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Moro amarga a terceira derrota em uma semana: Juiz rejeita denúncia contra Glenn Greenwald

O que um holofote da Globo não faz.

Moro, o indestrutível super-homem de Curitiba, pintou o diabo quando tinha costas quentes dos holofotes da Globo.

Sem eles, tudo passou a virar criptonita contra o Clark Kent caipira.

Só esta semana, Moro teve três derrotas. A primeira, sobre a acusação contra Lula de invasão do triplex, a segunda, quando o TJ do Rio manteve a quebra de sigilo de Flávio Bolsonaro um dia depois que Moro livrou a cara do patrãozinho de dois crimes e, agora, a derrota para Glenn, seu carrasco da Vaza Jato, com o juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara de Justiça Federal de Brasília, rejeitando a denúncia contra o jornalista Glenn Greenwald e tornando réus outras seis pessoas por crimes envolvendo invasão de celulares de autoridades.

Na decisão, o magistrado considera que houve liminar do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, proibindo as autoridades públicas de praticarem “atos que visem à responsabilização do jornalista Glenn Greenwald pela recepção, obtenção ou transmissão de informações publicadas em veículos de mídia, ante a proteção do sigilo constitucional da fonte jornalística”.

O juiz considera que “há certa isenção” do jornalista. Pelo diálogo apresentado na denúncia, um dos envolvidos revela dúvida em seu comportamento no hackeamento. Para o juiz, apesar de Glenn mencionar que não poderia ajudar na invasão, “instiga-o a apagar as mensagens, de forma a não ligá-lo ao material ilícito. Instigar significa reforçar uma ideia já existente”.

Denúncia infrutífera

A denúncia foi apresentada pelo procurador da República Wellington Divino de Oliveira, pau mandado de Moro.

Para o procurador do Moro, ficou comprovado que o jornalista auxiliou, incentivou e orientou o grupo durante o período das invasões.

Parte das mensagens capturadas pelo grupo foi publicada por Greenwald na série de reportagens chamada “vaza jato”, que mostra que os procuradores da República e os agentes e delegados da Polícia Federal que trabalharam na operação “lava jato” foram coordenados pelo ex-juiz Moro, hoje ministro da Justiça.

A justificativa para ignorar a liminar do Supremo foi de que o MPF descobriu uma conversa entre Glenn e um dos hackers.

A conversa utilizada como prova da participação do jornalista estava no computador de Walter Delgatti — segundo a denúncia, um dos mentores e líderes do grupo junto com Thiago Eliezer Martins Santos —, apreendido com autorização judicial.

Segundo a denúncia, a conversa aconteceu após a imprensa divulgar a invasão no celular de Moro.

No diálogo, transcrito na denúncia, Luiz Molição — considerado porta-voz do grupo com jornalista — teria pedido orientação ao jornalista sobre o que fazer.

Com mais essa derrota em menos de 7 dias, Moro já pode pedir música no Fantástico.

 

 

*Com informações do Conjur

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Áudio de Glenn e hacker expõe suposta armação de Sergio Moro

Conversa usada contra o jornalista é prova de dois pontos cruciais. O primeiro deles é que o hacker do Intercept não teria nada a ver com o hacker de Moro.

O áudio que o Ministério Público Federal utilizou para tentar justificar a apresentação de uma denúncia contra o jornalista Glenn Greenwald lança dúvidas a respeito da atuação de Sergio Moro.

No mínimo, o áudio serve como prova para duas teses que desbancam a denúncia do MPF: primeiro, a conversa indica que o hacker do The Intercept Brasil não teria nada a ver com a invasão do celular de Moro no dia 6 de junho de 2019. Segundo, o ex-juiz teria plantado na mídia as notícias sobre o hackeamento em seu aparelho porque já aguardava um vazamento das mensagens do Telegram, e decidiu que sua melhor defesa seria o ataque.

A jogada de sobrepor a invasão ao dossiê daria a Moro e aos procuradores da Lava Jato alguma margem para que pudessem alegar que as mensagens foram adulteradas ou até mesmo inventadas pelo hacker. Nada muito diferente do que eles, de fato, fazem hoje.

Além disso, poderiam sustentar que o hacker que entregou o dossiê à imprensa continuou praticando o crime, o que justificaria medidas mais drásticas e ainda serviria de brecha ideal para pressionar os jornalistas envolvidos.

Chama atenção, no diálogo, as passagens em que, reiteradamente, Glenn e Molição deixam claro que as mensagens de Telegram foram repassadas ao Intercept Brasil muito antes da invasão de Moro.

Os dois chegam a questionar duas hipóteses: ou Moro mentiu sobre o hackeamento pessoal, ou um terceiro teria feito a invasão no aparelho do ministro.

