para a função de soldado, sem direitos assegurados aos agentes militares – situação que persiste até hoje.
Negou-se a assinar o certificado de reservista por discordar de sua permanência no cargo de soldado.
Antes de sua saída, o capitão José Vanildo Cerqueira havia se prontificado a regularizar sua situação militar por meio de Inquérito Policial Militar, IPM, reunindo provas e documentos. Mas, em questão de um mês, o oficial foi transferido do batalhão e faleceu durante exercício na Amazônia.
Fotos e documentos desapareceram, e várias versões foram dadas para a morte do capitão. Seu substituto foi Reginaldo Vieira de Abreu, que seria indiciado na trama golpista de 8 de janeiro de 2023.
Um dos oficiais que havia articulado sua reincorporação, o general Osvaldo Pereira Gomes, propôs a ele que passasse para a reserva como sargento, contanto que esquecesse o IPM e não comentasse mais o caso.
“Os irmãos Ochsendorf já estavam como capitães a essa altura. Como não acreditava em mais nada do que falavam e insistia em uma investigação, não concordei. Fui licenciado sem mais nem menos”, diz.
Testemunhos sobre crimes e golpes Nos anos 2000, o ex-agente começou a tornar públicas suas histórias. Em 2001, Valdemar ajudou o repórter Caco Barcellos a trazer à tona a verdadeira história por trás das mortes de João Antônio e Catarina Helena Abi-Eçab, provando que o acidente fora forjado por militares.
Conforme sua descrição, os peritos constataram que Catarina fora executada com um tiro no crânio. “Havia vestígios de chumbo em sua nuca, no local onde eu havia indicado”, revela.
O irmão de Catarina, Lula Ferreira, ex-técnico da seleção brasileira de basquete, consentiu que fosse feita a necropsia nos restos mortais. Ele considera que o ex-militar também foi uma vítima da ditadura civil-militar. “Assim como Catarina e João, ele era muito jovem na época”, disse Ferreira.
Enquanto Valdemar fornecia declarações à TV Globo, no Rio de Janeiro, sua família recebeu a visita de Paim Sampaio, seu antigo chefe no CIE, no interior de São Paulo. Seu filho, então com 12 anos, foi intimidado pelo militar.
“Por telefone, Paim me disse para tomar cuidado com o que eu falava”, revela. Ele denunciaria Freddie Perdigão como o autor do homicídio do casal somente na Comissão Nacional da Verdade.
Entre 2013 e 2014, Valdemar prestou depoimentos à comissão sobre o assassinato dos Abi-Eçab e sobre o atentado à OAB/RJ em 1980, ao fazer reconhecimento do fabricante de bombas Hilário Corrales e do sargento Magno Cantarino Mota – este, presente também no Riocentro, em 1981.
Ele acredita que seu ex-colega, o sargento Guilherme do Rosário, que carregava uma das bombas que explodiu no atentado ao Riocentro, teve sua morte planejada. Freddie Perdigão, então um tenente-coronel, comandou as duas operações.
Um inesperado reencontro com o passado ocorreu numa sessão da comissão, quando se deparou com o ex-comandante Paulo Malhães. “Ele me disse ‘aprenda como se faz’, após mentir nos depoimentos para proteger seus amigos”, afirma Valdemar.
Semanas depois, Malhães foi encontrado morto, com sinais de asfixia, em seu sítio. “Ele morreu ‘no saco’, como se diz na gíria militar, com um saco plástico envolto na cabeça.”
Tentativas de reparação Apesar de ter sido falsamente taxado de desertor durante a ditadura militar, o que lhe acarretou problemas constantes, Valdemar continuou a realizar trabalhos para o Exército e foi mantido contra sua vontade no posto de soldado até os 49 anos – mesmo com curso de cabo –, ultrapassando a idade limite para a função.
Agora, aos 73 anos, ele ainda não conseguiu passar para a reserva. “Se eu fosse mesmo um desertor, seria excluído do serviço ativo. O Supremo Tribunal Militar reconheceu que não houve deserção de praça, pois em 1998 não encontrou a Instrução Provisória de Deserção, o IPD”, argumenta.
No entanto, seus pedidos de anulação do ato de deserção, anistia política, reintegração à reserva do Exército Brasileiro e reparação econômica não foram acolhidos pela Justiça Militar.
