Senadores avaliam que está provado que Maya Pinheiro a mando de Bolsonaro, usou a população de Manaus como cobaia para experimentos científicos com cloroquina.
Renan Calheiros já decidiu com os demais senadores que compõem o G7, grupo de sete senadores que têm maioria na CPI da Pandemia, que a médica Mayra Pinheiro, secretária do Ministério da Saúde conhecida como “Capitã Cloroquina”, será denunciada ao Tribunal Penal Internacional de Haia por crime de lesa-humanidade.
Na avaliação dos senadores, está provado que Mayra usou a população de Manaus como como cobaia para experimentos científicos com a cloroquina, comprovadamente ineficaz contra a Covid-19.
Ao dirigir a ação do Estado para promover o uso de medicamentos prejudiciais aos manauaras, analisaram os senadores, Mayra cometeu crime contra a humanidade.
‘Eles jogam para eu fazer o gol’, disse a servidora em conversa para se preparar para depoimento.
A secretária da Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, afirmou ter enviado a senadores governistas da CPI da Covid perguntas para que eles fizessem a ela durante o depoimento que prestou à comissão.
“Eles jogam para eu fazer o gol”, resumiu a servidora, conhecida como “capitã cloroquina”, em uma conversa em que ela se preparava para o depoimento, dado em 25 de maio.
Vídeo com a conversa foi obtido pela CPI na quebra de sigilo da servidora. O link para a conversa estava em sua caixa de email.
“A gente tem um grupo [na CPI] que nos apoia, que acredita no nosso trabalho. Esse grupo tem que fazer perguntas, no direito que eles têm de interrogar o depoente, que nos ajudem no nosso discurso.”
“Então, que perguntas eu posso dar para esses senadores fazerem a mim? Entendeu? Eles jogam para eu fazer o gol. Eles chutam para eu fazer o gol”, disse Mayra a um epidemiologista que participou da conversa.
Ela afirmou ainda que já havia enviado dez perguntas aos senadores governistas. Entre outras, afirma ter pedido para que eles fizessem perguntas sobre sua formação, as atividades que desempenhou no Ministério da Saúde e os esforços da sua secretaria no enfrentamento à Covid-19.
“São cinco senadores que vão jogar com a gente. Eu preciso dar perguntas a eles para eles interrogarem, cuja resposta seja a oportunidade de eu falar. Certo? Faz o que o senhor achar que pode. A gente tem cinco senadores, cada um tem 15 minutos para me perguntar o que eles quiserem. Então a gente tem 15 minutos vezes 5.”
O link da gravação aparece em um email encaminhado a Mayra, dias antes do depoimento dela, pelo epidemiologista Regis Bruni Andriolo, que defende o chamado tratamento precoce, descartado pela comunidade científica.
No vídeo aparecem Mayra Pinheiro, o epidemiologista e Hélio Angotti Neto, secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde.
Confira:
🚨GRAVÍSSIMO!
O portal @TheInterceptBr divulgou um vídeo no qual Mayra Pinheiro, conhecida como “Capitã Cloroquina”, confessa que combinou perguntas e respostas com os governistas para seu depoimento à #CPIdaCovid. pic.twitter.com/vob4ffKn81
— Rogério Carvalho 🇧🇷 ⭐️ (@SenadorRogerio) July 22, 2021
O ex-secretário de Saúde do Amazonas Marcellus Campêlo afirmou hoje, em depoimento à CPI da Covid, que discutiu com a servidora Mayra Pinheiro, a “capitã cloroquina”, o chamado “tratamento precoce” —termo que o governo federal utiliza para se referir ao estímulo a medicamentos sem eficácia no tratamento dos sintomas do coronavírus.
O incentivo do governo Jair Bolsonaro a remédios como cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina é um dos pontos de interesse da CPI, no Senado Federal. Os parlamentares apuram se houve erro do Executivo federal, por ação ou omissão, na condução de políticas públicas de enfrentamento à pandemia.
Segundo Campêlo, o primeiro encontro com Mayra, que exerce a função de secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, ocorreu em 4 de janeiro.
À época, Manaus já vivia um cenário de agravamento da pandemia, com escalada da demanda por respiradores e escassez na oferta de oxigênio. Dias depois, a rede de saúde da capital amazonense entraria em colapso.
“Em 4 de janeiro, recebemos a secretária Mayra Pinheiro. Estivemos juntos com o governador e com a presença da imprensa. Vimos uma ênfase da doutora Mayra Pinheiro em relação ao tratamento precoce e relatando um novo sistema que poderia ser utilizado e que seria apresentado oportunamente, o TrateCov”, disse ele à CPI da Covid.
No começo do ano, o estado do Amazonas foi acometido por uma intensa aceleração dos efeitos da pandemia, falta de acesso a oxigênio medicinal e desabastecimento de insumos hospitalares. Reportagem do UOL mostrou hoje que o Ministério da Saúde sabia da escassez de respiradores no Amazonas desde 18 de dezembro, um mês antes da crise se instalar no estado. A primeira equipe da pasta, entretanto, foi ao estado apenas em 4 de janeiro.
Segundo documento enviado pelo Ministério da Saúde aos senadores da CPI, a equipe foi enviada para fazer um “diagnóstico situacional de saúde e apoio emergencial”.
O material detalha, em ordem cronológica, as ações da pasta realizadas in loco a partir de 4 de janeiro. O expediente operacional só teve início, de fato, em 8 de janeiro, após quatro dias de “diagnóstico”.
