Dia: 10 de abril de 2023

Violência nas escolas: Dino exige respostas de plataformas de redes sociais e cita possibilidade de investigação policial

Até o momento Ministério da Justiça e Segurança Pública pediu derrubada de 511 contas com conteúdos suspeitos no Twitter.

Segundo O Globo, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, exigiu que empresas de redes sociais tenham canais abertos para atender a solicitação de autoridades no sentido de excluir conteúdos que incitem a violência. Segundo Dino, a pasta vai notificar as plataformas e caso os pedidos não sejam cumpridos, um inquérito será aberto para investigá-las.

A ação faz parte de um conjunto de iniciativas anunciadas pelo governo na última semana para tentar reduzir a recorrência desses casos. Participaram da reunião as empresas Meta, TikTok, YouTube, Twitter, Google, Kawai e WhatsApp.

– Estamos fazendo esse monitoramento e enviando às plataformas. Estamos vendo que alguns têm atendido e outros não – afirmou Dino. – Estamos exigindo que essas empresas de tecnologia tenham canais abertos, velozes de atendimento dessas solicitações ou notificações oriundas das autoridades policiais.

A pasta vai notificar as plataformas ainda nesta semana para que atendam às exigências das autoridades. Dino criticou a postura das plataformas. Segundo o ministro as empresas precisam ter gestos concretos no sentido de coibir publicação de conteúdos indevidos nas plataformas.

– Se essa notificação não for atendida, vamos tomas providências policiais e judiciais contra as plataformas – afirmou.

O ministro criticou a passividade das empresas para contribuir com o monitoramento do que é publicado nas plataformas, ele pediu que as empresas tenham uma moderação ativa dos conteúdos. Ele cobrou que as plataformas não tenham apenas uma moderação “reativa” a partir da provocação de autoridades, mas que façam monitoramento espontâneo.

– (As empresas) ajudarão de um jeito ou de outro. Ou ajudarão na autorregulação ou ajudarão porque serão obrigadas a ajudar – disse Dino.

O Ministério da Justiça também vai cobrar que as empresas revisem suas políticas de algoritmo e de suspensão de contas para coibir a circulação de conteúdos violentos.

– A secretária Estela (Aranha, da coordenação de Direitos Digitais) tem se dedicado a entrar nesses perfis, porque é dever dela e o que tem acontecido com ela? Tem recebido a recomendação de seguir perfis violentos. A empresa não sabe disso? Impossível, porque se a empresa sabe meus hábitos de consumo, sabe recomendar alternativas de lazer e gastronomia para nós – criticou. – Sabe! Mas acaba monetizando a violência. É isso que está em questão: modelo de negócio. Este tempo do Brasil acabou, no sentido de que haveria liberação de qualquer coisa em nome de uma falácia, de uma fraude, de uma falcatrua, de usar liberdade de expressão como escudo para crime.

– Esses adolescentes são algozes, mas são vítimas também. É preciso que quem tem responsabilidade, e essas empresas que lucram bilhões têm responsabilidade, também se engaje. Houve um momento nessa reunião que uma das empresas veio alegar termos de uso. Deixei claro que os termos de uso não se sobrepõem à Constituição, à lei, e não são maiores que a vida das crianças e adolescentes brasileiras – defendeu.

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Pesquisa confirma prejuízos de memória em infectados por covid-19

Agência Brasil – Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) descobriram que a proteína Spike do SARS-CoV-2, quando injetada no cérebro de camundongos, induz alterações de memória. Essas mudanças ocorrem de forma tardia, em torno de 20 a 30 dias após a infecção, tal como acontece com seres humanos infectados pelo vírus da covid-19.

“Imita bem o que acontece na doença. Quando isso ocorre, a gente está na frente de um bom modelo experimental”, disse nesta segunda-feira (10) à Agência Brasil a neurocientista Claudia Figueiredo, da Faculdade de Farmácia da UFRJ, uma das líderes da pesquisa. O artigo foi publicado no periódico internacional Cell Report.

Pesquisas clínicas com pacientes que tiveram covid-19 mostraram que, depois que passa a fase aguda da doença, eles têm um prejuízo da memória que aparece meses depois. Segundo Claudia Figueiredo, o experimento mostrou que não era necessário ter o vírus replicado nos camundongos, mas bastava a proteína estar disponível no cérebro para causar prejuízo de memória.

