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Missão chefiada por Santos Cruz quebrou normas e ignorou registros, diz ONU

As forças de paz da ONU (Organização das Nações Unidas) na República Democrática do Congo (RDC), chamadas pela abreviação MONUSCO, sofreram deficiências consideradas como “críticas” em sua gestão, que passou pelo comando do general Carlos Alberto Santos Cruz. Ele ocupou a chefia da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro.

Uma auditoria realizada pelo Escritório de Serviços de Supervisão Interna da ONU e obtida pelo UOL aponta a falta de levantamentos sobre as operações militares, e ainda o desrespeito à norma que exigia que autoridades civis e de direitos humanos fossem consultadas antes de operações. A MONUSCO foi a primeira operação armada da ONU na RDC e a maior missão de estabilização da entidade.

Não existia também, segundo as Nações Unidas, a prevenção sistemática de possíveis danos colaterais. Além disso, a frequência de patrulhamento estava abaixo das metas estabelecidas.

Santos Cruz foi procurado pelo UOL, mas não respondeu os questionamentos da reportagem até o fechamento.

O exame da operação se refere ao período entre janeiro de 2015 e setembro de 2016. Em mais da metade do tempo avaliado, as forças eram comandadas pelo general brasileiro. Ele ocupou o posto de 2013 a dezembro de 2015, num momento que foi considerado como chave para o conflito.

Após deixar o governo brasileiro, em 2019, o general voltou a prestar serviços à ONU e, na semana passada, entregou à chefia da entidade um informe sobre os desafios das tropas de paz no país africano. O foco era a onda de ataques a civis na região de Beni.

Danos colaterais desconhecidos

Mas, no informe sobre a gestão das operações, um aspecto que preocupou especialmente a auditoria foi a falha encontrada na preparação de estimativas de danos colaterais, nas avaliações de danos de batalha e mesmo nas revisões sobre as operações, uma vez terminadas.

Pelas diretivas da ONU, exige-se que “os militares estimem os danos colaterais antes de cada ação letal e conduzam avaliações dos danos de batalha para estimar com precisão os efeitos resultantes do uso da força letal”. A instrução “também exige que os militares conduzam uma análise pós-ação para as grandes operações militares, a fim de avaliar a eficácia das operações e a sua utilização como lições aprendidas em operações futuras”.

Até aquele momento, nove grandes operações militares tinham sido realizadas envolvendo força letal, como artilharia e fogo de morteiros e helicópteros de ataque para proteger civis na área do Beni, na RDC.

Entretanto, os militares não tinham relatórios de revisão pós-ação para quatro das nove principais operações militares. Também inexistiam provas de suas avaliações de alvos para nenhuma das nove operações.

“A componente militar informou que as estimativas de danos colaterais foram preparadas no Quartel-General da Força durante o processo de definição dos alvos. Contudo, não existiam registros do processo de alvo para as nove operações”, alertou a auditoria.

Sem os registros, a auditoria ainda lembrou que não haveria como melhorar a eficácia de operações futuras e nem “ter informação adequada e fiável para avaliar a oportunidade e eficácia das suas operações militares”. A MONUSCO, segundo o informe, aceitou a recomendação.

Operações militares à revelia de autoridades civis

A conclusão do levantamento é de que existiam estruturas e diretrizes adequadas para orientar operações militares para a proteção de civis. Mas nem os processos e nem mecanismos estabelecidos eram sempre cumpridos. Portanto, não havia como saber se eram “eficazes”.

Os militares indicaram que, devido à necessidade de assegurar a confidencialidade, não envolveram os departamentos civis da ONU ou de Direitos Humanos no planejamento de operações militares. Mas garantem que eles foram informados. Para a auditoria, isso não era suficiente.

“Devido à falta de envolvimento sistemático dos componentes civis no planejamento de operações militares, existia o risco não mitigado de as estratégias de mitigação e ações corretivas adequadas não serem integradas na execução destas operações”, alertou a auditoria.

Em suas recomendações, o levantamento pediu que a MONUSCO implementasse a estratégia das Nações Unidas para a proteção da população civil.

Somente em fevereiro de 2017 as primeiras reuniões com os representantes civis das missões foram realizadas.

12.jun.2013 - O general Carlos Alberto dos Santos Cruz faz visita de reconhecimento à RDC - Sylvain Liechti/MONUSCO

Falta de registro Outra deficiência registrada pela auditoria foi a falta de registros sobre as operações. “O componente militar não registrou as ações tomadas em resposta aos alertas e relatórios recebidos, incluindo descrições, datas e horários das suas ações”, alertou o documento.

A explicação dada pelos militares era de que não estavam “totalmente conscientes dos procedimentos de atualização do sistema” e aceitaram a recomendação apresentada.

Patrulhamento insuficiente A análise realizada nas tropas no país africano revelou ainda que “apesar do padrão de aumento da violência, como o estupro e o rapto de civis à noite, os militares não conduziram patrulhas noturnas suficientes para lidar com as ameaças prevalecentes”.

“Das 51.117 patrulhas realizadas em áreas afetadas por conflitos no ano financeiro de 2015/16, apenas 30 por cento (15.423) eram patrulhas noturnas”, alertou.

