Mês: fevereiro 2023

Vídeo: briga entre passageiros causa confusão e atrasa voo em Salvador

Nas imagens que viralizaram nas redes sociais, é possível ver o “empurra-empurra” e as agressões entre um grupo de pessoas.

Passageiros de um voo que saia de Salvador com destino a São Paulo protagonizaram uma briga nessa quinta-feira (2/2). De acordo com as informações, a confusão generalizada começou antes da decolagem e as pessoas envolvidas teriam sido retiradas do avião e não seguiram viagem.

Nos vídeos que viralizaram nas redes sociais, é possível ver o “empurra-empurra” e agressões entre um grupo de pessoas. Os comissionários de bordo da companhia aérea Gol tentam apartar a briga e pedem “calma” aos envolvidos.

A companhia aérea não informou o motivo da briga e os nomes das pessoas não foram divulgados. A confusão atrasou o voo G3 1659 em cerca de uma hora.

*Com Metrópoles

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Gilmar Mendes sobre complô golpista: Éramos governados por uma gente de porão

Decano do Supremo comenta reunião de Bolsonaro sobre golpe e diz que ex-presidente flertou com ideia de golpe militar.

Decano do Supremo Tribunal Federal, o ministro Gilmar Mendes disse nesta sexta (3) que o caso denunciado pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES) mostra que “a gente estava sendo governador por uma gente do porão”, ligada “às milícias do Rio de Janeiro”.

Do Val, em um vaivém de versões, relata que teve uma reunião com o então presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) no fim do ano passado no qual foi discutido um complô golpista para reverter o resultado das eleições vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em outubro.

O senador tentou mudar de versão, isentando Bolsonaro de iniciativa do esquema, que seria ideia de Silveira, preso por ordem do Supremo na quinta (2).

A trama incluiria fomentar as concentrações golpistas em frente a quartéis e a gravação ilegal de alguma inconfidência do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro do Supremo Alexandre de Moraes.

“Vamos esperar o resultado das investigações, mas essas pessoas [Do Val e Silveira] se comunicaram”, afirmou Gilmar, citando os áudios e prints de mensagens divulgados pela revista Veja.

“O que [o episódio] mostra é que a gente estava sendo governado por uma gente do porão. Esse é um dado da realidade. Pessoas da milícia do Rio de Janeiro, com contato na política internacional, isso é o que resulta quando vemos a nominata desses personagens”, disse.

Veja imagens da destruição no STF

Gilmar falou antes e durante uma conferência sobre política e economia do Lide, grupo empresarial fundado pelo ex-governador paulista João Doria, em Lisboa.

Para o ministro, “as instituições foram o alvo predileto das vivandeiras alvoraçadas”, parafraseando a famosa citação do ditador Humberto Castello Branco de 1964, aludindo aos políticos que incitavam agitação nos quartéis.

Ele criticou a elite política na era do bolsonarismo, que alimentava “zumbis consumidores de desinformação”. “Espero que as investigações identifiquem quem estava no topo dessa pirâmide e qual lucro auferiam, política ou economicamente”, disse.

A crítica aberta ao “éthos” bolsonarista foi completada com uma crítica ao ex-chanceler Ernesto Araújo. “Nunca mais voltemos a ser um pária internacional, objetivo vocalizado por um certo expoente de uma certa doutrina”, afirmou.

O ministro disse, contudo, estar otimista. “Apesar de a extensão do dano ser grande, seu conserto é possível. O Brasil tem a capacidade singela de se reinventar”, afirmou. Ele discorreu acerca da necessidade de haver “regras do jogo estáveis”, apesar do risco dos “impulsos ditatoriais”.

Por fim, fez uma mesura ao governo Lula, dizendo que “o Brasil voltou ao cenário internacional”.

Diferentemente do evento anterior do Lide, em novembro em Nova York, não foram registrados ainda protestos de bolsonaristas contra a presença de ministros do Supremo no encontro —também está na capital portuguesa Ricardo Lewandowski, enquanto Moraes e Luís Roberto Barroso irão participar de forma remota.

O decano do Supremo também disse, em uma entrevista ao jornal português Expresso publicada nesta sexta, que Bolsonaro flertou com a ideia de um golpe militar.

“Não creio que tenha sido cogitado [um golpe das Forças Armadas]. Embora seja muito provável que o entorno do ex-presidente, e o próprio, tenham flertado com a ideia”, afirmou ao jornal.

Gilmar descarta, contudo, envolvimento institucional das Forças com intentonas golpistas ou os ataques bolsonaristas às sedes dos três Poderes em 8 de janeiro.

Em sua intervenção, Barroso afirmou que os anos sob Bolsonaro, a quem não nomeou, foram “um período grande de déficit de civilidade, de extração do que de pior havia nas pessoas”, disse.

“Um momento de desprezo à educação, uma visão de armas em vez de bibliotecas, descrédito à ciência. Isso culminou no 8 de janeiro”, disse.

Para ele, a convulsão golpista foi “um processo histórico, antecedido por ataques às instituições, pela politização das Forças Armadas, que incluiu a defesa da volta do voto impresso”.

“Imagine o que seriam as seções eleitorais com contagem manual com essa gente, muitas vezes armada, tumultuando”, disse, criticando o “estilo Roberto Jefferson [ex-deputado preso por atirar em policiais] e Daniel Silveira [deputado preso no inquérito das fake news]”.

