Categorias
Uncategorized

Bolsonaro x Moro, o fim da sociedade de duas serpentes que levaram o Brasil a uma tragédia humana

A pergunta que se faz nessa difusão de escândalos sobre Bolsonaro, a partir do rompimento do contrato de sociedade entre ele e Moro, é saber qual dos dois sócios é pior.

Na verdade, sem a cobertura da mídia, é claro, o alto grau de coincidência das práticas de Moro reveladas pelo Intercept com a Vaza Jato, como o que está boiando e fedendo sobre as práticas de Bolsonaro, impressiona.

Não é que elas pareçam iguais, elas são idênticas. Na realidade, uma complementa a outra. Na época em que era juiz, Moro operava contra o PT, junto com Dallagnol, Carlos Fernando, Januário Paludo e demais procuradores, com a mesma desenvoltura com que Bolsonaro opera com Carlos, Eduardo e Flávio, a tríade de vigaristas, os quais ele fez a sua imagem e semelhança.

Trocando em miúdos, a Gênesis da Lava jato e do governo Bolsonaro tem a mesma pulsação, o mesmo DNA, as mesmas práticas de uso da mídia para conseguir, diante da sociedade, a percepção de que os dois vigaristas,  Moro e Bolsonaro, representavam, primeiro, o combate à corrupção (pode gargalhar). Segundo, é o tratado entre essas duas versões de uma mesma prática criminosa que culminou numa sociedade não de uma empresa ou de um negócio qualquer, mas de um governo, pelo menos do ponto de vista institucional, porque, na prática, foi um acordo entre duas milícias, a da república de Curitiba com a de Rio das Pedras, formando uma única e espessa coluna de contravenção em que cada um, a partir de sua destreza no banditismo, dentro ou fora do Estado, contribuiu para formar a escumalha que aí está.

A relação entre Bolsonaro e Moro tem que ser tratadas a partir daí, porque ela permaneceu até que um quis ficar maior que o outro. Deu no que deu.

A desintegração dessa sociedade se deu porque Moro quis uma fatia integral do bolo, oferecida a ele por Bolsonaro em troca da cabeça de Lula. E é bom acrescentar um dado fundamental, o papel da Polícia Federal nesse jogo armado pelos dois pilantras, Moro e Bolsonaro que diz respeito ao uso de uma delação de Palocci contra lula, encomendada por Moro, para atingir Haddad, na véspera do segundo turno da eleição presidencial.

Isso é mais do que cristalino. Por isso é difícil encontrar diferença entre Moro e Bolsonaro no aparelhamento da PF. Ou seja, esse aparelhamento de Bolsonaro na PF apontado por Moro, não é exceção, ao contrário, quem hoje aponta o dedo para o outro, quando Moro acusa Bolsonaro dessa prática, na verdade, Bolsonaro só repete as suas práticas, práticas estas que Moro utilizou contra Lula no Ministério Público e no TRF-4 .

Como bem disse Wadih Damous, Moro tem o sistema de justiça nas mãos, por isso é mais canalha, é mais perigoso, é mais frio e não menos pilantra do que o tenente expulso do exército por seu envolvimento com garimpo ilegal, quando  utilizou dois subalternos das Forças Armadas.

Fica claro que nessa guerra entre duas serpentes, Moro e Bolsonaro, estamos diante do clássico bangue-bangue sem mocinho. São modelos que correm emparelhados e em suas relações políticas na busca pelo domínio de um mesmo território, fizeram uma sociedade que se rompeu e, assim como em qualquer guerra entre milícias, um condena o outro à morte.

Assim, sobra para o outro capítulo desse folhetim policialesco a pergunta: como se chegou a esse esgoto em que dois ratos emergem do que existe de mais fétido na escória da sociedade e se transformam em personagens símbolo da moralidade do combate à corrupção, da religião, da família, da justiça e do patriotismo chegando ao poder máximo da República?

Daí dá para se ter uma ideia do que há nesse universo, uma podridão muito maior em que, como sempre, a batuta e o diapasão da Globo tem a voz de comando em nome do intermúndio do grande capital.

Moro é tão responsável quanto Bolsonaro pela tragédia humana produzida pelo coronavírus no Brasil. Se não fosse Moro, Bolsonaro não estaria no poder. É um monstro que saiu de dentro do outro e que causam tantas vítimas fatais que poderiam ter suas vidas poupadas se o governo fosse outro.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas