Categorias
Economia Mundo

Os efeitos negativos da crise entre Donald Trump e o Fed para a economia mundial

Ameaça do presidente americano de demitir o chefe do Federal Reserve, o BC de lá, sem ter poder para isso cria uma turbulência institucional em que todos perdem.

A ofensiva do presidente americano Donald Trump sobre o banco central de lá, o Fed (Federal Reserve), foi vista com preocupação por integrantes do governo brasileiro. A ameaça de demissão forçada de Jerome Powel, presidente da instituição independente e modelo para vários países, avaliam os técnicos, é algo ruim para o mundo. Segundo um interlocutor oficial, uma coisa é não gostar de uma política ou pessoa e criticar uma decisão, e outra é dizer que “se eu quiser, ele sairá de lá muito rápido” – até porque Trump não tem poder sobre uma instituição que tem que prestar contas, na verdade, ao Legislativo.

Desavenças entre líderes do Executivo e de bancos centrais independentes, cuja autonomia costuma garantida pelo Congresso, são vistas como algo normal. No Brasil, o próprio presidente Lula protagonizou, nos seus dois primeiros anos de mandato, uma briga declarada com o ex-presidente do BC Roberto Campos Neto, herdado da gestão de Jair Bolsonaro. “Mas nunca ameaçou arrancá-lo do cargo ou criar uma crise entre instituições sem precedentes”, ressalta a fonte oficial. O governante brasileiro foi ácido nas críticas à condução da política monetária de Campos Neto e até chegou a dizer que quando ele saísse do cargo, iria avaliar o que a independência do BC custou ao país.

Depois de períodos de turbulência no mercado financeiro, Campos Neto saiu – mas só ao final de seu mandato. No lugar dele, assumiu Gabriel Galípolo, que já era diretor de Política Monetária na equipe do BC, e condução seguiu a mesma, com Lula rasgando elogios ao novo presidente. O conflito Trump-Fed, porém, tem uma repercussão maior, acreditam especialistas.

Com a queda de braços com Powell, por essa avaliação, Trump está dando um passo a mais no modelo de poder que ele vem sinalizando ao mundo com várias atitudes desde que iniciou o mandato. “São os 100 dias de governo mais turbulentos da história”, diz um analista de investimento de uma grande instituição financeira internacional. “Trump quer alterar o sistema de crescimento da economia americana e não está respeitando a separação de poderes nem as instituições, a base da democracia americana, considerada um porto seguro até agora”.

O saldo dessas novas ameaças do governante dos Estados Unidos foi um início de semana agitado no mercado financeiro. A moeda americana abriu o dia em queda frente às moedas mais fortes do mundo, como euro, iene, franco suíço e libra esterlina. Num primeiro momento, a análise é que os investidores em ações estão se desfazendo das participações na bolsa de valores dos Estados Unidos diante da expectativa de queda nos retornos esperados, fruto, principalmente, do risco de recessão econômica e de alta da inflação, que impacta o consumo.

A crise já escalou para o financiamento da dívida. O governo americano está gastando mais para se financiar porque os juros nos títulos com vencimento em dez anos estão subindo. “O mundo está perdendo as referências de segurança”, diz o analista. “Ninguém ganha com essa loucura toda. Enfraquecer o Fed é dar um tiro no pé porque um sucessor não terá credibilidade diante dessa aventura trumpista”, prossegue.

*PlatôBR

Categorias
Mundo

Crise em Israel: chefe de espionagem acusa Netanyahu de exigir ‘lealdade pessoal’

Roner Bar afirmou que premiê pediu ajuda para atrasar seu depoimento em julgamento de corrupção e rejeitou alegações de que Shin Bet não havia alertado sobre o 7 de outubro.

O chefe dos serviços de Segurança Interna de Israel, Shin Bet, demitido pelo governo, acusou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de exigir dele “lealdade pessoal”, em uma declaração juramentada à Suprema Corte israelense. O gabinete de Netanyahu afirmou que a declaração, que também se refere ao ataque do Hamas de 7 de outubro, era “falsa”.