Num dos locais examinados, o contingente militar de patrulhas realizou entre 29 de Maio a 18 de Junho de 2016 apenas três operações durante a noite, com 55 pelo dia.

“Isso ocorreu porque o componente militar não ajustou as suas patrulhas com base em ameaças emergentes e a missão não tomou medidas eficazes para assegurar que os militares tivessem equipamento noturno funcional em conformidade com os respectivos memorandos de entendimento”, constatou.

Um exemplo foi o contingente militar em Beni e Bunia, que se queixara da falta de dispositivos de visão noturna. A auditoria descobriu que os dispositivos noturnos “estavam em caixas seladas, sem baterias e sem outras peças sobressalentes para os tornar funcionais”.

“Como resultado, não havia garantias adequadas de que a componente militar tivesse respondido à tempo às ameaças contra civis, que ocorreram na sua maioria entre 18h e 6h. Por exemplo, todos os grandes ataques na área de Beni e 59% dos 173 incidentes e violações graves contra civis em Bunia durante o período de janeiro a setembro de 2016 ocorreram à noite”, apontou a ONU.

Blindado da ONU circula em Beni, na República Democrática do Congo - AFP

 

 

*Jamil Chade/Uol

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Vídeo: Os “honestos” do governo Bolsonaro que têm medo de perguntas de jornalistas

Acabo de ver pronunciamento do secretário Fábio Wajngarten, o homem da Secom pego de calça arriada em escândalo de grossa corrupção..

E o que ele fez?

Nada além de bancar o gabola para tirar o foco da matéria revelando como foi pego com a boca na botija.

Sobre o teor das denúncias da Folha, nada disse e nem deu espaço para perguntas de jornalistas.

Pura encenação!

Bolsonaro sobre o mesmo assunto foi mais sincero.

Sem respostas pra dar sobre seu comandado direto pego em grossa corrupção, abandonou a entrevista assumindo culpa de seu secretário.

Segunda-feira próxima será a vez de Moro jogar sem goleiro no time adversário no Roda Viva, porque o cagão escolheu quem pode ou não entrevistá-lo.

Ninguém desse governo de valentões da “ética”, aguenta 1 minuto de pressão.

Eles falam muito, mas na hora de ver o bambu roncar, são os primeiros a correr para as barras da saia de seus protetores.

Trecho do pronunciamento do secretário Fábio Wajngarten:

“Eu não tenho absolutamente nada a esconder. À época da minha nomeação, foi orientado, foi ordenado que eu saísse do quadro da gestão da FW Comunicação e Marketing, atitude essa imediatamente cumprida e vistoriada pela SAJ [Subchefia de Assuntos Jurídicos da Secretaria Geral da Presidência] e pela Comissão de Ética [da Presidência da República]. Muito me surpreende esse escândalo agora, por conta disso”. (TV Brasil)

 

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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TSE escolhe a dedo testemunhas do caixa 2 de Bolsonaro no WhatsApp

Julgamento sobre o suposto crime eleitoral de 2018, que levou Bolsonaro à Presidência, começa ouvindo funcionária do governo que trabalhou na única agência que não faz disparos em massa.

O Tribunal Superior Eleitoral começou a ouvir as testemunhas do processo que apura o caixa 2 de Jair Bolsonaro no WhatsApp, denunciado pela repórter Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo, após o resultado das eleições de 2018.

Nesta semana, depois de passar 10 meses com a ação praticamente parada, o TSE decidiu começar ouvindo como testemunha do caso a hoje assessora da Secretaria Geral da Presidência (com salário de R$ 10 mil), Rebeca Félix Ribeiro.

Rebeca trabalhou, durante a eleição, na AM4 Inteligência Digital, única agência que não fez disparos em massa no WhatsApp, porque não oferece esse tipo de serviço, informou o Valor Econômico desta quinta (15).

A AM4 recebeu cerca de R$ 1 milhão da campanha de Bolsonaro. Rebeca, por sua vez, foi nomeada para o governo 14 dias depois da posse do presidente de extrema-direita.

Ao TSE, o PT, que moveu a ação, levantou a suspeição de Rebeca, pois ela, com cargo no governo, teria interesse em proteger o presidente em seu depoimento. O juiz eleitoral Antonio Schenkel, contudo, negou o pedido para suspender a testemunha.

Rebeca afirmou em seu depoimento que se houve disparos de fake news ou outras mensagens em favor de Bolsonaro, ela desconhece.

Segundo o jornal Valor Econômico, a Justiça Eleitoral derrubou 3 testemunhas – os nomes não foram informados pelo diário – e começou a adiar outros depoimentos.

A jornalista Patrícia Campos Mello, que tem detalhes do que teria ocorrido em 2018, não está entre as testemunhas escolhidas pelo TSE.

O caixa 2 teria sido financiado por empresários antipetistas que contrataram agências de disparo de mensagens em massa para atacar o candidato do PT, Fernando Haddad.

A ação foi reforçada no segundo turno da eleição presidencial – com contratos que teriam chegado a R$ 13 milhões por serviço – justamente quando Haddad foi acusado falsamente até de estupro de menor.

 

 

*Com informações do GGN