*Com Folha

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Senadores dos EUA culpam Bolsonaro por 8 de Janeiro e pressionam por extradição

Democratas apresentam resolução no Congresso na qual cobram ação de Joe Biden e de plataformas digitais.

A pouco mais de uma semana da visita de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aos EUA, nove membros do Partido Democrata apresentaram no Senado americano uma resolução pedindo que o presidente Joe Biden examine prontamente pedidos de extradição de ex-autoridades do Brasil ligadas aos ataques golpistas às sedes dos três Poderes em Brasília, no dia 8 de janeiro.

A redação do texto obtido pela Folha foi liderada pelo senador Bob Menendez, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Casa. O material busca responsabilizar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por ter motivado o que chama de “cerco violento” às instituições.

“Condenamos o cerco violento ao Palácio do Planalto, ao Congresso e à Suprema Corte do Brasil conduzido por apoiadores do ex-presidente —evento que foi alimentado, em parte, por desinformação disseminada durante vários meses por Bolsonaro”, diz um trecho da resolução.

O ex-presidente está nos EUA desde o fim de dezembro e, segundo seus advogados, pediu um visto de turista para permanecer mais tempo no país —a modalidade dá direito a seis meses em solo americano.

O ex-presidente é alvo de diferentes ações que pedem sua inelegibilidade por abuso de poder e investigado por incitação aos ataques golpistas. O governo brasileiro pode demandar a extradição de Bolsonaro caso haja sentença ou pedido de prisão em algum desses inquéritos.

Há duas semanas, deputados democratas enviaram uma carta à Casa Branca pedindo que o Departamento de Justiça responsabilize “quaisquer atores baseados na Flórida que possam ter financiado ou apoiado os crimes violentos de 8 de janeiro”, referindo-se a Bolsonaro.

A resolução enviada ao Senado nesta quarta (2) afirma que o ex-presidente fez repetidas acusações infundadas questionando a transparência e a integridade do processo eleitoral do Brasil e encorajou seus apoiadores a amplificar essas declarações sem fundamento.

No material, os congressistas exortam plataformas digitais e aplicativos de mensagem a adotarem medidas concretas para combater a desinformação que prolifera no Brasil e a trabalhar com autoridades brasileiras para compreender o possível papel que desempenharam para facilitar e ampliar os atos violentos de 8 de janeiro.

Lula se reúne no próximo dia 10 com Biden na Casa Branca. O petista também deve se encontrar com o senador Bernie Sanders, outro dos signatários do texto. Um dos temas na agenda é justamente a regulação das plataformas digitais, além do extremismo de direita e da defesa da democracia.

Além de Menendez, um dos senadores mais influentes no Congresso dos EUA, e de Sanders, assinam a resolução Tim Kaine, Dick Durbin, Chris Murphy, Jeanne Shaheen, Jeff Merkley, Ben Cardin e Chris Van Hollen.

“O ataque recente aos símbolos do governo democrático do Brasil configura um ataque à democracia global”, disse o senador Durbin. “É uma vergonha que Bolsonaro estivesse nos EUA tirando selfies durante esse episódio deplorável. Propus essa resolução para garantir que autoridades que sabotam eleições livres e justas não possam fugir para os EUA para escapar da responsabilização.”

Para Menendez, a insurreição em Brasília também demonstra a resiliência do povo brasileiro e das instituições democráticas. “As autoridades brasileiras merecem todo nosso apoio em sua busca pela verdade e por responsabilização pelo 8 de Janeiro.”

O texto no Senado encoraja membros do Congresso americano a ajudarem autoridades brasileiras em qualquer demanda relativa à investigação dos ataques golpistas, inclusive compartilhando estratégias utilizadas no Comitê de Investigação da Câmara sobre o ataque de 6 de Janeiro contra o Capitólio.

Além de demonstrar solidariedade à população brasileira diante dos ataques, os legisladores enfatizam a parceria estratégica entre Brasil e EUA e citam como prioridades a defesa da democracia e dos direitos humanos, além da cooperação em defesa, segurança alimentar, meio ambiente e desenvolvimento sustentável.

Em seu primeiro evento público desde que deixou o Brasil e foi para os EUA, Bolsonaro afirmou na terça-feira (31) que o governo Lula “não vai durar muito tempo” e que houve injustiça nos processos dos ataques golpistas em Brasília.

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Lula não descarta disputar reeleição em 2026

Durante a campanha eleitoral, no ano passado, Lula repetiu que não tinha intenção de se candidatar novamente para a Presidência da República em 2026. Hoje, no entanto, o petista não descartou essa possibilidade.

Se chegar no momento, sabe, e estiver uma situação delicada e eu estiver com saúde…porque também só posso ser candidato se eu estiver com saúde perfeita, sabe? Mas saúde perfeita com oitenta e pouco, 81 de idade, energia de 40 e tesão de 30. Pronto, aí eu posso [ser candidato].”

A declaração foi dada ao jornalista e colunista do UOL Kennedy Alencar, no programa “É Notícia”, da RedeTV!. A entrevista será transmitida hoje, às 23h15.

A pergunta sobre a possibilidade da reeleição foi feita no fim da conversa. Ao responder, inicialmente, o presidente falou sobre as eleições do ano passado.

Eu tenho consciência que somente a minha candidatura poderia derrotar o Bolsonaro. Não é nenhuma vaidade, não, é consciência de que, pelo legado que eu tinha, eu poderia ganhar essas eleições.”

Em seguida, o petista disse que é necessário “construir novos candidatos em 2026”. “Eu não serei candidato em 2026. Eu vou estar com 81 anos de idade, sabe? Eu preciso aproveitar um pouco a minha vida, porque eu tenho 50 anos de vida política.”

Somente após a quarta intervenção do jornalista, Lula assumiu que pode ser candidato —se houver uma “situação delicada”.

Ao falar sobre possíveis novos nomes para a disputa eleitoral de 2026, Lula também afirmou que tem “gente extraordinária” em seu governo —e citou aliados que sempre foram próximos. O vice Geraldo Alckmin (PSB), que já foi candidato ao Planalto, ficou fora da lista.

“Temos o Rui Costa [do PT, ministro da Casa Civil], nós temos o Wellington [Dias, do PT, ministro do Desenvolvimento Social], nós temos o Camilo [Santana, do PT, ministro da Educação], nós temos Flávio Dino [do PSB, ministro da Justiça], nós temos o Renanzinho [Renan Filho, do MDB, ministro dos Transportes]. Nós temos gente da maior qualidade, você não tem noção, e essa é a razão do meu sucesso”, afirma.

Eu vou contribuir para que surjam muitas e novas lideranças para que o Brasil nunca mais vote num psicopata para ser presidente do Brasil.”

A possibilidade de disputar a reeleição —ainda que em uma “situação delicada”— marca uma mudança de discurso. Em outubro do ano passado, às vésperas do segundo turno, Lula chegou a publicar nas redes sociais que seria “um presidente de um mandato só”.

*Com Uol

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Daniel Silveira já gravou deputados “traidores” com aval de Bolsonaro

Parece infantiloide e inverossímil a ideia de fazer gravações escondidas do ministro Alexandre de Moraes para tentar dar um golpe de Estado. No entanto, o ex-deputado Daniel Silveira já fez isso com os próprios colegas de bancada em ação coordenada com o então presidente Bolsonaro e seus filhos. Deu certo.

Estamos aqui diante de um método do bolsonarismo para assassinar reputações de quem questiona ou incomoda o líder inquestionável. A pessoa é gravada em ação arquitetada pelo ilustre Daniel Silveira, essa gravação é editada de forma descontextualizada e jogada para a imensa rede de desinformação e Fake News cultivada pelo grupo.

Não há como saber se Jair Bolsonaro teria condições de viabilizar a tomada do poder por meio de um golpe com uma operação dessas. Mas é fato que a operação feita em 2019 contra deputados do partido dele, o PSL, foi efetiva para que eles perdessem o poder político.

Vivemos o fenômeno da banalização do esquecimento. Foi a ex-deputada Dayanne Pimentel (União-BA) quem me lembrou dos detalhes do caso, muito rumoroso à época.

A maioria das pessoas vai se lembrar quando houve o grande racha inicial do bolsonarismo. No final do primeiro ano de governo, em 2019, acabaram se virando contra o presidente muitos de seus mais ferrenhos defensores, como Alexandre Frota e Joyce Hasselmann.

Não foram só eles. Dentro da bancada do então PSL as reclamações já começavam a corroer o poder dos filhos do presidente e dele próprio. A forma errática, para dizer o mínimo, de conduzir a política e as relações com parlamentares trouxeram um impasse.

Além disso, muitos dos parlamentares haviam defendido de forma aguerrida a bandeira contra a corrupção. Vários eram lavajatistas de carteirinha. Começavam a ver o próprio capital político corroído diante dos escândalos da família Bolsonaro e dos arreglos para que não fossem investigados.

Alguns começavam a procurar a imprensa e vazar notas. O clima interno era pesadíssimo. Eduardo Bolsonaro queria apear delegado Waldir da liderança do partido e tomar o lugar dele. A bancada não queria.

A “negociação” que se seguiu, segundo o relato de vários deputados, era uma reunião com o presidente no Planalto. Ele pedia que indicassem o próprio filho à liderança e concluía com algo como “assina aí, senão é meu inimigo”. Nem assim adiantou.

Tiveram então a grande ideia: Daniel Silveira gravaria escondido uma reunião da bancada. Os áudios seriam recortados e distribuídos fora de contexto, para dar a impressão de que os próprios deputados do PSL estavam tramando um golpe contra Jair Bolsonaro.

O ex-deputado agora preso confirmou à época que se infiltrou na reunião para gravar e justificou dizendo que tinha o objetivo de “blindar” o presidente Bolsonaro. Depois, negou que tivesse feito a gravação, falou que recebeu de alguém. Depois, confirmou novamente que gravou, versão que manteve durante o processo em que foi condenado no Conselho de Ética.

A gravação mais famosa foi a do então líder da bancada Delegado Waldir. Ele disse que iria “implodir” o presidente e chamou Jair Bolsonaro de vagabundo. Vários outros gravados começaram a formar uma imensa lista de inimigos que queriam dar golpe em Jair Bolsonaro.

É o tipo de história que só cola com quem já abriu mão de viver na realidade, o bolsonarismo mais fanático. Está justamente aqui o pulo do gato: desinformação não é disputa pela verdade. A campanha de assassinato de reputações deu certo mesmo que a maioria da sociedade não tenha acreditado na versão.

A partir do momento em que o bolsonarismo elegeu “os traidores” como alvos, a campanha do assassinato de reputação deles é constante. Quando as pessoas veem alguém ser enxovalhado diariamente, passam a associar aquela imagem com algo ruim, negativo.

