O mesmo Bolsonaro que negava a fome no Brasil há poucos meses, agora está “preocupado com a fome dos pobres que precisam trabalhar”
Que coisa mais tocante!
O relatório feito pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura indicou um grande retrocesso do Brasil sob o comando de Bolsonaro .
A curva de desnutrição, há muito descendente, passou a crescer muito.
Quando soube do relatório, Bolsonaro o “preocupado com a fome dos pobres”, hoje, agora, de maneira leviana, afirma que a fome no Brasil é uma mentira, assim como diz que a pandemia de coronavírus é uma histeria e que é apenas uma gripezinha.
Por que a fome, praticamente erradicada por Lula e Dilma, voltou com força total no governo Bolsonaro?
Pela ideologia do governo que se estabeleceu a redução de políticas sociais e programas de transferência de renda, o que resultou no aumento da subnutrição, assim como a prevalência de anemia em mulheres em idade reprodutiva.
A criação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, criado por Lula a partir de 2003, dispensou uma maior atenção aos problemas do semiárido, com a construção de centros de capacitação e uma rede de cisternas.
Essas ações, fundamentais para a saída do Brasil do Mapa da Fome em 2014, perderam força com a reorganização e extinção de ministérios levada a cabo nos últimos anos, sobretudo no primeiro semestre de governo Bolsonaro, com a diminuição do orçamento de políticas agrárias e de redistribuição de terras e de renda, o que, sem dúvida, agravou e muito os índices sociais, aumentando significativamente o número de pessoas em situação de extrema pobreza – aquelas cuja renda mensal é inferior a R$ 230, trazendo o Brasil, mais um vez, para o Mapa da Fome.
Bolsonaro sempre trabalhou para que o Brasil, além de pobre, ficasse triste, assustado, violento e preconceituoso.
Em setembro de 2019, com oito meses de governo Bolsonaro, o Brasil já ostentava uma marca macabra contra a infância pobre. Seis em cada dez crianças brasileiras vivem na pobreza, fato constatado por um estudo inédito da Unicef.
Agora, Bolsonaro, em defesa da ganância do empresariado, quer colocar toda a população em risco exigindo o fim da quarentena com a justificativa de que os pobres passarão fome.
Ou seja, o cinismo sádico de Bolsonaro é doentio e não enxerga limites.
*Carlos Henrique Machado Freitas