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Movimento da Ford vai se alastrar: outras multinacionais vão abandonar o Brasil

A análise é do economista e professor da USP Paulo Feldmann. Para ele, Bolsonaro compra briga com as empresas e isso ‘não vai acabar bem’.

A decisão da Ford de encerrar a produção de veículos no Brasil, que monopolizou o noticiário econômico entre a segunda-feira 11 e esta terça-feira 12, pode ser apenas um capítulo da fuga de multinacionais do Brasil. O ambiente de negócios do País, avalia o economista e professor da USP Paulo Feldmann, se tornou nocivo pois tem à frente um governo que empreende uma ofensiva contra essas empresas.

“Os países têm de demonstrar que a economia está indo bem e que, assim que a pandemia passar, o consumo vai voltar”, destaca o especialista em entrevista a CartaCapital. “Isso não é o que acontece no Brasil.”

Nesta terça, o presidente Jair Bolsonaro atacou a Ford, dizendo que faltou à empresa “dizer a verdade, eles querem subsídios”.

“É mais uma afirmação idiota que coloca contra o Brasil as empresas multinacionais. É claro que, para virem para o Brasil, essas empresas precisam de incentivo”, acrescenta Feldmann. “Com todas as dificuldades do Brasil, se não oferecermos incentivos, elas não vêm mesmo”.

Ao anunciar a decisão de encerrar a produção no Brasil, a Ford afirmou, em nota assinada pelo CEO Jim Farley, que a decisão é difícil, mas necessária “para a criação de um negócio saudável e sustentável”.

Estamos mudando para um modelo de negócios ágil e enxuto ao encerrar a produção no Brasil, atendendo nossos consumidores com alguns dos produtos mais empolgantes do nosso portfólio global”, completou.

A produção nas fábricas de Camaçari, na Bahia, e Taubaté, em São Paulo, será interrompida imediatamente. No último trimestre, será fechada a planta da Troller, em Horizonte, no Ceará.

Serão mantidos somente o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, e o Campo de Provas, em São Paulo.

CartaCapital: O governo federal diz ter sido pego de surpresa pela decisão da Ford. É razoável?

Paulo Feldmann: Não. Primeiro, porque tinha fechado a fábrica [de São Bernardo do Campo, no ABC paulista] em 2019. Era um sintoma de que alguma coisa não estava indo bem. Não tem como dizer que é surpresa. Surpresa seria a GM fechar uma fábrica, porque não fechou nenhuma até agora no Brasil. Mas a Ford já tinha fechado.

No mundo inteiro, há um movimento forte de debandada das montadoras em países onde elas, no passado, foram em busca de mão de obra barata. A mão de obra barata está deixando de ser um fator importante, porque as montadoras são grandes usuárias de robôs. E o uso de robôs estava crescendo muito até 2019. Naquele ano, foram vendidos mais de um milhão de robôs, um recorde. Muito maior que em 2018. Porque os preços baratearam muito.

Temos de ter consciência de que isso vai acontecer com outras montadoras no Brasil. Infelizmente, essa é uma tendência inevitável. Não é só o uso de robôs, mas o uso de tecnologias em geral que poupam mão de obra.

As multinacionais vão embora e vão deixar as impressoras para eventual fabricação de alguns produtos mais simples, menores. É um problema sério, principalmente para os países que cresceram com base na mão de obra barata. Foi, em parte, o caso do Brasil.

CC: Bolsonaro diz que o País está quebrado e não apresenta um plano pós-pandemia. Isso contribui para a decisão da Ford?

PF: Com certeza. Uma outra coisa muito importante para essas empresas: os países têm de demonstrar que a economia está indo bem e que, assim que a pandemia passar, o consumo vai voltar. Não é o que acontece no Brasil. O ano de 2021 vai ser muito difícil. Deve haver uma queda considerável no consumo, desemprego muito alto, ausência do auxílio emergencial que salvou o Brasil em 2020… O Brasil vai ter uma grande queda no PIB.

Uma empresa como a Ford está lá na matriz, nos Estados Unidos, olhando o mapa do mundo e indicando as alternativas que tem para fabricar fora do país. Olha para o mapa e vê onde fabricar. Quando vê o Brasil, vê uma perspectiva econômica ruim para este ano, inclusive com volta de inflação. Todo o rombo fiscal monstruoso, o segundo maior do mundo, inflação voltando, desemprego altíssimo.

CC: Não deve ser uma decisão isolada?

PF: Esse movimento deve se alastrar: outras multinacionais vão abandonar o Brasil. Mas tem um outro fato muito importante: essas empresas olham muito para o ambiente de negócios nos países. Quando uma multinacional olha para o ambiente de negócios pavoroso que temos, comparado até com os vizinhos latino-americanos, pensa: ‘poxa, por que eu tenho que ficar no Brasil?’. Resumindo: tudo isso reflete no Custo Brasil. Fabricar no Brasil sai caro, por causa desse ambiente de negócios ruim que o Brasil tem.

Não podemos culpar apenas o governo Bolsonaro: o custo do transporte no Brasil é muito alto há muitos anos, a carga tributária também tem aumentado nos últimos anos, mas é um problema sério do Brasil há pelo menos 20 anos. Essas coisas preocupam os dirigentes das multinacionais. O Brasil tem de estar muito preocupado com isso. Teríamos que fazer um plano resolver isso tudo. Mas não tem plano.

