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Derrota da PEC 5 foi a derrota do povo e a vitória da corrupção institucionalizada

Ontem foi um festival de manobras e interesses não confessáveis nesse país. Enquanto Flávio Bolsonaro gargalhava comemorando a impunidade do clã, de frente para as câmeras, afrontando as instituições da República, Dallagnol comemorava a derrota da PEC 5 que tinha como objetivo não permitir que procuradores como ele tivessem papel decisivo na eleição de toda a família Bolsonaro.

Tudo isso aconteceu de forma simultânea, cada um gargalhava sua vitória contra o próprio país.

Mas eles não estavam sós, as redações da Globo tanto gargalharam junto com Flávio quanto com Dallagnol, numa triangulação daquilo que se chama de déjà vu.

Essa trinca esteve junto para eleger o monstro que acabou com a vida de mais de 600 mil brasileiros por covid e que está na lista dos piores crápulas da humanidade nos jornais, revistas e telejornais de todo o planeta, menos no Brasil.

Em última análise, o que se viu ontem foi esse rearranjo que provocou gargalhadas efusivas nesses três sócios que levaram o Brasil a esse estado de coisas. Isso é o flagrante e concreto resultado de um sistema que organiza a mídia e as instituições do Estado em formato de canaleta para que todas as instituições concentrem seus esforços para escoar serviços e recursos para a classe economicamente dominante.

Não existe acaso no fato de o país ser o maior produtor de proteína animal do mundo e um dos maiores produtores de alimentos ter mais de 20 milhões de miseráveis sobrevivendo até então de uma fome absolutamente desumana.

Soma-se a isso a insegurança alimentar que atinge 55% da população brasileira.

Isso não é obra de um pensamento liberal que é, por natureza, perverso e que tem como mantra uma sociedade que vive sob a batuta de um capitalismo concorrencial.

Um sistema como esse leva tempo para ser construído. Para se criar um paraíso para poucos e um inferno para muitos, tem que haver uma diversidade de planos e uma perfeita unidade entre os que vão construir seus paraísos em paralelo à construção do inferno do povo.

Somente assim entenderemos o que representa o momento porque passa o Brasil. Não se pode imaginar que deputados, que se declaram de esquerda ou progressistas, banquem os ingênuos e somem vozes com essa trinca que constrói essa canaleta.

O bom-mocismo de gente da esquerda, muitas vezes desemboca num nonsense como este, o de abrigar os piores bandidos desse país no coração de seus parlamentares.

Enquanto isso, o Brasil vai se consolidando no mundo como um velho e arcaico fazendão em que as indústrias vão se transformando em ferro retorcido e os novos coronéis do campo e do asfalto vão dando as cartas, não se importando com o país e, muito menos com o povo.

Por isso, podem fazer a equação que fizerem, utilizar a retórica com todos os palavrórios possíveis que, ao fim e ao cabo, as águas correrão sempre para o lado da horta dos endinheirados, dos milionários, dos doutores do grande capital.

Sem o menor medo de errar, afirmamos que, em última análise,  a derrota da PEC 5 foi a derrota do povo e a vitória da corrupção institucionalizada.

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A justificativa de quem votou contra a PEC 5, de garantir a autonomia do MP, é piada pronta

A emenda de quem votou contra a PEC 5 no campo progressista, está pior do que o soneto.

Dizer que votou ao lado de Eduardo Bolsonaro, em nome da independência, da autonomia do Ministério Público, é chamar o povo de idiota. Pior, isso acontece três ou quatro dias após todos saberem que o procurador federal, que foi chefe da Força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, além de escrever parte da delação de Pedro Barusco, não se importou com as declarações deste na CPI da Petrobras que afirmou ter operado na estatal durante sete anos do governo Fernando Henrique com um pesado esquema de corrupção.

Então, querem convencer que foi bom para o país ver Dallagnol ser protegido pelo CNMP, pelo espírito de corpo no escabroso caso do powerpoint que os próprios conselheiros admitiram tratar-se de guarda-chuva que custaria caro para a reputação do Ministério Público.

Ou seja, o lavajatismo da mídia, que ainda impregna alguns partidos como o Psol, por exemplo, convenceu parlamentares que é bom para o país, figuras como Dallagnol, entre outros procuradores da Lava Jato, serem contratados a peso de ouro pela XP Investimentos para empenhar a palavra a banqueiros, rentistas, investidores nacionais e internacionais, que Lula ficaria preso e, consequentemente, abriria caminho para a vitória de Bolsonaro.

Esses deputados agora vêm falar em defesa da autonomia do Ministério Público. Quem mais deu autonomia ao MP do que Lula e Dilma? E qual foi o resultado dessa autonomia? A chegada de Temer e Bolsonaro à presidência com dois golpes de Estado, tendo o auxílio luxuoso dos procuradores “independentes” do glorioso MP.

E o que dizer da tabelinha entre Moro e Rodrigo Janot, PGR na época, no esquema do grampo ilegal contra Dilma e a entrega à Globo, ainda mais ilegal, do material colhido por Moro?

Essa gente que votou contra a PEC 5 em nome da autonomia do MP, não leu nada da série Vaza Jato?

Novamente, pergunta-se, Temer e Bolsonaro deram essa independência ao MP na hora da escolha do PGR? Claro que não. Temer não escolheu o primeiro da lista tríplice, e Bolsonaro não escolheu sequer quem estava na lista.

Dizer que votou contra a PEC 5 em nome da autonomia do MP que abriga uma casta servil aos interesses dos donos do dinheiro grosso, é um escracho com a cara de quem tem ao menos um único neurônio.

Fizeram a cagada? Então, assumam a responsabilidade, sem rodeios, porque cada vez que se justifica a lambança, mais melecados ficam os deputados progressistas que, ao fim e ao cabo, votaram de acordo com as redações da grande mídia em defesa do califado de Curitiba comandado por Moro.

Ainda há tempo de rever essa excrescência e reverter a lambança numa nova votação, que está custando muito caro a Freixo, hoje no PSB, e ao Psol como um todo, que votou igualmente à Tábata Amaral, também do PSB, que é cria de Jorge Lemann.

Somente uma mudança de voto para consertar o estrago que fizeram contra a população brasileira, mas contra as próprias imagens dos deputados progressistas que, inacreditavelmente, caíram nessa arapuca moralistóide.

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