A qualidade do ar em áreas da cidade de São Paulo e da região metropolitana já começou a manhã desta segunda-feira (9) entre ruim e muito ruim em meio a mais um dia de calor, tempo seco e fumaça de incêndios. A situação fez de São Paulo a metrópole com a pior qualidade de ar no mundo por volta das 10h, de acordo com o site suíço IQAir.
Com registro de 160 no índice usado pelo site, a capital paulista não apenas superou as cidades de Ho Chi Minh, no Vietnã, e Lahore, no Paquistão –segunda e terceira colocadas, respectivamente–, mas também Jerusalém, em Israel, Doha, no Catar, e Pequim, na China, a quinta e a sexta com o ar mais poluído.
Dados da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) indicavam qualidade muito ruim, segundo pior da escala, nas estações de Carapicuíba, Itaim Paulista e Osasco. Na capital, o nível foi registrado na marginal Tietê (altura da ponte dos Remédios), no Parque Dom Pedro 2º (região central), em Perus e em Santana (ambos na zona norte).
Outras estações, como Ibirapuera, Interlagos e Santo Amaro, registravam o nível ruim. Apenas Itaquera e Mooca, ambas na capital, tinham qualidade boa na manhã desta segunda.
A categoria muito ruim pode agravar sintomas de quem tem doenças pulmonares e cardiovasculares, além de causar transtornos à população em geral.
Estações em outras áreas do estado, como Jundiaí e Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, também apontavam qualidade do ar muito ruim.
Segundo a Defesa Civil estadual, 48 municípios paulistas seguem em alerta máximo para incêndio, e havia oito focos de fogo ativos nesta manhã, identificados, em General Salgado, Dois Córregos, Santo Antônio do Aracanguá, Pedregulho, Itirapuã, Mairiporã, São João da Boa Vista e Elias Fausto.
Quase todo o estado, com exceção do litoral, está em emergência para risco de incêndio, nível máximo de perigo apontado pela Defesa Civil, até o próximo sábado (14).
O atraso no envio de insumos chineses para a produção de vacinas aqui no Brasil pode não ser o único impacto negativo para país após novas críticas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) à China. Os comentários agressivos contra os chineses também estão atrapalhando a entrada de investimentos novos para setores como os de energia, transportes e tecnologia, dizem executivos que fazem intermediação dessas transações.
A China é atualmente o maior parceiro comercial do Brasil, o país que mais compra produtos brasileiros. Os chineses são também um dos principais investidores estrangeiros nos setores de infraestrutura e tecnologia, áreas em que a economia brasileira precisa de capital para se desenvolver, destacam economistas.
Nas câmaras de comércio, que são muitas vezes a porta de entrada no Brasil de empresários chineses interessados em negócios no mercado brasileiro, há relatos de reuniões canceladas ou adiadas depois que Bolsonaro acusou os chineses de terem aproveitado a pandemia para superar outras economias.
Agenda de negócios suspensa
Segundo o presidente da CCIBC (Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China), Charles Tang, que lidera uma das principais organizações chinesas desse perfil aqui no país, muitas transações dependem de fatores como financiamento ou aprovações de órgãos reguladores.
E por isso, a cada comentário contra a China, aponta ele, surge o temor de que a burocracia seja usada para travar um projeto, por exemplo. Daí, as negociações emperram.
Se tem negócio suspenso por causa das posições do governo sobre a China? Vou responder dando um exemplo. O mundo inteiro está correndo para ajudar a Índia. A China mandou milhões de vacinas para a Índia. A China não está correndo para ajudar o Brasil. Por que ajudou a Índia e não o Brasil? Charles Tang, presidente da CCIBC – Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China.
Sem acusações, haveria mais negócios fechados
Segundo a gerente de Desenvolvimento de Negócio da CCIBC, Isabelle Carvalho Costa Pinto, especialista em relações internacionais, há empresas chinesas prontas para fazer investimentos no setor de tecnologia, uma área que está ganhando espaço na agenda de negócios dos chineses no Brasil.
O setor de tecnologia e inovação vem ganhando espaço no interesse dos chineses. O Brasil tem grande demanda, e, do lado chinês, há capital e conhecimento para investir. A China já tem grandes fundos de investimentos dispostos a alocar recursos no setor de serviços, que já estão olhando onde há oportunidades no Brasil, mas também em outros países. Se não tivéssemos tanta tensão e ruído, haveria mais negócios já fechados neste ano. Isabelle Carvalho Costa Pinto.
Receio de que retórica vire ação
Segundo a professora brasileira que atua na Universidade de Negócios Internacionais e Economia, em Pequim (China), Tatiana Prazeres, os chineses são pragmáticos e analisam oportunidades de investimento no Brasil de maneira prática e objetiva, sempre com foco no longo prazo.
O problema, pondera Tatiana, que já foi assessora sênior do diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, em Genebra, e secretária de Comércio Exterior do Brasil, é que cada declaração negativa de membros do governo brasileiro alimenta entre investidores chineses o receio de que alguma ação concreta seja tomada contra o país.
Os chineses analisam oportunidades no Brasil olhando o longo prazo. Mas se esses comentários mais duros do governo brasileiro em relação à China se traduzirem em medidas concretas, há consequências para os investimentos chineses no Brasil. Então, é claro que há um certo receio por parte da China de que isso possa acontecer, que essa retórica se traduza em medidas concretas. Tatiana Prazeres, senior fellow na Universidade de Negócios Internacionais e Economia de Pequim.
Embaixada da China no Brasil foi às redes sociais para acusar Eduardo Bolsonaro o filho do presidente brasileiro Jair Bolsonaro, de realizar declarações infames e de colocar em risco a relação entre os dois países.
O alerta ocorreu depois que o deputado fez graves acusações contra Pequim, no dia 23 de novembro.
“Na contracorrente da opinião pública brasileira, o dep. Eduardo Bolsonaro e algumas personalidades têm produzido uma série de declarações infames que, além de desrespeitarem os fatos da cooperação sino-brasileira e do mútuo benefício que ela propicia, solapam a atmosfera amistosa entre os dois países e prejudicam a imagem do Brasil”, disse.
“Acreditamos que a sociedade brasileira, em geral, não endossa nem aceita esse tipo de postura”, escreveu Pequim.
Na avaliação do governo chinês, as declarações do deputado são “infames”, “desrespeitosas” e derivam de manifestações comuns à “extrema direita norte-americana”. “Solapam a atmosfera amistosa entre os dois países e prejudicam a imagem do Brasil. A sociedade brasileira não endossa nem aceita esse tipo de postura”.
“Instamos essas personalidades a deixar de seguir a retórica da extrema-direita norte-americana, cessar as desinformações e calúnias sobre a China e a amizade sino-brasileira, e evitar ir longe demais no caminho equivocado, tendo em vista os interesses de ambos os povos e a tendência geral da parceria bilateral”, alerta.
“Caso contrário, vão arcar com as consequências negativas e carregar a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil”, completa Pequim.