Pouco a pouco o capital político de todos os alvos foi corroído. Nenhum se reelegeu, embora vários tenham levado um mandato em sintonia com as propostas e os discursos dos próprios eleitores.

Ainda não sabemos qual foi exatamente a trama envolvendo Daniel Silveira, Jair Bolsonaro, Marcos do Val e a tentativa de gravar Alexandre de Moraes, o maior obstáculo aos planos do ex-presidente. Sabemos, no entanto, que o método já foi utilizado antes e por muito menos.

*Com Uol

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Medo?: Marcos do Val muda versão, tenta isentar Bolsonaro e recua de renúncia no Senado

O senador Marcos do Val (Podemos-ES) deu versões diferentes sobre a reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o suposto plano de gravar o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes para reverter o resultado das eleições de 2022.

Durante a madrugada desta quinta (2), Do Val fez uma transmissão ao vivo pelas redes sociais afirmando que a revista Veja publicaria uma reportagem mostrando que Bolsonaro tentou coagi-lo a “dar um golpe de Estado junto com ele”.

Horas depois, questionado pela Folha, o senador recuou na acusação direta e disse que Bolsonaro “só ouviu” o plano do ex-deputado federal Daniel Silveira e afirmou que iria pensar a respeito.

Apesar disso, Do Val contou à reportagem que se encontrou com os dois porque recebeu uma ligação do próprio ex-presidente da República e que entrou no local da reunião em um carro da Presidência.

Mais tarde, em entrevista à imprensa em seu gabinete, o senador afirmou que conversou sobre sair da política com o filho mais velho do ex-presidente, Flávio Bolsonaro (PL), e teria sido convidado por ele a se filiar ao PL.

Na sessão do Senado desta quinta, enquanto Do Val falava à imprensa, Flávio afirmou que tinha conversado com o colega sobre a reunião, mas “na linha” de que houve “uma tentativa de um parlamentar de demover as pessoas que estavam na reunião de fazer algo absolutamente inaceitável”.

Do Val também não esclareceu onde foi o encontro com Bolsonaro e Silveira.

Primeiro, disse à Folha que estava em dúvida e que achava que tinha sido no Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-Presidência.

Depois, na mesma entrevista à imprensa, mencionou a Granja do Torto, segunda residência da Presidência. À Veja ele disse que o encontro foi no Palácio da Alvorada, a principal residência oficial do presidente, e onde Bolsonaro se isolou após a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

O plano de Silveira, segundo Do Val, era gravar o ministro do Supremo e tentar arrancar dele alguma contradição que pudesse, depois, prendê-lo. “Se aceitar a missão, parafraseando o 01, salvamos o Brasil”, diz uma mensagem atribuída a Silveira, revelada pela Veja e obtida pela Folha.

“Era muito perceptível o medo do Daniel de ficar vivendo com a sombra do Alexandre de Moraes querendo prender ele a qualquer hora. Aí ele queria fazer o inverso. Construiu um complô para o Alexandre ser preso”, disse à Folha.

Do Val afirmou que sua decisão sobre renunciar ou se afastar do mandato ainda não está tomada e que vai conversar com sua equipe nesta quinta-feira. A decisão de deixar a política também tinha sido comunicada por ele de madrugada, pelas redes sociais.

Do Val falou à Folha na manhã desta quinta-feira.

O que aconteceu? Ele [Daniel Silveira] me chamou no plenário, do lado de fora, disse que o presidente queria falar comigo. Nessa de querer falar comigo, ele passou [o telefone] para o presidente. Presidente perguntou se eu poderia me reunir com ele. Falei que naquela hora não dava porque eu estava por conta das votações e tal, mas que poderia ser outro dia.

Aí o Daniel me ligou, perguntou se podia, não lembro se de manhã ou de tarde, e aí eu fui lá e o Daniel falando como seria, de que forma seria. E eu falei: ‘Olha, que ideia é essa de gravar conversa minha com ministro, ainda mais ministro com quem eu lido profissionalmente. De forma profissional, não é nem meu amigo. E nenhum juiz vai aceitar uma gravação feita de forma ilegal. Que ideia de doido’.

E eles [Silveira e Bolsonaro] tentando me convencer. Eu falei: ‘Sabe de uma coisa? Deixa eu ir embora, aí eu dou uma resposta para vocês’. Aí eu fui até o ministro do STF e passei pra ele. Falei: ‘Olha, saí de lá agora e o plano era esse, esse e esse. Reportei para o ministro Alexandre. Eu não poderia prevaricar, precisava passar isso para uma autoridade. E aí eu não sei o que o Alexandre fez daí em diante.

Mas o senhor e Daniel Silveira saíram do Senado juntos de carro? Não. A gente se encontrou no meio do caminho porque ele falou que não era para eu entrar [na residência oficial] no meu carro, oficial. Aí eu entrei no carro do presidente e fui lá encontrar ele.

Estou vendo uma matéria aqui [da Folha]: “Bolsonaro tentou coagi-lo a dar um golpe”. Não, não…

Por isso eu estou ligando para o senhor. Então me explica. O que Bolsonaro falou para o senhor? Nada, ouviu. O Daniel tentando me convencer de fazer isso. Não é o Bolsonaro tentando me coagir. Coagir seria chantagear né. Mas não teve isso, não. A manchete aí está errada. Sentou eu, o Daniel e o presidente e o Daniel foi construindo como seria o raciocínio dele, a gravação e tal, tal, tal.

