A oposição decidiu adiar para a próxima semana o protocolo de criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre as fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), também chamada de “CPMI do INSS”.
Enquanto isso, líderes governistas estão preparando um dossiê ligando o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro a descontos fraudados (entenda mais abaixo).
Segundo documentos levantados por técnicos de líderes governistas, o governo Bolsonaro permitiu que as associações não fizessem as validações dos descontos, deixando que essa checagem ficasse para 2023.
🔎Dessa forma, isso acabou mantendo as fraudes no sistema dos benefícios de aposentados e pensionistas.
O dossiê já tem inclusive um organograma conectando assessores do governo Bolsonaro da Secretaria de Previdência Social à criação de associações que hoje estão sob investigação da Polícia Federal.
Segundo os dados levantados, assessores tanto da Secretaria de Previdência como do INSS facilitaram a criação de entidades como a Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec), que está sendo apontada como umas das que praticavam fraudes nos descontos de contribuições.
A Ambec tinha três filiados quando fez o acordo de cooperação com o INSS em 2021. Logo depois, passa para mais de 600 mil, pulando de um faturamento de R$ 135 para R$ 30 milhões por mês. A entidade nega irregularidades, mas está na lista das investigadas pela PF.
Organograma O organograma elaborado por técnicos de líderes governistas tem no centro o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, chamado de “careca do INSS”, que teria começado a atuar na intermediação entre as associações e o INSS ainda no governo Bolsonaro.
A PF apreendeu no escritório do lobista um caderno com anotações que os investigadores acreditam ser uma planilha do pagamento de propinas. A maior parte das associações criadas no período do governo anterior seria fantasma, diz Valdo Cruz, g1.
O dossiê seria usado numa eventual CPMI do INSS, mas o governo espera conseguir evitar a sua instalação retirando nomes de deputados que já assinaram o documento.
Levantamento junto ao Diário Oficial revelou os acordos de descontos que mais lesaram aposentados e pensionistas.
O governo de Jair Bolsonaro (2019-2022) foi responsável por pelo menos sete convênios que autorizaram entidades a fazer descontos irregulares de aposentados e pensionistas. As informações são de pesquisa feita no Diário Oficial da União pelo jornalista Fernando Molica, do site Correio da Manhã.
O levantamento analisou as 11 entidades que são campeãs das fraudes do INSS, de acordo com a Polícia Federal. Entre as 11, um dos convênios foi renovado no governo Lula, que retomou contrato com uma associação que tivera contrato rescindido em 2020.
Já outro dos acordos, publicado em agosto de 2019, é termo aditivo a um assinado no ano anterior, durante o governo Temer. O termo aumentou o desconto de 0,5% para 2,5% de cada benefício, até o limite de R$ 50,00, para o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical. Em 2020 (sob Bolsonaro) e em 2023 (governo Lula), o Acordo de Cooperação Técnica seria renovado. Os novos extratos publicados no DOU falam em descontos de 0,6% ou de 2,5%.
No levantamento, foi possível comparar valores de descontos. O maior desconto nos benefícios encontrado é de 4,09%, referente a um acordo assinado, em abril de 2022, entre o INSS e a União Nacional de Auxílio aos Servidores Públicos (Unaspub) e válido por cinco anos. Outros descontos variavam de 2% a 3%
Convênio foi assinado em 29 de dezembro 2022 Um dos acordos, com a Associação de Proteção e Defesa dos Direitos dos Aposentados e Pensionistas foi assinado no dia 29 de dezembro de 2022, 3 dias antes da posse de Lula, e publicado no Diário Oficial de 2 de janeiro de 2023.
A entidade que mais lesou segurados foi a Caixa de Assistência dos Aposentados e Pensionistas do INSS, de acordo com a Controladoria Geral da União (CGU). O contrato, publicado em maio de 2022, estabeleceu 3% de desconto de seus associados por um prazo de cinco anos. Um acordo assinado em 2021, este com a Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos, previa um desconto fixo de R$ 45,00.