“A gente avançou na caracterização do mecanismo. E isso é superimportante porque, quando a gente descobre o mecanismo, abre portas para fazer terapias mais direcionadas”. Para a avaliação da função de memória dos camundongos, os pesquisadores usaram diferentes estratégias comportamentais, incluindo testes de reconhecimento de padrões e do labirinto aquático.

Bloqueio

Ao mesmo tempo, os 25 pesquisadores das duas instituições identificaram moléculas que, quando estão inibidas, não há esse prejuízo de memória. Para bloquear as moléculas que causavam as perdas de memória, foram usados animais geneticamente modificados que tinham deleção, ou remoção, de uma proteína.

“Nós vimos que animais que tinham uma deleção nessa via não desenvolviam o prejuízo de memória. Foi usado então um inibidor dessa via e viu-se que, quando se inibe a via, a proteína Spike não exerce essa patogênese sobre a memória, através dessa proteína. Essa descoberta pode ser um caminho para a prevenção desse prejuízo de memória”, explicou Claudia.

A neurocientista informou que já existem medicamentos no mercado, usados para tratar artrite reumatoide, que poderiam ser testados em pacientes com covid-19 ou que já tiveram a doença, para ver se é possível prevenir essa perda de memória. “Pode ser uma situação de reposicionar fármaco”, apontou. Ela advertiu, no entanto, que para que esses medicamentos sejam usados em seres humanos, é preciso que se realizem ensaios clínicos nos pacientes.

Testes clínicos

A ideia, a partir de agora, é que outros grupos de cientistas que trabalham com pesquisa clínica se dediquem a testar essas ferramentas, para que fiquem disponíveis para os pacientes, uma vez que os fármacos disponíveis no mercado para outras doenças já passaram pela fase de avaliação de toxicidade.

“Deve ser testado em pacientes que tiveram covid e têm maior chance de desenvolver prejuízo de memória ou em pessoas que têm fatores de risco para desenvolverem essas perdas de memória”. Segundo Claudia Figueiredo, é importante que os testes sejam feitos logo depois de o paciente ter covid-19, como maneira de prevenir. “Não dá para esperar o prejuízo de memória se instalar”, ressaltou.

O estudo foi financiado pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj) e pelo Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino.

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Ataque em escola de Manaus deixa três pessoas feridas

Aluno do 7º ano do ensino fundamental feriu duas colegas e uma professora.

Um aluno do 7º ano do ensino fundamental do colégio particular Adventista, da zona Sul de Manaus, feriu ao menos três pessoas em um ataque escolar nesta segunda-feira (10), informa o portal local A Crítica, publicado pelo 247.

Segundo relatos de estudantes que testemunharam a cena, o agressor chegou na sala de aula e disse “cheguei, querida”. Então, puxou uma faca e começou a desferir golpes contra uma de suas colegas. Ele também feriu outra aluna e uma professora – as agressões apenas teriam cessado pois outros alunos intervieram na situação, de acordo com um relato de um estudante ouvido pelo portal Amazonas Atual.

A ocorrência mobilizou a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros, o Samu e o Conselho Tutelar, que se dirigiram ao local. Um bombeiro afirmou que as três pessoas foram feridas apenas com escoriações.

Este é o terceiro ataque em escolas no Brasil apenas em 2023. Uma creche de Blumenau (SC) e uma escola estadual de São Paulo também foram alvos de atentados no último mês, ambos deixando vítimas fatais.

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O governo faz cem dias. A imprensa errou no período muito mais do que Lula

Reinaldo Azevedo*

O governo faz cem dias hoje. É bom ou é mau? Mais acertou do que errou ou o contrário? É verdade que lhe falta uma marca? É claro que os que me leem aqui no UOL ou me acompanham em “O É da Coisa” (BandNews FM), na Folha, no Podcast “Reconversa” e nas redes conhecem as respostas secas e objetivas para tais indagações. Mas quero aqui fazer um percurso com vocês. E começo lembrando que inexiste no empíreo uma ordem perfeita, de que a terrena seja um espelho deformado. Não há, no mundo das ideias, um governo arquetípico — que sirva de modelo, de padrão, de paradigma — para governos terrenos. Logo, dizer se uma gestão é boa ou má remete a uma questão de valores, critérios e desejos. A resposta não revela apenas algo do governo. Também diz muito do respondente: quer o quê?; gosta de quê?; dá importância a quê? A avaliação que mais vai contar, daqui a quatro anos, será a do povo, é claro! A mais influente nos cem dias é a da imprensa. E esta errou no seu ofício, na média e com as exceções de sempre, bem mais do que Lula no dele. Vamos lá.