CC: E o ministro Paulo Guedes?

PF: A única coisa que o Paulo Guedes sabe falar é das “reformas”. “Ah, a reforma administrativa é fundamental”. Por que ela é fundamental? A reforma tributária seria importante se ela aliviasse um pouco a carga tributária das empresas. A tributação no Brasil onera as pessoas jurídicas e as pessoas físicas mais pobres. O muito rico não paga imposto de renda.

CC: Segundo Bolsonaro, “faltou à Ford dizer a verdade: eles querem subsídios”…

PF: Sobre esses incentivos, tem de se calcular o que vem em troca. No caso da [fábrica da] Ford na Bahia [na cidade da Camaçari], veio emprego, muito emprego. Esses empregos foram ótimos. Isso acontece no mundo inteiro e é fundamental.

Essa afirmação do Bolsonaro é mais uma afirmação idiota, que coloca contra o Brasil as multinacionais. É claro que as multinacionais, para virem ao Brasil, precisam de incentivo. Com todas as dificuldades do Brasil, se não oferecermos incentivos, elas não vêm mesmo. Então, é uma afirmação muito inconveniente. Se você juntar isso às idiotices ditas contra a Pfizer, no caso da vacina, essas brigas deterioram muito rapidamente a

a imagem do Brasil lá fora. Para não falar do problema que o governo está tendo com a Huawei, a chinesa de tecnologia 5G.

Isso não vai acabar bem, porque pode provocar uma reação forte. O Bolsonaro deveria moderar as palavras quando se refere às multinacionais.

*Com informações da Carta Capital

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Disputa pelo comando no Congresso aumenta pressão por volta de Auxílio Emergencial

Retomada do pagamento do auxílio emergencial entra na agenda dos candidatos à presidência da Câmara; avaliação no Ministério da Economia é que, se o benefício voltar a ser pago, governo só tem caixa para um valor abaixo de R$ 300.

BRASÍLIA – Uma nova rodada do auxílio emergencial tornou-se um dos temas centrais na disputa pelo comando do Congresso Nacional. Na Câmara, os dois principais candidatos já se posicionaram a favor de discutir a retomada dos pagamentos. Com mais de 200 mil vítimas fatais da covid-19 no País, a pressão é crescente entre os parlamentares e já entrou no radar do Ministério da Economia. Segundo apurou o Estadão, a equipe econômica avalia que o benefício precisará ficar abaixo dos R$ 300 pagos entre setembro de dezembro do ano passado, caso haja necessidade de renová-lo.

O próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, já admitiu publicamente a possibilidade de renovação do benefício em caso de recrudescimento da covid-19, mas nenhum movimento foi feito até agora, apesar de o Brasil ter registrado recordes diários de novos casos da doença nas últimas semanas. Na última quinta, 7, foram anunciados mais de 87 mil infectados em 24 horas, um número sem precedentes desde o início da pandemia.

A avaliação da equipe econômica sobre prorrogar o auxílio não mudou, segundo apurou o Estadão, mas sinalizações do Ministério da Saúde sobre a situação da pandemia e do próprio presidente Jair Bolsonaro são apontadas como necessárias antes de qualquer decisão. Desde já, o diagnóstico é que um benefício de R$ 300 ou mais é financeiramente insustentável. No ano passado, o País se endividou significativamente para destinar R$ 322 bilhões ao pagamento do auxílio emergencial.

No entanto, a área econômica também pondera que a própria população já retomou as atividades e “não tem mais paciência de ficar em casa”. Por isso, se a doença continuar recrudescendo, o governo vai avaliar a concessão – nesse cenário, seria preciso decretar calamidade pública novamente. Do contrário, não haverá nova rodada de benefício. Será preciso observar, disse uma fonte ouvida pela reportagem.

O Congresso tem se adiantado no debate. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) começou a coletar assinaturas de apoio a um requerimento de convocação extraordinária do Congresso em janeiro para votar um novo decreto de calamidade, a retomada do auxílio emergencial e a universalização de uma vacina contra covid-19. O senador Renan Calheiros (MDB-AL) defendeu numa rede social o cancelamento do recesso para a votação de temas importantes, como o auxílio à população mais vulnerável.

A discussão sobre medidas de auxílio aos mais carentes em meio ao recrudescimento da pandemia também entrou no foco dos principais candidatos à presidência da Câmara dos Deputados. Na quarta-feira, 6, ao lançar oficialmente sua campanha, o deputado Baleia Rossi (MDB-SP) defendeu aumentar o Bolsa Família ou instituir uma nova rodada do auxílio emergencial. “Ano passado parecia que íamos virar o ano e a pandemia ia acabar. Essa não é a realidade. Hoje temos milhões de brasileiros que vão deixar de receber o auxílio e voltar a ter dificuldade do mais básico, que é ter alimento na sua mesa”, afirmou Baleia. Nesta sexta, 8, o deputado voltou ao tema, defendendo conciliar o debate com a responsabilidade fiscal.

Principal adversário do emedebista na corrida pelo comando da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL) também aderiu à defesa do fortalecimento de políticas sociais. Em seu perfil no Twitter, o candidato pregou uma reorganização dos programas de renda mínima, “mas sem abrir mão da austeridade fiscal e do teto de gastos”, em referência à regra que limita o avanço das despesas à inflação e é considerada pela equipe econômica uma superâncora da credibilidade no País. “A demagogia fiscal sempre custa caro para o País e em especial para os mais pobres”, escreveu Lira.

