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Não interessa o que Bolsonaro fala, mas o que ele não fala.

É preciso pensar no que está por trás das falas histriônicas de Bolsonaro, merecedoras de tanta discussão. É preciso refletir seu comportamento diametralmente oposto quando ele quer fugir de determinados assuntos. Seus apologistas agem da mesma forma, não são idiotas, são tão racistas quanto ele, tão dementes quanto ele, mas pensam do mesmo modo que Bolsonaro no que se refere à luta de classes. Por isso também fogem de assuntos espinhosos ligados ao “mito”.

É preciso entender o fogo que está por trás da fumaça que Bolsonaro faz. Assim, descobre-se a sua origem porque Bolsonaro só grita aquilo que lhe interessa e abandona qualquer entrevista se for indagado sobre certo assunto que lhe cause um mínimo de desconforto. E morreu Maria, porque a grande mídia não volta a tocar na questão. É um jogo combinado.

E é aí que Bolsonaro tem que sentir o peso da oposição, porque, infelizmente ele, malandramente, vai orientando a oposição através de suas falácias com uma tática estrambótica, mas engenhosa para tirar o foco de sua podridão guardada a sete chaves no submundo que de fato ele habita.

O que interessa é o que Bolsonaro não fala: Queiroz, coca no avião, hacker de Araraquara, vizinho miliciano, Dia do Fogo, Adélio, etc.

Agora mesmo há um exemplo claro disso, falou-se muito do panelaço contra Bolsonaro, mostrado até pela globo, mas nada se falou da investigação e punição dos criminosos que atearam fogo na floresta amazônica. Bolsonaro pulou essa parte em sua fala em rede nacional, pois é próprio dele criar um amontoado de especulação sobre o caso para que não se chegue a ele que, na verdade, foi quem comandou o dia do fogo através dos fazendeiros do bolsonistão.

Assim que o rapaz foi morto pela polícia no episódio do sequestro do ônibus na ponte Rio-Niterói, Bolsonaro não quis saber de nada sobre a sua vida, foi para o twitter comemorar, pintando-o como um assassino cruel que merecia morrer, mas cadê essa mesma valentia na hora de falar de seu vizinho miliciano? Na verdade, ele não quer ouvir ou mencionar nada sobre esse assunto.

Por que não quer? São essas perguntas que não são feitas, mas que deveriam ser. Porque nesse caso, estamos falando de um criminoso de altíssima periculosidade que mora no mesmo condomínio que o Presidente da República e que, segundo informações publicadas pela grande mídia, um de seus filhos teria namorado a filha do miliciano. E Bolsonaro foge desse assunto? Não quer explorá-lo como faz com qualquer assunto que lhe interessa? Por que esse assunto lhe causa tanto incômodo?

Outro caso de uma pessoa incomunicável como os personagens polêmicos que cercam Bolsonaro, é o de Adélio Bispo. É preciso ser muito boboca para cair na conversa de que o suposto criminoso que lhe deu a suposta facada e que ninguém viu sangue, quando absolvido, Bolsonaro não entrou com recurso com a ridícula justificativa de que, se entrasse, Adélio seria condenado por pouco tempo e que, do contrário, ele estará eternamente preso em uma instituição psiquiátrica.

Outro caso curioso é o da cocaína encontrada no avião presidencial atribuída a um militar de sua comitiva, que também está incomunicável e sobre o qual a mídia permanece calada.

Bolsonaro é que, por motivos óbvios, não vai tocar no assunto. O mesmo acontece com o hacker de Araraquara, também incomunicável, a mando de Sergio Moro, ministro da justiça de Bolsonaro, sobre o qual a mídia também emudeceu.

Agora mesmo fala-se muito mais do suposto desprezo de Bolsonaro por Moro do que pelo seu malandro desprezo pelo assunto Queiroz, que é, sem dúvida, o pior dos assuntos para Bolsonaro, porque é mais do que cristalino que Queiroz é muito mais do que um gerente de rachadinhas do clã Bolsonaro, ele é a ponte da família com o submundo do crime. Ou seja, é o homem chave daquilo que Bolsonaro mais quer ver escondido quando cria seus enfeites retóricos, cheios de malabarismos verborrágicos para fugir desses assuntos como o diabo da cruz.

Lembrem-se, Bolsonaro passou a campanha inteira de boca fechada, fugindo de debates e, assim, conseguindo se eleger. Cair novamente nessa esparrela de Bolsonaro, é muita ingenuidade da oposição. Essa foi a tática de Bolsonaro durante toda a sua vida política, criar polêmica rasteira diante dos holofotes da mídia para esconder sua nulidade como parlamentar que, durante 30 anos sugou milionários recursos públicos, legal e ilegalmente, na Câmara dos Deputados sem produzir um único projeto em benefício da sociedade.

 

*Por Carlos Henrique Machado Freitas

 

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