O que é, para esse tal Reinaldo Azevedo, um bom governo? Respondo:
1 – fortalece o estado democrático e de direito, com especial atenção aos direitos humanos;
2 – busca fazer com que a democracia caiba na economia, para não descambar para o populismo, e com que a economia caiba na democracia, para dar resposta à obscena desigualdade que há no Brasil;
3 – olha também para o futuro, não se deixando consumir apenas pelas urgências da hora.

Fossem os cem dias um retrato antecipado do que serão os quatro anos, e eu não teria receio de afirmar: teremos um governo excelente. Mas vocês também sabem que não dou, assim, tanta atenção a esse negócio. No Brasil, poucas coisas mudam tanto quanto o passado, não é mesmo? Onde estão as vozes do Apocalipse que previram em novembro um déficit primário, neste ano, de R$ 260 bilhões? Hoje, projeta-se algo em torno de R$ 100 bilhões. E não que tenha havido algum formidável “fato novo”. O que se fez foi previsão errada mesmo. Porque vertida pelo fel da ideologia, do preconceito e de interesses contrariados fantasiados de apego à racionalidade.

MARCA DOS CEM DIAS
Os analistas, críticos, cronistas e opinadores fazem seus balanços. Também faço o meu. Com uma diferença em relação a alguns enfezados: exponho os meus critérios. Sei lá que diabo buscam com a tal “marca”. Li um texto, de involuntário apelo cômico, segundo o qual a de Bolsonaro foi, por exemplo, a privatização. É sério? Qual? Aquela da Eletrobras? Escrevi a respeito. “E a reforma da Previdência?” Goste-se dela ou não, foi herança do governo Temer. A ascensão do bolsonarismo atrasou a sua aprovação em quase um ano.

Esse governo apresentou uma proposta de “arcabouço fiscal” que, aprovado como está — e noto que críticos precipitados começam a se dar conta dos quilômetros de bobagens que escreveram —, entregará previsibilidade ao país, substituindo o teto de gastos, que já havia caducado há muito. Como a expectativa, e apontei isto aqui, era de que viria uma proposta vertendo keynesianismo ou desenvolvimentismo a cada vírgula — e observo que não estou demonizando tais palavras —, foi difícil fazer o cérebro abandonar o preconceito e pegar no tranco. “Onde está o corte de gasto?” De quais gastos? A imprensa tem de dizer, santo Deus! Até adolescente de Enem está obrigado a apresentar resposta para o problema que aponta. Mais: o corte que alguns querem fazer, seja qual for, passará pelo Congresso?

Se querem a uma “nova marca” em cem dias, podem me dizer por que o marco fiscal não serve? O que há de errado numa proposta que faz a despesa crescer necessariamente menos do que a receita e que, adicionalmente, mesmo que as vacas da arrecadação deem muito leite, impõe um teto para a expansão do gasto, mas também estabelece um piso para evitar o sucateamento dos aparelhos públicos em caso de dias ruins?

Anotem porque tem a sua graça: alguns medalhões do liberalismo e do conservadorismo estão sendo convocados para opinar sobre a proposta. E, ora vejam, estão gostando. Afinal, muitos deles têm lá suas convicções e ideologia, mas também têm uma biografia. A 5ª Série do Liberalismo Enfezado ficou pendurada na brocha.

Querem saber? Uma imprensa realmente responsável deveria, a esta altura, fazer a defesa do texto, tentando protegê-lo de interferências do Congresso que venham a desfigura-lo. Mas quê… A 5ª série queria fazer barulho.

1 – DEMOCRACIA, ESTADO DE DIREITO E DIREITOS HUMANOS
Um bom governo, segundo os critérios deste escriba, fortalece a democracia, o estado de direito, com ênfase especial nos direitos humanos. Estou nessa profissão há 37 anos. Numa mirada de décadas, acho verdadeiramente

assustador que, num balanço de cem dias, se dê tão pouca importância à forma como o governo enfrentou uma tentativa de golpe de Estado, com evidente infiltração nas Forças Armadas e nas Polícias — com o destaque conhecido da PM do Distrito Federal.