O governo tenta esperar o resultado da disputa para decidir sobre a prorrogação do auxílio, na expectativa de que seu candidato (Lira) saia vitorioso.
Mais pressões

Além do crescimento no número de casos da doença e de o País ter ultrapassado a marca de 200 mil mortes decorrentes da covid-19, decisões recentes de prefeitos e até da Justiça reforçam a pressão diante do agravamento na situação. Em 30 de dezembro, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liminar mantendo em vigor trechos de uma lei que expiraria no fim de 2020 para assegurar a continuidade de medidas de combate à covid-19, autorizando a determinação de ações de isolamento, quarentena e adoção de restrições.

A decisão do STF foi vista dentro da área econômica como um reconhecimento da gravidade da situação e de que medidas de combate à pandemia continuam sendo necessárias. O temor é que isso seja uma prévia de pedidos por uma nova decretação de calamidade ou mais uma rodada de auxílio emergencial fora das capacidades fiscais do governo.

O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), já anunciou que a capital mineira vai ampliar as medidas de isolamento a partir da próxima segunda-feira, 11, após a cidade ter chegado “ao limite da covid-19”, o que também evidenciou que o Brasil está longe de qualquer normalidade. O secretário municipal de Planejamento, André Reis, disse que a União deu uma ajuda importante às famílias e às empresas, receita que poderia ser repetida no primeiro trimestre de 2021, até o País vacinar idosos e equipes de saúde.

“Não estamos fechando por gosto. A prefeitura é dependente da equipe econômica”, afirmou. “Merecia uma reflexão da União sobre que tipo de apoio ela poderia dar. Já que a vacinação está começando no fim de janeiro, coloca o benefício até fim de fevereiro ou início de março, até vacinar os idosos e ter algum alívio nos leitos hospitalares”, defendeu Reis. Segundo ele, assim que os dois grupos (idosos e profissionais de saúde) forem vacinados, haverá condições de voltar com a economia “próxima da normalidade”.

O governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), disse que o governo federal não deveria se furtar do debate sobre prorrogar o auxílio emergencial e ser transparente sobre as limitações financeiras. Por outro lado, ele reconheceu que é preciso auxiliar a população mais carente. “Certamente, com o nível do desemprego e a redução da atividade econômica que o País viveu, e se a pandemia for se prolongar, é importante que haja uma solução para a população mais pobre. Qual será a solução, o mais capaz de apresentar é o governo federal”, afirmou.

Renan Filho disse que o Estado adotará algumas iniciativas próprias e começará em fevereiro a pagar um auxílio às famílias registradas no Cadastro Único e que têm crianças até 5 anos. Essas famílias integram o Programa Criança Alagoana (Cria) e passarão a receber um auxílio de R$ 100 a R$ 120 mensais, de forma permanente. A expectativa é contemplar 200 mil famílias, com custo anual de R$ 200 milhões.

O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), também avalia que é preciso decretar calamidade novamente e garantir o pagamento de auxílios à população mais vulnerável. “Aquilo que caracterizou a necessidade de uma rede de proteção se mantém. O coronavírus continua solto no mundo”, afirmou.

 

*Com informações do Estadão

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Economia

Preço dos alimentos dispara e pressão é a maior desde o fim da hiperinflação do real

Pesquisa do Ibre FGV mostra que alta de custos se espalha e terá novos efeitos para consumidor.

Os preços de insumos que servem de base para a cadeia produtiva brasileira registram a maior alta desde o início do Plano Real. A pressão desse aumento é tal que está espalhando a inflação, antes concentrada no produtor, por vários setores da economia, chegando ao consumidor de forma cada vez mais intensa.

De acordo com levantamento feito pelo economista André Braz, do Ibre FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), o preço das matérias-primas brutas, como soja, milho, carnes e minério de ferro, acumula alta de 68% nos 12 meses encerrados em outubro, aumento inédito desde o fim do período de hiperinflação.

Entre os motivos dessa alta estão a desvalorização cambial e o aumento do preço desses itens em dólar, no mercado externo. Pesam ainda o desabastecimento de alguns produtos por causa do aumento das exportações e do rápido aquecimento da demanda, após a paralisação de diversas cadeias produtivas por causa da pandemia.

Nem todo esse aumento já chegou ao consumidor, apesar de ser possível identificar reajustes elevados nos preços de muitos alimentos e bens industriais, como eletrodomésticos e eletrônicos.

Os alimentos, por exemplo, acumulam alta no IPA (índice de preços no atacado da FGV) de 25%, sendo que metade desse aumento já bateu no IPC (índice de preços ao consumidor da FGV). O arroz, produto cuja alta provocou até reação por parte do governo, subiu quase 120% no atacado e 62% no varejo, o que mostra o risco de continuidade desses repasses.

“Existe uma gordura, e o consumidor ainda pode verificar aumento no preço desses produtos”, afirma André Braz, coordenador do núcleo de preços ao consumidor do Ibre.

