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Exército já avalia locais para prisão de Bolsonaro, priorizando unidades militares

Preocupações com aglomerações de apoiadores e segurança das Forças Armadas marcam as discussões.

As discussões entre oficiais do Exército já começaram a se concentrar sobre onde o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) poderá cumprir pena, caso seja condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por sua suposta tentativa de golpe de Estado. Um dos principais pontos de preocupação é a possibilidade de manifestações em frente à unidade militar onde Bolsonaro poderá ser alojado, considerando a grande mobilização de seus seguidores.

Embora ainda exista um receio de que o julgamento sobre a tentativa de golpe avance apenas em 2026, os militares estão se preparando para possíveis cenários. O STF tem uma expectativa de que a análise dos 34 denunciados ocorra até o final deste ano, mas a quantidade de réus torna essa previsão incerta. A intenção dos oficiais é que haja uma organização prévia, caso a situação se torne crítica.

A principal preocupação gira em torno de Jair Bolsonaro, que, devido ao seu passado como chefe de Estado e ex-integrante das Forças Armadas, poderá cumprir pena em uma unidade militar. Ele foi acusado pela Procuradoria-Geral da República de liderar uma organização criminosa voltada para um golpe de Estado, o que ele nega veementemente. Em contrapartida, o ex-presidente poderia ser encaminhado a uma unidade da Polícia Federal, similar ao que ocorreu com Luiz Inácio Lula da Silva, que ficou preso em uma sala especial por 580 dias em Curitiba.

Prisão de Braga Netto e usada como parâmetro

Contudo, a hipótese mais provável é que Bolsonaro cumpra pena em uma unidade militar. As instalações que ele ocuparia seriam equivalentes às que estão sendo utilizadas por Braga Netto, também denunciado, no quartel da 1ª Divisão do Exército, localizado na Vila Militar do Rio de Janeiro. Esse espaço é equipado com armário, frigobar, televisão, ar-condicionado e banheiro privativo.

Entre os locais considerados, um espaço no Comando Militar do Planalto, em Brasília, é uma das opções analisadas. No entanto, nenhum passo concreto foi dado até o momento, e essas discussões ainda estão em fase preliminar. Embora o Código Penal Militar preveja a criação de espaços especiais para ex-presidentes, é necessário considerar que isso também pode gerar um fluxo de apoiadores, lembrando as aglomerações que ocorreram durante o acampamento de manifestantes em frente a quartéis durante as eleições passadas.

A possibilidade de tumultos e a pressão de seguidores de Bolsonaro para que se posicionem em favor dele são preocupações reais para os militares, que desejam evitar novas tensões nas Forças Armadas. Durante a prisão de Lula, por exemplo, manifestantes se aglomeraram em frente à sede da Polícia Federal em Curitiba, criando um clima tenso. No caso de Bolsonaro, o temor é de que a situação se repita, gerando novos desafios para as instituições militares, segundo a Folha de S, Paulo.

Por Celeste Silveira

Produtora cultural

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