O caso da ABIN é, sem dúvida, um dos maiores escândalos associados a Carlos Bolsonaro, reforçando a percepção de que suas ações nas redes sociais e sua influência no governo do pai geraram consequências jurídicas e políticas sem precedentes.
Carlos Bolsonaro, conhecido como “Carluxo”, foi formalmente acusado pela Polícia Federal (PF) em junho de 2025 por envolvimento em um esquema de espionagem ilegal pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) durante o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022).
A investigação, chamada de “Operação Última Milha”, revelou que uma estrutura paralela dentro da ABIN, apelidada de “ABIN paralelamente”, foi usada para monitorar ilegalmente autoridades públicas, jornalistas, juízes e adversários políticos, utilizando o software israelense FirstMile para rastrear dispositivos móveis sem autorização judicial.
Envolvimento de Carlos Bolsonaro: Acusações: Carluxo, é apontado como um dos principais contribuintes das informações obtidas ilegalmente.
A PF alegou que ele usava dados sigilosos para atacar alvos políticos via redes sociais, coordenando ações com avaliadores próximos. Mensagens de Whatsapp mostram que assessores de Carlos, como Luciana Almeida, solicitaram informações ao então diretor da ABIN, Alexandre Ramagem, sobre investigações contra a família Bolsonaro, incluindo Flávio Bolsonaro, envolvido no caso da “rachadinha”.
A “ABIN paralelamente” teria sido criada sob o comando de Alexandre Ramagem, chefe da agência durante o governo Bolsonaro, com apoio de outros aliados.
O grupo monitorava figuras como os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, o presidente da Câmara Arthur Lira, jornalistas como Mônica Bergamo e Vera Magalhães, e até funcionários do Ibama que incomodavam o governo.
A PF concluiu que o esquema buscava interferir nas investigações contra a família Bolsonaro, como o caso da “rachadinha” envolvendo Flávio, e produzir desinformação para atacar adversários.
Foram registrados cerca de 33 mil acessos ilegais à rede telefônica brasileira. Jair Bolsonaro não foi formalmente acusado nesse caso específico, mas seu nome aparece em documentos, e há menção de um suspeito que alegava ter uma “linha direta” com ele.
A PF considera que ele já é acusado de crime semelhante (organização criminosa) em outro caso, o que pode ter influenciado a decisão de não indiciá-lo novamente aqui.
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Servidores da Abin foram afastados de suas funções, especialmente aqueles envolvidos na análise de ameaças relacionadas aos eventos de 12 de dezembro e 8 de janeiro, apesar dos alertas sobre o envolvimento dos boinas vermelhas.
A direção-geral teria ordenado, por meio de chefes de gabinete, que esses profissionais fossem remanejados para setores não relacionados ou ficassem sem tarefas efetivas.
Ao tentar monitorar grupos extremistas durante o período eleitoral, encontraram obstáculos internos e foram instruídos a não insistir em temas potencialmente conflituosos com a cúpula da agência. A Abin também implementou uma rede de alertas via WhatsApp, que não seguia protocolos formais e era usada para comunicação interna e externa, incluindo com secretarias de segurança.
Documentos internos revelam uma queda significativa na produção de análises sobre ameaças internas entre 2021 e 2022, enquanto outras áreas, como segurança institucional e operações externas, foram reforçadas, segundo Cleber Lourenço, ICL.
Relatórios sobre reservistas armados foram desconsiderados, mesmo com evidências de organização paramilitar. A permanência de quadros da gestão anterior é vista como um obstáculo para a recuperação da credibilidade da Abin, dificultando a resposta a ameaças internas.
As mudanças estruturais urgem para a restauração da capacidade de atuação da inteligência no país.
Livro escrito durante o governo Lula expõe pela primeira vez as dificuldades de servidores da ABIN durante a gestão de Alexandre Ramagem na pandemia.