As investigações mostram que a grande maioria dos descontos era feita de maneira fraudulenta, sem conhecimento dos aposentados e do pensionistas. Em 2019, Bolsonaro incluiu em medida provisória exigência de renovação anual da autorização de descontos, mas a medida foi afrouxada no Congress, que aumentou o prazo para três anos. A mudança foi proposta em emendas de parlamentares de diversos partidos: PT, PR (hoje, PL), Solidariedade MDB, PSDB, PCdoB e PSB.
Jair Bolsonaro sancionou a lei aprovada pelo Congresso, mas já em 2020 possibilitou que as autorizações fossem feitas em até quatro anos. Em 2022, a lei 14.438, , ganhou artigo que acabava com a possibilidade do controle dos descontos.
Jornalista Marcelo Auler afirma que rombo de R$ 6,3 bilhões em descontos indevidos em aposentadorias teve origem na gestão anterior e defende apuração rigorosa.
Segundo o Jornalista, o esquema de descontos ilegais em aposentadorias e pensões do INSS, estimado em R$ 6,3 bilhões, teve início ainda no governo Jair Bolsonaro. Auler enfatizou que a operação conduzida pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU) não tem motivação política contra a atual gestão federal, mas responde a um problema estrutural que se arrasta desde 2019.
“Eu acho que o governo está dando uma dentro. Este escândalo do INSS precisa ser apurado, e não é um golpe contra o governo. Não foi dinheiro do governo que foi roubado dessa vez, foi dinheiro do aposentado”, declarou.
Os indícios de irregularidade vieram à tona a partir de uma investigação interna da CGU, iniciada após detectar um aumento anormal nos descontos aplicados a beneficiários do INSS. Auler relatou que uma pesquisa da CGU ouviu 1.224 beneficiários e constatou que “97,6% deles informaram não autorizar os descontos”. Ainda conforme o jornalista, “1.221 disseram: ‘Eu não sou de associação nenhuma e tô sendo descontado’”.
A operação mobilizou cerca de 700 policiais federais e 80 servidores da CGU. Foram cumpridos 211 mandados judiciais de busca e apreensão, além de seis mandados de prisão temporária. Também houve o afastamento de seis servidores públicos e o bloqueio de bens que ultrapassam R$ 1 bilhão. Para Auler,
“essa é a principal diferença da Lava Jato: você não tem um só juiz. São inquéritos de delegados diferentes, de estados diferentes, que são relatados a procuradores da República diferentes, que encaminham aos juízes diferentes”.
O jornalista destacou que a operação se diferencia por sua base institucional. “Ela começa quando a CGU nota que há um crescimento inexplicável desses descontos e começa a investigar”, frisou. A investigação posterior da Polícia Federal teve como ponto de partida os dados consolidados pela CGU.
Marcelo Auler também comentou a atuação do governo Lula diante do escândalo. Ele defendeu a postura da atual administração, que, segundo ele, “acertou no discurso e na operação feita em conjunto CGU, Polícia Federal e a inteligência do INSS”. Porém, criticou a tentativa do ministro da Previdência, Carlos Lupi, de amenizar a situação do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que acabou sendo exonerado. “O Lupi errou ontem quando entra na entrevista aliviando o presidente do INSS. Como é que esse cara não viu isso, se já pipocavam matérias na imprensa desde o ano passado?”, questionou.
O caso revela um problema de fiscalização e responsabilidade administrativa. “O servidor público foi corrompido para facilitar essa sacanagem. O rombo não é no governo, infelizmente, é no bolso dos aposentados”, ressaltou. Ele ainda afirmou que, embora parte dos descontos possa ter sido legal, “ainda que fossem apenas 100 mil reais descontados de aposentados, merece uma apuração séria”.
Ele ainda fez referência à atuação do presidente Lula, lembrando que foi ele quem determinou a exoneração do presidente do INSS. “Foi por isso que o Lula mandou demiti-lo no meio da tarde, e quem demitiu foi a ministra substituta da Casa Civil”, explicou. Com 247.
Livro escrito durante o governo Lula expõe pela primeira vez as dificuldades de servidores da ABIN durante a gestão de Alexandre Ramagem na pandemia.