E qual é a manchete correta, então? O melhor seria: senador evitou um golpe de Estado.

Mas quem queria dar esse golpe? O Daniel. Estava tentando convencer o presidente. Tipo assim: tenho uma ideia pra você não ser preso. E que é uma pessoa que está próxima do Alexandre de Moraes. Entendeu? Não foi uma coisa que partiu do presidente, tentando me convencer, não. Não foi isso, não.

E o presidente falou o quê? Ele só ouviu? Não é possível, senador. Ele deve ter feito algum comentário. Então, ele só ouviu junto comigo. Aí eu fiz os questionamentos, da questão da legalidade, e por que. ‘Ah, porque a gente consegue, desse jeito, impedir a posse do Lula. E conseguimos também prender o Alexandre. E o presidente se manter no cargo.’ A única coisa que o presidente falou, quando eu fui embora… [não conclui].

Falei assim: ‘Olha, eu não vou dar resposta agora’. Porque, se eu desse a resposta na hora, eles poderiam ficar insistindo. Aí eu falei: ‘Eu vou embora, me dá um tempo e eu respondo depois’. E aí eu mandei uma mensagem para o Daniel. Olha, última forma, não vou cumprir essa missão. E, na hora de ir embora, a única coisa que o presidente falou foi o seguinte: ‘Vamos pensar’. Só isso.

Vamos pensar. É.

O Mourão estava, já que foi no Jaburu? Não. Só nós três.

Não tinha mais ninguém ali. Não, ninguém. Ninguém. Zero. Nem segurança, ninguém.

E a história da minuta encontrada na casa de Anderson Torres? Não, eu fiquei sabendo depois pela imprensa. Não foi tocado nesse assunto, se tinha isso, se não tinha. Nem eu sabia disso.

Só para entender. A proposta de Daniel Silveira efetivamente era qual? Gravar o ministro Alexandre. Eu conduzindo a conversa para ele falar que ele ultrapassou a linha da Constituição. A gravação então seria usada para invalidar as eleições, prender o Alexandre e o presidente permanecer no poder. Era muito perceptível o medo do Daniel de ficar vivendo com a sombra do Alexandre de Moraes querendo prender ele a qualquer hora. Aí ele queria fazer o inverso. Construiu um complô para o Alexandre ser preso.

Ele achava que a prisão do Alexandre de Moraes abriria caminho para Bolsonaro continuar no poder? Não. Deixaria de perseguir eles. É como se o Daniel estivesse tentando convencer eu e o Bolsonaro para fazer essa ação para que também o Bolsonaro continuasse, para evitar que Lula subisse ao poder e, principalmente, tirasse o Alexandre de Moraes do caminho.

Confesso que estou confusa. De que forma a prisão do ministro Alexandre de Moraes faria com que o presidente Lula não assumisse? Então, essa ideia do Alexandre ser preso, um ministro do STF ser preso. Tinham umas coisas meio infantilizadas assim. Uma ideia infantil. Eu saí de lá tipo assim, não acredito que eu ouvi isso. Era meio bizarro mesmo. Um troço esdrúxulo. Essa chamada de coagiu, não coagiu, isso não aconteceu, não.

*Com Folha

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Após bomba de Marcos do Val, cresce no STF clima para prender Bolsonaro

Até então prevalecia no Supremo a ideia de tornar Bolsonaro inelegível, já que prendê-lo seria um “erro” porque tumultuaria ainda mais o país. A avaliação agora mudou.

Entre aliados políticos, também há percepção de que cresce a disposição para prender Bolsonaro. As informações são de Bela Megale, O Globo.

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ouvidos pela coluna avaliam que, a se confirmarem as revelações do senador Marcos do Val (Podemos-ES) envolvendo Jair Bolsonaro na articulação de mais uma tentativa de golpe, cresce o potencial de sua prisão. Essa leitura é compartilhada por aliados políticos do ex-presidente.

Até então, predominava na maioria do STF a avaliação de que levar Bolsonaro para atrás das grades seria um “erro”. O argumento que isso poderia tumultuar ainda mais o cenário nacional, seja em âmbito social ou político. Os magistrados ainda apontavam que Bolsonaro precisava ter “todas as garantias do processo legal observadas”, ou seja, responder ao processo e ter o direito de se defender. Com mais uma digital do ex-presidente em outra tentativa golpista, a leitura é que o ambiente deve mudar.

A coluna questionou investigadores da Polícia Federal se o relato de Marcos do Val pode embasar algum pedido de prisão de Jair Bolsonaro. Os investigadores responderam que “há elementos”, já que o então presidente teria participado de uma reunião para tratar do plano.

A PF pediu autorização judicial para interrogar Marcos do Val e o ministro Alexandre de Moraes já atendeu ao pedido. Em entrevista coletiva, o senador confirmou que, em dezembro, do ano passado reuniu-se com Bolsonaro e com o então deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), quando recebeu um pedido para gravar, escondido, uma conversa de Alexandre de Moraes. O objetivo seria criar uma espécie de armadilha para Moraes e impedir a posse do presidente Lula.