No silêncio dos corredores diplomáticos, entre relatórios classificados e reuniões à distância, agentes da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) enfrentaram não apenas o avanço da covid-19, mas também a negação oficial da gravidade da crise. Para esses profissionais, a pandemia foi mais do que um desafio sanitário global: foi um teste de integridade, de responsabilidade institucional — e de coragem. Enfrentaram uma conjuntura em que o trabalho técnico colidia com interesses políticos, exigindo escolhas difíceis entre o silêncio e a persistência ética.
É o que revela o livro “Memórias da Pandemia: A atuação da ABIN no enfrentamento à COVID-19” (2020–2021), lançado em abril de 2025. A obra dá voz a servidores da Agência que atuaram em diferentes partes do mundo durante os anos mais críticos da crise, e mostra como a missão de proteger a sociedade brasileira esbarrou em barreiras internas, ideológicas e políticas. Ao mesmo tempo, é um documento de memória institucional, que busca não apenas registrar os bastidores da crise, mas também reconhecer o esforço silencioso de quem, mesmo sob pressão, insistiu em produzir inteligência de qualidade.
“Era muito ruim assistir a isso tudo de longe” Oficial de Inteligência há 24 anos na ABIN, Guilherme* estava lotado na China quando o vírus começou a se espalhar pelo mundo. Viu, em primeira mão, a aplicação de medidas rigorosas para conter o surto. Do outro lado do globo, o Brasil parecia caminhar na direção oposta, deixando transparecer uma mistura de despreparo, negacionismo e desorganização institucional.
“Esse contraste entre o controle da doença na China e o seu avanço no Brasil foi muito impactante para mim e para minha esposa. Foi gerando em nós uma mistura de desespero, de angústia, de depressão. Uma tia minha faleceu, a avó da minha esposa também. Assistir a isso tudo de longe, sem poder fazer nada, gerava uma sensação de impotência muito grande.”
O sentimento de frustração aumentou quando vieram as ordens para deixar de priorizar o tema em seus relatórios, mesmo com novos surtos surgindo em território chinês. Para um agente acostumado a operar com base na antecipação e na prevenção, ter que ignorar dados relevantes era uma violência silenciosa, difícil de suportar.
“Recebi mensagens de Brasília recomendando que eu deixasse de priorizar o acompanhamento da pandemia. Parei por um tempo, mas retomei quando houve um surto em Pequim. Fiz documentos que considerava importantes, mas ouvi que talvez não valesse a pena — não seriam aproveitados.”
Esse distanciamento forçado entre o conhecimento produzido e a decisão política ilustra, de forma trágica, o que foi a experiência da ABIN naquele período: produzir evidência, mesmo quando ela era sistematicamente ignorada.
“Havia um contexto hostil ao enfrentamento da doença” Na Itália, outro epicentro da pandemia, Flávio* vivia realidade semelhante. Oficial também experiente na ABIN, ele relatou um ambiente de ceticismo e relativização por parte de setores do governo. O que deveria ser uma ação coordenada para salvar vidas virou um campo de disputa ideológica.
“Era fato que havia um contexto ideológico hostil ao enfrentamento da doença. Um sentimento de que tudo estava sendo exagerado. Isso se espalhou por setores do governo e até por algumas embaixadas.”
O ponto de maior conflito surgiu com a politização de medicamentos sem eficácia comprovada, que passaram a ser tratados como soluções oficiais. O Brasil se distanciava do debate científico global, enquanto insistia em soluções mágicas e discursos sem base técnica.
“O ápice disso tudo foi a discussão sobre a eficácia de medicamentos como hidroxicloroquina, ivermectina, ozônio… Enquanto o mundo buscava vacinas e dados confiáveis, o Brasil promovia desinformação.”
Para Flávio, a inteligência havia se tornado refém da disputa política, e a missão de fornecer dados objetivos colidia frontalmente com a narrativa que o governo queria sustentar.
Inteligência sob censura Os relatos apontam uma tensão constante entre a produção técnica da ABIN e o ambiente político hostil à ciência. Mesmo dentro de uma agência dedicada à produção de conhecimento estratégico, houve tentativas de silenciar análises e relatórios por não se alinharem com discursos oficiais. A negação partia do topo e se infiltrava nas estruturas decisórias, contaminando o ecossistema da informação.