No silêncio dos corredores diplomáticos, entre relatórios classificados e reuniões à distância, agentes da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) enfrentaram não apenas o avanço da covid-19, mas também a negação oficial da gravidade da crise. Para esses profissionais, a pandemia foi mais do que um desafio sanitário global: foi um teste de integridade, de responsabilidade institucional — e de coragem. Enfrentaram uma conjuntura em que o trabalho técnico colidia com interesses políticos, exigindo escolhas difíceis entre o silêncio e a persistência ética.
É o que revela o livro “Memórias da Pandemia: A atuação da ABIN no enfrentamento à COVID-19” (2020–2021), lançado em abril de 2025. A obra dá voz a servidores da Agência que atuaram em diferentes partes do mundo durante os anos mais críticos da crise, e mostra como a missão de proteger a sociedade brasileira esbarrou em barreiras internas, ideológicas e políticas. Ao mesmo tempo, é um documento de memória institucional, que busca não apenas registrar os bastidores da crise, mas também reconhecer o esforço silencioso de quem, mesmo sob pressão, insistiu em produzir inteligência de qualidade.
“Era muito ruim assistir a isso tudo de longe” Oficial de Inteligência há 24 anos na ABIN, Guilherme* estava lotado na China quando o vírus começou a se espalhar pelo mundo. Viu, em primeira mão, a aplicação de medidas rigorosas para conter o surto. Do outro lado do globo, o Brasil parecia caminhar na direção oposta, deixando transparecer uma mistura de despreparo, negacionismo e desorganização institucional.
“Esse contraste entre o controle da doença na China e o seu avanço no Brasil foi muito impactante para mim e para minha esposa. Foi gerando em nós uma mistura de desespero, de angústia, de depressão. Uma tia minha faleceu, a avó da minha esposa também. Assistir a isso tudo de longe, sem poder fazer nada, gerava uma sensação de impotência muito grande.”
O sentimento de frustração aumentou quando vieram as ordens para deixar de priorizar o tema em seus relatórios, mesmo com novos surtos surgindo em território chinês. Para um agente acostumado a operar com base na antecipação e na prevenção, ter que ignorar dados relevantes era uma violência silenciosa, difícil de suportar.
“Recebi mensagens de Brasília recomendando que eu deixasse de priorizar o acompanhamento da pandemia. Parei por um tempo, mas retomei quando houve um surto em Pequim. Fiz documentos que considerava importantes, mas ouvi que talvez não valesse a pena — não seriam aproveitados.”
Esse distanciamento forçado entre o conhecimento produzido e a decisão política ilustra, de forma trágica, o que foi a experiência da ABIN naquele período: produzir evidência, mesmo quando ela era sistematicamente ignorada.
“Havia um contexto hostil ao enfrentamento da doença” Na Itália, outro epicentro da pandemia, Flávio* vivia realidade semelhante. Oficial também experiente na ABIN, ele relatou um ambiente de ceticismo e relativização por parte de setores do governo. O que deveria ser uma ação coordenada para salvar vidas virou um campo de disputa ideológica.
“Era fato que havia um contexto ideológico hostil ao enfrentamento da doença. Um sentimento de que tudo estava sendo exagerado. Isso se espalhou por setores do governo e até por algumas embaixadas.”
O ponto de maior conflito surgiu com a politização de medicamentos sem eficácia comprovada, que passaram a ser tratados como soluções oficiais. O Brasil se distanciava do debate científico global, enquanto insistia em soluções mágicas e discursos sem base técnica.
“O ápice disso tudo foi a discussão sobre a eficácia de medicamentos como hidroxicloroquina, ivermectina, ozônio… Enquanto o mundo buscava vacinas e dados confiáveis, o Brasil promovia desinformação.”
Para Flávio, a inteligência havia se tornado refém da disputa política, e a missão de fornecer dados objetivos colidia frontalmente com a narrativa que o governo queria sustentar.