Em seu depoimento na segunda-feira (21/04), Ronen Bar acusa Benjamin Netanyahu de ter pedido lealdade pessoal a ele. “Estava claro” que, no caso de uma crise constitucional, ele teria que obedecer ao primeiro-ministro e não à Suprema Corte, escreveu no documento, divulgado pelo gabinete do procurador-geral.

“Naquela noite, nada foi escondido do aparato de segurança ou do primeiro-ministro”, afirma sobre os ataques de 7 de outubro, que desencadearam o massacre de Israel na Faixa de Gaza.

Ronen Bar rejeita veementemente as acusações de Benjamin Netanyahu e membros de seu governo de que o Shin Bet não alertou a tempo o primeiro-ministro e outros serviços de segurança sobre o ataque do Hamas.

Naquele dia, por volta das 3 da manhã, todas as agências de segurança receberam um alerta sobre “preparativos anormais e a possibilidade de intenções ofensivas por parte do Hamas”, segundo o Shin Bet.

Em sua declaração, Ronen Bar explicou que foi à sede do Shin Bet às 4h30, duas horas antes do ataque do Hamas ao território israelense, e deu instruções para que o conselheiro militar do primeiro-ministro fosse informado dos eventos. “Naquela noite, nada foi escondido do aparato de segurança ou do primeiro-ministro”, acrescenta.

“Declarações falsas”
O gabinete de Benjamin Netanyahu rejeitou as declarações do chefe do Shin Bet.

“Ronen Bar fez alegações falsas em sua declaração à Suprema Corte, que serão refutadas detalhadamente em breve”, disse em um comunicado. O primeiro-ministro afirmou que o chefe da Segurança Interna “falhou vergonhosamente” em 7 de outubro.

*Opera Mundi

Categorias
Mundo

A última fala em público do Papa Francisco: “É com dor que penso em Gaza. Ontem foram bombardeadas crianças. Isto é crueldade. Isso não é guerra”

O papa Francisco sugeriu que a comunidade global deveria estudar se a investida militar de Israel em Gaza constitui um genocídio do povo palestino. O chefe da Igreja também vinha defendendo a entrada de ajuda humanitária em Gaza, o que vem sendo impedido por Israel.

Além disso, ele criticou os supostos excessos militares de Israel. “A defesa deve ser sempre proporcional ao ataque. Quando há algo desproporcional, você vê uma tendência de dominação que vai além da moralidade”, comentou em setembro de 2024.

O padre Gabriel Romanelli, que lidera a paróquia de Gaza, contou que falou com o papa, a última vez, no sábado (19). “Esperamos que os apelos que ele fez sejam atendidos: que as bombas sejam silenciadas, que esta guerra termine, que os reféns e prisioneiros sejam libertados e que a ajuda humanitária à população possa ser retomada e chegar de forma consistente”, disse Romanelli ao Vaticano News.

Ucrânia

A guerra na Ucrânia também preocupava o líder da Igreja Católica. Tanto ele quanto outros representantes do Vaticano mantiveram diálogo com russos e ucranianos para que se chegasse a um acordo que levasse ao fim do conflito, para troca de prisioneiros e outras tréguas.

Em novembro de 2022, antes da guerra de a Ucrânia completar um ano, Francisco revelou a jornalistas as conversas com autoridades da Ucrânia e da Rússia e disse que, para ele, tratava-se do início de uma nova guerra mundial. “Em um século, três guerras mundiais! A de 1914-1918, a de 1939-1945, e esta! Esta é uma guerra mundial, porque é verdade que, quando os impérios, seja de um lado, seja do outro, se enfraquecem, precisam fazer uma guerra para se sentirem fortes e também para vender armas! Porque hoje creio que a maior calamidade que existe no mundo é a indústria das armas”, destacou.

“Assistindo a sucessivas novas guerras, com a cumplicidade, a tolerância ou a indiferença de outros países, ou com simples lutas de poder em torno de interesses de parte, podemos pensar que a sociedade mundial está a perder o seu coração”, afirmou Francisco.

O primeiro papa latino-americano destacou que basta olhar e ouvir as avós de vítimas de conflitos armados. “É desolador vê-las chorar os netos assassinados, ou escutá-las desejar a própria morte por terem perdido a casa onde sempre viveram”, disse. O Pontífice acrescentou que ver as avós chorar “sem que isso se torne intolerável é sinal de um mundo sem coração”.

