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Argentina: Candidato governista Sergio Massa se impõe sobre Javier Milei e domina debate presidencial na Argentina

Relações com Brasil e presidente Lula foram ponto de forte discordância entre os candidatos.

O candidato à Presidência e ministro da Economia, Sergio Massa, conseguiu uma vantagem sobre o ultraliberal Javier Milei no debate entre presidenciáveis neste domingo (12/11), a uma semana das eleições. Sergio Massa conseguiu envolver o oponente, determinar o foco dos assuntos e ditar o ritmo do debate. As relações com o Brasil em geral e com o presidente Lula em particular foram um ponto de forte discordância entre os candidatos. A dúvida é se a vantagem de Sergio Massa no debate será suficiente para se refletir nas urnas numa disputa tecnicamente empatada.

Javier Milei até começou bem, dizendo que, “como economista liberal, era um especialista em crescimento econômico, em criar empregos de qualidade e em exterminar a inflação”.

Mas logo no primeiro capítulo do debate, justamente sobre Economia, Sergio Massa usou o seu tempo para fazer perguntas enfáticas a Milei. Em vez de abordar a economia, exigiu respostas afirmativas ou negativas sobre declarações contraditórias de Milei. Com isso, desviou o foco da economia para outros assuntos.

Milei caiu na armadilha e, quando se esperava um ataque à má gestão de Massa como ministro de uma economia em agonia, gastou o tempo tentando explicar sobre declarações polêmicas. Em vez de ganhar por nocaute, Milei passou à defensiva.

Na primeira metade do debate, Javier Milei, claramente, foi dominado. A segunda metade foi mais equilibrada, mas a sensação geral é de que Massa colocou Milei contra as cordas, tentou mostrar que Milei não está preparado para ser presidente e aproveitou a inexperiência do ‘outsider’.

Contradições expostas
Massa confrontou Milei sobre declarações em entrevistas nas quais o libertário disse que eliminaria subsídios às tarifas públicas, que acabaria com a gratuidade na educação e na saúde, que privatizaria a Previdência, que eliminaria o Banco Central, que adotaria o dólar como moeda, em substituição ao peso argentino, e até que privatizaria rios e mares.

Milei confirmou que vai eliminar o Banco Central e ‘dolarizar’ a economia, mas negou o resto da lista, surpreendendo-se com a privatização de rios e mares.

Sobre o aumento de tarifas, disse que primeiro recuperaria a economia. E sobre cobrar pelo ensino universitário, hoje totalmente gratuito, respondeu que “no curto prazo, não cobraria”, dando a entender que depois sim.

“No curto prazo, não vou cobrar. Depois, darei os recursos às pessoas para que decidam a quais universidades querem ir”, explicou.

Javier Milei tinha um “banquete” servido e Sergio Massa era o prato principal. Não apenas pela má administração da economia, mas também por recentes escândalos de corrupção e de espionagem ilegal que envolvem aliados de Massa. Mas Milei manteve um curioso silêncio.

Na única vez em que Milei acusou Massa de fazer negócios com empresários amigos, o candidato governista o convidou a irem os dois juntos a fazerem uma denúncia na Justiça.

“Ou você faz uma denúncia ou você se retrata”, desafiou Massa. Milei calou-se.

Provocar um ataque
Sergio Massa procurou o tempo todo desestabilizar emocionalmente Javier Milei, conhecido por furiosas reações em entrevista nas quais é questionado.

Logo no começo, Milei começou a elevar a voz e a chamar Massa de mentiroso. Quando Massa ironizou, pedindo que Milei ficasse agressivo porque o debate estava apenas começando, o libertário passou a controlar a habitual veemência.

“Não te agredi. Somente expresso com paixão a indignação que o teu governo gera”, defendeu-se.

Massa trouxe à tona uma informação desconhecida: a de que Javier Milei, quando jovem estudante, foi reprovado para renovar um estágio no Banco Central, dando a entender que o motivo da reprovação foi o exame psicotécnico.

“Os argentinos têm de eleger quem tem a sobriedade, o equilíbrio mental e o contato com a realidade para poder conduzir a Argentina”, advertiu Massa.

Sem reuniões pessoais com Lula
Um dos pontos fortes da noite foram as relações com a China, mas sobretudo com o Brasil, principal sócio político e comercial da Argentina.

Ao longo da campanha, Javier Milei disse que não teria relações políticas com líderes comunistas e corruptos. Nessa lista, incluiu o presidente Lula, com quem não pretende reunir-se se eleito.

“Não vamos ter relações com aqueles que não respeitam a liberdade individual e a paz. Os meus aliados serão Estados Unidos, Israel e o mundo livre”, diferenciou o libertário.

Massa alertou que romper relações com o Brasil e com a China implica à Argentina perder dois milhões de empregos. Milei, então, contra-argumentou dizendo que vai permitir que os privados tenham comércio com quem quiserem, mas que ele não terá relações políticas nem pessoais com Lula.

Também disse que, se os exportadores perderem esses mercados, poderão substituí-los por outros.

Milei lembrou a Massa que o atual presidente Alberto Fernández não falava com o ex-presidente Jair Bolsonaro. “Qual é o problema se eu não falar com Lula?”, questionou Milei.

