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Faltam cilindros de oxigênio e Ministério da Saúde aponta como ‘maior gargalo’

A falta de cilindros de oxigênio para pacientes que fazem o tratamento contra a Covid-19 é apontada pelo Ministério da Saúde como o “maior gargalo” neste momento da pandemia , principalmente para atender unidades de saúde no interior do país e também em pequenos hospitais em capitais.

O secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, Luiz Otávio Duarte, disse em audiência pública na Câmara dos Deputados que foi feito um alerta aos secretários estaduais de Saúde que cobrassem das empresas contratadas um plano de contingência. Segundo ele, o ministério não tem informações detalhadas dos contratos para fornecimento de oxigênio e toda hora há uma “surpresa’.

— Há uma grande dificuldade de mapear o Brasil como um todo (..) Eu acho muito importante neste momento de pandemia uma integração do setor público e do setor privado, nós temos que andar juntos — afirmou o secretário.

O assessor especial da secretaria-executiva do Ministério da Saúde, Ridauto Fernandes, informou que o governo está comprando “como alternativa” 5 mil concentradores de oxigênio, um parelho de uso doméstico para ajudar a atender a demanda. Ele justificou que a instalação de miniusinas de oxigênio em unidades hospitalares leva de 30 a 40 dias, a um custo na faixa de R$ 500 mil a R$ 1 milhão, além também que necessidade de manutenção constante.

— Agora estamos em tempo de guerra. Eu gostaria que todos tivessem instalado ( miniusinas), mas infelizmente não há tempo hábil. Teríamos que ter começado isso há anos e comercialmente não seria inviável — afirmou.

Ao ser cobrado das medidas que a pasta está tomando para regularizar o fornecimento do oxigênio, Fernandes disse que a gestão pode ser melhorada, mas que os esforços estão sendo feitos “dia e noite” e que tudo que foi possível está sendo requisitado.

— Quantas miniusinas têm hoje no mercado disponíveis ? Nenhuma. Tudo que tinha nós demos um jeito de requisitar, colocar no avião e apoiar instalação. Quantos cilindros estão disponíveis? Nenhum. Tudo que tinha nós estamos requisitando — afirmou.

Outro problema apontado é a falta e carretas para fazer o transporte do oxigênio para os estados. Fernandes informou que a empresa White Martins, uma das maiores fornecedoras do país, conseguiu comprar 13 carretas usadas e que isso “será um alívio”.

Na audiência, o representante do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), o secretário de Saúde de Tocantins, Edgar Tolin, afirmou que no estado o consumo aumentou em seis vezes. O médico, emocionado, contou que nesta madrugada foi necessário fazer a transferência emergencial de pacientes de Palmas, capital de Tocantins, para que não morressem sufocados com a falta de oxigênio.

— Às 3h eu consegui transferir 12 pacientes, das duas UPAs que eles têm, senão hoje aqui no Tocantins nós já estaríamos com 10 ou 12 óbitos por sufocamento, a palavra é essa .A falta de oxigênio é sufocamento — disse Tolin, questionando também sobre a possibilidade de utilizar outros vasilhames para armazenar o oxigênio.

— Se tiver de transformar cilindros de gás em cilindro de oxigênio que se faça isso — disse o deputado Pedro Westhalen (PP-RS) defendendo medidas urgentes para a crise.

O representante do Ministério da Saúde informou que já existe a opção de usar outro tipos de envaze, como o cilindro de oxigênio industrial desde que seja feita antes uma “purificação” para que possa ser utilizado na área de saúde.

*Com informações de O Globo

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Política

Desde novembro governador do Amazonas sabia que oxigênio de hospitais era insuficiente

Informação consta de projeto da Secretaria de Saúde do Estado, que destacou alta de casos de covid-19 e risco da 2ª onda da pandemia. Governo diz que sempre contratou todo o insumo que a empresa White Martins foi capaz de produzir.

Pelo menos desde o dia 23 de novembro, a Secretaria de Saúde do Amazonas sabia que a quantidade de oxigênio hospitalar disponível seria insuficiente para atender a alta demanda provocada pela pandemia de covid-19. A informação consta de projeto básico, que foi elaborado pela própria pasta, para a última compra extra do insumo, realizada no fim do ano passado. Principal fornecedora do Estado, a White Martins informou que, se o contrato tivesse previsto um pedido maior na oportunidade, a empresa teria conseguido atendê-lo.