Apesar da pressão, os agentes seguiram produzindo conteúdo técnico. Muitos desses documentos foram posteriormente desclassificados e compõem hoje o acervo apresentado no livro. O material revela não apenas a atuação técnica da Agência, mas também sua resiliência institucional diante de um cenário adverso.
Relatórios, briefings e alertas foram produzidos com base em fontes abertas, dados internacionais e conhecimento acumulado. Mesmo sem garantias de que seriam lidos ou levados em consideração, os servidores insistiram em fazer sua parte — uma resistência silenciosa, mas poderosa.
Um testemunho sobre coragem e responsabilidade “Memórias da Pandemia” não é apenas um repositório de dados. É, acima de tudo, um relato sobre ética, compromisso com o interesse público e o valor da informação qualificada — especialmente quando ela é ignorada. A obra revela o embate entre o dever institucional de proteger a sociedade e a tentativa política de controlar narrativas. Revela também o isolamento dos técnicos que, muitas vezes, enfrentaram a pandemia não apenas do ponto de vista epidemiológico, mas também político e psicológico.
“Se as decisões não foram tomadas, há que se perguntar àqueles que as receberam”, escreve o pesquisador Gustavo Matta, da Fiocruz, no prefácio da obra.
É também uma homenagem silenciosa aos profissionais da inteligência que, mesmo na sombra, escolheram agir com luz. A publicação marca um esforço inédito de transparência e de abertura da ABIN à sociedade, mostrando que é possível — e necessário — democratizar a inteligência de Estado sem abrir mão do sigilo, mas abrindo espaço para a verdade.
*Os nomes são fictícios para preservar a identidade dos agentes citados.
O agente teria sido ‘constrangido’ por uma assessora de Ramagem para que trouxesse os itens.
Um funcionário da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) disse à Polícia Federal (PF) que foi obrigado a trazer três relógios de luxo do Qatar para o Brasil, para entregá-los a Alexandre Ramagem, então diretor do órgão. A informação é do jornalista Aguirre Talento, do portal UOL.
A informação é investigada no inquérito da “Abin paralela” e já está em sua fase final. Na próxima quinta-feira (17), a PF vai colher o depoimento de Luiz Fernando Corrêa, o atual diretor da agência, que está sob suspeita de ter permitido a destruição de provas.
Segundo o UOL, Ramagem disse em depoimento à PF que os relógios foram recebidos, catalogados pela Abin e encaminhados ao museu da instituição.
Transporte dos relógios O agente que transportou os relógios disse que foi constrangido por uma das assessoras de Ramagem para trazer os relógios para o Brasil.
De acordo com sua declaração, durante uma de suas viagens, a assessora “determinou ao declarante que levasse o presente de Ramagem”. O agente, contudo, não deu detalhes sobre como entrou no Brasil com os itens. Caso tenha entrado no país sem ter declarado o material, pode ser que tenha havido uma sonegação fiscal.
Outro ponto investigado pela PF é a ligação dos funcionários da Abin nomeados por Ramagem, com uma empresa contratada pela agência. Na fase atual, a investigação tenta identificar se eles receberam pagamentos dessa empresa.
Conversa está relacionada ao uso ilegal da Abin para obter informações sobre a investigação de Flávio Bolsonaro.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu, nesta segunda-feira (15), levantar o sigilo da gravação feita de forma clandestina pelo ex-chefe da Abin Alexandre Ramagem com Jair Bolsonaro, o general Augusto Heleno, então chefe do GSI, e a advogada do senador Flávio Bolsonaro. Com isso, o conteúdo de mais de uma hora do conteúdo será tornado público.
“Ressalto, ainda, que, a eventual divulgação parcial – ou mesmo manipulação – de trechos da Informação de Polícia Judiciária nº2404151/2024 (fls. 334-381), bem como da gravação nela referida, tem potencial de geração de inúmeras notícias incompletas ou fraudulentas em prejuízo à correta informação à sociedade”, diz trecho da decisão de Moraes.
