Ano: 2019

Folha quer “derrubar” Bolsonaro atacando Lula

Poderia se dizer que a briga entre a Folha e Bolsonaro é como uma briga dessas comuns entre o panfleteiro, contratado em campanha por um candidato a vereador, mas que ambos continuam pensando exatamente da mesma forma, tendo apenas uma desavença sobre o preço a ser pago por sua nova função.

É exatamente isso que ocorre com Bolsonaro e a Folha. Os dois estão rigorosamente do mesmo lado em tudo. Apoiam a mesma agenda econômica, a mesma agenda fascista que coloca o Estado para dizimar negros e pobres nas favelas, calam-se do mesmo modo no envolvimento direto da milícia no governo e se enamoram com paixões ardentes no antilulismo.

É certo que Bolsonaro não tem aquele perfume retórico de um garganta como FHC, o neoliberal dos neoliberais, do qual a Folha sempre foi tiete. Mas a agenda de Paulo Guedes, que tem produzido um desastre social e econômico no país, ganha na Folha editoriais curtos e grossos, como “No caminho certo”.

E o que seria esse caminho certo pelo qual Bolsonaro está conduzindo o país através do seu posto Ipiranga? Caminho este que está colocando o dólar na cotação de R$ 4,27 e afugentando por completo os investidores internacionais. Lucro recorde dos patrões dos dois.

Alguém viu a Folha ao invés de atacar Lula diuturnamente, mesmo ele estando fora da Presidência há quase uma década, criticar as taxas cobradas de cheque especial, até para quem não faz uso do crédito oferecido pelo banco? Não. A Folha não vai falar nada da agiotagem que de fato banca o jornal e, muito menos, Bolsonaro vai exigir de seu gado que retire sua conta de banco A, B ou C nesse picadeiro armado por Bolsonaro e Folha que se transformou num palanque para tucano golpista defender democracia.

Só mesmo sendo muito trouxa para acreditar que um jornal que mantém uma devoção inabalável a um juiz corrupto e ladrão como Moro, atual Ministro da Justiça de Bolsonaro, está contra alguma coisa séria do governo fascista.

Nem poderia. Nesse caso até defendo a coerência da Folha. Por que ela trombaria de frente com Bolsonaro se os dois, na verdade, defendem a mesma tese de que no Brasil não teve ditadura, mas a dita branda?

Durante a eleição de 2010, chamaram igualmente Dilma de guerrilheira terrorista, resgatando sua ficha no exército para tentar impedir a sua candidatura.

Ora, a Folha não está interessada em saber o que Bolsonaro faz com o povo debaixo do seu próprio nariz, como apontou Marcio Pochmann em seu twitter que, a partir do governo Bolsonaro, que é uma continuação neoliberal do golpista Temer, São Paulo vive um drama em que se amplia, a olhos vistos, o bolsão de miséria produzido por Guedes, a quem a Folha rasga seda através de editoriais.

“Com o neoliberalismo (de Guedes) cresceu a miséria, alterando a sua composição, como no caso dos usuários do programa de refeições para pobres em SP, originalmente para pessoas em situação de rua, agora frequentado por aposentados, subocupados e desempregados em longas filas de espera.”

“Em conformidade com dados do governo paulista, a quantidade de usuários que frequentam restaurantes de baixa renda em 2019 cresceu 250% no segmento social de renda zero, 224% para aqueles que recebem até meio salário mínimo mensal e 221% para pessoas com rendimento variável.”

“Tamanho do fosso que separa ricos e pobres no Brasil pode ser contabilizado pelo extremo pobre de 15 milhões de pessoas (7,2% da população) disporem de R$6,60 por dia e pelo extremo rico de 1,2 milhão de pessoas (1% da população) deterem R$1.824,00 diários (276 vezes mais).”

E o que diz a Folha sobre isso? Nada.

O faniquito da Folha contra Bolsonaro é normal na convivência entre pares, é igual a lei Rouanet que Bolsonaro disse que exterminaria, mas que mantém esse excremento neoliberal criado por Collor, do mesmo jeito e nas mesmas condições, utilizando recursos públicos para repassá-los a grandes corporações e elas decidirem, depois de serem usados em suas respectivas lavanderias, aonde alocar o resíduo da bolada.