Inteligência sob censura Os relatos apontam uma tensão constante entre a produção técnica da ABIN e o ambiente político hostil à ciência. Mesmo dentro de uma agência dedicada à produção de conhecimento estratégico, houve tentativas de silenciar análises e relatórios por não se alinharem com discursos oficiais. A negação partia do topo e se infiltrava nas estruturas decisórias, contaminando o ecossistema da informação.
Apesar da pressão, os agentes seguiram produzindo conteúdo técnico. Muitos desses documentos foram posteriormente desclassificados e compõem hoje o acervo apresentado no livro. O material revela não apenas a atuação técnica da Agência, mas também sua resiliência institucional diante de um cenário adverso.
Relatórios, briefings e alertas foram produzidos com base em fontes abertas, dados internacionais e conhecimento acumulado. Mesmo sem garantias de que seriam lidos ou levados em consideração, os servidores insistiram em fazer sua parte — uma resistência silenciosa, mas poderosa.
Um testemunho sobre coragem e responsabilidade “Memórias da Pandemia” não é apenas um repositório de dados. É, acima de tudo, um relato sobre ética, compromisso com o interesse público e o valor da informação qualificada — especialmente quando ela é ignorada. A obra revela o embate entre o dever institucional de proteger a sociedade e a tentativa política de controlar narrativas. Revela também o isolamento dos técnicos que, muitas vezes, enfrentaram a pandemia não apenas do ponto de vista epidemiológico, mas também político e psicológico.
“Se as decisões não foram tomadas, há que se perguntar àqueles que as receberam”, escreve o pesquisador Gustavo Matta, da Fiocruz, no prefácio da obra.
É também uma homenagem silenciosa aos profissionais da inteligência que, mesmo na sombra, escolheram agir com luz. A publicação marca um esforço inédito de transparência e de abertura da ABIN à sociedade, mostrando que é possível — e necessário — democratizar a inteligência de Estado sem abrir mão do sigilo, mas abrindo espaço para a verdade.
*Os nomes são fictícios para preservar a identidade dos agentes citados.
Há exatos 5 anos teve início uma das maiores catástrofes sanitárias de todos os tempos. A pandemia de covid-19 assombrou o mundo trazendo pânico, sofrimento, vidas perdidas e impactos sociais e humanos que perduram até hoje.
Em nosso país, foram milhões de pessoas gravemente impactadas, mais de 700 mil vidas perdidas, milhões de sobreviventes sequelados, famílias enlutadas, crianças órfãs.
Ainda que a memória de tudo o que a humanidade passou esteja presente, é necessário e urgente que já falemos de sua preservação. Uma memória que vá além dos números e das mortes invisibilizadas, que valorize as vidas e suas histórias, familiares, amigos e vivências individuais e coletivas.
Que se construam memoriais vivos e acolhedores que celebrem a vida das pessoas que faleceram pela Covid-19. Que se construam também espaços para homenagear trabalhadoras e trabalhadores que se dedicaram a atenuar o sofrimento e salvar vidas.
Que se preservem documentos, avanços científicos e registros da importância do Sistema Único de Saúde (SUS), um dos maiores sistemas de saúde pública do mundo e que teve papel crucial na pandemia.
Em um país como o Brasil, os efeitos da pandemia foram complexos. Parcelas mais vulneráveis da população, vivendo em territórios com saneamento e habitações precárias, em trabalho informal, foram bem mais afetadas por mortes e impactos socioeconômicos.
Infelizmente, todo esse cenário secular de injustiças e desigualdades sociais foi palco para a necropolítica perpetrada pelo governo Bolsonaro, que adotou estratégia deliberada de espalhamento do vírus e disseminação da covid-19.
Ações e narrativas articuladas, negacionistas, sistemáticas voltadas para desinformar e manipular, possibilitaram a exposição desnecessária de pessoas ao vírus. O objetivo sempre foi alcançar a chamada “imunidade de rebanho” por contágio, estratégia eticamente inaceitável e sem respaldo científico.
As condutas anticiência e as graves violações de direitos humanos contribuíram de forma decisiva para mortes evitáveis e configuraram crimes contra a humanidade. São, portanto, crimes imprescritíveis.