Ao publicar a encíclica Laudato Si’, em 2015, o papa já alertava para o aumento das guerras no mundo. “É previsível que, perante o esgotamento de alguns recursos, se vá criando um cenário favorável para novas guerras, disfarçadas sob nobres reivindicações”, afirmou o Pontífice.

Funeral

O Vaticano confirmou que o funeral do Papa Francisco será realizado no próximo sábado, 26 de abril, às 10h da manhã (horário local), na Praça de São Pedro. A Missa das Exéquias será celebrada na data, seguida do sepultamento na Basílica de Santa Maria Maior. Em 23 de abril, esta quarta-feira, o corpo será transportado à Basílica de São Pedro.

Categorias
Mundo

Mais de 100 funcionários da Meta foram espiões e soldados das Forças de Defesa de Israel

Mais de cem ex-espiões israelenses e soldados das Forças de Defesa de Israel (FDI) trabalham para a gigante da tecnologia Meta, incluindo sua chefe de política de IA, que serviu nas FDI sob um programa do governo israelense que permite que estrangeiros se voluntariem para o exército israelense.

Shira Anderson, advogada americana especializada em direitos humanos, é a chefe de política de IA da Meta e se alistou voluntariamente nas FDI em 2009, em um programa que permite que judeus não israelenses que não são elegíveis para o alistamento militar se juntem ao exército israelense.

Por meio desse programa, conhecido como Garin Tzabar, muitos estrangeiros que lutaram pelas FDI foram implicados em crimes de guerra e crimes contra a humanidade desde o início do genocídio israelense em Gaza, em outubro de 2023.

Anderson serviu como suboficial nas Forças de Defesa de Israel por mais de dois anos, onde trabalhou na Seção de Informações Estratégicas Militares, redigindo dossiês e propaganda de relações públicas.

Ela também foi a elo de ligação entre as FDI e adidos militares estrangeiros alocados em Israel, além de ser a elo de ligação com a Cruz Vermelha.

Como a IA é uma tecnologia emergente crucial para gigantes da tecnologia e forças armadas, o papel de Anderson na Meta é fundamental. Ela desenvolve orientações jurídicas, políticas e pontos de discussão de relações públicas sobre questões e regulamentação de IA para todas as principais áreas da Meta, incluindo suas equipes de produtos, políticas públicas e relações governamentais.

Na Meta, Anderson, que trabalha no escritório da Meta em Washington, D.C., está em companhia familiar

Mais de cem ex-espiões israelenses e soldados das Forças de Defesa de Israel são empregados pela empresa, mostra minha nova investigação, muitos dos quais trabalharam para a agência de espionagem israelense Unidade 8200.

Esses ex-membros das FDI estão distribuídos igualmente entre os escritórios da Meta nos EUA e em Tel Aviv, e um número significativo deles, como Anderson, possui especialização em IA.

Dado que Israel fez uso extensivo de IA não apenas para conduzir seu genocídio, mas para estabelecer seu sistema anterior de apartheid, vigilância e ocupação, o recrutamento de especialistas em IA das FDI pela Meta é particularmente insidioso.

Será que esses ex-espiões israelenses usaram suas conexões na Unidade 8200 para ajudar a gigante da tecnologia a colaborar com as FDI na construção de listas de morte?

De acordo com um relatório do ano passado, a Unidade 8200 se infiltrou em grupos de WhatsApp e marcou todos os nomes em um grupo para assassinato se apenas um suposto membro do Hamas também estivesse no grupo, independentemente do tamanho ou do conteúdo do bate-papo em grupo.

Como a unidade de espionagem israelense obteve acesso aos dados de usuários do WhatsApp mantidos pela Meta?

A Meta tem perguntas sérias relacionadas a crimes de guerra para responder.

Perguntas para as quais Anderson, sem dúvida, elaborou respostas de relações públicas.

Anderson tem uma lealdade de longa data a Israel. Ela ingressou nas Forças de Defesa de Israel após cursar história na Universidade da Califórnia, Berkeley, e depois concluiu o curso de direito na Universidade Duke, antes de retornar a Israel, onde trabalhou para um think tank israelense dirigido pelo ex-chefe das FDI.