O que se tem agora como resultado desse teatro armado de Bolsonaro versus Folha é a tentativa de dar vida às múmias tucanas que estão de seus sarcófagos fazendo discursos neoliberais, mas respeitando os direitos individuais, porque este tem sido o grande causador de conflitos a partir do discurso oficial do Planalto e bla, bla, bla.

Na verdade, o que se quer como pano de fundo é a manutenção da velha ordem global do neoliberalismo, tanto que a Folha nem toca nas questões que envolvem o golpe na Bolívia, a insurreição do povo chileno contra o neoliberalismo de Sebastián Piñera do qual Guedes segue cegamente a cartilha, assim como ocorre no Equador e Colômbia, aonde a central da democracia é o mercado. Porque, na realidade, a democracia que a Folha sempre apoiou é a mesma de Bolsonaro, a democracia de mercado.

Então, será sempre assim, Folha, tucanos e Bolsonaro, irmanados em ataques a Lula, que é, na verdade, a especialidade deles.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

 

Folha versus Bolsonaro, Criador versus Criatura

“Não quero ler a Folha mais. E ponto final. E nenhum ministro meu. Recomendo a todo Brasil, não compre o jornal Folha. Qualquer anúncio na Folha eu não compro aquele produto e ponto final”. (Bolsonaro)

Bolsonaro é um monstro eleitoral criado por muitas mãos, mas com uma só cabeça, o neoliberalismo.

Uma das mãos fortes que fabricaram a criatura nos laboratórios das redações, foi a Folha.

E isso não é um fato isolado.

Temer também é cria dessa mesma malta de golpistas que tem, entre outros baluartes do jornalismo nativo, o jornal dos Frias.

Na verdade, quando foi montado o meio campo do time golpista com Cunha, Aécio e Temer em nome do “combate à corrupção sistêmica” que atingia o Brasil do PT, a Folha, com o final da peleja, estampou em garrafais a vitória dos campeões da honestidade.

Moro, o ministro da justiça de Bolsonaro, para a Folha, até hoje é uma vaca sagrada. Intocável.

A santidade fez altar nos corredores e na alma do colunismo lavajatista do jornalão.

Por isso a Folha ignora Moro em seu editorial. O ex-juiz segue sendo objeto de devoção para o jornal antipetista, mas sobretudo, antilulista.

Na verdade, sobra pouco espaço para a Folha fazer sua critica a Bolsonaro, já que a política neoliberal de Paulo Guedes também merece adoração dos seus devotos nas colunas de economia do jornal.

Então, a Folha não está incomodada com o governo Bolsonaro, mas com a empresa e não com a imprensa.

Cultua e continuará a cultuar suas “qualidades simbólicas” inspiradas no fascismo miliciano.

Fora do furdunço empresarial, todo mundo na Folha continua respeitando o animal em nome dos “rituais de purificação” do “Brasil contra o petismo”.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

No Brasil, gritaria dos porta-vozes do dinheiro só aparece quando a desigualdade cai, não quando cresce

Com o neoliberalismo cresceu a miséria, alterando a sua composição, como no caso dos usuários do programa de refeições para pobres em SP, originalmente para pessoas em situação de rua, agora frequentado por aposentados, subocupados e desempregados em longas filas de espera.

Em conformidade com dados do governo paulista, a quantidade de usuários que frequentam restaurantes de baixa renda em 2019 cresceu 250% no segmento social de renda zero, 224% para aqueles que recebem até meio salário mínimo mensal e 221% para pessoas com rendimento variável.

Governo Bolsonaro não representa a volta a fase pré Revolução de 1930, mas o retorno ao Estado teocrático, quando a igreja integrava a Monarquia.

Elogio ao deputado herdeiro da família real portuguesa e a posição do Itamaraty sobre religião como política de Estado não deixa dúvida.

Se depender do governo Bolsonaro, a situação do ano que vem não melhora, pois continuará o desembarque dos pobres do orçamento, com recursos de investimento para habitação de R$ 2,5 bilhões insuficientes para pagar obras em andamento, contratos assinados e nada de programa novo.

Retirada do Estado das políticas públicas pelo neoliberalismo aprofunda as desigualdades.

A restrição orçamentária ao SUS, que atende + de 80% do povo, empurra parte restante da população com renda a se transferir para os planos privados que atendem só 17% dos brasileiros negros.

Setores que sustentam o receituário neoliberal, como bancos e mídia, são os que + se distanciam da livre concorrência no Brasil.

Enquanto bancos monopolizam meios de pagamentos, como máquinas, emissores e bandeiras de cartão de crédito, nem 10 famílias controlam a mídia no país.

No Brasil de Bolsonaro, a relação de 32 candidatos por vaga no concurso para coletor de resíduos e material reciclável supera disputas no processo seletivo para o ingresso em cursos de graduação nas universidades paulistas que estão entre as mais concorridas do país.

Mídia comercial expõe sua parcialidade na cobertura amplíssima sobre a posição contrária dos bancos ao tabelamento do cheque especial imposto pelo governo Bolsonaro. Mas quando se trata da retirada de direitos social e trabalhista, inexiste espaço midiático para os trabalhadores.

Manifestação positiva de empresários à gestão de Bolsonaro comprova que desde o golpe de Estado que enterrou o ciclo político da Nova República (1985-2016) não há mais governo voltado à conciliação de classes, pois submetido a influência argentária dominante, exerce a plutocracia.

Da mesma forma que se explicita o adesismo de dirigentes patronais ao governo Bolsonaro, prometendo a melhora no desempenho da economia nacional, acelera a fuga dos recursos de investidores estrangeiros na bolsa de valores, a mais alta saída do Brasil dos últimos 15 anos.

Deterioração rápida das contas externas, estimada em + de 3% do PIB, revela subestimação das possibilidades da economia brasileira melhorar o desempenho em 2020. Saída de recursos para o exterior, asfixia de endividados em dólar e piora na balança comercial mantém a estagnação.

Tamanho do fosso que separa ricos e pobres no Brasil pode ser contabilizado pelo extremo pobre de 15 milhões de pessoas (7,2% da população) disporem de R$6,60 por dia e pelo extremo rico de 1,2 milhão de pessoas (1% da população) deterem R$1.824,00 diários (276 vezes mais).

No Brasil, gritaria dos porta-vozes do dinheiro só aparece quando a desigualdade cai, não quando cresce.

Desde 2015, os 50%+ pobres acumulam perdas de 17,1% na renda e os 40% de renda intermediária reduziram em 4,2%, enquanto os 10%+ ricos aumentaram em 4,2% e o 1%+ rico em 10,1%

Impressiona o grau do despreparo e até incompetência de membros da equipe econômica do governo Bolsonaro.

São tantos erros, manipulações e omissões como na projeção da previdência, dados da balança comercial, estimativas nas despesas de pessoal e na receita da cessão onerosa.

Queda na taxa de juros pode revelar o quanto a economia brasileira encontra-se necrosada pelo receituário neoliberal.

Em tese, reduzir juros motiva o investimento, quando não há registro de capacidade ociosa no parque produtivo, pois do contrário poderia prolongar a estagnação.

Vasamento de informações privilegiadas por membros do governo que permite o enriquecimento de especuladores, especialmente no mercado financeiro, constitui corrupção grave.

*Marcio Pochmann

Após 40 anos de neoliberalismo o Chile está assim

O pacto social chileno era uma camisa de força selada na inércia institucional de uma ditadura. Virou farrapo em 42 dias de protestos, mas Piñera (12% de apoio) barra o novo tempo soprado das ruas, onde ruínas se acumulam na metáfora de uma arquitetura econômica que se rompe em toda América Latina.

Piñerochet reprime manifestações pacíficas.

Provoca. Joga com o cansaço da população diante de conflitos decorrentes da ação policial. Ademais, joga com alucinados e infiltrados que destroem e saqueiam. E adia a Constituinte. Aposta em uma ressaca conservadora contra a ‘desordem’.

Ranking dos déspotas latino-americanos:

Moreno é rejeitado por 80% da sociedade equatoriana; Piñera é rejeitado por 88% dos chilenos; Iván Duque tem 60% de reprovação dos colombianos. Isso, antes das manifestações que reprimiu com violência e duas vítimas fatais.

Governantes da América Latina (Bolsonaro, Piñera, Moreno, Abdo, Jeanine) representam, em sua maioria, interesses antagônicos aos de uma população que rápida e explosivamente vive um processo de exclusão e empobrecimento.

Evidência dessa contraposição, a rebelião das ruas dificilmente vai parar.

América Latina está assim:

Número de miseráveis aumentou de 10,5% para 11,7% este ano, passando para um total de 72 milhões de pessoas. A pobreza saltou de 185 milhões de pessoas para 191 milhões (de 30% para 30,8% ). No Brasil há 13,5 milhões de miseráveis e 50% da população vive com 413,00/mês.

 

*Saul Leblon do twitter Carta Maior

*Foto: Sputnik

Gilmar Mendes autoriza retomada de investigação contra Flávio Bolsonaro

Filho de Bolsonaro contava com duas liminares que suspendiam a apuração da suspeita de “rachadinha” em seu gabinete no Rio.

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou na noite de sexta-feira, 29, a retomada das investigações que contavam com relatórios do antigo Coaf em processo envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro.

A decisão veio após o STF ter fixado entendimento na quinta, 28, de que é permitido o repasse de informações de órgãos de controle como a Receita Federal e a Unidade de Inteligência Financeira (UIF), o antigo Coaf, para instruir investigações criminais do Ministério Público e da polícia.

Flávio Bolsonaro contava com duas liminares para suspender a apuração da suspeita de “rachadinha” nos salários de seu gabinete quando ele era deputado estadual no Rio de Janeiro: a primeira dada em julho pelo presidente do STF, Dias Toffoli, e depois em setembro pelo ministro Gilmar Mendes, após a defesa do parlamentar alegar que o MP do Rio não havia cumprido a determinação do Supremo e continuava investigar o senador. A prática de “rachadinha” consiste na devolução de parte do salário dos funcionários para o deputado ou pessoas de confiança.

Tacla Duran dá o troco em Dallagnol: por que vocês nunca processaram Dario Messer, o doleiro dos doleiros?

Segundo o Uol, “Como o Dario Messer, que pagava mensalão a Januário Paulo, não foi investigado pela Força-tarefa de Curitiba?”

Essa é a pergunta que está em todas as rodas hoje no Brasil.

Logo o doleiro dos doleiros, que movimentava tanto dinheiro não ter sido investigado.

Conexão não faltava para isso. Dario Messer lavou propina da Odebrecht.

A CPI do Banestado, em 2004, apontou Dario Messer como um dos maiores doleiros do mundo.

Alberto Youssef, em depoimento formal à justiça, declarou que Messer era o doleiro dos doleiros.

Há mais de 30 anos Messer é apontando como grande doleiro e Moro sempre soube disso.

Qual o motivo de ser investigado pelo Rio, e não por Curitiba?

Numa matéria de El País de 2018, o jornal afirma que:

“Segundo informações do Ministério Público Federal, ao menos 1 bilhão de dólares teriam sido movimentados pelo doleiro entre 1998 e 2003. Mas o nome de Dario veio à tona a partir das investigações do caso Banestado (antigo Banco do Estado do Paraná), ocorrido na segunda metade dos anos de 1990 e que envolveu remessas de dinheiro ilegais para o exterior via contas correntes, onde Alberto Youssef, o mesmo que deu o ponto de partida à Lava Jato, era personagem central”

Quem era mesmo o juiz do caso? Moro!

Quais procuradores da Lava Jato participaram do caso Banestado? Januário Paludo, Deltan Dallagnol e Carlos Fernando.

Ainda sobre esse caso o El Pais ainda noticiou:

“O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito que apurou o escândalo do banco paranaense recomendou, em 2004, o indiciamento de Messer por sua atuação no envio de valores para outros países. A menção ao seu nome o elevou ao status de gigante do setor.”

Messer também aparece em escândalos internacionais como mostraram as planilhas vazadas do banco HSBC, no caso conhecido como Swiss Leaks.

Segundo a revista Veja, “o doleiro Benjamin Katz, um dos operadores do ex-deputado Eduardo Cunha, era cliente de Messer. Ele também teria participado do esquema que lavou dinheiro para o ex-governador do Rio Sérgio Cabral.”

Tudo isso e muito mais na ficha corrida de Messer e a Lava Jato de Curitiba jamais se preocupou em investigá-lo.

Como pergunta Tacla Duran: Por que será?

 

*Da redação

Para abafar o caso do grampo na cela de Youssef, Moro anula punição a delegado da Lava Jato

Delegado Maurício Grillo Moscardi foi punido por conduzir inquérito, sob influência do então juiz Sergio Moro, para abafar caso sobre grampo ilegal na cela do doleiro Alberto Youssef, que poderia anular toda a investigação da Lava Jato.