Ele diz que o “espalhamento da inflação” tem se ampliado e que os repasses tendem a ganhar força na medida em que a economia volta a crescer, alguns serviços são liberados, o isolamento social é flexibilizado e a rotina de consumo das famílias volta ao normal.

“É impossível para a cadeia produtiva reter por muito tempo aumentos dessa magnitude, ainda mais quando ela não tem um horizonte tão transparente de que essas pressões vão ceder no curto prazo”, afirma.

Braz projeta que o IPCA (índice de preços ao consumidor do IBGE, que serve como meta para a inflação) deva fechar 2020 em 4,17%, acima da meta de 4%, mas abaixo do limite de tolerância. O teto fixado pelo Banco Central está em 5,5%.

A inflação vai continuar a subir até maio do próximo ano, quando deve ficar acima de 6% em 12 meses. Depois cairia, para fechar o ano entre 3,55% e 4,5%, a depender de alguns fatores: a estabilidade ou valorização do real, o fim do ciclo de alta de preços de commodities no exterior e o fim do desequilíbrio entre oferta de demanda, que colocariam a inflação no patamar inferior desse intervalo, abaixo da meta de 2021, de 3,75%, com limite de 5,25%.

“Primeiro, precisa de uma estabilidade maior da taxa de câmbio, o que a gente só vai conquistar tendo um cenário fiscal mais claro. Ainda que a gente tenha uma valorização do real nos próximos meses, se o preço dessas commodities seguir avançando lá fora, como tudo indica, esses impactos ao produto vão continuar”, afirma o economista.

Segundo o levantamento feito pelo economista do Ibre, a inflação ao produtor já se espalhou por todo o segmento de bens —não duráveis (como alimentos), semiduráveis (vestuário) e duráveis (eletrodomésticos, por exemplo).

O índice geral de preços, porém, ainda é contido pelos preços dos serviços, setor que mais sofreu com a crise atual, e tarifas e outros preços administrados, que tiveram alguns reajustes adiados para 2021.

“A inflação, que antes estava muito continua em bens não duráveis, que são os alimentos, se espalhou. Agora contamina duráveis e semiduráveis. E não deve demorar deve começar a aparecer alguma coisa em serviços, mas aí vai depender do bom andamento da pandemia”, diz Braz.

 

*Com informações da Folha

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Valor Econômico: PIB per capita deve levar dez anos para voltar ao nível do governo Dilma em 2013

Renda por habitante do país deverá terminar o ano em R$ 33,3 mil, a mais baixa desde 2009

A forte recessão deste ano deve reduzir o PIB per capita brasileiro de tal forma que uma recuperação ao nível de 2019, antes da pandemia, deve ocorrer apenas em 2023. Para voltar ao mesmo patamar de 2013, o melhor ano desse indicador, será necessário mais uma década, de acordo com cálculo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).

 

*Com informações do Valor Econômico

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No Brasil, pandemia traz mais riqueza para os ricos e mais pobreza para os pobres

A desigualdade de renda aumentou nas metrópoles brasileiras durante a pandemia. Todos os segmentos, dos mais pobres aos mais ricos, viram seus rendimentos caírem. Os pobres, porém, sentiram mais a queda nos ganhos.

Os dados integram o primeiro boletim “Desigualdade nas Metrópoles”, que compara dados do segundo trimestre de 2020 com o mesmo período do ano passado, antes da pandemia. O fechamento das atividades econômicas para evitar a proliferação da Covid-19 ocorreu especialmente no período estudado.

O boletim considera a renda individual por média domiciliar e não inclui no cálculo as rendas vindas do auxílio emergencial e outras fontes, como Bolsa Família. Por isso, dá a dimensão do impacto da pandemia na renda cuja fonte é exclusivamente o trabalho.

O estudo é de pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Observatório das Metrópoles e Observatório da Dívida Social na América Latina (RedODSAL)

“Vemos o efeito da renda do trabalho”, diz Marcelo Gomes Ribeiro, pesquisador do Observatório das Metrópoles e do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da UFRJ.

Ribeiro explica que, quando uma única pessoa perde o emprego, é preciso considerar que toda a família é afetada, pois há redução na renda per capita de todo o domicílio.

Como o estudo se estende pelo período da pandemia, os pesquisadores também captaram os efeitos do programa que permitiu cortes de jornadas e salários. Nesse contexto, mesmo quem manteve o emprego pode ter perdido renda, afetando os ganhos da família.

“Com a perspectiva de manter trabalhadores na ativa sem fechar os postos de trabalho, tivemos políticas de redução de renda. Assim, além daqueles que perderam o emprego, tivemos aqueles que mantiveram suas vagas, mas tiveram a renda diminuída”, afirma Ribeiro.

O boletim tem como base os dados sobre renda da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE, referentes aos segundos trimestres de 2020 e 2019.

Os números mostram que, na média das 22 regiões metropolitanas, os 40% mais pobres perderam 32,1% da renda, os 50% intermediários perderam 5,6% e os 10% mais ricos perderam 3,2%.

Apesar da renda do topo da pirâmide ter caído na média geral, os ricos ficaram mais ricos em nove regiões, como Manaus, Belém, Rio de Janeiro e Florianópolis, segundo o estudo. Já os mais pobres perderam renda em todas as regiões analisadas.

