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Contagem regressiva para a volta de Bolsonaro

A inelegibilidade o aguarda.

Bolsonaro voltará um dia. Seu visto de turismo dá-lhe pouco tempo para que fique nos Estados Unidos, onde se refugiou a pretexto de não passar a Lula a faixa presidencial. Foi só pretexto, porque não precisaria fugir para não transferir a faixa.

Talvez tenha sido também uma jogada esperta para que não fosse vinculado à tentativa de golpe do 8 de janeiro. Ou você acredita que ele não sabia? No dia da posse de Lula, com a segurança reforçada, o golpe seria impossível.

O general João Baptista de Oliveira Figueiredo, o último ditador do ciclo de 64, não passou a faixa a José Sarney. Não gostava dele. Abandonou o Palácio do Planalto por uma porta lateral. Como Figueiredo disse, preferia cheiro de cavalo a cheiro de povo.

Era um cavaleiro, não um cavalheiro. Prometera arrebentar quem se opusesse à redemocratização do país. Seu governo, como o dos seus antecessores, tolerou a tortura e o desaparecimento de presos políticos. Ao largar o poder, pediu para ser esquecido. Foi.

Tão cedo Bolsonaro será esquecido, e é importante que não seja. Deve ser lembrado para sempre, assim como a ditadura, para que nada de parecido se repita. Retornará mais dia, menos dia. Só não quer ser condenado e preso, o que demoraria a acontecer.

Se a Justiça o tornar inelegível como tudo indica que fará, estará no lucro. Seu impulso inicial para concorrer à presidência nada tinha a ver com o desejo sincero e legítimo de governar o país. Queria, apenas, ajudar a carreira política dos filhos.

De saco cheio por ter sido durante quase 30 anos um deputado federal inexpressivo do baixo clero, dizia-se cansado e pensava em curtir o resto da vida ao lado de Michelle e de Laura, sua filha caçula. Deu no que deu. E, ao país, causou o estrago que se vê.

Se antes não lhe faltava dinheiro, agora muito menos. É um homem rico, riquíssimo. Contará para o resto da vida com os benefícios assegurados a um ex-presidente. Aposentado, disporá de votos suficientes para reeleger os filhos por um longo tempo.

Só não o ameacem com prisão. Há os que dizem que a prisão o elevaria à categoria dos mártires. Bobagem! Só quem não foi preso fala das vantagens de o ser. Pergunte a Lula se ele viu vantagens em ficar 580 dias preso. Ou a Nelson Mandela, que ficou 27 anos.

Mandela saiu da prisão direto para a presidência da África do Sul. Lula, para seu terceiro mandato. Bolsonaro já foi preso quando era apenas um militar indisciplinado que planejara atentados terroristas a quartéis. Acabou reabilitado por seus próprios pares.

*Noblat/Metrópoles

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Por Celeste Silveira

Produtora cultural

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