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Revelação: Plano golpista de Bolsonaro tinha apoio do GSI para grampear Moraes e impedir a posse de Lula

Em 9 de dezembro do ano passado, Lula ainda não havia sido diplomado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), manifestantes continuavam acampados em frente aos quartéis pedindo intervenção militar e Jair Bolsonaro quebrou o silêncio após mais de um mês de uma reclusão voluntária. Na tarde daquele dia, o presidente reapareceu no famoso cercadinho do Palácio da Alvorada, se desculpou por eventuais erros, disse que seu futuro dependia dos apoiadores e exaltou sua ligação com as Forças Armadas – um discurso aparentemente sem sentido para quem não havia dito uma única palavra até então sobre a derrota nas urnas. O fato é que Bolsonaro, assim como muitos de seus aliados, ainda acreditava numa virada de mesa. Logo depois do enigmático pronunciamento do cercadinho, ele participou de uma reunião na qual revelou a arquitetura de um plano para anular o resultado das eleições, impedir a posse de Lula e permanecer no poder – uma investida que não prosperou porque um dos escalados para executar a operação se recusou a participar da trama. As informações são da Veja.

As indicações de que o ex-presidente da República se envolveu numa tentativa de conspirata estão num conjunto de mensagens a que VEJA teve acesso. Faltavam 21 dias para terminar o governo e Bolsonaro ainda não havia reconhecido o resultado da eleição. Deprimido, repetia a todo instante que o processo havia sido fraudado e que era preciso mostrar isso de maneira clara ao país. Com o apoio de um grupo muito restrito, foi elaborado então o seguinte plano: alguém de confiança do presidente se aproximaria do ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, devidamente equipado para gravar as conversas do magistrado com o intuito de captar algo comprometedor que servisse como argumento para prendê-lo. Esse seria o estopim que desencadearia uma série de medidas que provavelmente atirariam o país numa confusão institucional sem precedentes desde a redemocratização. Na reunião do Alvorada, Bolsonaro descreveu os detalhes dessa operação. Estavam presentes, além dele, dois parlamentares aliados: o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) e o senador Marcos do Val (Podemos-ES).

Uma das mensagens obtidas por VEJA foi enviada por Marcos do Val a Alexandre de Moraes no dia 12 de dezembro, às 20h56, três dias depois da reunião no Palácio da Alvorada. Nela, o congressista pede para falar pessoalmente com o magistrado, diante da gravidade do que havia tomado conhecimento. “Dia emblemático”, escreveu o parlamentar, remetendo aos acontecimentos registrados em Brasília naquelas últimas horas. Pela manhã, Lula havia sido diplomado pelo TSE. À tarde, manifestantes bolsonaristas tentaram invadir a sede da Polícia Federal para resgatar um preso, seguido de um confronto com a polícia e atos de vandalismo que deixaram um rastro de destruição pela cidade. Depois da ressalva inicial, Do Val justificou a urgência em encontrar o ministro: “Precisava falar como foi o encontro com o PR e o DS”. PR era o presidente da República. DS era o deputado Daniel Silveira. O senador relatou que os dois haviam lhe convidado para participar do que ele definiu como “uma ação esdrúxula, imoral e até criminal”. O ministro agendou o encontro pessoal para dali a dois dias.

Moraes já estava informado de que algo estranho estava sendo tramado. Um primeiro alerta havia sido feito pelo próprio Marcos do Val. Dois dias antes da reunião no Alvorada, o senador foi procurado por Daniel Silveira durante uma sessão do Congresso. O deputado disse que Bolsonaro tinha um assunto importante e urgente para falar com ele. Na sequência, ligou para o presidente e passou o telefone ao senador. Foi uma conversa rápida, na qual o mandatário comentou apenas que tinha uma questão que precisava ser resolvida de imediato e perguntou se o senador não podia “dar um pulinho” no palácio. O encontro foi combinado para dois dias depois. Daniel Silveira é investigado num inquérito sigiloso conduzido por Alexandre de Moraes, já foi condenado e preso por ameaça ao estado democrático de direito. Do Val sabia disso e, preocupado em se envolver em algo que pudesse prejudicá-lo, achou por bem comunicar o ministro sobre a reunião com o presidente da República e o deputado.

A preparação para a reunião foi cercada de cuidados absolutamente incomuns. Por sugestão de Daniel Silveira, ficou combinado que ele e o senador se refeririam ao encontro apenas por códigos. No dia marcado, o deputado passou uma mensagem de áudio a Marcos do Val para instruí-lo sobre como chegar ao destino, de maneira discreta, sem serem vistos: “Vou te mandar a minha localização, mas tu não entra não, no Alvorada. E nem chega perto da entrada. Tu não vai aparecer. Tu vai parar o carro no estacionamento que eu vou te mandar a localização. Eu vou estar ali. O carro vai vir buscar a gente”. E assim foi. Por volta das 17h30 do dia 9, Marcos do Val seguiu com seu motorista até a localização enviada pelo deputado por GPS – um via que dá acesso ao Palácio do Alvorada, próxima ao Palácio do Jaburu, a residência oficial do vice-presidente. Lá, distante de olhos curiosos, os dois embarcaram num carro da segurança do presidente da República até o Alvorada, que fica alguns metros à frente, onde entraram sem deixar qualquer registro na portaria.