“Meus processos sempre caíam na mão de Edmundo Franca Oliveira, o juiz do caso do Riocentro”, conta. Nem mesmo a Comissão de Anistia os acolheu – em 2021, ele obteve um parecer favorável e outro divergente pela comissão.
Os seus ex-colegas de regimento, Antônio “Camarão” Waneir e Jacy Ochsendorf, chegaram aos postos de, respectivamente, sargento e major. Eles, ao lado do general reformado José Antônio Belham, ex-comandante do DOI-Codi/RJ, seguem livres e recebendo salários.
Valdemar tem esperança de que seu depoimento seja considerado e, com isso, mudar o curso de sua história na segunda quinzena de março, quando será realizada uma oitiva, com presença de procuradores e da Polícia Federal, na Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos – um marco importante no reconhecimento de violações cometidas durante a ditadura, restabelecido no ano passado após sua extinção por Jair Bolsonaro, um ex-paraquedista.
Preocupações com aglomerações de apoiadores e segurança das Forças Armadas marcam as discussões.
As discussões entre oficiais do Exército já começaram a se concentrar sobre onde o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) poderá cumprir pena, caso seja condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por sua suposta tentativa de golpe de Estado. Um dos principais pontos de preocupação é a possibilidade de manifestações em frente à unidade militar onde Bolsonaro poderá ser alojado, considerando a grande mobilização de seus seguidores.
Embora ainda exista um receio de que o julgamento sobre a tentativa de golpe avance apenas em 2026, os militares estão se preparando para possíveis cenários. O STF tem uma expectativa de que a análise dos 34 denunciados ocorra até o final deste ano, mas a quantidade de réus torna essa previsão incerta. A intenção dos oficiais é que haja uma organização prévia, caso a situação se torne crítica.
A principal preocupação gira em torno de Jair Bolsonaro, que, devido ao seu passado como chefe de Estado e ex-integrante das Forças Armadas, poderá cumprir pena em uma unidade militar. Ele foi acusado pela Procuradoria-Geral da República de liderar uma organização criminosa voltada para um golpe de Estado, o que ele nega veementemente. Em contrapartida, o ex-presidente poderia ser encaminhado a uma unidade da Polícia Federal, similar ao que ocorreu com Luiz Inácio Lula da Silva, que ficou preso em uma sala especial por 580 dias em Curitiba.
Prisão de Braga Netto e usada como parâmetro
Contudo, a hipótese mais provável é que Bolsonaro cumpra pena em uma unidade militar. As instalações que ele ocuparia seriam equivalentes às que estão sendo utilizadas por Braga Netto, também denunciado, no quartel da 1ª Divisão do Exército, localizado na Vila Militar do Rio de Janeiro. Esse espaço é equipado com armário, frigobar, televisão, ar-condicionado e banheiro privativo.
Entre os locais considerados, um espaço no Comando Militar do Planalto, em Brasília, é uma das opções analisadas. No entanto, nenhum passo concreto foi dado até o momento, e essas discussões ainda estão em fase preliminar. Embora o Código Penal Militar preveja a criação de espaços especiais para ex-presidentes, é necessário considerar que isso também pode gerar um fluxo de apoiadores, lembrando as aglomerações que ocorreram durante o acampamento de manifestantes em frente a quartéis durante as eleições passadas.
A possibilidade de tumultos e a pressão de seguidores de Bolsonaro para que se posicionem em favor dele são preocupações reais para os militares, que desejam evitar novas tensões nas Forças Armadas. Durante a prisão de Lula, por exemplo, manifestantes se aglomeraram em frente à sede da Polícia Federal em Curitiba, criando um clima tenso. No caso de Bolsonaro, o temor é de que a situação se repita, gerando novos desafios para as instituições militares, segundo a Folha de S, Paulo.
General Walter Braga Netto nomeou chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro apontado pela PF como “autor intelectual” da morte de Marielle.
A deputada Luciene Cavalcante, do PSol de São Paulo, pediu nesta quinta-feira (28/3) que o Ministério Público Militar cobre o afastamento o general da reserva Walter Braga Netto do Exército enquanto o militar é investigado por nomear o delegado Rivaldo Barbosa como chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro um dia antes do assassinato de Marielle Franco. Barbosa é o “autor intelectual” da morte da vereadora, segundo a PF, e foi preso no domingo (24/3).