“Quem está na base está menos protegido, normalmente tem trabalho informal, sem vínculo, por conta própria. Por isso, quando bate a crise, essa camada sente imediatamente o efeito. Quem está mais lá em cima tem mais condição de se defender neste contexto”, afirma André Salata, professor do programa de pós-graduação em Ciências Sociais da PUCRS.

Na região metropolitana de Florianópolis, por exemplo, os 10% mais ricos ficaram ainda mais ricos, com 24,2% de aumento na renda. O fenômeno também ocorreu na região metropolitana do Rio de Janeiro, onde os mais ricos tiveram 8,7% de incremento na renda.

“Mesmo em um contexto negativo, na dinâmica de um país desigual como o Brasil quem está em cima tem mais condições de se proteger e até aumentar seu rendimento em alguns casos”, diz Salata.

O aumento decorre de oportunidades específicas de cada contexto. Um empresário do setor de supermercados, por exemplo, viu a demanda aumentar no seu negócio com o fechamento dos restaurantes.

A metrópole onde os mais pobres perderam mais renda foi Salvador, com uma queda de 57,4%. “Na região de Salvador especificamente, e no Nordeste, em geral, há muita informalidade. Isso explica uma queda tão brusca”, diz o professor.
Desigualdade

Além de observar as variações da renda, o levantamento estima a desigualdade. A medida usada para calcular a desigualdade é o Coeficiente de Gini. Na escala desse indicador, zero significa igualdade total de renda. Quanto mais próximo de um, por sua vez, maior será a desigualdade. Assim, uma alta no Gini assinala uma piora nas condições socioeconômicas.

Segundo as projeções, a média das 22 regiões metropolitanas estudadas mostra que o coeficiente de Gini chegou a 0,640 no segundo trimestre de 2020. No mesmo período de 2019, ele estava em 0,610. Em comparação ao primeiro trimestre deste ano, a distância entre topo e base também aumentou, de 0,610 para 0,640.

“São necessárias muitas mudanças para se observar alteração no Gini, e a mudança identificada é bastante robusta”, diz o professor Salata.

“E são mudanças acentuadas em um espaço curto de tempo, o que revela o efeito extremo e brusco da pandemia e da crise econômica resultante. Vemos uma diferença muito clara [antes e pós pandemia], em geral com crescimento muito acentuado.”

Na região metropolitana de São Paulo, a diferença entre o topo e a base aumentou de 0,631 no segundo trimestre de 2019 para 0,653 no mesmo período em 2020, durante a pandemia. Na região metropolitana do Rio, a desigualdade subiu de 0,635 para 0,685.

O estudo considerou três estratos sociais: os 40% mais pobres e os 10% mais ricos, que são as pontas, e os 50% mais próximos da média de renda dentro de cada região metropolitana, ou seja, o meio.

Das 22 regiões metropolitanas estudadas, apenas Maceió não registrou aumento da desigualdade. O fenômeno pode ser explicado por uma aproximação do topo com o meio. “Os ricos tiveram uma queda que fez com que se aproximassem aos do meio”, explica Ribeiro. Os pesquisadores esclarecem que o Coeficiente de Gini “tende a ser mais sensível para as mudanças mais próximas do meio do que nas pontas”.

O boletim também mostra aumento na parcela da população em vulnerabilidade relativa de renda, ou seja, que recebem até metade do valor mediano de cada região metropolitana. Na média das 22 regiões estudadas, o número saiu de 28% para 31,3% , na comparação do segundo trimestre de 2019 com o de 2020.

Quanto à desigualdade racial, negros receberam 57,4% da renda dos brancos no segundo trimestre de 2020. As regiões com menos diferença de renda entre brancos e negros são as de Macapá (73,1%), Florianópolis (70,6%) e Goiânia (70, 4%). O boletim ressalta que nestas regiões a desigualdade geral é menor.

Para os pesquisadores, diante da piora da desigualdade identificada no estudo, é possível projetar que 2021 será um ano crucial para a economia brasileira. “O Estado terá de pensar uma retomada para todos”, diz Ribeiro.

Salata lembra que o que chama de ciclo de redução de desigualdade, entre 2001 e 2014. “Especialmente no segundo governo de Lula e no primeiro de Dilma, todos os estratos estavam aumentando seus rendimentos gerais. A ponta de baixo tendia a crescer mais. É o melhor dos mundos, porque o bolo cresce e quem está embaixo começa a ganhar uma fatia maior. Agora, o que se vê é o oposto, é o pior dos mundos. Todos estão perdendo e os pobres perdem mais, aumentando a desigualdade”.

Além disso, os pesquisadores citam a diminuição do desemprego, a manutenção do auxílio emergencial e uma rede de proteção social mais robusta.

Para os pesquisadores, não é possível prever com exatidão quando haverá uma retomada dos patamares de renda. Esta retomada, porém, está relacionada com a criação de vagas de trabalho.

 

*Com informações da Folha

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Brasil tem a maior inflação dos alimentos desde o início do Plano Real, em 1994

Os supermercados do estado de São Paulo registraram em setembro a maior inflação para o mês desde pelo menos 1994, puxada por avanço de 30,62% do óleo de soja e de 16,98% do arroz.

Com impostos de importação zerados para soja em grão e arroz, e também para o milho, a Apas (Associação Paulista de Supermercados) avalia que não há mais o que o governo possa fazer para conter a alta de preços. E que, agora, é esperar que o aumento da área plantada na próxima safra consiga reequilibrar a relação entre oferta e demanda, reduzindo preços em 2021.

O Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela Apas e pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), registrou alta de 2,24% no mês passado, aceleração significativa em relação ao avanço de 0,90% registrado em agosto e recorde para meses de setembro desde o início da série histórica do indicador.

Com a aceleração, o índice acumula alta de 8,30% entre janeiro em setembro e de 12,01% em 12 meses.

Assim, a inflação nos supermercados paulistas supera em muito o IPCA, índice oficial de inflação do país, medido pelo IBGE, que registrou alta de 0,64% em setembro, acumulando avanço de 1,34% no ano e de 3,14% em 12 meses.

“Dois itens essenciais têm se destacado nessa alta: o arroz e o óleo”, diz Ronaldo dos Santos, presidente da Apas.

“Os dois produtos estão impactados pela alta do dólar, pois arroz e soja são commodities internacionais, e tivemos aumento de 30% a 40% da moeda americana nos últimos seis meses. Também há uma demanda internacional muito aquecida, principalmente da China pela soja.”

No ano, o óleo de soja acumula alta de 61,75% nos supermercados paulistas e de 72,31% em 12 meses. Já o arroz, subiu respectivamente 47,04% e 51,26% nas mesmas bases.

Em setembro, também ficaram mais caros o leite (7,26%) e derivados como a muçarela (7,73%), queijo prato (5,8%) e leite condensado (3,19%). Além das carnes bovina (4,77%), suína (6,96%) e de frango (1,67%), com avanço em cortes populares como contrafilé (7,81%), acém (6,68%) e coxão duro (9,7%).

“O principal motivo também vem da China. Diante da dificuldade de não conseguir repor o rebanho suíno afetado pela peste africana, o país tem comprado direto dos frigoríficos brasileiros, que permanecem com o aumento de preços motivado pela venda em dólares”, observa a Apas, em comunicado. “E a exportação da soja afeta também o mercado de proteína animal no formato da ração, representando de 70% a 80% do custo de produção dos animais.”

Na outra ponta, as maiores quedas de preço foram observadas no chuchu (-20,25%), mamão (-18,3%) e batata (-11,89%). O feijão também registrou queda de 1,78%. ​

Na avaliação do presidente da Apas, a alta de quase 17% do arroz em setembro não significa que a decisão do governo de zerar a tarifa de importação do cereal até dezembro não tenha tido efeito. A redução de tarifas de importação foi um pleito do setor ao governo.

“Tínhamos um repasse ainda retardado que não tinha ocorrido. Se não tivesse redução da tarifa, talvez o aumento fosse até maior”, diz Santos. O executivo diz ainda que a tarifa de importação é apenas um componente do preço, que também é influenciado pelo câmbio e pelas cotações internacionais.

Na avaliação da Apas, a redução de tarifas era o que o governo podia fazer para tentar melhorar o cenário de inflação dos alimentos. “A manobra que o governo tem, basicamente seria essa. O que esperamos agora é que, como a remuneração do produtor agora é melhor, é natural uma ampliação da área plantada. Isso vai resultar em colheita melhor à frente. Com melhor colheita, tem mais produto e isso pode reduzir o preço lá na frente.”

Na avaliação do presidente da Apas, a alta de quase 17% do arroz em setembro não significa que a decisão do governo de zerar a tarifa de importação do cereal até dezembro não tenha tido efeito. A redução de tarifas de importação foi um pleito do setor ao governo.

“Tínhamos um repasse ainda retardado que não tinha ocorrido. Se não tivesse redução da tarifa, talvez o aumento fosse até maior”, diz Santos. O executivo diz ainda que a tarifa de importação é apenas um componente do preço, que também é influenciado pelo câmbio e pelas cotações internacionais.

Na avaliação da Apas, a redução de tarifas era o que o governo podia fazer para tentar melhorar o cenário de inflação dos alimentos. “A manobra que o governo tem, basicamente seria essa. O que esperamos agora é que, como a remuneração do produtor agora é melhor, é natural uma ampliação da área plantada. Isso vai resultar em colheita melhor à frente. Com melhor colheita, tem mais produto e isso pode reduzir o preço lá na frente.”

 

*Com informações da Folha

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Economia

Fortuna dos bilionários brasileiros cresceu 39% em meio à pandemia

A fortuna dos bilionários brasileiros cresceu 39% entre abril e julho de 2020, mesmo em meio à pandemia do coronavírus, segundo relatório do banco suíço UBS e da PwC. Desde 2009, a riqueza dos bilionários nacionais praticamente dobrou, com aumento de 99%.

Conforme o levantamento, a fortuna dos bilionários brasileiros somava US$ 176,1 bilhões ao fim de julho (R$ 983,3 bilhões), comparado a US$ 127,1 bilhão no início de abril deste ano e US$ 66,6 bilhões em 2009. Com esse valor, o Brasil ocupa a décima posição no ranking de países com maiores fortunas detidas por bilionários.

Lideram o ranking os Estados Unidos, onde a fortuna dos bilionários chegou em julho a US$ 3,6 trilhões (R$ 20,3 trilhões), China (US$ 1,7 trilhão, ou R$ 9,5 trilhão) e Alemanha (US$ 594,9 bilhões, ou R$ 3,3 trilhão).

