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Brasil vai às ruas pela prisão de Bolsonaro e contra a anistia

O ex-mandatário e sete aliados se tornaram réus após decisão unânime dos cinco ministros da Primeira Turma do STF.

No próximo domingo (30), as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo realizarão manifestações pelo país contra a anistia aos presos pelo 8 de janeiro e pela prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Com o desenvolvimento do julgamento desta semana, do núcleo articulador da tentativa de golpe de 8 de janeiro e Bolsonaro no banco do réu, esperamos que essa pauta tome ainda mais fôlego e que a gente consiga avançar tanto na disputa ideológica na sociedade quanto na pressão do judiciário para que Justiça seja feita”, afirma Daiane Araújo, a vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), que integra as frentes.

Nesta quarta-feira (26), o ex-mandatário e sete aliados se tornaram réus por tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado democrático de direito por decisão unânime dos cinco ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF).

Com a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) aceita, uma ação penal será aberta, com coleta de depoimentos e outras provas. Posteriormente, um julgamento decidirá se o ex-presidente deve ser condenado ou absolvido.

No total, os crimes pelos quais Bolsonaro é acusado podem somar até 43 anos de prisão: dano qualificado com uso de violência e grave ameaça (6 meses a 3 anos), deterioração de patrimônio tombado (1 a 3 anos), tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito (4 a 8 anos), tentativa de golpe de Estado (4 a 12 anos) e organização criminosa (3 a 8 anos, que pode chegar a 17 anos a depender dos agravantes).

Confira os locais que terão manifestação
29/03

BA – Feira de Santana | Praça do Nordestino | 9h

MS – Campo Grande | Praça do Rádio | 9h

30/03

CE – Fortaleza | Estátua de Iracema (Praia de Iracema) | 16h

MA – São Luís | Praça Benedito Leite (Feirinha) | 9h

MG – Belo Horizonte | Praça Independência | 9h

PA – Belém | Praça da República (Em frente ao Teatro da Paz) | 8h30

PE – Recife | Parque Treze de Maio até Ginásio Pernambucano | 9h

PR – Curitiba | Praça João Cândido Largo da Ordem | 9h30

SP – São Paulo | Praça Oswaldo Cruz (até DOI-Codi) | 13h

SP – São Paulo | Masp | 15h (Geração 68)

RJ – Niterói | Reitoria da UFF | 18h

RJ – Rio de Janeiro | Aterro do Flamengo | 10h30

RJ – Rio de Janeiro | Feira da Glória | 10h30

RJ – Rio de Janeiro | República | 10h30

RJ – Volta Redonda | Feira da Vila Sta Cecília | 9h

31/03

CE – Fortaleza | Roda de Conversa Sede PT Ceará | 18h30

01/04

PB – João Pessoa | Caminhada do Silêncio – Prédio da OAB/PB

RJ – Rio de Janeiro | Dops/AIB | 15h

 

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Sem anistia!

Entidades convocam contra perdão a golpistas.

Com um abaixo-assinado já disponível para assinaturas, a mobilização busca garantir que os responsáveis sejam devidamente julgados e punidos. A campanha também contará com ações nas redes sociais, eventos públicos e articulação junto a parlamentares comprometidos com a defesa da democracia.

“A nossa luta é pelo Brasil, pela liberdade e pela justiça. Não podemos permitir que o Congresso aprove essa proposta de anistia. Estamos aqui para dizer em alto e bom som: Sem Anistia!”, frisa Henrique Vieira.

Iniciativa semelhante é o movimento “Sem anistia para golpista”, que tem como objetivo pressionar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos–PB), a arquivar o projeto. O abaixo–assinado é apoiao por diversas entidades da sociedade civil e até a manhã deste domingo (16) contava com 112.960 assinaturas.

“Em 2024, pressionamos Arthur Lira com cerca de 60 mil e-mails exigindo o arquivamento do Projeto de Lei 2.858/2022. Mas, em vez de enterrar de vez essa ameaça, ele passou a responsabilidade para seu sucessor, Hugo Motta. Agora, a extrema direita já se movimenta nos bastidores para garantir que o novo presidente leve o projeto adiante.

 

Se aprovado, o PL da Anistia perdoará centenas de golpistas responsáveis pelos ataques de 8 de janeiro e pode até abrir caminho para Jair Bolsonaro recuperar seus direitos políticos. Esse projeto é um aval para novos ataques contra a democracia.

A qualquer momento, o PL pode ser retomado. Líderes da extrema direita já articulam sua aprovação nos bastidores, e só uma mobilização forte pode impedir esse retrocesso.

O tempo é curto. Se não pressionarmos agora, os golpistas podem vencer. Precisamos garantir que Hugo Motta arquive esse projeto de uma vez por todas.