Barbosa foi nomeado por Braga Netto. Em 2018, ainda no governo Temer, Braga Netto era o interventor federal na segurança pública fluminense. Após a operação da PF que prendeu o ex-chefe da Polícia Civil subordinado a Braga Netto, o general alegou que assinou a nomeação apenas por “questões burocráticas”, segundo Guilherme Amado, Metrópoles.
Em manifestação citada na decisão do ministro Alexandre de Moraes, a PF afirmou que Rivaldo Barbosa planejou “meticulosamente” a execução de Marielle e teve “total ingerência” para sabotar as investigações da polícia que comandava.
“É de extrema importância e gravidade o contexto que levou à nomeação de Rivaldo Barbosa, uma vez que se deu não só de forma discricionária e sem fundamentação, como também em desacordo com a Inteligência da Polícia Civil do Rio de Janeiro, o que pode representar uma violação à lei e à ordem pública”, afirmou a deputada Luciene Cavalcante ao MPM.
Depois de ser interventor federal, Braga Netto foi ministro da Defesa e da Casa Civil de Jair Bolsonaro. Em 2022, foi seu vice na campanha de reeleição e participou de articulações golpistas, também de acordo com a Polícia Federal.
Se Bolsonaro vale alguma coisa para alguém da envergadura moral de Malafaia, ele não vale mais nada para a imensa maior parte do povo brasileiro.
Lógico que, assim como tentou passar a ideia de que era um militar reformado, quando, na verdade, foi expulso com uma das maiores desonras que um soldado pode receber, Bolsonaro foi derrotado nas urnas e extirpado da política pelo TSE.
O que sobrou dele, não tem mais nada de militar, menos ainda de político, que fará ser chefe supremo das Forças Armadas e líder da oposição.
Essa cúpula que está enroscado com ele até o talo, não morre de amores por Bolsonaro, apenas está no mesmo barco náufrago como qualquer rato que, se abandona o barco, morre afogado.
Ou alguém acredita que Malafaia está nesse desespero todo, bancando manifestação de Bolsonaro e afrontando o STF sem motivos? Podem jurar que não. Ele não está interessado em salvar Bolsonaro, mas a si próprio.
Malafaia conquistou espaço num governo cravejado de corruptos, delinquentes, milicianos e, certamente, não ficará fora de uma eventual punição, caso, como tudo indica, Bolsonaro enfrentará.
Essa rearrumação das abóboras tentadas por Bolsonaro, buscando aliança com a direita tradicional, não acontecerá porque a acomodação das abóboras ocorre com o movimento do veículo que as carregam, e o veículo de Bolsonaro está encalhado, bateu biela e fundiu o motor, tendo como laudo 100% de perda, só tem carcaça e ainda amarrotada.
Bolsonaro não tem como se safar, que fará salvar alguém, porque não tem mais o fermento do poder e, com isso, não gera qualquer benefício ou privilégio para os aliados.
Portanto, ninguém vai coligar com quem não é mais nada para transformá-lo num inocente. No máximo, terá apoio daqueles que enfrentarão a mesma realidade perante a justiça que o morto-vivo, Jair Bolsonaro enfrenta.
O depoimento do ex-comandante do Exército Freire Gomes foi considerado por aliados e auxiliares de Jair Bolsonaro, o “relato mais grave”, até agora, sobre o ex-presidente no inquérito do golpe.
Para o entorno do capitão reformado, o depoimento detalhado que o general deu sobre sua participação em reuniões com Bolsonaro e o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira é tão grave quanto as revelações da delação do ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid.
O trecho que gera mais preocupação é a confirmação do ex-comandante, de que o próprio ex-presidente apresentou a minuta golpista e discutiu seu teor em, ao menos, duas reuniões. Para conselheiros de Bolsonaro que atuam na área jurídica, não será fácil dar uma explicação que convença os investigadores de que os encontros tinham caráter democrático, diz Bela Megale, O Globo.
Hoje, a linha de defesa é reforçar que Bolsonaro não chegou a assinar nenhum documento. A avaliação da PF e do Supremo Tribunal Federal (STF), porém, é que atentar contra o estado democrático já configura o crime.