Nos três países, a fortuna dos bilionários cresceu 22%, 41% e 33% entre abril e julho de 2020, o que mostra que o Brasil não está sozinho no enriquecimento dos ultra ricos em meio à emergência global de saúde pública. No mundo como um todo, a fortuna dos bilionários chegou a US$ 10,2 trilhões (US$ 57,1 trilhão) ao fim de julho, num crescimento de 27,5% em relação a abril.

Segundo o UBS e a PwC, o valor representa um novo recorde em relação ao pico de US$ 8,9 trilhões registrado ao fim de 2017. O número de bilionários chegou a 2.189, acima dos 2.158 de daquele ano. Conforme as instituições, a recuperação em “V” dos mercados de capitais entre abril e julho impulsionou o novo recorde na fortuna dos bilionários.

Bilionários industriais e do setor de tecnologia viram suas riquezas crescerem acima dos demais setores, com avanços de 44,4% e 41,3%, respectivamente. “Os industriais se beneficiaram desproporcionalmente, à medida em que os mercados precificaram uma recuperação econômica significativa, já as empresas de tecnologia tiveram bom desempenho tanto pela demanda puxada pelo coronavírus pelos seus produtos e serviços, quanto pelos mercados descontando o valor de seus fluxos de caixa futuros em um ambiente de baixas taxas de juros”, observam UBS e PwC.

Por outro lado, bilionários do mercado imobiliário viram suas fortunas encolher em 13,2%, com os mercados de capitais duvidando da força da demanda futura por escritórios e imóveis comerciais.

Confira a lista de 10 países onde bilionários possuem maiores fortunas:

Estados Unidos – US$ 3.608,6 bilhões
China – US$ 1.680,9 bilhões
Alemanha – US$ 594,9 bilhões
Rússia – US$ 467,6 bilhões
França – US$ 442,9 bilhões
Índia – US$ 422,9 bilhões
Hong Kong – US$ 356,1 bilhões
Reino Unido – US$ 205,9 bihões
Canadá – US$ 178,5 bilhões
Brasil – US$ 176,1 bilhões

Fonte: UBS e PwC. Dados referentes a julho de 2020.

 

*Com informações da Folha de Pernambuco

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Economia

Inflação com recessão, é com o capitão: inflação em setembro é a maior em 17 anos

Num país em que uma única banana d’água chega a quase R$ 2,00, em plena recessão, só tem um destino, a bancarrota. Parabéns aos envolvidos que, agora, são chamados de burros pela própria besta.

Reuters – O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve alta de 0,64% em setembro, depois de subir 0,24% em agosto, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.

Foi o maior resultado para o mês desde 2003, quando a inflação foi de 0,78%.

No acumulado de 12 meses até setembro, o IPCA teve alta de 3,14%, frente a 2,44% nos 12 meses até agosto.

As expectativas em pesquisa da Reuters eram de alta de 0,54% em setembro, acumulando em 12 meses avanço de 3,03%.

 

*Da redação

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Economia

Bolsa brasileira tem a maior queda do mundo em 2020

Após forte expansão nos últimos anos, Ibovespa recua 42,5% na moeda americana.

Após uma valorização de quase 100% entre o impeachment de Dilma Rousseff (PT) até o fim de 2019, o Ibovespa segue como o pior índice global em dólares em 2020.

Em março deste ano, com a declaração da OMS (Organização Mundial da Saúde) de pandemia de Covid-19, a situação piorou e a Bolsa voltou a níveis de 2017. A saída de estrangeiros da Bolsa aumentou, e o Ibovespa passou a ser o índice global com mais perdas em dólar do mundo, de acordo com estudo do Goldman Sachs.

A forte queda de 18,7% do índice neste ano somada à forte desvalorização do real levam a Bolsa paulista a cair 42,5% na moeda americana. Segundo o banco dos EUA, a desvalorização do mercado brasileiro em março superou a média de crises anteriores —o Ibovespa teve o pior trimestre da história no início de 2020.

A Bolsa da Colômbia é a segunda que mais se desvaloriza, com perdas de 40,5% na moeda americana. Na moeda local, porém, cai mais que o Ibovespa neste ano (29,9%).

Em seguida vem a Indonésia, com queda de 31,8% na moeda americana e de 21,8% na moeda local. Logo atrás estão Chile, Turquia, México e Rússia, países cujas moedas também se depreciam ante o dólar.

Por ser um mercado líquido —de fácil venda dos ativos— que vinha de uma forte alta nos últimos anos, estrangeiros aproveitaram o momento de incerteza para realizar os ganhos no Brasil e buscar investimentos mais seguros, como dólar, ouro e títulos do Tesouro dos EUA.

A saída do investidor de fora, porém, começou em 2018, com a alta de 76% do Ibovespa entre 2016 e 2017, impulsionada pelo impeachment pelos cortes de juros —a Selic foi de 14,25% em 2016 para 6,% em 2018. Foram R$ 11,5 bilhões a menos de dinheiro estrangeiro na Bolsa em 2018 e R$ 44,5 bilhões em 2019 e, até setembro deste ano, há uma saída recorde de R$ 87,7 bilhões.