Poucos, ocupando a cadeira presidencial, teriam resistido à tentação de convocar as Forças Armadas para uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) — e não faltou quem aconselhasse o presidente a fazê-lo —, hipótese, então, em que o governo se tornaria, doravante, uma espécie de refém daquelas que não moveram um coturno para evitar a ocupação ilegal de áreas de segurança do Exército país afora, muito especialmente em Brasília. Lula sentiu o cheiro da desestabilização de seu governo e da tentativa de transformá-lo em boneco de mamulengo de obscuras vontades fardadas. E comandou a resistência civilista à ação golpista, em parceria com o Judiciário e com o Legislativo. Venceu os golpistas e trocou o comando do Exército. Em vez de se intimidar, fez valer a autoridade que lhe é conferia pela democracia e pela Constituição.

Observem: essa questão desapareceu dos tais “balanços”. Se, numa mirada de décadas, posso me assustar que a imprensa dê tão pouco destaque a essa questão, olhando a sua trajetória da Lava Jato para cá, bastante contaminada por correntes de pressão das redes, não há surpresa nenhuma. Ela se deixou contaminar, e não é pouco, pela confusão promovida pela extrema-direita entre crime e liberdade de expressão.

O novo governo assumiu, e fomos confrontados com o horror na Terra Yanomami. Por ação e omissão, promovia-se em Roraima o extermínio de um povo. E a indústria da morte e da destruição estava em curso em área que nem está “sub judice”. Não há pendengas de natureza legal sobre a reserva. Tratava-se apenas da expressão mais escandalosa e maligna do modo como as populações mais vulneráveis foram tratadas no governo de Jair Bolsonaro. Lula reestruturou a Esplanada também para que o governo para que indígenas, mulheres, negros, cultura, diversidade sexual e os excluídos de maneira geral tenham voz em ministérios. Lembro trecho do discurso de Silvio Almeida (Direitos Humanos) no dia da sua posse: “Por isso, permitam-me, como um primeiro ato, como ministro, dizer o óbvio, que, no entanto, foi negado nos últimos quatro anos. Trabalhadores e trabalhadoras do Brasil, vocês existem e são valiosos para nós. Mulheres do Brasil, vocês existem e são valiosas para nós. Homens e mulheres pretos e pretas do Brasil, vocês existem e são pessoas valiosas para nós. Povos indígenas deste país, vocês existem e são valiosos para nós. Pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais, travestis, intersexo e não-binárias, vocês existem e são valiosas para nós.”

Um governo que enfrentou e venceu o golpe; que interveio para pôr fim ao genocídio yanomami; que resolveu enfrentar a tara armamentista do bolsonarismo; que ousa dar voz a quem não tem, sem temer a indústria de difamação nas redes sociais, bem, meus caros, esse governo existe e é valioso para o Brasil.

2 – DEMOCRACIA E ECONOMIA
O secretário-executivo do Ministério da Economia, Gabriel Galípolo, foi criticado por muitos dia desses porque afirmou, ao defender o texto do arcabouço fiscal, que “a democracia deve caber na regra econômica”. Não vejo nada de errado na frase. Até porque, convenham, invertam-se os termos, e dá na mesma: também a regra econômica tem de caber na democracia, o que, por exemplo, não aconteceu durante o governo Bolsonaro. Jair Bolsonaro se aproveitou do seu particularíssimo entendimento com o Congresso e enfiou goela abaixo do Supremo duas PECs inconstitucionais — a dos benefícios sociais e a dos combustíveis — para tentar ganhar a eleição. O mixuruca superávit primário de Paulo Guedes custou a paralisia da máquina pública. O Orçamento que esses dois gigantes enviaram ao Congresso para 2023 previa R$ 34 milhões para o Minha Casa Minha Vida, cortava R$ 16 bilhões da Saúde e R$ 12 da Educação, reduzia Ciência e Tecnologia à miséria, entre outras delicadezas.

Sim, “a democracia tem de caber na regra econômica” porque é evidente que o atendimento às múltiplas carências do país sem olhar para as contas produz o efeito contrário ao pretendido. Mas isso não implica, por si, menos democracia. Também supõe que mudem regras, métricas, procedimentos, alocação de recursos. Não é isso o que propõe o novo arcabouço fiscal?

Pergunto: o então apenas presidente eleito não estava fazendo a “economia caber na democracia” quando propôs a PEC da Transição, numa articulação muito bem-sucedida com o Congresso, recebendo a crítica unânime da imprensa — que abrigou opiniões divergentes, mas sempre minoritárias —, o que classifico de mais um erro histórico?