Desempate
No final do debate, Sergio Massa disse que queria ser presidente “para acabar definitivamente com a polarização política” no país, “para que os jovens continuem com universidades públicas” e para que “as mulheres possam entrar no mercado de trabalho sem medo nem discriminação”, em contraposição implícita a Milei.

Por sua vez, Milei disse que “os argentinos devem perguntar-se se querem continuar neste caminho decadente que só aumenta a quantidade de pobres, condenando o país à miséria e os jovens a irem embora do país” por culpa de “uma casta política corrupta, parasita e inútil”, em alusão ao “modelo empobrecedor de Massa”.

Milei pediu ainda que “os eleitores votem sem medo porque o medo beneficia o status quo”.

No meio desta semana, devem sair novas pesquisas de intenção de voto já com o impacto deste debate. Os números podem confirmar se o domínio de Sergio Massa no debate tende a se traduzir em votos.

Por outro lado, nesta segunda-feira sairá o índice de inflação de outubro que deve rondar os 10%, elevando a inflação a mais de 150% nos últimos 12 meses.

Até agora, a disputa está tecnicamente empatada, a seis dias da eleição do próximo domingo.

*Opera Mundi

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‘Derrotar extrema-direita, que se articula em nível mundial, é tarefa essencial para a construção de um mundo de paz’, diz nota de partido governista

O Partido dos Trabalhadores (PT) oficializou, neste domingo (05/11), seu apoio ao candidato peronista Sergio Massa (União pela Pátria) nas eleições presidenciais da Argentina, cujo segundo turno ocorre no dia 19 deste mês, diz o 247.

“Derrotar a extrema-direita, que se articula em nível mundial, é tarefa essencial para a construção de um mundo de paz”, diz a nota divulgada destacando o candidato mais votado do ´primeiro turno com um “um perfil democrático e popular” e detentor de um “programa de governo de desenvolvimento e justiça social”.

Por sua vez, ao referir-se ao candidato Javier Milei (A Liberdade Avança), o PT classificou ao ultraliberal com um plano econômico “do salve-se quem puder”.

Assinado pela presidente do partido, Gleisi Hoffmann, o PT também lembra que o atual pleito marca “os 40 anos da retomada da democracia” na Argentina.

Leia a nota na íntegra:
No próximo dia 19 de novembro, o povo argentino voltará às urnas para decidir seu futuro, em eleições presidenciais que marcam também os 40 anos da retomada da democracia naquele país.

Justamente nesse contexto dois projetos de sociedade se enfrentam: um, representado pela candidatura presidencial de Sergio Massa, de perfil democrático e popular, com um programa de governo de desenvolvimento e justiça social; e outro, do candidato Javier Milei, representando a extrema-direita e o ultraneoliberalismo econômico do salve-se quem puder.

Nós, brasileiros e brasileiras, conhecemos bem essa segunda alternativa de extrema-direita, que também governou nosso país no período anterior. Conhecemos toda a dor e o sofrimento que o descaso com a vida do povo significou para nosso país.

Por isso, não temos dúvida em apoiar a candidatura de Sergio Massa, da coalizão União pela Pátria, no nosso país irmão. Defendemos a integração regional para trazer a justiça social, a paz, a democracia e um projeto de desenvolvimento que coloque nossa região de maneira soberana no concerto das nações, num mundo cada vez mais complexo em que todos os dias a democracia e a paz mundial estão em risco.

Derrotar a extrema-direita, que se articula em nível mundial, é tarefa essencial para a construção de um mundo de paz, cooperação e solidariedade.

Gleisi Hoffmann
Presidenta Nacional do Partido dos Trabalhadores

Romênio Pereira
Secretário de Relações Internacionais do PT

Brasília, 06 de novembro de 2023

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Argentina: Massa em 1° com 36% e extremista Milei, decepcionante, com 30% em 2°

Os primeiros dados oficiais da apuração da eleição presidencial na Argentina foram divulgados há poucos minutos e confirmaram o que se projetava nas chamadas “mesas testemunhas”: Javier Milei, o radical de extrema direita do ‘La Libertad Avanza’, não está em primeiro lugar, como sugeriam as pesquisas e sondagens eleitorais, mas sim em segundo lugar, com 30,24% dos votos. Já Sergio Massa, do ‘Unión por la Patria’ e candidato do atual presidente, Alberto Fernández, assim como do kirchnerismo, de centro-esquerda, lidera com relativa folga o pleito, com 36,21%. Já foram apuradas 86,82% das urnas.

Quanto à terceira posição, não há novidades. Patricia Bullrich, da direita tradicional, da coligação ‘Juntos por el Cambio’, apoiada pelo ex-presidente Mauricio Macri, tem 23,79% dos votos, seguida por Juan Schiaretti, com 7,08%, e Myriam Bregman, com 2,66%.

O segundo turno está confirmado entre Massa e Milei, já que o postulante de esquerda não ultrapassou 40% dos votos. Os votos de Schiaretti e Bregman, que somados estão em torno de 10%, deve ir para o primeiro colocado, por questões de proximidade ideológica. A “guerra” agora está declarada e aberta pelos eleitores de Bullrich, que embora conservadora tem séria divergência com o extremista que ficou em 2° lugar.