O Ministério da Justiça, comandado pelo ex-juiz Sergio Moro, anulou a punição administrativa imposta ao delegado Maurício Grillo Moscardi, da Lava Jato em Curitiba, que foi condenado pela Corregedoria Geral da Polícia Federal a oito dias de suspensão por ter direcionado a condução de um inquérito interno com o objetivo de abafar o caso sobre o uso de grampos ilegais na cela do doleiro Alberto Youssef dentro da Superintendência da PF em Curitiba.

A confirmação do grampo sem autorização judicial logo no início da Operação Lava Jato, em março de 2014, poderia contaminar todas as investigações que se seguiram, motivo da tentativa de abafar o caso.

Segundo o blog de Marcelo Auler, Sergio Moro influenciou diretamente na primeira sindicância sobre o caso, conduzida por Moscardi, em que “procuradores (da Lava Jato) atipicamente requereram o arquivamento do Inquérito Policial, antes mesmo da realização de diligências básicas e da confecção do relatório final”.

Em depoimento, o próprio Maurício Moscardi diz que o então juiz Sérgio Moro teve acesso a uma sindicância antes dela ser concluída. “O que eu fiz foi, após terminar a sindicância, eu peguei o relatório e encaminhei para a corregedora por e-mail, falando que tinha uma ressalva do doutor Moro, que antes de qualquer coisa que fosse encaminhado para ele dar uma olhada e para o controle externo do Ministério Público Federal”.

 

 

*Com informações da Forum

Propinajato: Por que o doleiro dos doleiros nunca foi denunciado pelos filhos de Januário e condenado por Moro?

Impressionante como os procuradores da Lava Jato mais próximos de Moro são os mais corruptos.

Possivelmente, Moro molda os figurinos dos procuradores a modo e gosto, tanto que os expoentes dessa orcrim formam com Moro numa sociedade desde o caso do Banestado em Curitiba, caso que até hoje está entre os acervos clássicos de corrupção que envolvem Moro e o doleiro Youssef, ainda ignorado pela grande mídia brasileira.

Januário Paludo, um Olimpo grego da gênese lavajatista, faz parte da turma graúda da diretoria.

O que se observa é que o restante, o baixo clero da Força-tarefa, era totalmente submisso a Moro, Carlos Fernando, Dallagnol e Januário Paludo. Um sistema de disciplina tão subserviente que, quando os procuradores do baixo clero discordavam de alguma conduta do quarteto de comando, mas principalmente de Moro, o máximo que faziam era cochichar sobre o assunto.

A Lava Jato era conduzida por um cabeça, Moro e os três gerentes de negócios. O restante foi esculpido pelos próprios e, qualquer observação fora da linha mestra, era ignorada, o que ficou explícito nos vazamentos revelados pelo Intercept.

O que assusta não é essa absurda falta de independência dos procuradores de baixa patente da Força-tarefa, mas do TRF-4 ter que produzir pérolas conceituais por falta de provas para condenar Lula, a mando dos quatro cabeças da Lava Jato, todos envolvidos em grossas denúncias de corrupção.

Esses gigantes da moral é que, durante cinco anos, reviraram até as cuecas de Lula para não produzir uma centelha de prova e, ainda assim, condená-lo na base de convicções. Já nem se trata mais de defender a inocência de Lula, até porque a total falta de provas das acusações que ele sofre dessa gente, já é a sua maior defesa.

Deve-se chamar a atenção para o fato de que os donos dos dedos que apontam Lula como corrupto são acolhidos por juízes que se mostram cada vez mais sem escrúpulos. Essa gente imoral que montou uma organização criminosa, que se revela cada dia mais corrupta, foi quem condenou Lula numa solitária e ainda dobra a aposta em outras condenações sem pé nem cabeça.

A pergunta que se faz é, qual o nível de contágio que essa lama curitibana produziu dentro do aparelho judiciário do Estado brasileiro para que esses intocáveis da lava Jato não sejam exemplarmente punidos?