Erro da imprensa, não do petista, que fique claro!

Nesses cem dias, não se está fazendo “a economia caber na democracia” — com evidente acento social — quando se refundam (esse é o verbo correto) o Minha Casa Minha Vida, o Bolsa Família, o Mais Médicos, o Programa de Aquisição de Alimentos? Acho absurda, escandalosa mesmo, a avaliação de que tais programas são velharias, mera reciclagem de antiguidades, um verdadeiro museu de novidades. Tal opinião desperta em mim o que chamo de “fascínio às avessas”, que é a estupefação. Quantos milhões de pessoas são atendidas eles? Qual foi o custo social da sua desestruturação (Bolsa Família), destruição (Minha Casa Minha Vida) ou abandono (Mais Médicos)? São programas com cheiro. De povo.

Naquela minha mirada de 37 anos de profissão, é surpreendente que a tese da velharia seja quase um consenso na grande imprensa. Olhando a trajetória dos anos recentes, infelizmente, nada há de surpreendente. Entendo que esses programas não devem ser nem velhos nem novos, mas permanentes. Parte da destruição do atendimento aos vulneráveis ajudou a fazer aquele superávit primário pilantra e mixuruca que tanto orgulho deu a Paulo Guedes.

Um governo que buscou, antes mesmo de tomar posse, fazer com que a democracia coubesse na economia, e a economia, na democracia é valioso para o Brasil.

3 – O FUTURO, ALÉM DA URGÊNCIA DA HORA
O presidente já conversou com 27 chefes de Estado em três meses, embarca amanhã para a China e vai participar da reunião do G7, o que já aconteceu entre 2004 e 2009, em dois primeiros mandatos. O Brasil volta a ser um ator importante no cenário mundial. Como esquecer o vácuo que se abriu em torno de Bolsonaro quando foi à reunião do G20, na Itália, em 2021. Transcrevo trecho da reportagem de Jamil Chade, neste UOL:
“Cada um deles [chefes de estado], ao entrar no local e antes da cúpula oficial começar, encontrava rapidamente um velho amigo, um aliado ou um parceiro comercial. Quando o brasileiro chegou, não teve opção: cruzou o salão e foi diretamente para uma mesa onde garçons serviam um café. Nesse trajeto, não foi cumprimentado por ninguém, não parou para apertos de mão. Com um dos garçons, puxou conversa: “Todo mundo italiano aí?”. Sem graça, o senhor que servia apenas fez um gesto positivo com a cabeça. Bolsonaro não desistia e falou de suas origens italianas. Mas não conseguia atrair a atenção dos garçons. Começou então a fazer uma piada com a final entre Brasil e Itália, na Copa de 1970. Ninguém entendeu.”

Lula continua a ser uma sensação no mundo, gostem ou não do que diz. De certo modo, Bolsonaro colaborou porque a vitória sobre a arruaça qualificou ainda mais o currículo do petista.

Há mais: a questão ambiental volta a ser prioridade. Nos cem dias, é um acerto e tanto. Tudo indica que isso servirá, vamos ver, para atrair investimentos que vão gerar emprego e renda. O país sai da condição de pária e volta a ser um dos principais interlocutores na questão da emergência climática. Não se trata apenas de coibir o desmatamento — e esse “apenas” quer dizer que não se resume a isso: o meio ambiente também é uma oportunidade de negócio e um compromisso com um novo desenvolvimento. “Ah, ainda não aconteceu…” Mas são cem dias apenas, certo?

ERROS
“Ah, então não há erros nesses cem dias, Reinaldo?” Aqui e ali, percebi mais erros de condução do que de fundamento. Eu definitivamente, não considero que Roberto Campos Neto é dotado da infalibilidade papal, por exemplo. Ou que a paridade de preços dos combustíveis aplicada pela Petrobras seja cláusula pétrea. Ou que se trata de um pecado mortal discutir taxa de juros mais baixas do BNDES — depende da atividade, não é? É ou não um banco de fomento? Trecho da Lei das Estatais tem de ser mesmo mudado porque inconstitucional. As críticas aos decretos sobre o marco do saneamento são mera escandalização do nada. Voltarei a esses pontos, marcados por crispação exagerada no noticiário, em outro texto. Este já vai longe.