Depois disso, tornou-se assistente jurídica do chefe da Suprema Corte de Israel. Foi a Suprema Corte de Israel que, há duas semanas, rejeitou uma petição para permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza, efetivamente dando sinal verde para o uso da fome como arma. Isso é um crime de guerra segundo a Convenção de Genebra.

A própria Anderson nega veementemente o genocídio. Durante uma aparição em um podcast no ano passado, ela disse: “Eu absolutamente não acredito que um genocídio esteja acontecendo” e negou que Israel tenha deliberadamente atacado civis.

Durante a entrevista, ela chamou o Hamas de “culto à morte” e disse que “Gaza é um Estado falido”, apesar de não ser um Estado, o fato central que subjaz à resistência palestina. Isso é algo que se esperaria que um advogado de direitos humanos soubesse.

Ela fez inúmeras declarações genocidas durante a entrevista, incluindo a de que “o desafio na Cisjordânia” é que “o direito internacional não permite que Israel faça o que faz em Gaza” porque a Cisjordânia está ocupada. Como resultado, lamentou, “regras diferentes se aplicam”.

Ela invocou o problema do bonde para argumentar por que matar um grande número de civis é justificável e, por seu tempo como ligação da Cruz Vermelha das Forças de Defesa de Israel, parece ter um ressentimento particular contra a organização humanitária, dizendo que ela “age como um país” em Israel. Você pode ouvir tudo aqui.

O caminho de Anderson para servir nas Forças de Defesa de Israel, por meio do programa Garin Tzabar, também é altamente controverso. Essa iniciativa permitiu que não israelenses (conhecidos como “Soldados Solitários”) se juntassem às FDI, assassinassem palestinos, cometessem crimes de guerra e, em seguida, se reintegrassem às suas sociedades de origem.

Processos judiciais contra voluntários do Garin Tzabar que retornaram às suas casas após servirem nas FDI estão avançando em vários países. No Reino Unido, evidências de crimes de guerra cometidos em Gaza por dez britânicos residentes em Londres foram recentemente apresentadas à Polícia Metropolitana de Londres.

Quantos possíveis criminosos de guerra são empregados pela Meta?

Você pode encontrar os nomes dos funcionários da Meta, sediada em Tel Aviv, aqui e aqui. Você pode encontrar os nomes dos funcionários baseados nos EUA e suas localizações aqui, aqui e aqui.

Alguns dos ex-espiões israelenses que agora trabalham para a Meta passaram um tempo significativo na Unidade 8200, em alguns casos pulando diretamente das Forças de Defesa de Israel para a Meta.

Guy Shenkerman, por exemplo, passou mais de uma década na unidade de espionagem israelense antes de se mudar para os EUA para se juntar à Meta no verão de 2022.

Miki Rothschild, vice-presidente de gerenciamento de produtos no campus de Sunnydale da Meta, passou três anos durante a segunda intifada como comandante do Esquadrão Moran da FDI, que controla ataques de mísseis de longo alcance.

Maksim Shmukler, que trabalha para a Meta em Menlo Park e também trabalhou para o Google e a Apple, passou seis anos e meio na Unidade 8200 antes de se mudar para o Texas.

Shenkerman, Rothschild e Shmukler são israelenses, enquanto Shira Anderson se voluntariou para usar suas habilidades para lavar a linguagem jurídica em que Israel se baseia para encobrir o genocídio.

O fato de a pessoa que ofereceu seus serviços profissionais para um estado de apartheid movido a IA agora ajudar a determinar como a Meta usará nossos dados para impulsionar um futuro de IA deveria preocupar a todos nós.

Deveria nos preocupar especialmente à luz da repressão brutal dos Estados Unidos contra aqueles que se manifestam contra o genocídio.

Em novembro, vimos a visão da Meta para esse futuro da IA quando a empresa anunciou que estava disponibilizando suas ferramentas de IA “Llama” para os EUA e seus aliados chamados “Five Eyes” para aplicações de segurança nacional.

