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Moro pode hackear a presidência da República, mas Delgatti hackear a República de Curitiba, é crime

Por mais que a unidade corporativista do judiciário seja uma cosa nostra tropical, fica difícil explicar questões latentes na vida nacional.

Sergio Moro, de forma criminosa, hackeou o telefone da presidenta Dilma, editando a gravação de sua conversa com Lula para, de maneira ainda mais criminosa, repassá-la à Rede Globo de Televisão para ser exibida no Jornal Nacional.

Ou seja, a ação do então juiz da 13ª Vara de Curitiba foi 100% delinquente, fora da lei e criminosa, no entanto, Moro seguiu cumprindo à risca sua obstinada caça a Lula, com sua vigarista Lava Jato, sem ser incomodado, mantendo-se impune e intocável.

Não falamos teoricamente do bandido, mas do juiz nessa lógica civilizatória, porém o juiz agiu como tal, sem que um único procurador lhe incomodasse, menos ainda o judiciário.

Teori Zavaski deu, no máximo, um pito em Moro e, lógico, o juiz mau-caráter pediu escusas e tudo voltou a zero a zero, mas ajudou os golpistas a derrubarem a presidenta Dilma.

Vamos colocar um lente nesse episódio que foi desnatado pela mídia para parecer que o crime de Moro, na verdade, foi um ato heroico, assim como a condenação e prisão de Lula, sem nunca apresentar um cisco de prova de seus crimes.

Imagina se fosse Lula e não Moro e Dallagnol que quisesse surrupiar R$ 2,5 bilhões da Petrobrás para a criação de uma suposta fundação privada em que os próprios lavajatistas administrariam em nome, claro, do combate à corrupção.

Se não fosse a então PGR Raquel Dodge e o ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, que tiraram deles o pão da boca, os gatunos de Curitiba teriam abocanhado a grana pública bilionária que não se sabe aquilatar.

Mas eles jamais responderam criminalmente pela tentativa de uma espécie de trem pagador do século XXI.

É difícil entender por que Delgatti, por ter hackeado os hackeadores de Dilma, foi condenado a 20 anos de prisão, enquanto os demais seguem arrotando combate à corrupção e outras comédias mais.

Obs. aqui não se teve a intenção, para não abrir demais o leque, falar do que foi revelado na trama macabra entre o juiz Sergio Moro e seu ajudante de ordens, chefe da Força-tarefa, Deltan Dallagnol.

O que se pode dizer, sem medo de errar, é que há uma podridão institucional nesse país de igual monta entre Bolsonaro e seus generais e Moro e seus juízes.

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Por Carlos Henrique Machado

Compositor, bandolinista e pesquisador da música brasileira

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