É certo que, como reza a Constituição, o pai Januário tem direito a reivindicar a presunção de inocência, coisa que o mesmo sujeito negou a Lula que durante esse tempo todo, para afirmar sua posição de carrasco, compartilhava e produzia em seu twitter mensagens de ódio contra Lula. Porque, para Paludo, assim como para outros procuradores da Lava Jato, Lula tinha que ser condenado, preso e seu histórico de melhor Presidente do Brasil ser salgado.

Mas parece que agora, ao contrário de Lula, que dá entrevista diariamente para provar sua inocência, procurado pelo Uol, Januário Paludo preferiu o silêncio, como no velho ditado, “quem cala, consente”.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

Januário Paludo, procurador da Lava Jato, recebia mensalão do doleiro dos doleiros

Em troca de proteção, o doleiro Dario Messer afirmou, em mensagens trocadas com sua namorada, Myra Athayde, que pagou propinas mensais ao procurador da República Januário Paludo, integrante da força-tarefa da Lava Jato do Paraná.

Januário, esse “cidadão de bem” da República de Curitiba, dava cobertura ao doleiro dos doleiros em suas atividades ilegais em troca de propina mensal.

Os diálogos de Messer sobre a propina a Paludo ocorreram em agosto de 2018 e foram obtidos pela PF (Polícia Federal) do Rio de Janeiro durante as investigações que basearam a operação Patrón, última fase da Lava Jato do Rio.

Um relatório a respeito do conteúdo das mensagens foi elaborado pelo órgão em outubro. Nele, a PF diz que o assunto é grave e pede providências sobre o caso.

A Lava Jato do Rio, procurada pelo UOL, informou que já enviou o relatório à PGR (Procuradoria-Geral da República), órgão que deverá definir as providências a serem tomadas. Também consultada pela reportagem, a Força-tarefa de Curitiba afirma que Paludo preferiu não se manifestar.

A “propina dos meninos”

Nas conversas obtidas pela PF, Messer fala a Myra sobre o andamento dos processos que responde.

Ele diz que uma das testemunhas de acusação contra ele teria uma reunião com Januário Paludo. Depois, afirma a namorada: “Sendo que esse Paludo é destinatário de pelo menos parte da propina paga pelos meninos todo mês.”

Segundo a PF, os “meninos” citados por Messer são Claudio Fernando Barbosa de Souza, o Tony, e Vinicius Claret Vieira Barreto, o Juca. Ambos trabalharam com Messer em operações de lavagem de dinheiro investigadas pela Lava Jato do Rio. Depois que foram presos, viraram delatores.

Em depoimentos prestados em 2018 à Lava Jato no MPF-RJ (Ministério Público Federal do Rio de Janeiro), Juca e Tony afirmaram ter pago US$ 50 mil (cerca de R$ 200 mil) por mês ao advogado Antonio Figueiredo Basto em troca de proteção a Messer na PF e no Ministério Público.

Basto já advogou para o doleiro.

Januário Paludo é reconhecido por colegas da Lava Jato como referência em investigações baseadas em delações premiadas. Já Figueiredo Basto é um dos advogados que mais fechou acordos de colaboração com a Lava Jato do Paraná.

É só juntar uma ponta a outra.

Paludo é um dos procuradores mais antigos da Lava Jato

Integra a Força-tarefa de combate à corrupção desde sua criação, no ano de 2014.

Membro do MPF desde 1992, o procurador regional da República Januário Paludo sempre foi tido como uma referência para os membros da Força-Tarefa da Lava Jato, devido o fato de ser o mais experiente entre eles.

Não por outra razão, um dos grupos criados no aplicativo Telegram para que os procuradores trocassem mensagens, cujo conteúdo foi revelado por uma série de reportagens do site The Intercept Brasil, se chamava “Filhos de Januário.

O primeiro caso de repercussão em que Januário Paludo ao Lado de Moro, Dallagnol e Carlos Fernando atuou foi o do Banestado, investigação sobre lavagem de dinheiro e evasão de divisas movimentou R$ 30 bilhões nos anos 1990 e é considerada um laboratório da Lava Jato.

Caso que é cheio de interrogações e atuação obscura de Moro que até hoje não foi cobrado por ninguém as contradições de sua atuação suspeita.

Hoje, Paludo compõe o núcleo duro da força-tarefa é e uma espécie de conselheiro do coordenador Deltan Dallagnol. Ele também mantém uma relação de amizade com o ex-juiz federal Sergio Moro, atual ministro da Justiça e da Segurança Pública.