A justiça, ainda que tardia, será feita. De preferência pelo poder judiciário brasileiro, mas também pelo Tribunal Penal Internacional.
Que uma Comissão Nacional de Verdade e Justiça para as vítimas da covid-19 seja instaurada e permita reparação e indenização a todos/as que morreram por ação ou inação do Estado.
Uma mensagem para o futuro é necessária. A comunidade global precisa estar preparada para um mundo em que novas pandemias ocorrerão em uma frequência cada vez maior.
O modelo econômico de destruição da natureza, desmatamentos, aquecimento global, desequilíbrio ambiental, catástrofes climáticas propicia o contato do homem com microrganismos emergentes.
Uma nova sociedade, portanto, mais justa e solidária e respeitosa com relação ao planeta e à natureza, é urgente e necessária.
“Tomara que não voltemos à normalidade, pois, se voltarmos, é porque não valeu nada a morte de milhares de pessoas no mundo inteiro.” Ailton Krenak.
*Roberto da Justa é médico, vice-presidente da ADUFC, docente do Departamento de Saúde Comunitária/Faculdade de Medicina (UFC).
Filho do ex-comandante também atua em empresa com contratos milionários com a Aeronáutica.
A relação entre as Forças Armadas e a indústria da defesa voltou ao centro do debate com a movimentação do ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior, para a Airbus. Durante sua gestão na Força Aérea Brasileira (FAB), contratos foram firmados com a empresa europeia, incluindo a conversão de aeronaves A330 para a versão KC-30 MRTT, um projeto avaliado em centenas de milhões de reais.
Pouco tempo após deixar o cargo, em janeiro de 2023, Baptista Júnior assumiu, em novembro do mesmo ano, uma posição na Airbus como Senior Advisor for Strategy, o que levanta questionamentos sobre a influência de militares da reserva na aprovação de contratos e a falta de regulamentação clara para evitar situações que possam comprometer a transparência na administração pública, criando episódios conhecidos como “portas giratórias”.
O caso não se restringe ao ex-comandante. Seu filho, Bruno Baptista, trabalha na AEL Sistemas, uma empresa que mantém contratos milionários com a FAB. A AEL atua na área de tecnologia militar e é responsável por projetos como a comunicação segura entre aeronaves e o desenvolvimento da frota de drones RQ-900.
Apenas durante o governo Bolsonaro, a AEL recebeu mais de R$ 300 milhões em contratos, valor que corresponde a mais da metade de tudo o que a empresa faturou com o governo federal nos últimos dez anos. Além disso, a empresa foi impulsionada com investimentos diretos em equipamentos militares de última geração, consolidando-se como uma fornecedora estratégica para as Forças Armadas.
O que é porta giratória? A chamada “porta giratória” acontece quando uma pessoa que ocupava um cargo público passa a trabalhar em uma empresa privada que se beneficiou de suas decisões enquanto ele estava no governo. Isso pode gerar favorecimentos, conflitos de interesse e o uso indevido de informações privilegiadas.
No Brasil, a lei prevê um período de quarentena para evitar que ex-gestores assumam cargos imediatamente em empresas que possam ter sido beneficiadas por suas decisões. No entanto, a eficácia dessas normas é frequentemente questionada, especialmente quando se trata de setores estratégicos, como defesa e segurança nacional.
No caso de Baptista Júnior, a situação se encaixa nesse padrão. Durante seu tempo como comandante da Aeronáutica, a Airbus fechou contratos importantes com a FAB, incluindo a conversão de aeronaves para transporte militar e o fornecimento de suporte logístico.
Após deixar o comando em janeiro de 2023, ele foi trabalhar justamente na Airbus em novembro do mesmo ano, levantando suspeitas sobre a transparência dessas negociações e se houve algum tipo de favorecimento à empresa antes de sua saída. O fato de a Airbus ter recebido contratos de grande porte durante sua gestão reforça a necessidade de um escrutínio mais detalhado sobre essas movimentações.