A reunião com o presidente durou cerca de 40 minutos. Era uma sexta-feira. Bolsonaro recebeu os visitantes vestido de bermuda, camisa de mangas curtas e chinelo. Os três falaram sobre vários temas, do acampamento de manifestantes em frente aos quartéis até as supostas fraudes no processo eleitoral. Neste instante, Daniel Silveira interveio, disse que o senador era uma pessoa de sua confiança e pediu ao presidente que apresentasse a ideia que “salvaria o Brasil”. Bolsonaro e seus auxiliares atribuem a derrota do presidente a interferências do ministro Alexandre de Moraes durante a campanha eleitoral. Acreditavam que poderiam provar isso caso conseguissem se aproximar do magistrado e gravar suas conversas. Captar um diálogo que sugerisse algo nessa direção pavimentaria o caminho para o que se pretendia na sequência: prender o ministro, impedir a posse de Lula, anular as eleições… “Você será um herói nacional”, exaltou o deputado.

Do Val quis saber como isso seria feito. Bolsonaro disse que já tinha acertado com o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), órgão responsável pela segurança do presidente e que tem a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sob seu organograma, que daria o suporte técnico à operação, fornecendo os equipamentos de espionagem necessários. Apenas cinco pessoas teriam conhecimento do plano. Três estavam na reunião: Jair Bolsonaro, Daniel Silveira e Marcos Do Val, a quem caberia a tarefa de gravar Alexandre Moraes, caso aceitasse a missão. O senador foi escolhido porque conhecia o ministro há mais de uma década. Era, portanto, o personagem certo para se aproximar do magistrado sem levantar suspeitas e montar a armadilha que, nas palavras de Bolsonaro, “iria salvar o Brasil”. Do Val pediu um tempo para pensar na proposta. Mas havia pressa. Muita pressa.

No dia seguinte à reunião, Silveira enviou uma série de mensagens ao senador cobrando uma resposta. Na primeira delas, reafirmou que Do Val poderia ficar tranquilo, que a missão era segura. Repetiu que apenas três pessoas sabiam do plano, e outras duas tomariam conhecimento apenas após a conclusão da primeira etapa da operação – “cinco estrelas”, destacou, fazendo supor que os dois personagens ocultos seriam militares. O deputado reforçou que a coisa toda era tão sigilosa que “nem o Flávio saberá”, se referindo ao filho do presidente, Flávio Bolsonaro. “Estarei em QAP até o comando do 01 para irmos até lá”, acrescentou. No jargão policial, QAP significa “na escuta”, de “prontidão”. Por último, Silveira lembrou que “o conteúdo” captado seria utilizado exclusivamente para pautar a “ação” que já estaria “desenhada e pronta para ser implementada”. O senador não respondeu.

Percebendo a hesitação do colega e preocupado com o tempo, Silveira continuou insistindo. “Não há riscos. Caso não extraia nada, é descartado o conteúdo e ninguém saberá.” E voltou a destacar a importância da missão: “Não sei se você compreendeu a magnitude desta ação. Ela define, literalmente, o futuro de toda a nação”. O deputado pede ao senador que ele não comente nada com absolutamente ninguém. Do Val continuou sem responder. Numa terceira mensagem, Silveira lembrou que as “escutas usadas em operações especiais” já estavam à disposição. E reforçou mais uma vez o apelo: “Se aceitar a missão, parafraseando o 01, salvamos o Brasil”. Zero Um é o presidente da República. Por fim, numa quarta e última mensagem, o deputado lembra que “pessoas muito importantes e relevantes” estão envolvidas na operação e que todos depositavam nele “uma esperança sem precedentes”. Nada de resposta.

No dia 14 de dezembro, na data agendada pelo ministro para o encontro com o senador, o Supremo Tribunal Federal julgava a legalidade do chamado orçamento secreto. No intervalo da sessão, Alexandre Moraes deixou o plenário e, de toga, foi até o salão branco do prédio, onde Marcos do Val já o aguardava, conforme o combinado. A conversa foi rápida, durou apenas alguns minutos. O parlamentar narrou detalhes do encontro que teve com o presidente, da proposta indecorosa que recebeu e os objetivos abjetos do plano. Acostumado nos últimos tempos a lidar com as mais mirabolantes teorias da conspiração, Moraes fez um único comentário: “Não acredito”, disse em tom de espanto. À noite, depois de relatar o caso ao ministro e convicto de que estava se envolvendo em algo perigoso, Do Val finalmente respondeu às mensagens de Daniel Silveira. “Irmão, vou declinar da missão”, escreveu, sem dar maiores explicações. O deputado assentiu: “Entendo, obrigado”.

O Brasil atravessou momentos críticos em sua história recente. Depois de uma ditadura militar de 30 anos, o país enfrentou monumentais crises econômicas, suportou governos incompetentes e corruptos, convive até hoje com o flagelo da fome e o eterno desafio de superar a pobreza. Mesmo diante de mazelas que colocam o país num lugar de destaque na escala de subdesenvolvimento social e político, ainda assim parece demais imaginar que um presidente da República seja capaz de se reunir com um senador e um deputado para planejar uma operação tão aloprada. Menos de 24 horas depois do encontro entre Do Val e Alexandre de Moraes, no dia 15 de dezembro, o ministro multou Daniel Silveira em 2,6 milhões de reais. O parlamentar teria desrespeitado as medidas cautelares que é obrigado a cumprir. Ele está impedido de dar entrevistas, proibido de usar as redes sociais, não pode comparecer a eventos públicos, precisa manter distância de outros investigados e é obrigado a usar tornozeleira eletrônica.