“Em 2019, a Bolsa estava alta e o dólar estava em baixa, então, tivemos muita realização de lucros. Agora, o investidor sai em busca mercados mais sólidos e dinâmicos, com recuperação mais rápida, como os Estados Unidos”, diz George Sales, professor do Ibmec. Segundo o economista, a perspectiva de recuperação lenta do Brasil, com um baixo crescimento nos últimos anos, deixa o país pouco atrativo para investidores.

“A Covid-19 foi um azar, mas o governo também não ajuda, o que gera muita oscilação no mercado. O governo tinha que ser mais discreto, mas a campanha política nunca passou. Isso assusta investidor e o de longo prazo é o primeiro a sair.”

Na última sexta (2), o ministro Paulo Guedes (Economia) protagonizou mais um desentendimento em Brasília, desta vez com o ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) sobre o Renda Cidadã, cujo financiamento pode deteriorar a saúde fiscal do país, segundo especialistas. O atrito levou a Bolsa a cair 1,5%.

“A economia está muito ruim e a perspectiva futura é incerta. Já vínhamos de uma crise fiscal, que, com o coronavírus, se agravou, deixando todo mundo com pé atrás”, diz Bruno Giovannetti, professor da FGV.

Os economistas também afirmam que a crise ambiental em torno da Amazônia deixou o país mal visto pelos estrangeiros, especialmente europeus, levando-os a deixar o Brasil.

 

*Julia Moura/Folha

 

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Economia

Guedes fracassa e moeda brasileira se firma como a pior do mundo

Moeda brasileira apresenta desempenho bem pior que a lira turca, enquanto no acumulado de 12 meses seu desempenho é próximo do peso argentino.

Com a questão fiscal aumentando a tensão entre os investidores aqui no Brasil, o dólar comercial fechou setembro com uma alta de 2,46% ante o real, cotado a R$ 5,6150 na compra e R$ 5,6160 na venda.

Além da crise do coronavírus, que afeta boa parte das moedas emergentes, o real tem outros fatores que estão pesando em seu desempenho. E um dos principais deles é o risco fiscal, elevado ainda mais esta semana com a decepção do mercado com o programa Renda Cidadã.

Na última semana, analistas já havia apontado esta preocupação diante das dificuldades que o governo já enfrentava para realizar os ajustes necessários na economia. O Bank of America, inclusive, disse estar mais cauteloso com o real e alertou para volatilidade no curto prazo.

Em entrevista para a Bloomberg, Sergio Zanini, sócio gestor da Galapagos Capital, destacou que o mercado está na “torcida para que o que foi anunciado na segunda [o Renda Cidadã] seja revertido em algum momento”.

“O mercado não compra mais esse discurso do Executivo, em que por um lado sempre defende o teto de gastos e a responsabilidade fiscal, mas por outro sempre anuncia planos que vão na contramão”, disse Breno Martins, trader de renda fixa da MAG Investimentos, também para a Bloomberg.

Na segunda, o governo apresentou o novo programa social e tem em sua proposta a ideia de usar o Fundeb e precatórios como forma de financiamento, decisão que foi vista por muitos especialistas como uma “pedalada fiscal”. Isso gerou muitas críticas à proposta e agora o mercado fica de olho para ver o que o governo fará sobre isso.

Nesta quarta, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que nunca foi proposta da equipe econômica romper teto ou financiar programas de forma equivocada, em referência ao direcionamento de recursos para o Renda Cidadã com a limitação ao pagamento de precatórios.

Em coletiva de imprensa, Guedes afirmou que seu time está estudando como fazer a fusão de 27 programas que já existem como forma de consolidar um programa de transferência de renda mais robusto, que represente uma aterrissagem após o fim do auxílio emergencial neste ano. Ele frisou que, como se trata de uma despesa permanente, terá que ser coberta por uma receita permanente.

Com esta preocupação crescente nas últimas semanas, o real se consolidou como a moeda com pior desempenho do mundo em 2020 até o momento, com o dólar subindo 39,60% ante a divisa brasileira, segundo dados da Refinitiv.

A performance é de longe a pior, já que contra a segunda pior divisa, a lira turca, o dólar subiu 29,69%. Com isso, o real também aparece bem atrás de moedas de países com grandes crises, como a Argentina, em que o dólar teve valorização de 27,25% contra o peso.

Outras moedas que veem o dólar registrar forte valorização no ano são o rublo da Rússia (25,17%), o rand sul-africano (19,59%) e os pesos mexicano (16,77%) e colombiano (16,44%).

A crise por conta do coronavírus tem pesado bastante para o desempenho das moedas de emergentes, já que em momentos de maior tensão os investidores globais tendem a procurar ativos mais seguros, entre eles o dólar americano.

Tanto que contra algumas divisas consideradas mais fortes, a moeda dos EUA registra queda neste ano. É o caso do euro, com queda de 4,33% do dólar, do iene japonês (-3,10%) e do franco suíço (-4,86%). Confira:

Já no acumulado de 12 meses, o dólar subiu 34,94% contra o real, em um desempenho muito parecido com a Argentina, por exemplo, onde a moeda americana teve alta de 32,26% no mesmo período.

Vale lembrar que os nossos vizinhos passam por um momento bastante complicado, com diversos calotes de suas dívidas e uma inflação que já supera 42% no acumulado de 12 meses até agosto.

Confira o desempenho das principais moedas em 12 meses:

 

*Rodrigo Tolotti/Infomoney