Fábrica da Airbus na Inglaterra
A relação entre as Forças Armadas e a indústria da defesa voltou ao centro do debate com a movimentação do ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior, para a Airbus. Durante sua gestão na Força Aérea Brasileira (FAB), contratos foram firmados com a empresa europeia, incluindo a conversão de aeronaves A330 para a versão KC-30 MRTT, um projeto avaliado em centenas de milhões de reais.
Pouco tempo após deixar o cargo, em janeiro de 2023, Baptista Júnior assumiu, em novembro do mesmo ano, uma posição na Airbus como Senior Advisor for Strategy, o que levanta questionamentos sobre a influência de militares da reserva na aprovação de contratos e a falta de regulamentação clara para evitar situações que possam comprometer a transparência na administração pública, criando episódios conhecidos como “portas giratórias”.
O caso não se restringe ao ex-comandante. Seu filho, Bruno Baptista, trabalha na AEL Sistemas, uma empresa que mantém contratos milionários com a FAB. A AEL atua na área de tecnologia militar e é responsável por projetos como a comunicação segura entre aeronaves e o desenvolvimento da frota de drones RQ-900.
Apenas durante o governo Bolsonaro, a AEL recebeu mais de R$ 300 milhões em contratos, valor que corresponde a mais da metade de tudo o que a empresa faturou com o governo federal nos últimos dez anos. Além disso, a empresa foi impulsionada com investimentos diretos em equipamentos militares de última geração, consolidando-se como uma fornecedora estratégica para as Forças Armadas.
O que é porta giratória? A chamada “porta giratória” acontece quando uma pessoa que ocupava um cargo público passa a trabalhar em uma empresa privada que se beneficiou de suas decisões enquanto ele estava no governo. Isso pode gerar favorecimentos, conflitos de interesse e o uso indevido de informações privilegiadas.
No Brasil, a lei prevê um período de quarentena para evitar que ex-gestores assumam cargos imediatamente em empresas que possam ter sido beneficiadas por suas decisões. No entanto, a eficácia dessas normas é frequentemente questionada, especialmente quando se trata de setores estratégicos, como defesa e segurança nacional.
No caso de Baptista Júnior, a situação se encaixa nesse padrão. Durante seu tempo como comandante da Aeronáutica, a Airbus fechou contratos importantes com a FAB, incluindo a conversão de aeronaves para transporte militar e o fornecimento de suporte logístico.
Após deixar o comando em janeiro de 2023, ele foi trabalhar justamente na Airbus em novembro do mesmo ano, levantando suspeitas sobre a transparência dessas negociações e se houve algum tipo de favorecimento à empresa antes de sua saída. O fato de a Airbus ter recebido contratos de grande porte durante sua gestão reforça a necessidade de um escrutínio mais detalhado sobre essas movimentações.
O papel da AEL Sistemas A AEL Sistemas, onde o filho do ex-comandante trabalha, também tem uma relação próxima com a FAB. A empresa é fornecedora de sistemas de comunicação e vigilância usados pelas Forças Armadas. Reportagens apontam que a AEL recebeu um grande volume de contratos federais, especialmente durante o governo Bolsonaro, e continua sendo uma das principais beneficiadas pelo setor de defesa.
Além dos contratos já conhecidos, a empresa participa de projetos estratégicos para modernização das forças militares brasileiras, como o desenvolvimento de novos sistemas de controle para aeronaves e sistemas avançados de comunicação digital para o Exército.
Especialistas afirmam que esse tipo de relação entre militares da reserva e fornecedores do governo pode comprometer a transparência dos contratos públicos.
“Se um comandante assina contratos milionários com uma empresa e depois vai trabalhar para ela, como garantir que essas negociações foram feitas sem benefícios indevidos?”, questiona um especialista em governança pública. Segundo ele, a falta de fiscalização mais rígida e de regras claras facilita que acordos desse tipo ocorram sem qualquer sanção.