Nesta semana, o estoque de oxigênio chegou a acabar nos hospitais de Manaus e pacientes morreram asfixiados, segundo o relato de médicos. O contrato original para aquisição de gases medicinais do sistema de saúde é de 2016 e foi assinado com a White Martins com valor mensal informado de R$ 1,3 milhão. Inicialmente, o acordo previa o atendimento de até dois mil pacientes respiratórios.

Em 2018, ainda antes da pandemia, a secretaria chegou a assinar dois aditivos que, juntos, representavam acréscimo de 3,1% do valor. Como o teto permitido é de até 25% (acumulado) em cada contrato, o Estado ainda tinha uma margem de 21,9% para adquirir insumos em 2020, sem a necessidade de abrir um novo processo de contratação.

Toda essa cota, no entanto, foi usada na última compra extra em novembro. Na ocasião, a pasta ainda informa a inclusão “com urgência” do Hospital Geraldo da Rocha, em Manaus, na lista de unidades atendidas.

O projeto para o aditivo é de 23 de novembro. No documento, a secretaria também admite que os casos do novo coronavírus já estavam em alta na época e que o volume de oxigênio contratado não seria suficiente para dar conta da demanda.

“No Estado do Amazonas os casos de covid-19, no mês de setembro, vêm apresentando alta crescente de casos confirmados”, diz o documento. “O percentual de 21,9152% disponível para aumento não atende as necessidades desta Secretaria, a alta crescente nos números de casos confirmados da covid-19 e o pronunciamento até a presente data da Diretora da FVS (Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas) quanto a uma possível 2ª onda da pandemia.”

Segundo o Portal da Transparência do Amazonas, os itens do aditivo incluíam um total de 307 mil m³ de oxigênio líquido e 6,1 mil m³, na forma de gás, que são usados para pacientes internados por coronavírus. Também foram comprados outros gases hospitalares para procedimentos médicos diversos.

Ao Estadão, o secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo, disse que o consumo de oxigênio no Amazonas saltou de 14 mil para 30 mil m³ por dia durante o 1º pico da doença, ainda em 2020. Se o índice for considerado como referência, o volume extra contratado daria para abastecer o Estado por menos de duas semanas. Nesta semana, o consumo estaria ainda maior: 76,5 mil m³ por dia e “com indicação de demanda crescente”. Nesse cenário, o insumo contratado só duraria quatro dias.

No projeto, a secretaria ainda registrou que o Departamento de Logística foi favorável a fazer uma compra maior e extrapolar o aditivo para 46,9% – e não mais de 25%. O pedido, entretanto, foi negado em despacho da Secretaria de Gestão Administrativa do Amazonas, segundo o documento.
Desabastecimento

O Estadão submeteu o documento à Secretaria de Saúde do Amazonas e questionou quais as medidas tomadas para evitar o desabastecimento e se houve tentativa de novas compras emergenciais ou buscas por novos fornecedores no período. Na nota, a pasta não responde às perguntas e diz que “sempre contratou todo o insumo que a White Martins foi capaz de produzir”.

A secretaria afirma, ainda, que “sempre trabalhou” com previsão de maior demanda por oxigênio nesse período por causa da pandemia e da sazonalidade de outras síndromes gripais. Também diz que, até o último dia 7, “desconhecia” que “a capacidade máxima produtiva na planta de Manaus da White Martins era de cerca de 25 mil m³ por dia” e que a empresa “teria dificuldade em seguir atendendo à demanda crescente”.

O governo ainda diz que, desde que foi comunicado pela empresa sobre dificuldades com a demanda, iniciou mobilização, com o apoio das Forças Armadas, no transporte de oxigênio de plantas da White Martins em outros Estados para Manaus, além de requisitar toda a produção “de outras duas empresas que produzem na capital, mas que são de menor porte”.

Ainda conforme a nota, em ofício enviado ao Comitê de Crise do governo, no último dia 9, a White Martins diz que sua planta operava no limite e classificou o momento como “sem precedentes”.

