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Para ministros do STF, depoimento de ex-comandante Exército sobre tentativa de golpe de Estado é melhor do que delação e deixa situação de Bolsonaro insustentável

Segundo um integrante da Corte, o resultado do interrogatório de Freire Gomes não apenas “consolidou o quadro probatório” existente, mas também conferiu “consistência” a evidências que já eram consideradas “sólidas”

Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) avaliam que o depoimento do ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, à Polícia Federal é melhor do que uma delação premiada porque ele não quer qualquer benefício judicial por suas revelações, uma vez que falou como testemunha. Para esses ministros da Corte, as revelações do militar, que comandou corporação de março a dezembro de 2022, traz informações substanciais que fortalecem a narrativa de uma tentativa de golpe de Estado e são decisivas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o alto-comando.

Segundo o ministro, o resultado do interrogatório de Freire Gomes não apenas “consolidou o quadro probatório” existente, mas também conferiu “consistência” a evidências que já eram consideradas “sólidas”, de acordo com o Uol.

A íntegra do depoimento permanece sob sigilo, mas o ministro do STF, ao comentar sobre o mesmo, ironicamente evocou o versículo bíblico favorito de Bolsonaro: “Como diz o Evangelho de João, ‘conhecereis a verdade e a verdade vos libertará’. A diferença é que, num inquérito policial, a verdade às vezes produz resultado diferente da liberdade.”

No cerne de seu depoimento, Freire Gomes confirmou sua participação em uma reunião na qual Bolsonaro apresentou uma minuta golpista aos chefes militares, corroborando o que o ex-ajudante de ordens Mauro Cid já havia delatado anteriormente.

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Por telefone, a briga de Bolsonaro e Mandetta: ‘O senhor que me demita’

Durante a ligação, o presidente teria dito ao ministro da Saúde que ele deveria pedir demissão e deixar o governo. Mandetta rebateu de pronto: “O senhor que me demita, presidente”. Carolina Antunes/PR

No jantar que teve com Davi Alcolumbre e Rodrigo Maia na noite desta quinta — como o Radar revelou mais cedo –, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, narrou aos chefes do Legislativo o tenso diálogo que travou com o presidente Jair Bolsonaro, por telefone.

Durante a ligação, o presidente teria dito ao ministro da Saúde que ele deveria pedir demissão e deixar o governo. Mandetta rebateu de pronto: “O senhor que me demita, presidente”.

A partir desse momento, a conversa teria esquentado ainda mais, ao ponto de o ministro da Saúde recomendar ao presidente que ele se responsabilizasse sozinho pelas mortes causadas pelo coronavírus, que já infectou 8.230 brasileiros e matou 343 pessoas.

Apesar da tensa discussão, Mandetta trabalha normalmente nesta sexta e já participou de uma série de reuniões.

Como o Radar mostrou mais cedo, depois de ser atacado publicamente pelo presidente nesta quinta, o ministro da Saúde foi jantar com os presidentes do Senado e da Câmara na residência oficial do Senado.

Na conversa, o ministro estava inconsolável. Disse aos chefes do Congresso que a situação com o presidente era “insustentável”.

Seguidamente boicotado nos bastidores pelo Palácio do Planalto, atacado nas redes sociais por aliados de Bolsonaro e agora publicamente pelo próprio chefe da República, Mandetta revelou estar no seu limite.

Na conversa, que entrou a madrugada, Mandetta disse a Maia e Alcolumbre que, por ele, está fora do governo. Bolsonaro não mereceria o empenho dele e de seus técnicos. Os chefes do Legislativo apelaram para que ele resistisse o máximo possível no cargo.

Em uma videoconferência do Valor, Maia disse que Bolsonaro “não tem coragem de tirar o ministro e mudar oficialmente a política de enfrentamento à pandemia”.

Bolsonaro deixou claro nesta quinta que teme ficar com a conta das mortes da pandemia no Brasil, se realizar mudanças no plano de combate do ministério e dos governadores. Mesmo assim, bateu duro em Mandetta.

“Mandetta já sabe que estamos nos bicando. Ele está extrapolando. Mas não posso demitir ministro em meio ao combate. Nenhum ministro meu é indemissível”, disse Bolsonaro nesta quinta.

 

 

*Do Radar -Veja