O áudio foi citado no relatório da investigação da Abin paralela. A gravação tem 1 hora e 8 minutos e está sob segredo de Justiça. Segundo a PF, a conversa está relacionada ao uso ilegal da Abin para obter informações sobre a investigação na qual Flávio foi indagado sobre “rachadinha” no seu gabinete parlamentar quando ele ocupou do cargo de deputado estadual. Clique aqui para acessar a gravação.
Perícias feitas pela PF em computador de agente secreto demitido da Abin não conseguiram apontar culpa em vazamento de informação sigilosa.
A Polícia Federal (PF) apreendeu o computador e o celular de um agente secreto demitido pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em fevereiro, por suspeita de vazar uma informação sigilosa.
Até o momento, contudo, a perícia feita pela PF nos equipamentos não conseguiu concluir se o servidor em questão foi, de fato, o responsável pelo vazamento. A análise da principal prova, a foto de um monitor, intrigou os dois peritos que se debruçaram sobre o material. A coluna teve acesso ao inteiro teor da investigação.
O inquérito apura se o servidor Cristiano Ribeiro fotografou a tela de seu computador, na sede da Abin, para municiar uma reportagem sobre Flávio Bolsonaro e Alexandre Ramagem, então chefe da agência, em 2020, diz Paulo Cappelli, Metrópoles.
Ao apontar um suposto desvio de finalidade na Abin, a matéria reproduzia um organograma detalhando os chefes de cada setor na agência. Por descuido, o agente secreto deixou aparecer uma parte da borda do computador. Veja, abaixo, o documento vazado e outros detalhes da investigação.
O procedimento administrativo disciplinar (PAD) aberto pela Abin usou o critério de exclusão para apontar o suposto autor do vazamento. Ribeiro e outros 18 servidores acessaram o organograma na caixa de e-mail, mas só Ribeiro, segundo a corregedoria, usava um monitor com características semelhantes à da foto.
Ministros do Supremo Tribunal Federal, senadores da República, ministros do governo, além de alguns opositores estão incluídos.
O jornalista Tulio Amâncio, da Band, obteve a lista de algumas autoridades vigiadas com o uso do sistema espião da chamada Abin Paralela. Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), senadores da República, ministros do governo, além de alguns opositores.
Pedido sobre “Abin Paralela” está nas mãos da Procuradoria Geral de Israel.
Um grupo israelense liderado pelo advogado Eitay Mack encaminhou à Procuradoria Geral de Israel um pedido de investigação criminal sobre o uso ilegal do software First Mile no Brasil. O programa – usado para espionar ilegalmente a localização de desafetos e até aliados da família Bolsonaro – foi vendido ao Exército Brasileiro pela empresa israelense Cognyte e está no centro do escândalo de espionagem ilegal dentro da Abin.
No documento protocolado pelo advogado Mack, as operações da Polícia Federal no Brasil são usadas como base na argumentação para que a Cognyte seja investigada em Israel, onde a empresa já tem histórico de escândalos. No ano passado, veio à público que a Cognyte vendeu programas de espionagem ao governo de Myanmar, mesmo depois que Israel baniu esse tipo de negócio com aquele país, que empilha mortos depois que um golpe militar destituiu o governo civil. Foi Eitay Mack o principal denunciante do caso.
Além do advogado, outras 32 pessoas assinam o pedido. entre juristas e acadêmicos, está Avrum Burg, ex-presidente do Parlamento de Israel.
O documento cita as evidências que baseiam o pedido, entre elas a suspeita de que até “30 mil pessoas foram monitoradas sem autorização judicial, entre servidores públicos, jornalistas, juízes, desembargadores do Supremo Tribunal, advogados, políticos, um ex-governador de estado do Partido dos Trabalhadores, de esquerda, e policiais. A vigilância foi feita tanto com o propósito de prejudicar adversários políticos como com o propósito de corrupção e de perturbação de investigações criminais, inclusive em relação à família de Bolsonaro.”
Para justificar o pedido de investigação, o grupo diz que “as informações sobre o paradeiro desses alvos foram armazenadas em datacenters em Israel.”