No anúncio, a Meta disse estar “entusiasmada” em trabalhar com os principais fabricantes de armas e corporações estatais de segurança nacional dos Estados Unidos, incluindo Lockheed Martin, Palantir e Anduril.

Recapitulando. Uma ex-oficial das Forças de Defesa de Israel é a chefe de política de IA da Meta, onde trabalha ao lado de mais de cem outros ex-espiões das FDI e israelenses, e todos eles estão agora diretamente mobilizados para trabalhar com o aparato de segurança nacional dos Estados Unidos e com um governo federal que está desaparecendo e prendendo dissidentes que se manifestam contra o genocídio.

A notícia de que um grande número de ex-membros das FDI são empregados pela Meta surge após minhas investigações no início deste ano revelarem os ex-especialistas em IA da Unidade 8200 trabalhando com IA para grandes empresas de tecnologia e os ex-espiões importados para o Google por meio da aquisição da Wiz.

Com a proliferação de ex-espiões e soldados israelenses nas grandes empresas de tecnologia dos EUA, estamos diante da captura completa do estado de segurança nacional dos EUA por vozes pró-Israel. Por vozes que negam o genocídio enquanto assistimos jornalistas sendo queimados até a morte em tendas.

Que negam o genocídio enquanto assistimos bebês sem cabeça sendo carregados pelos escombros e ruínas de ruas outrora vibrantes. Vozes que negam o genocídio enquanto a mais alta corte de Israel acena com políticas de fome. Por vozes que, em Trump, parecem ter encontrado o homem ideal para executar a lista de desejos sionistas.

À medida que o futuro da IA avança, as pessoas que construíram a arquitetura digital que permite a vigilância e o controle total dos palestinos, e que escreveram o código que possibilitou seu genocídio, estão agora determinando esse futuro para todos nós.

A perspectiva é verdadeiramente assustadora.

*Por Nate Bear*, site da Fepal

Categorias
Mundo

Hezbollah presta condolências e diz que ‘Papa Francisco acendeu a centelha do amor entre as sociedades islâmica e cristã’

“O Hezbollah expressa suas condolências à Santa Sé”, diz comunicado do movimento xiita libanês.

O Papa Francisco será lembrado como o homem que acendeu uma chama de amor entre cristãos e muçulmanos no mundo, conclamando por um cessar-fogo na Faixa de Gaza até seus últimos dias de vida, declarou o movimento xiita libanês Hezbollah.

“O Papa Francisco simbolizou o espírito do diálogo inter-religioso com suas posições inspiradoras, e seus encontros marcantes com líderes islâmicos em Najaf e Al-Azhar foram marcos que acenderam a chama do amor e da mensagem da fraternidade humana”, afirma a nota, divulgada pela Sputnik na noite de segunda-feira (21).

Segundo o comunicado, as posições firmes do Papa Francisco contra o genocídio palestino cometido por Israel na Faixa de Gaza, sua condenação aos massacres no enclave, os apelos por ajuda humanitária, o reconhecimento oficial da Palestina e o apoio à causa palestina — assim como sua defesa constante do Líbano e condenação da agressão israelense ao país em todas as fases — “representaram a sinceridade de seu compromisso com os valores humanitários”, de acordo com o 237.

“O Hezbollah expressa suas condolências à Santa Sé e aos seguidores da Igreja Católica em todo o mundo, bem como a todos os cristãos, especialmente nossos irmãos cristãos no Líbano e à Nunciatura Apostólica no país, pelo falecimento de Jorge Mario Bergoglio [Papa Francisco], que acreditava na paz, rejeitava as guerras e tinha profunda fé na propagação dos valores do amor e da tolerância, construindo pontes entre religiões, culturas e povos para estabelecer o diálogo, o entendimento e a justiça”, acrescenta o comunicado.

Categorias
Brasil Mundo

BRICS firmam aliança para enfrentar a fome no mundo

Declaração Conjunta reforça união global por segurança alimentar, com foco em pequenos produtores, sustentabilidade e inclusão social

A Reunião Ministerial realizada na última quinta-feira (17), em Brasília, teve como tema “Promovendo uma Agricultura Inclusiva e Sustentável por meio da Cooperação, Inovação e Comércio Equitativo entre os BRICS”. Ministros e líderes de Agricultura dos 11 países membros aprovaram e assinaram uma Declaração Conjunta, reforçando o compromisso com desenvolvimento agrícola sustentável, segurança alimentar e redução das desigualdades no campo.

Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil, os BRICS representam 54,5% da população mundial, um terço das terras agrícolas e mais de um terço dos recursos de água doce do planeta. O bloco responde por 75% da produção agrícola global e abriga metade das 550 milhões de propriedades familiares existentes.

“Esses dados mostram o papel decisivo dos BRICS na agricultura e na segurança alimentar mundial. Reuniões como esta são espaços privilegiados para diálogo e cooperação”, destacou o ministro Carlos Fávaro.

Segurança alimentar e cooperação emergencial

Inovação e solidariedade movem pacto agrícola do BRICS

O primeiro eixo da Declaração trata da segurança alimentar, com ênfase no acesso equitativo a alimentos de qualidade, especialmente em crises globais. O documento reconhece a importância da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e incentiva o envolvimento do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) e do FIDA em políticas relacionadas, segundo o Cafeziho.

Entre as medidas acordadas estão o fortalecimento de estoques reguladores, investimentos em infraestrutura de armazenamento e políticas de preços mínimos para estabilizar o acesso a alimentos. Em situações excepcionais, como escassez ou alta de preços, os BRICS se comprometem a agir com solidariedade.

Agricultura Familiar e Inclusão Tecnológica
A secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Fernanda Machiaveli, destacou a necessidade de políticas para agricultura familiar. “A tecnologia deve facilitar o trabalho no campo, gerar renda e garantir alimentos saudáveis”, afirmou.

A Declaração propõe parcerias para produção de máquinas adaptadas à agricultura familiar, visando atrair jovens e promover uma transição justa. “Esses produtores sofrem com as mudanças climáticas, mas também podem mitigá-las com práticas sustentáveis”, explicou Machiaveli.

Categorias
Mundo

Adeus Papa Francisco

Papa Francisco morre aos 88 anos.

O anúncio da morte do Papa Francisco, aos 88 anos, foi feito, com pesar, por volta das 4h30 (horário de Brasília) desta segunda-feira (21), diretamente da Capela da Casa Santa Marta, no Vaticano, por Sua Eminêcia, o cardeal KevinFarrell, na TV do Vaticano.

A morte do papa ocorreu duas horas antes, às 2h35.

“O Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja”, anunciou Farrell. “Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados. Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino.”

A morte de Francisco ocorreu um dia após o papa fazer sua primeira aparição pública prolongada desde que recebeu alta, em 23 de março, de uma internação hospitalar de 38 dias por pneumonia.

No domingo de Páscoa, Francisco entrou na Praça de São Pedro em um papamóvel aberto pouco depois do meio-dia, saudando a multidão entusiasmada . Ele também ofereceu uma bênção especial pela primeira vez desde o Natal.

Jorge Mario Bergoglio foi eleito papa em 13 de março de 2013, surpreendendo muitos observadores da igreja que viam o clérigo argentino, conhecido por sua preocupação com os pobres, como um estranho.

Ele procurou projetar simplicidade em seu grande papel e nunca tomou posse dos ornamentados apartamentos papais no Palácio Apostólico usados ​​por seus predecessores, dizendo que preferia viver em um ambiente comunitário para sua “saúde psicológica”.

Ele herdou uma igreja que estava sob ataque por causa de um escândalo de abuso sexual infantil e dilacerada por disputas internas na burocracia do Vaticano, e foi eleito com o claro mandato de restaurar a ordem.

Mas, à medida que seu papado progredia, ele enfrentou duras críticas dos conservadores, que o acusavam de destruir tradições acalentadas. Ele também atraiu a ira dos progressistas, que sentiam que ele deveria ter feito muito mais para remodelar a igreja de 2.000 anos.

Enquanto lutava contra a dissidência interna, Francisco se tornou um astro global, atraindo grandes multidões em suas muitas viagens ao exterior, promovendo incansavelmente o diálogo inter-religioso e a paz, ficando do lado dos marginalizados, como os migrantes.