Envie sua mensagem para o novo presidente da Câmara exigindo o arquivamento imediato do PL da Anistia. Precisamos ser milhares de vozes com esse pedido. O Brasil só vai avançar se deixarmos para trás nosso histórico de impunidade a crimes contra a democracia”. ICL.

Para participar desse abaixo–assinado, cique aqui.

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Política

Sem anistia, dizem aliados de Bolsonarro

Não há a menor chance de Bolsonaro ser anistiado ou aliviado sob qualquer pretexto de ocasião.

Sem ilusões, dizem os próprios aliados do comandante do golpe tentado e frustrado no dia 8 de janeiro de 2023.

Do final do ano não passa. Essae é também a avaliação dos aliados mais próximos.

Bolsonaro reluta em concentrar-se no principal.

Como suportará anos de cadeia que lhe custarão, sobretudo o esquecimento da manada que vive de carne fresca?

Ele sabe que nesse mundo do bolsonarismo de momento a fila anda rápido.

A travessia para a sua liberdade ser devolvida será longa e penosa.

Portanto, não haverá forma de ressuscitar alguém no mundo da política, não com esse horizonte infinito.

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Política

Pela memória de quem nunca se calou para nos dar voz e vida

“O cultivo da memória renova a fé na luta contra a imposição do suplício e revaloriza quem travou – sob sangue – uma cruzada pela vida”, diz Tiago Barbosa.

Abusaram da truculência, do silenciamento e da intolerância porque a profecia de um mundo mais justo, abençoado e misericordioso colidia com o poder.

Com o domínio exercido pela força de um corpo armado onipresente e intimidador, avesso às boas novas de um horizonte de esperança e partilha.

A palavra virou inimiga para cercear o semeio de um convívio fraterno em uma comunidade já testemunha de atos milagrosos da coragem.

Cada reunião, amparo, pregação tomava vulto de insurgência contra a ordem instituída e ensejava reações violentas habituais das opressões.

Vigiaram. Prenderam. Bateram. Torturaram física e mentalmente para violar o corpo, a alma, a convicção, o espírito do tempo.

No calvário histórico, houve quedas. Várias. Mas a garra a cada levantada rachou com luz as trevas de um regime feito para controlar, calar e matar.

E mataram, sim.

Não sem antes humilhar, expor e tripudiar da carne, das ideias, da verdade crucificada como símbolo de perigo, heresia, desobediência.

Mas a palavra teimou em ressuscitar pela tenacidade de quem repelia com ódio e nojo o autoritarismo disfarçado de ordem e progresso.

A liberdade raiou. A redenção reluziu.

E não dá para esquecer, apagar, menosprezar a lembrança sob risco de reincidências tirânicas e outros mitos reativarem a dor e a violação de cada um, do próximo, de todos.

O cultivo da memória renova a fé na luta contra a imposição do suplício e revaloriza quem travou – sob sangue e destemor – uma cruzada pela vida.

Calhou ser na Páscoa – tempo de reflexão pelo destino de Cristo, torturado e morto por agir e pensar diferente – a passagem dos 60 anos do golpe militar no Brasil.

Recordar para nunca repetir é ato de respeito à dignidade humana – tributo justo e necessário a quem jamais se calou para nos dar voz e vida.

Sem silêncio. Sem medo. Sem anistia.

*Tiago Barbosa/247

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Opinião

Ao procurador de Haia: o Brasil rejeita uma nova anistia

Jamil Chade – Prezado procurador do Tribunal Penal Internacional, Karim Khan

Quem morre de fome no Brasil morre assassinado. Nesta semana, graças ao trabalho da plataforma de jornalismo Sumaúma, o mundo teve acesso a algumas imagens desse crime, na forma de corpos desnutridos de membros do povo yanomami.

Aquelas almas agonizantes são resultados de um plano para garantir que sua presença não seja um obstáculo para o avanço do crime organizado, disfarçado de “civilização”.

São cenas que sintetizam um projeto de destruição, que chamamos nos últimos quatro anos de “governo”. Corpos que, diante da desassistência, fazem uma antropofagia para garantir energia suficiente para sobreviver. Consomem a si mesmos até que, sem mais massa para recorrer, se apagam.

Eu escrevo esta carta ao senhor para fazer um pedido tão simples quanto poderoso: investigue Jair Bolsonaro e a transformação do estado brasileiro em uma máquina da morte.

Num país que alimenta 1 bilhão de pessoas pelo mundo, a fome de uma parcela de sua própria população é uma arma política. Não uma fatalidade.

Vimos a morte de crianças, a interrupção precoce de sonhos. Fomos confrontados com o assassinato de idosos, o verdadeiro incêndio de uma biblioteca, como diria o provérbio africano.

