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Desautorizando Bolsonaro, Senado, em manifesto, defende isolamento social contra coronavírus

Em reação às últimas declarações e atitudes do presidente Jair Bolsonaro, o Senado divulgou um manifesto, nesta segunda-feira, em defesa do isolamento. O texto foi lido no início da sessão da tarde de hoje, que ocorreu de forma remota. O texto foi assinado por todos os líderes da Casa, após reunião hoje.

Segundo o primeiro vice-presidente do Senado, Antonio Anastasia (PSD-MG), que comanda a Casa na ausência de Davi Alcolumbre (DEM-AP), diagnosticado com coronavírus, a proposta de fazer um manifesto partiu do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).

Na sessão, Bezerra reforçou a defesa do isolamento e agradeceu o apoio dos colegas. Disse que alguns senadores ligaram para ele preocupados com a extensão da recomendação por tempo indeterminado. Bezerra disse que a regra pode ser “flexibilizada”, mas depois de avaliação nas próximas semanas, destacando que a orientação agora é manter o isolamento.

No texto, o Senado se manifesta “de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde e apoia o isolamento social no Brasil, ao mesmo tempo em que pede ao povo que cumpra as medidas ficando em casa” e diz que “ao Estado cabe apoiar as pessoas vulneráveis, os empreendedores e segmentos sociais que serão atingidos economicamente pelos efeitos do isolamento”.

Bolsonaro prega a volta das atividades normais no país, com o isolamento apenas de pessoas do grupo de risco para o coronavírus, especialmente os idosos. No sábado, em coletiva, o ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) reforçou que a orientação da pasta é evitar aglomerações. No dia seguinte, Bolsonaro saiu do Alvorada e fez um tour pelo Distrito Federal, parando em vários pontos para cumprimentar apoiadores, em locais com concentração de pessoas.

“A experiência dos países que estão em estágios mais avançados de disseminação da doença deixa claro que, diante da inexistência de vacina ou de tratamento médico plenamente comprovado, a medida mais eficaz de minimização dos efeitos da pandemia é o isolamento social”, diz o texto do Senado.

Os senadores destacam ainda que “somente o isolamento social, mantidas as atividades essenciais, poderá promover o ‘achatamento da curva’ de contágio, possibilitando que a estrutura de saúde possa atender ao maior número possível de enfermos, salvando assim milhões de vida, conforme apontam os estudos sobre o tema”.

A reação do Senado é também uma defesa da atuação de Mandetta, que tem sido elogiado pelos parlamentares, inclusive da oposição.

Depois da leitura, Alcolumbre, que segue isolado em casa após ter contraído coronavírus, se manifestou pelas redes sociais.

“Nesta segunda-feira, o Senado divulgou manifesto em apoio ao isolamento social e a permanência das pessoas em casa durante a epidemia do Covid-19. O documento é assinado pelos líderes. Sei, por experiência própria, como é importante seguir as orientações da OMS #ficaemcasa”, escreveu Alcolumbre.

Leia o manifesto:

Pelo Isolamento social

A pandemia do coronavírus impõe a todos os povos e nações um profundo desafio no seu enfrentamento.

A experiência dos países que estão em estágios mais avançados de disseminação da doença deixa claro que, diante da inexistência de vacina ou de tratamento médico plenamente comprovado, a medida mais eficaz de minimização dos efeitos da pandemia é o isolamento social.

Somente o isolamento social, mantidas as atividades essenciais, poderá promover o “achatamento da curva” de contágio, possibilitando que a estrutura de saúde possa atender ao maior número possível de enfermos, salvando assim milhões de vida, conforme apontam os estudos sobre o tema.

Ao Estado cabe apoiar as pessoas vulneráveis, os empreendedores e segmentos sociais que serão atingidos economicamente pelos efeitos do isolamento.

Diante do exposto, o Senado Federal se manifesta de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde e apoia o isolamento social no Brasil, ao mesmo tempo em que pede ao povo que cumpra as medidas ficando em casa.

Por Amanda Almeida e Isabella Macedo (Jornal Extra)