Na parte do relatório referente a 10 de janeiro consta que a “prioridade zero nos serviços no dia de hoje” era “o suprimento de oxigênio e balas de O2 para os hospitais, SPA, UPAS do estado do Amazonas”, entre outras atividades.
Em depoimento à CPI, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello afirmou ter tomado conhecimento do desabastecimento de oxigênio hospitalar somente em 10 de janeiro. Já Mayra Pinheiro, servidora do ministério conhecida como “capitã cloroquina”, disse à comissão que
Pazuello teria sido informado do problema dois dias antes, em 8 de janeiro, diz Campêlo
O ex-secretário de Saúde do Amazonas disse ter procurado Pazuello do colapso provocado pelo agravamento da covid-19 em Manaus. Na versão dele, logo no primeiro contato, o estado solicitou apoio logístico para levar cilindros de oxigênio de Belém (PA) à capital amazonense.
“Fiz uma ligação ao ministro Pazuello no dia 7 de janeiro por telefone explicando a necessidade de apoio logístico para trazer oxigênio de Belém a Manaus, a pedido da White Martins [fornecedora dos cilindros]. A partir daí, fizemos contato com o Comando Militar da Amazônia, por orientação do ministro, para fazer esse trabalho logístico”, disse Campêlo à CPI.
“Não houve resposta, que eu saiba”, emendou ele.
Outros ofícios foram encaminhados ao ministério e a Pazuello nos dias 9, 11, 12 e 13 de janeiro com pedidos de apoio logístico. Dias depois, o estado sofreria com a falta de leitos para pacientes com covid-19 e o desabastecimento de insumos básicos. Pessoas morreram nos hospitais sem acesso a oxigênio.
Na CPI, a “Capitã Cloroquina” afirmou que não visitou nenhuma unidade de saúde em Manaus para recomendar tratamento sem eficácia contra a Covid; ofício e vídeo a desmentem;
A médica cearense Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, afirmou aos senadores da CPI do Genocídio no Senado, nesta terça-feira (25), que não visitou nenhuma Unidade Básica de Saúde (UBS) em Manaus (AM) para difundir o “tratamento precoce” contra a Covid durante sua passagem pela cidade, em janeiro.
A “Capitã Cloroquina”, como é conhecida, confirmou a existência de um ofício assinado por ela em que informa que visitaria UBSs da capital amazonense para orientar sobre o uso de remédios do chamado “tratamento precoce”, que não tem eficácia comprovada contra a doença do coronavírus. No ofício, datado de 7 de janeiro e encaminhado à secretaria municipal de Saúde de Manaus, a secretária ainda afirma que é “inadmissível a não adoção” da orientação do tratamento.
Confira a íntegra do ofício, obtido pelo deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) através de requerimento de informações.
Questionada sobre essa afirmação na CPI, Mayra disse que “no contexto da quantidade de óbitos, como médica, é inadmissível não ter a adoção de todas as medidas”, e insistiu que, apesar da existência do ofício contendo a orientação e avisando sobre suas visitas às UBSs, ela não foi a nenhuma unidade.
“Não, senhor. Não, não, não. Não não visitei a não visitou para recomendar o tratamento. Não visitei nenhuma unidade”, respondeu a secretária ao ser questionada pelo relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL).
No dia 4 de janeiro, quando estava em Manaus, no entanto, Mayra Pinheiro concedeu uma entrevista de imprensa reforçando sua orientação sobre o uso de remédios do “tratamento precoce” para a Covid e confirmando que visitou, sim, Unidades Básicas de Saúde.
A coletiva foi dada ao lado do governador do Amazonas, Wilson Miranda Lima (PSC). “Só para as pessoas entenderem melhor. A doutora Mayra está junto com sua equipe percorrendo as unidades de saúde. Hoje a gente esteve cedo no hospital Delfim Aziz, e assim também ela vai fazer com a equipe em todos os hospitais que são referências para o atendimento à Covid”, afirma Lima, ao que Mayra concorda com um sinal de afirmativo, balançando a cabeça.
Depois, a secretária ainda afirma: “Peço de novo a todos os profissionais que trabalham nas UBSs, que prescrevam após de diagnosticarem clinicamente seus pacientes, o tratamento precoce. Ele pode salvar vidas. Essas orientações já foram dadas pelo Ministério da Saúde desde maio”.
Como se não bastassem o ofício e a coletiva, registrada em vídeo, Mayra Pinheiro ainda deu entrevista durante uma visita ao Hospitial Delphina Aziz, em Manaus, também em 4 de janeiro. “Estamos aqui para somar esforços à gestão pública estadual e municipal para traçar uma estratégia, um novo contingenciamento, para a resolução da crise atual”, disse à época.
Mayra Pinheiro é conhecida nas redes sociais como ‘capitã cloroquina’ por difundir uso do medicamento.
A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, depõe à CPI da Covid nesta terça-feira (25). Os parlamentares devem questionar as falas e ações da médica conhecida como “Capitã Cloroquina” por ser defensora do medicamento sem eficácia científica contra o coronavírus.
O ministro Ricardo Lewandowski atendeu, em parte, um pedido de reconsideração da defesa de Mayra para que ela se mantivesse calada às perguntas dos senadores. Ela poderá evitar responder sobre temas relativos a uma ação de improbidade administrativa que responde por conta da crise de oxigênio no estado do Amazonas. (Congresso em Foco).