O governo também disse ter iniciado “prospecção para contratação de mini usinas para os hospitais de Manaus, medida que foi assumida pelo Ministério da Saúde”. A reportagem não conseguiu contato por telefone com o secretário da Saúde para perguntar sobre o contrato de compra de oxigênio.
Pedido maior em novembro teria sido atendido, diz White Martins

A reportagem questionou a empresa White Martins para entender se ela teria capacidade de atender um pedido maior por oxigênio se ele tivesse sido feito em novembro. “Sim. A empresa tinha capacidade de buscar formas de viabilizar o aumento da oferta em patamares mais elevados, como está fazendo nesse momento e no período da primeira onda da pandemia, quando atendeu até 150% do volume contratado. Na atual onda da pandemia, a companhia atendeu até 340% do volume contratado”, respondeu.

Em nota, a White Martins explicou que ao longo de 2020 já havia passado por processos de ampliação para aumentar significativamente sua capacidade de produção local. “É importante esclarecer ainda que, na data de 01/01/21, a planta da White Martins tinha em estoque produto suficiente para abastecer os hospitais da região pelo período de sete a oito dias de acordo com o consumo diário de dezembro de 2020”, detalhou.

“Até o dia 30 de dezembro, não havia indícios de aumento exponencial do consumo de oxigênio em Manaus. No dia 2 de janeiro, o consumo começou a indicar um crescimento anormal e foi iniciada a operação para trazer oxigênio de outros Estados. No dia 4 de janeiro, antes da escalada sem precedentes do consumo de oxigênio, a White Martins deslocou os primeiros carregamentos de equipamentos criogênicos a partir de Belém (PA) por transporte fluvial”, acrescentou a empresa.

A White Martins disse ainda que 27 equipamentos criogênicos foram dedicados adicionalmente a esta operação, “o que representa 20% da frota de carretas criogênicas da White Martins que opera com oxigênio em todo o país”. “Importante ressaltar que, mesmo na primeira onda da pandemia em 2020, o fornecimento foi realizado com recursos de distribuição regular da White Martins na região”.

*Felipe Resk/O Estado de S.Paulo

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Bolsonaro enviou apenas 6% do oxigênio para Manaus que terá de importar oxigênio da Venezuela para reduzir crise em hospitais

“A gente recebeu uma carga ontem com seis isotanques, tinha 5 mil metros cúbicos de oxigênio. Nossa necessidade hoje é de 75 mil metros cúbicos”, disse o governador

governo Bolsonaro tentou ajudar na crise de abastecimento de oxigênio nos hospitais públicos da capital em plena pandemia de coronavírus. Mas o Ministério da Saúde enviou, até agora, apenas 6,6% do volume de oxigênio que a cidade precisa para impedir que pessoas morram por asfixia.

“A gente recebeu uma carga ontem com seis isotanques, tinha 5 mil metros cúbicos de oxigênio. Nossa necessidade hoje é de 75 mil metros cúbicos [por dia]”, disse o governador. Na primeira onda da pandemia, Manaus consumia até 30 mil metros cúbicos por dia.

Por isso Manaus terá de importar oxigênio da Venezuela para aplacar crise em hospitais. A estratégia foi confirmada pela própria fornecedora de oxigênio para os hospitais da capital, a White Martins, que já não dá conta da demanda atual.

A empresa alega que não tem capacidade de produzir o volume necessário demandado pela cidade, que enfrenta uma segunda onda da pandemia, porque faltam insumos. A demanda por oxigênio hospitalar aumentou em cinco vezes nos últimos 15 dias, alcançando um volume três vezes maior do que a capacidade de fornecimento da empresa

A White Martins já identificou a disponibilidade de oxigênio em suas operações na Venezuela e neste momento está atuando para viabilizar a importação do produto para a região”, escreveu a fornecedora em comunicado divulgado nesta quinta.

Balbúrdia logística

Nesta quinta, Manaus pediu ajuda à embaixada dos Estados Unidos para conseguir um avião para transportar o oxigênio obtido em outros locais. Isto porque o avião cedido pela Força Aérea Brasileira está passando por manutenção.

*Com informações do GGN

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