Sobre sua mesa estão pelo menos cinco queixas contra o ex-presidente brasileiro por crimes contra a humanidade e genocídio. Nas próximas semanas, os detalhes dessa última denúncia desembarcarão em Haia. Não confunda com um eventual livro de história. São imagens dos contornos intoleráveis do século 21 no Brasil.

Diante da guerra na Ucrânia e dos crimes pelo mundo, sei da dificuldade em selecionar qual aberração lidar com prioridade. Gostaria, ainda assim, de apresentar alguns argumentos sobre o motivo pelo qual investigar Bolsonaro é de interesse do planeta, e não apenas de cortes nacionais.

Quando os guardiões da floresta são assassinados pela fome, pelo envenenamento, pelo vírus, por bala ou por omissão, é uma parcela de todos nós que deixa de existir. Na Comissão Arns, a percepção é de que “quando uma comunidade indígena é assassinada, é toda uma matriz humana que se perde”.

Imagine um mundo onde os escandinavos seriam extintos? Uma extinção forçada da população que fala português?

A ciência já demonstrou que as áreas mais preservadas do planeta são justamente aquelas onde os povos indígenas têm uma presença sólida. Portanto, falar no impacto da morte dessas comunidades internacionais como um elemento existencial para o resto do planeta não é fazer poesia.

Antes da guerra no Leste Europeu, as mudanças climáticas geraram um número maior de refugiados em 2021 que todos os conflitos armados reunidos.

Já que o mundo capitalista não conta sofrimento em almas e seus operadores não são coveiros, vamos traduzir em números. Segundo a empresa de resseguros Swiss Re, o prejuízo com desastres naturais em 2021 atingiu a marca de R$ 2,2 trilhões. Foi como se a Argentina desaparecesse do PIB mundial em apenas um ano.

Costumo dizer que até os negacionistas climáticos sabem fazer contas. E, convenhamos, quem ousaria duvidar das constatações financeiras de uma empresa de seguros da Suíça, não é mesmo?

Diante dessa crise humanitária —no sentido mais amplo do termo—, tomo emprestadas algumas das conclusões da sentença proferida pelo Tribunal Permanente dos Povos. Segundo eles, os atos de Jair Bolsonaro foram “ataques sistemáticos, generalizados e intencionais contra os povos indígenas brasileiros, realizados por meio de uma política de Estado que obedecia a um planejamento deliberado, reiterado e executado de maneira uniforme por atos e omissões realizados pelo Presidente da República”.

De acordo com a sentença de seus colegas, tratava-se de um projeto de país que “inclui apenas parte da população brasileira, buscando exterminar qualquer tipo de diversidade e pluralidade existentes”.

Qual a mensagem que essa política manda ao mundo? A de que temos um planeta onde nem todos têm o direito de ter direitos.

Prezado senhor procurador,

Em muitos aspectos, o que está em jogo no Brasil é um modelo de planeta e de sociedade. O que está em disputa é qual conceito de futuro queremos abraçar. Um porto seguro plural ou apenas para aqueles destinados a fazer parte dos privilegiados?

Bolsonaro e seus aliados buscaram construir uma nação sem indígenas, seja por meio do uso da máquina do estado como ator de repressão, seja pela omissão e assimilação. A mensagem que, hoje, precisamos dar é de que tal caminho é insustentável e ameaçador. No Brasil ou em qualquer lugar.

Inconformado diante da morte de 40 integrantes de sua família e do drama do Holocausto, o polonês Raphael Lemkin lutou uma batalha solitária e vitoriosa nos corredores da ONU para convencer delegações de todo o mundo a criar o crime de genocídio, um marco para a humanidade e para as vítimas.

Agora, o senhor tem a oportunidade de dar um novo passo na construção da Justiça internacional.

De dar, finalmente, uma resposta a milhões de indígenas que foram ignorados por séculos durante a marcha da “civilização” e reinventar o futuro.

Basta da ideia de erguer monumentos. Os sobreviventes querem Justiça.

Uma apuração internacional ainda seria uma forma de reparação moral às vítimas de 500 anos de massacres nas profundezas da América Latina, aos aborígenes australianos ou aos 38 membros da etnia Dakota que, em 26 de dezembro de 1862, foram executados em Minnesota por ordem de Lincoln.

O senhor não pode apagar o horror da história, a hipocrisia de um sistema de educação que nos mentiu e nem desfazer a cor avermelhada da terra regada a sangue.

Mas pode, ao lutar contra a impunidade, ajudar a construir um mundo onde todos caibam. Onde as fronteiras do conceito de humanidade sejam estendidas para, finalmente, incluir toda a humanidade.

Por isso, lhe peço: sem Anistia!

Jamil

*Uol

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