Aos investigadores, Freire Gomes disse que “se recorda de ter participado de reuniões no Palácio do Alvorada, após o segundo turno das eleições, em que o então Presidente da República JAIR BOLSONARO apresentou hipóteses de utilização de institutos jurídicos como GLO, ESTADO DE DEFESA e ESTADO DE SÍTIO em relação ao processo eleitoral”
Segundo militar, Bolsonaro também participou de reunião com cúpula das Forças Armadas na qual se discutiu a “minuta do golpe”
O general da reserva Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército no governo Bolsonaro, prestou depoimento à Polícia Federal nesta sexta-feira (1), respondendo a mais de 200 questionamentos ao longo de oito horas. Segundo informações reveladas pelo Jornal da Band, Freire Gomes confirmou que recebeu ordens diretas do ex-presidente para não desmontar acampamentos de manifestantes golpistas em frente aos quartéis-generais do Exército.
Durante o depoimento, o general também corroborou o relato do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, sobre uma reunião com os comandantes das Forças Armadas. Nessa reunião, teria sido apresentada uma minuta do golpe, que incluía planos para a prisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e o impedimento da posse do presidente Lula (PT). Novas informações obtidas pela Band, através de fontes ligadas ao general, indicam que Freire Gomes também confirmou a presença de Bolsonaro nessa reunião, ocorrida após as eleições durante o governo anterior.
As informações relacionadas ao depoimento estão sob estrito sigilo, buscando evitar vazamentos que possam comprometer a investigação em curso. A Polícia Federal adotou uma cautela significativa, chegando ao ponto de não autorizar a defesa do general a levar uma cópia do depoimento, ressaltando a sensibilidade e a relevância do conteúdo para o desdobramento das investigações.
Luiz Roberto Peret foi contratado pela Verint Systems.
Um dos conselheiros fundadores do Instituto General Villas Bôas, o general Luiz Roberto Peret atuou como intermediário da empresa Verint Systems para negociar com o Exército a compra de sistemas de inteligência, entre eles, o software First Mile. O uso da tecnologia pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) é investigado.
A atuação de Peret foi relatada por Caio Santos Cruz, filho do general Santos Cruz. De acordo com informações publicadas neste sábado (13) pelo jornal Folha de S.Paulo, Peret foi contratado pela Verint Systems. Ele é general reformado do Exército. Ele se formou na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) em 1973, mesma turma de Villas Bôas.
Caio Santos Cruz afirmou que a ferramenta foi vendida a outros órgãos públicos, e citou o antigo Departamento Penitenciário Nacional (Senappen – Secretaria Nacional de Políticas Penais), a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a Aeronáutica e a Marinha.
A Senappen e a PRF negaram o uso do First Mile. A Marinha afirmou que “desenvolve a referida atividade em conformidade com a Constituição Federal e com as normas constantes no ordenamento jurídico nacional”. “No que tange às declarações do sr. Caio Cesar dos Santos Cruz, a M
A Aeronáutica também se negou a comentar o assunto e afirmou “que todas as atividades são desenvolvidas no estrito cumprimento de sua missão institucional e em conformidade com a Constituição Federal”.
Quem é esse soldado israelense que explode crianças na Palestina? Que idade tem? O que carregará dentro dele no futuro quando a história lhe cobrar tantas mortes de civis, sobretudo de mulheres e crianças?
Quem transformou esse futuro trapo humano em monstro, que não se sensibiliza com absolutamente nada? Que técnicas aplicaram para tirar o cérebro de um jovem que ingressa no exército terrorista de Israel?
Seria interessante especialistas nessa área destrincharem como Israel consegue transformar jovens normais em animais selvagens que cumprem o mais brutal genocídio que pode sim ser classificado como o holocausto palestino.
Repetindo, as maiores vítimas desse exército macabro, em plena era digital, em 2023, diante dos olhos do planeta, comete um carnificina em Gaza contra civis absolutamente desarmados, num claro projeto de colonialismo de dizimar do bebê ao velhinho.
Quem chegou a tanto na história da humanidade? De onde vem tanto ódio para ser descarregado contra crianças inocentes?
Pior, aqui no Brasil, por uma atitude leviana, sórdida e mesquinha, muitos brasileiros racistas aplaudem o morticínio provocado por Israel contra os palestinos.