O que pode mudar? A falta de regras claras para militares que deixam cargos estratégicos e vão para a iniciativa privada é um dos principais problemas apontados por analistas. Ao contrário de outros servidores públicos, oficiais de alta patente que se aposentam não enfrentam muitas restrições para atuar no setor privado, o que facilita a prática da porta giratória.
No Brasil, a legislação vigente exige quarentena de apenas seis meses para alguns casos, o que, na prática, não impede oficiais da reserva assumam rapidamente funções em empresas beneficiadas por suas decisões.
No Congresso, há discussões sobre a necessidade de ampliar as regras de quarentena e criar mecanismos mais rigorosos de fiscalização. Em outros países, como nos Estados Unidos e na União Europeia, há normas mais rígidas para evitar que militares da reserva e ex-membros do governo assumam cargos em empresas privadas que possuem contratos diretos com o setor público.
Nos Estados Unidos, por exemplo, militares da reserva de alto escalão enfrentam restrições para atuar em empresas de defesa por pelo menos dois anos, além de terem que passar por um processo de aprovação caso queiram ocupar cargos estratégicos.
Enquanto isso, Airbus e AEL Sistemas seguem como fornecedoras estratégicas da FAB. O caso reforça a necessidade de maior fiscalização e transparência na relação entre as Forças Armadas e empresas do setor de defesa. Sem mecanismos eficazes de controle, situações como essa podem se repetir, comprometendo a confiança na administração pública e nos contratos militares.
A falta de uma legislação mais rígida para ex-militares pode abrir brechas para que essa relação próxima entre oficiais da reserva e empresas privadas continue acontecendo sem qualquer restrição.
Preços subiram 4,36% em média nos dois anos da gestão atual, contra 8,24% por ano sob o ex-presidente de extrema direita.
A alta dos alimentos registrada no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi cerca do dobro da verificada nos dois primeiros anos do novo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na gestão Bolsonaro, a comida subiu em média 8,24% por ano. No início deste governo Lula, o aumento médio anual foi de 4,36% – um índice 47% menor.
O percentual de aumento médio foi calculado pelo Brasil de Fato com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o IBGE que pesquisa e divulga o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o qual também registra a alta da comida.
Em 2024, o preço dos alimentos subiu 7,69%, baseando críticas de opositores ao governo Lula. Parlamentares de oposição chegaram a vestir um boné pedindo a volta da “comida barata” e propagandeando o voto em Bolsonaro na eleição de 2026, apesar de ele estar inelegível.
No governo Bolsonaro, no entanto, os alimentos chegaram a subir 14,09%. Foi em 2020, na pandemia. Depois, em 2022, subiram mais 11,64%.
Ao todo, nos quatro anos de governo Bolsonaro, os alimentos subiram mais de 40%. Nos dois primeiros anos de governo Lula, a alta foi de 8,72%.
Campeão de preço baixo Lula, aliás, completou dez anos na Presidência do país em 2024. A conta inclui os oito anos de governo, em dois mandatos, de 2003 a 2010, mais os dois anos da gestão atual. O presidente alcançou a menor inflação média de alimentos entre todos os presidente desde 1995, após o início do Plano Real.
Em dez anos de Lula, a inflação média foi de 5,87%.
Com Fernando Henrique Cardoso (PSDB), ela foi de 6,71%; com Dilma Rousseff (PT), 9,11%; com Michel Temer (MDB), 6,25%;
Inflação A inflação geral também é menor com Lula do que foi com Bolsonaro. Em dois anos, o IPCA médio no país ficou em 4,72%. Em dez anos com Lula, a média foi de 5,57%. Com Bolsonaro, 6,17%.
Temer é o presidente desde o Plano Real com menor inflação média: 4,33%. Com FHC, ela ficou em 9,24%; já com Dilma, 7,06%.
Bolsonaro foi o único presidente da história da humanidade que devolveu o país ao mapa da fome.
Lula e Dilma tiraram o país do mapa da fome livrando 45 milhões de brasileiros da mais absoluta miséria.
Bolsonaro, em quatro anos, produziu 33 milhões de miseráveis. Gente faminta, incluindo sobretudo crianças das mais variadas idades.