Vereador foi alvo de operação que mira em possíveis destinatários de informações coletadas ilegalmente pela Abin.
A Polícia Federal apreendeu na manhã desta segunda-feira (29) um computador da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) com o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), informa a jornalista Daniela Lima em seu blog no portal g1. O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi alvo de operação de busca e apreensão, com mira em possíveis destinatários de informações coletadas ilegalmente pela Abin.
Um segundo computador da agência foi apreendido na casa de um dos assessores de Carlos Bolsonaro que é casado com uma funcionária da Abin. Formalmente, a Polícia Federal não confirma e nem comenta a apreensão
O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, é quem assina a autorização para os mandados. A Polícia Federal suspeita que, sob o mandato de Jair Bolsonaro, a Abin atuou como um braço de coleta de informações ilegais, sem autorização judicial, e também como fonte de informações falsas, depois disseminadas por perfis de extrema direita para difamar instituições e autoridades.
Foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão:
Rio de Janeiro (RJ): 5
Angra dos Reis (RJ): 1
Brasília (DF): 1
Formosa (GO): 1
Salvador (BA): 1
A busca em Angra dos Reis ocorreu onde Jair Bolsonaro realizou uma live nas redes sociais no domingo (28). O ex-presidente e os filhos estavam no local durante esta manhã, e deixaram a casa de barco.
Carlos Bolsonaro é vereador desde 2001 e está em seu sexto mandato consecutivo na Câmara Municipal do Rio. Ele foi apontado pelo ex-braço-direito de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, como chefe do chamado gabinete do ódio, uma estrutura paralela montada no Palácio do Planalto para atacar adversários e instituições – como o sistema eleitoral brasileiro.
O filho de Jair Bolsonaro não se pronunciou sobre a operação até a última atualização desta reportagem.
Documentos recuperados pela CGU mostram que Anderson Torres, então secretário de Segurança do DF, dirigia a Pajero monitorada pela Abin.
Anderson Torres, então secretário de Segurança do Distrito Federal, dirigia a Pajero Full que foi monitorada ilegalmente pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em 2019. A espionagem foi uma ordem expressa de Alexandre Ramagem, que, à época, chefiava a Abin.
Detalhes sobre a operação contra Torres estão entre os 120 gigabytes de documentos que a Controladoria-Geral da União (CGU) recuperou no sistema da Abin. O conjunto de arquivos, que inclui oito gigabytes de materiais impressos por agentes da agência, foi entregue pela CGU à Polícia Federal e subsidiou a operação que teve Ramagem como um dos alvos na quinta-feira (25/1), diz Guilherme Amado, Metrópoles.
Um dos documentos contém uma mensagem de WhatsApp atribuída a Ramagem com a ordem para agentes da Abin descobrirem quem era o motorista da Pajero Full que foi a um jantar na Residência Oficial da Presidência da Câmara, ocupada por Rodrigo Maia no primeiro ano do governo Bolsonaro. Outro arquivo, com os resultados da espionagem, aponta que Torres conduzia o veículo.
Alvos do monitoramento ilegal disseram suspeitar que o jantar ocorreu em outubro de 2019, em meio à disputa que Bolsonaro travava com Luciano Bivar para assumir o comando do PSL. Na ocasião, lideranças do partido foram à casa de Maia para discutir a possibilidade de fundi-lo ao DEM.
Também estava em curso uma “guerra de listas” para definir quem seria o líder do PSL na Câmara. Bolsonaro ganhou a queda de braço com os dissidentes e emplacou Eduardo Bolsonaro no posto.
A jornalista Ana Flor revelou, na quinta-feira (25/1), que a Abin monitorou ilegalmente as pessoas que se relacionavam com os filhos de Bolsonaro. Torres era muito próximo a Eduardo Bolsonaro e mantinha amizade com o senador Flávio Bolsonaro, mas pertencia a uma ala da Polícia Federal que divergia do grupo de Ramagem na corporação. O ex-diretor da Abin tinha contato mais próximo com Carlos Bolsonaro.