Entre as mensagens de Paludo reveladas pelo The Intercept Brasil chamaram atenção os comentários que ele fez a respeito do ex-presidente Lula.

No dia 24 de janeiro de 2017, a mulher de Lula, Marisa Letícia, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) e foi internada no hospital Sírio Libanês, em São Paulo. “Um amigo de um amigo de uma prima disse que Marisa chegou ao atendimento sem resposta, como vegetal”, disse Deltan Dallagnol, às 22h24. Dez minutos depois, Paludo escreveu: “Estão eliminando testemunhas”.

Dois anos depois, com Lula já na prisão, Paludo afirmou que “o safado só queria viajar”, referindo-se ao pedido da defesa do ex-presidente para que ele saísse do cárcere para acompanhar o enterro do irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá.

Um dos mais aferrados antiluluistas da Lava Jato, Januário Paludo costuma compartilhar em seu Twitter ataques covardes contra Lula como do execrável Augusto Nunes.Um comentário tão baixo que mereceu de Monica Bergamo da Folha uma descompostura pública chamando Augusto Nunes de asqueroso.

A força-tarefa da Lava Jato do Paraná se posicionou na madrugada de hoje após a publicação da matéria do UOL imitando a juíza “copia e copa” e repete a mesma xaropada estatutária do califado de Curitiba quando a Vaza Jato revela as mensagens trocadas entre os procuradores.

*Com informações da reportagem especial do jornalista Vinícios Konchinski, que foi produzida para o portal Uol.

Em editorial, Folha diz que Bolsonaro veste fantasia de imperador

Fantasia de imperador

Bolsonaro é incapaz de compreender a impessoalidade da administração republicana.

Jair Bolsonaro não entende nem nunca entenderá os limites que a República impõe ao exercício da Presidência. Trata-se de uma personalidade que combina leviandade e autoritarismo.

Será preciso então que as regras do Estado democrático de Direito lhe sejam impingidas de fora para dentro, como os limites que se dão a uma criança. Porque ele não se contém, terá de ser contido —pelas instituições da República, pelo sistema de freios e contrapesos que, até agora, tem funcionado na jovem democracia brasileira.

O Palácio do Planalto não é uma extensão da casa na Barra da Tijuca que o presidente mantém no Rio de Janeiro. Nem os seus vizinhos na praça dos Três Poderes são os daquele condomínio.

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A sua caneta não pode tudo. Ela não impede que seus filhos sejam investigados por deslavada confusão entre o que é público e o que é privado. Não transforma o filho, arauto da ditadura, em embaixador nos Estados Unidos.

Sua caneta não tem o dom de transmitir aos cidadãos os caprichos da sua vontade e de seus desejos primitivos. O império dos sentidos não preside a vida republicana.

Quando a Constituição afirma que a legalidade, a impessoalidade e a moralidade governam a administração pública, não se trata de palavras lançadas ao vento numa “live” de rede social.

A Carta equivale a uma ordem do general à sua tropa. Quem não cumpre deve ser punido.
Descumpri-la é, por exemplo, afastar o fiscal que lhe aplicou uma multa. Retaliar a imprensa crítica por meio de medidas provisórias.

Ou consignar em ato de ofício da Presidência a discriminação a um meio de comunicação, como na licitação que tirou a Folha das compras de serviços do governo federal publicada na última quinta (28).

Igualmente, incitar um boicote contra anunciantes deste jornal, como sugeriu Bolsonaro nesta sexta-feira (29), escancara abuso de poder político.

A questão não é pecuniária, mas de princípios. O governo planeja cancelar dezenas de assinaturas de uma publicação com 327.959 delas, segundo os últimos dados auditados. Anunciam na Folha cerca de 5.000 empresas, e o jornal terá terminado o ano de 2019 com quase todos os setores da economia representados em suas plataformas.

Prestes a completar cem anos, este jornal tem de lidar, mais uma vez, com um presidente fantasiado de imperador. Encara a tarefa com um misto de lamento e otimismo.

Lamento pelo amesquinhamento dos valores da República que esse ocupante circunstancial da Presidência patrocina. Otimismo pela convicção de que o futuro do Brasil é maior do que a figura que neste momento o governa.

 

*Da Folha de São Paulo