Todos os citados no caso foram procurados por VEJA. O agora ex-deputado (o mandato dele terminou na última terça-feira) informou, por intermédio de seus advogados, que estava impedido pela Justiça de falar com jornalistas. Na quinta-feira, ele foi preso por determinação de Alexandre de Moraes. O ministro, também através de sua assessoria, disse que não comentaria o caso. Jair Bolsonaro viajou para os Estados Unidos alguns dias depois da reunião no Palácio da Alvorada e não foi encontrado pela reportagem. Já Marcos do Val confirmou ter participado da reunião com o então presidente, admitiu ter ouvido os detalhes do plano e, se dizendo assombrado, decidiu relatar a Alexandre de Moraes aquela que teria sido a derradeira tentação do ex-presidente. Na quinta-feira, o senador anunciou que renunciaria ao mandato.

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Daniel Silveira é preso em Petrópolis, um dia após ficar sem mandato de deputado

Daniel Silveira é preso em Petrópolis, no Rio, um dia após ficar sem mandato de deputado.

A Polícia Federal prendeu na manhã desta quinta-feira (2) o ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) em Petrópolis, no Rio de Janeiro.

A prisão foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em razão do descumprimento de medidas cautelares também definidas pelo tribunal – como o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de usar redes sociais.

Na decisão, Moraes diz que Silveira agiu com “completo desrespeito e deboche” diante de decisões judiciais do Supremo Tribunal Federal.

O ministro do Supremo também destacou que o ex-deputado danificou a tornozeleira eletrônica que tinha de usar e continuou com ataques ao STF e ao Tribunal Superior Eleitoral, “colocando em dúvida o sistema eletrônico de votação auditado por diversas organizações nacionais e internacionais”.

Fontes da Polícia Federal afirmam que mais de R$ 270 mil foram apreendidos na casa do ex-parlamentar no momento da prisão.

Com apoio de Bolsonaro, Daniel Silveira se candidatou ao Senado pelo Rio de Janeiro, em outubro de 2022. Ele recebeu 1,5 milhão de votos, mas não se elegeu.

Com isso, ficou sem mandato e perdeu o foro privilegiado nesta quarta (1º), quando os novos parlamentares tomaram posse.

Dinheiro vivo apreendido na casa do ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), no Rio — Foto: Reprodução

Suspensão do porte de arma

Além de mandar a PF prender Silveira, Alexandre de Moraes determinou:

  • suspensão imediata de quaisquer documentos de porte de arma de fogo em nome do ex-deputado;
  • suspensão pelo Exército de certificados em nome de Silveira de registro de autorização para atividades de colecionamento de armas de fogo, tiro desportivo e caça;
  • cancelamento de todos os passaportes emitidos em nome do ex-parlamentar.

Daniel Silveira está sujeito a medidas cautelares desde que foi condenado pelo STF, em abril de 2022, por estímulo a atos antidemocráticos e ataques a autoridades e instituições.

A pena de 8 anos e 9 meses de prisão foi perdoada por Jair Bolsonaro, mas as medidas complementares (como tornozeleira e multa) seguiram em vigor (relembre no vídeo acima).

Desde então, o STF já havia multado Daniel Silveira por descumprimento dessas medidas cautelares, mas não havia determinado prisão ligada ao caso.

O parlamentar também é alvo de outras restrições, como a proibição de uso das redes sociais – que o parlamentar também burlou.

*Com G1

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Aos 73 anos, Morre a jornalista Glória Maria

Ela estava internada, tratando um câncer, e deixa duas filhas.

Morreu nesta quinta-feira (2), aos 73 anos, a jornalista e apresentadora Glória Maria. Ela estava internada, tratando um câncer, mas a causa de sua morte ainda não foi confirmada. Glória deixa duas filhas, Maria e Laura.

A jornalista estava afastada do “Globo Repórter” há mais de três meses, por conta do tratamento. O último programa apresentado por ela foi a edição do dia 5 de agosto de 2022. Ela trabalhava no “Globo Repórter” há 12 anos. Em 2019, Gloria Maria passou por uma cirurgia de emergência para a retirada de um tumor no cérebro, descoberto repentinamente, após um desmaio. Depois da cirurgia, a apresentadora ainda fez um tratamento com a radioterapia e imunoterapia.

Nascida em Vila Isabel, zona Norte do Rio, filha do alfaiate Cosme Braga da Silva e da dona de casa Edna Alves Matta, Glória Maria Matta da Silva se formou em jornalismo na Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) e entrou na TV Globo como rádio-escuta na editoria Rio da emissora. Mais tarde, foi efetivada como repórter. Sua primeira entrada ao vivo foi em 1971, na cobertura do desabamento do Elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro. Ela foi a repórter que entrou ao vivo na primeira matéria a cores do “Jornal Nacional”, em 1977.

Mais tarde, ela virou âncora de programas como “RJTV”, “Jornal Hoje”, “Bom dia Rio” e “Fantástico”. Este último, aliás, ela apresentou por um longo período, de 1998 a 2007, embora já fizesse parte da equipe desde 1986. No Fantástico, Glória Maria entrevistou diversas personalidades como Michael Jackson, Harrison Ford, Nicole Kidman, Leonardo Di Caprio e Madonna. Também ficou conhecida por matérias especiais em lugares exóticos, tendo visitado mais de 100 países. Glória Maria também participou da cobertura da guerra das Malvinas (1982), da invasão da embaixada brasileira do Peru por um grupo terrorista (1996), dos Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) e da Copa do Mundo na França (1998), entre outras.

*Com O Globo

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