Esses “detalhes” foram sumariamente ignorados pelo MPF.

Confira o diálogo abaixo:

GLENN GREENWALD: Tudo bom?
LUIZ MOLIÇÃO: Então, é… a gente… eu tava discutindo com o
grupo, eu queria falar com você um assunto.
GLENN GREENWALD: Hã?
MOLIÇÃO: É… como tá agora, tá saindo muita notícia sobre isso,
a gente Chegou… nós chegamos à conclusão que eles tão fazendo um jogo pra tentar desmoralizar o que tá acontecendo.
GLENN GREENWALD: Uhum
MOLIÇÃO: Igual, o que aconteceu com o Danilo Gentilli, é… o
MBL, o Holiday, a gente pegou outubro do ano passado. Eles tão
começando a falar disso agora.
GLENN GREENWALD: Pegou o quê?
MOLIÇÃO: A gente puxou o Telegram deles ano passado. Eles tão
falando disso agora.
GLENN GREENWALD: Ah, sim sim.
MOLIÇÃO: Então, tudo o que eles, que já aconteceu…
GLENN GREENWALD: Ah sim.
MOLIÇÃO: Eles tão puxando pra agora.
GLENN GREENWALD: Eu vi isso que alguém publicou alguma
coisa falando que o Holiday e MBL “foi hackeado”.
MOLIÇÃO: Isso. Eles tão usando isso agora. Então, a gente crê
que é um jogo que eles tão fazendo.
GLENN GREENWALD: Mas com com… qual motivo?
MOLIÇÃO: Porque é… como agora tá vindo também notícia do…
dos ata… dos ataques ao Moro, ao MPF, já, já tão pre… prevendo que vai acontecer alguma coisa.
GLENN GREENWALD: Com certeza, mas eu, isso depende… a a
dificuldade é entender o motivo com que eles tão tentando…
porque… que que estamos pensando é que quando publicamos,
obviamente, todo mundo “vou” automaticamente pensar que “essa material” é enganação como por exemplo tudo o que aconteceu “no semana” passada com Moro.
MOLIÇÃO: Sim.
GLENN GREENWALD: E nós vamos deixar muito claro que
nós recebemos tudo muito antes disso, e não tem nada a ver com isso, entendeu?
MOLIÇÃO: Uhum. Mas o que acontece? O que eles tão falando
também é que o celular, ele foi hackeado. Não! O que a gente faz é
pegar o Cloud do Telegram. A gente não pegou nada do celular.
GLENN GREENWALD: Entendi. Então, eu sei, eu sei. Mas, é
possível que tenha um “outro pessoa” fazendo isso?
MOLIÇÃO: É provável.
GLENN GREENWALD: Isso é uma coin… é é… é uma coin… é
uma coincidência que…no tempo que estamos prontos para
publicar, que isso está acontecendo eram outras pessoas.
MOLIÇÃO: Sim, mas igual a gente falou, nosso perfil não é de é…
fazer… chamar atenção.
GLENN GREENWALD: Eu sei, eu sei, eu sei disso. Então, tem
duas opções obviamente são: um, tem “outro pessoas” tentando hackear ou hackeando eles, ou o outro é que elas tão mentindo. Mas eu não posso entender o motivo para mentir.
MOLIÇÃO: Uhum.
GLENN GREENWALD: Porque, por exemplo, se eles
soubessem que… alguém está preparando de publicar ou que, ou
pior ainda, que nós “estamos pronto” para publicar, “eles ia”
pra Tribunal, pegam um ordem do Judiciário proibindo
qualquer publicação ou reportagens com esse material, mas
ainda ninguém fez isso. Então, isso está me deixando a
impressão que eles não sabem quem tem “essa material”.
MOLIÇÃO: Não, saber eles sabem.
GLENN GREENWALD: Porque… oi?
MOLIÇÃO: O Deltan, ele sabe que pegaram. Tanto que ele…
GLENN GREENWALD: Ele sabe que alguém pegou, mas ele
não sabe quem tem.
MOLIÇÃO: Sim, isso é certo, eles não sabem quem pegou.
GLENN GREENWALD: Então, então, para mim que não estou
entendendo é o motivo, o motivo desse jogo. Para fingir com essa
é… ou por que por que eles tão plantando “essas artigos” sobre como Moro e “Dalton” e MBL está sendo hackeado? Eu não entendo o motivo. Entendeu?
MOLIÇÃO: Sim.
GLENN GREENWALD: Mas é uma coincidência grande. Eu…
isso é, tem “um chance” muito grande que tem uma conexão com
tudo, tudo disso, mas… nós estamos trabalhando muito o mais
rápido possível para publicar, ah… três artigos no mesmo tempo
que vai ser muito explosivo, e… isso vai acontecer muito logo.

 

 

*Com informações do GGN