Com todas as vênias aos que pensam de modo diferente, insisto: fossem os cem dias um prenúncio dos quatro anos, Lula se reelegeria ou elegeria alguém com os pés nas costas, seja por aquilo que já fez — e que terá desdobramentos — seja por aquilo que já encetou e que terá consequências. A imprensa, na média, errou e erra bastante:
– erra quando ignora, em seu balanço, a vitória sobre o golpe e suas consequências;
– erra quando ignora que o arcabouço fiscal já é marca dos cem dias;
– erra quando ignora a retomada da política de direitos humanos e de proteção aos vulneráveis;
– erra quando ignora que a reestruturação de programas sociais dá a necessária dimensão social à democracia;
– erra quando ignora a reinserção do Brasil no mundo.

Errou quando atacou a PEC da Transição e erra absurdamente quando busca estabelecer falsas simetrias entre petismo e bolsonarismo. Mas também isso é matéria para outro texto.

Afinal, essa imprensa, com todas as suas diferenças, quer o quê?, gosta de quê?, dá importância a quê?

Já disse o quero, do que gosto e a que dou importância.

*Uol

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Eduardo Bolsonaro fez visita oficial a Bahrein em 2022 sem prestar contas

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) realizou uma viagem oficial para Bahrain, país do Oriente Médio, entre 29 e 31 de março de 2022, sem realizar a prestação de contas em sua página na Câmara dos Deputados, segundo o Uol.

  • Eduardo fez uma visita oficial de “poucas horas” ao país. Segundo telegramas obtidos pela agência Fiquem Sabendo e divulgado pelo Metrópoles, a viagem foi classificada como “urgentíssima” pelo então diplomata Alberto Luiz Pinto Coelho Fonseca da da embaixada brasileira em Manama, capital do país;
  • A viagem foi autorizada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Em um dos documentos, Fonseca afirma que Eduardo entrou em contato por Whatsapp para avisar que chegaria à capital na tarde do dia 29 e permaneceria “apenas por algumas horas”;
  • Eduardo Bolsonaro não justificou o motivo da viagem ao retornar. Nenhum documento foi apresentado à Câmara.

Eduardo retornou ao Brasil na madrugada do dia 30. Segundo Fonseca, ele teria “compromissos agendados logo ao chegar”.

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Em evento dos 100 dias, Lula ataca juros altos do BC: “Estão brincando com o país”

Lula voltou a criticar taxa básica de juros mantida pelo Banco Central em cerimônia de balanço dos 100 dias de governo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), corretamente, usou seu discurso em cerimônia que marcou os primeiros 100 dias de governo para atacar a taxa alta  de juros da economia, mantida pelo Banco Central em 13,75% desde agosto do ano passado.

Para Lula e para, a taxa alta freia o crescimento da economia, dificultando o acesso ao crédito. Campos Neto foi nomeado por Bolsonaro e tem mandato até o ano que vem, como previsto na lei que deu ao BC independência em relação ao governo.

O que verdadeiramente importa para Lula é o bem-estar do povo que o apoia nas críticas aos juros altos do Banco Central, já que para 80% da população, Lula está agindo bem ao pressionar o Banco Central a baixar a taxa básica de juros, a Selic, mostra uma pesquisa Datafolha divulgada na noite de domingo (02/04).

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Com menos de 100 dias de governo, Lula engordou reservas internacionais em US$ 21,972 bilhões,; Bolsonaro torrou R$ 65,8 bilhões.

Aumento das reservas aconteceu após o governo Jair Bolsonaro (PL) torrar US$ 65,807 bilhões ao longo dos quatros de mandato.

Dados do Banco Central apontam que o Brasil engordou as reservas internacionais em US$ 21,972 bilhões em 96 dias de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), diz o 247.

Segundo o jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo, “o Brasil fechou 2022 com US$ 324,7 bilhões em reservas internacionais. Foi o último dado do governo Bolsonaro. Quando assumiu, em 2019, o capitão encontrou as reservas em US$ 390,5 bilhões. Ou seja, em quatro anos torrou US$ 65,807 bilhões”.

Quando Lula assumiu o primeiro mandato, em 2003, as reservas internacionais brasileiras somavam US$ 16,3 bilhões. Oito anos depois, após o término do segundo mandato, o volume era de U$ 288,6 bilhões.

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Para atacar Lula, Estadão se despe de qualquer escrúpulo

Ninguém espera nada do jornalão de Fernão Mesquita, o que se pode ver é que não existe desinfetante possível para lidar com essa bactéria que espuma ódio e escorre sangue pelas mãos.