Na verdade, Bolsonaro sempre fez carga contra qualquer programa social dos governos Lula e Dilma.
Excomungava com um ódio nos olhos, não só o Bolsa Família como as famílias beneficiadas pelo programa.
Soma-se a isso, não só a fila do osso para os remediados, mas uma epidemia de desemprego e inflação galopante que cupinizou o poder de compra dos trabalhadores.
Óleo de soja virou artigo de luxo. Feijão nem tem graça comentar.
Carne bovina triplicou de preço assim como a carne de frango.
Detalhe, foram quatro anos sem aumento real dos salários.
Os brasileiros em sua grande maioria ficaram a mingua, enquanto banqueiros, latifundiários e outros bichos soltos nunca ganharam tanto dinheiro e com tanta facilidade.
Bolsonaro sempre odiou o Brasil, mas principalmente o brasileiro pobre.
Dizia que pobre só servia para votar e viver de esmola do governo.
Por isso sua vingança perversa contra quem nem tinha o que comer até a chegada de Lula e Dilma no governo.
A Controladoria-Geral da União (CGU) divulgou um relatório detalhando desvios milionários em um contrato de R$ 82 milhões do Ministério do Desenvolvimento Regional durante o governo Jair Bolsonaro (PL).
Segundo a coluna Radar, da revista Veja, a gestão bolsonarista adquiriu um “sistema informatizado” para monitorar a operação de carros-pipa no Nordeste, resultando em um pagamento de mais de R$ 6 milhões. “O programa, descobriu a CGU, era o mesmo que o ministério já havia comprado anos atrás por 900.000 reais. Só nessa brincadeira, os investigadores estimam prejuízos de 10 milhões de reais aos cofres públicos”, destaca a reportagem do 247.
O relatório da CGU também aponta uma série de irregularidades na licitação, além de possíveis direcionamentos para empresas específicas.
Auditorias feitas pela Controladoria Geral da União (CGU) divulgadas nesta sexta-feira (22) informam que foram identificados R$ 1,97 billhão em auxílios pagos indevidamente em 2022, durante o governo Bolsonaro. Esses recursos foram distribuídos por meio de auxílio taxista e caminhoneiro, diz o G1.
O controlador-geral da União, Vinícius de Carvalho, frisou que esses auxílios começaram a ser pagos a partir de agosto de 2022, às vésperas das eleições de 2022. Para ele, houve um uso “deturpado” de programas sociais pela gestão Jair Bolsonaro.
“O que me parece claro é que houve, sim, um uso desses auxílios de maneira inadequada durante o período eleitoral. Seja pela concentração como do ponto de vista do completo descuido com o desenho do programa e com as pessoas que iam se inserir no programa”, disse Carvalho.
O controlador-geral disse também que as auditorias realizadas serão enviadas nesta sexta (22) ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que deverá avaliar eventuais ilícitos eleitorais cometidos pelo então candidato à reeleição Jair Bolsonaro.
“Todos esses auxílios começam a ser aplicados a partir de agosto de 2022. Para vocês terem uma noção, no segundo turno das eleições, vejam a quantidade de consignado que foi colocada na praça; 93% do contratado foi durante esse período de 2022”, afirmou o ministro.
“O que estamos falando aqui é do uso desses instrumentos durante o período eleitoral e o impacto que isso teve – ou pode ter tido – no resultado eleitoral, e o uso da administração pública para beneficiar ou sustentar uma campanha”, acrescentou.
A auditoria da CGU também concluiu que R$ 8,4 milhões foram descontados, pela Caixa, de forma indevida de 46,8 mil famílias beneficiárias do Auxílio Brasil.
Segundo a CGU, essas famílias tiveram valores descontados sem terem contratado empréstimo consignado com o banco, possibilidade lançada pela gestão Bolsonaro em outubro de 2022.
O órgão verificou ainda que 5,1 mil famílias contrataram empréstimos que comprometeram o valor do benefício acima do limite permitido (teto era de 40%).
No governo Lula, o Auxílio Brasil, programa de transferência de renda, voltou a se chamar Bolsa Família.