Ninguém espera nada de um sujeito que apoia a eleição de um presidente que foi responsável por grande parte das 700 mil mortes de brasileiros por covid, além de estar envolvido em escândalos dos mais graves crimes da história da República, tendo como coadjuvante o maior clã familiar que, certamente, forma a maior facção criminosa da história desse país no comando da nação.

Ou seja, o jornal Estado de S. Paulo, contem, em suas linhas, o próprio DNA do bolsonarismo. É só observar as falas decrépitas de Mesquita na Jovem Pan, quando se referia a Lula e a Bolsonaro.

Mas o caso agora virou ódio em estado puro. Se é Lula, para Mesquita, é ódio e mais ódio, não importa mais nada, o Estadão dará sempre um tom de quem vive uma perturbação possessa que só encontra prazer em destilar veneno contra o presidente que teve a maior aprovação da história do Brasil, 87% de bom e ótimo quando deixou o governo.

Então, quando o Estadão não tem condição de fazer um debate sobre Lula, parte para os rótulos, para ser mais preciso, parte para a baixaria de classificar ou julgar os 100 primeiros dias do governo Lula da forma mais vil como um arroto que não esconde a bílis de um perdedor, utilizando uma imagem de Lula que o caracterize de forma caricatural com os seguintes dizeres em editorial:

“Um governo envelhecido em 100 dias. Os sinais de decrepitude precoce estão em toda parte, mas sobretudo na aparente incapacidade do presidente de dar um rumo à incipiente administração”

O que diz o editorial com o timbre bolsonarista parecendo ser escrito por Carluxo? Nada. Não existe uma palavra que não vomite a mais pura baba de ódio medieval que já está associada à imagem do jornalão.

Aliás, de instrumentos familiares, o Estadão entende tanto quanto o clã Bolsonaro.

Portanto, ao contrário do que o jornal propõe em sua inenarrável tristeza, é que, no geral, o governo Lula e sua sincronização com as demandas do povo, estão par e passo com a sociedade e, logicamente, quem escuta as demandas do povo, essencialmente, transforma-se em inimigo de um jornal eminentemente escravocrata de instrumentalização do que existe de pior na oligarquia brasileira, e a brutalidade de suas linhas, na tentativa de forçar Lula a botar uma venda nos olhos para não ver o sofrimento do povo, que sentiu pesadamente as mãos de Bolsonaro, dá a exata noção do selo de jornal mais repulsivo do país.

Só há uma coisa pior que o jornalão de Fernão Lara Mesquita, que é seu twitter pessoal.

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Ministério dos Direitos Humanos encontra bunker de Damares Alves

Funcionários do ministério do governo Lula se depararam com um bunker no andar do gabinete de Damares; sala tinha isolamento e cofre.

De acordo com o Metrópoles, os funcionários do Ministério dos Direitos Humanos do governo Lula se depararam com um bunker a poucos metros do gabinete que era ocupado até 2022 por Damares Alves. A sala tem fechadura eletrônica, isolamento acústico, paredes reforçadas e até um cofre para armas.

A reforma no aposento custou R$ 17 mil. Foi um pedido do policial rodoviário federal Marco Aurélio Baierle, que fazia a segurança de Damares Alves, então ministra e hoje senadora. Baierle enviou o documento em 28 de abril de 2021 com urgência ao chefe de gabinete de Damares.

O policial cobrou sete condições para a nova sala. Entre elas, isolamento acústico; fechadura digital biométrica; saída de ar-condicionado independente; cofre para guardar armas e documentos; e fragmentadora de papel. A obra foi aprovada no mês seguinte, mas levou nove meses para ser concluída.

Nesse meio tempo, o policial rodoviário federal fez mais um pedido: ressaltou que o isolamento acústico deveria impedir que sons dentro da sala fossem escutados fora dela. O parâmetro cobrado foi o “nível da fala”.

Em fevereiro de 2022, Baierle assinou um documento atestando ter recebido a sala reformada como havia requisitado. Mas depois reclamou do isolamento sonoro. “Informamos que os sons externos estão audíveis no interior da sala, o que não atende ao solicitado.” O setor de Logística bateu o pé e disse que o serviço foi feito dentro das capacidades do ministério e do que havia sido pedido.

Os documentos foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação.

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