Único nos tempos modernos, havia dois homens vestindo branco no Vaticano durante grande parte do governo de Francisco, com seu antecessor Bento XVI optando por continuar a viver na Santa Sé após sua surpreendente renúncia em 2013, o que abriu caminho para um novo pontífice.

Bento, um herói da causa conservadora, morreu em dezembro de 2022, deixando finalmente Francisco sozinho no palco papal.

Francisco nomeou quase 80% dos cardeais eleitores que escolherão o próximo papa, aumentando a possibilidade de seu sucessor continuar suas políticas progressistas, apesar da forte resistência dos tradicionalistas.

*Reuters

 

Categorias
Brasil Mundo

Em atrito com os EUA, a China investe para ligar o Brasil ao Pacífico

A China está investindo na construção de um corredor bioceânico para conectar os oceanos Atlântico e Pacífico, atravessando Argentina, Brasil, Chile e Paraguai. O objetivo é facilitar o comércio entre a Ásia e a América do Sul, especialmente em meio à guerra comercial com os Estados Unidos, liderada por Donald Trump. Esse projeto tem como principais metas a redução dos tempos de trânsito e dos custos logísticos para exportações agrícolas sul-americanas, como soja, carne e grãos, evitando as rotas tradicionais de navegação.

Recentemente, uma delegação chinesa visitou o Brasil para discutir projetos de infraestrutura, incluindo o Corredor Bioceânico. Essa visita está alinhada aos acordos estratégicos firmados entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping durante a viagem de Estado de Xi ao Brasil no ano anterior. Está previsto que o presidente brasileiro retorne a visita em maio do próximo ano.

O Canal do Panamá, que foi inaugurado no início do século passado, serve como uma importante rota para o comércio marítimo internacional, oferecendo uma alternativa para encurtar distâncias. Com seus 77,1 quilômetros, a travessia pelo canal toma entre 20 e 30 horas. As rotas alternativas incluem contornar o continente, passando pelas pontas meridionais da África e da América do Sul ou usar o Canal de Suez.

A crescente influência da China sobre esta infraestrutura estratégica é vista com preocupação pelos Estados Unidos, que a consideram um risco à segurança. O fortalecimento da influência americana na região é uma vitória diplomática para Washington, especialmente considerando a importância do Canal do Panamá no comércio mundial. A conclusão do Corredor Bioceânico pode alterar dinâmicas comerciais e geopolíticas na América do Sul.
Desde 2017, a China tem intensificado seus investimentos no Panamá, especialmente em infraestrutura portuária e logística, visando facilitar seu comércio. Como o segundo maior usuário do Canal do Panamá, atrás dos EUA, a China buscava criar condições comerciais mais vantajosas. O Corredor Bioceânico surge agora como uma alternativa ao canal, permitindo que Pequim mantenha sua influência crescente na América Latina, uma região historicamente dominada pelos EUA.

O governo brasileiro, por meio do Ministério do Planejamento e Orçamento, está desenvolvendo as cinco rotas de Integração e Desenvolvimento Sul-Americano, parte de uma agenda de integração regional. Essas rotas foram delineadas após consultas com os 11 estados brasileiros que fazem fronteira com os países sul-americanos e têm o objetivo de promover o comércio entre o Brasil e seus vizinhos, além de reduzir o tempo e o custo do transporte de mercadorias para a Ásia.

As rotas de integração incluem 190 obras já integrantes do PAC, garantindo assim recursos orçamentários. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) investiu US$ 3 bilhões, enquanto instituições regionais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF), contribuíram com mais US$ 7 bilhões. Para completar os projetos de logística, investimentos adicionais serão necessários, abrindo espaço para a participação chinesa.

O governo brasileiro estima que as rotas estejam operacionalizadas entre 2025 e 2027, o que poderá transformar a dinâmica do comércio regional e facilitar a conexão entre o Brasil, seus vizinhos e a Ásia, além de potencialmente alterar a influência chinesa na América Latina. Com Metrópoles.

Veja detalhes:

 

Categorias
Mundo

‘Microsoft alimenta o genocídio’ em Gaza, protestam funcionários pró-Palestina

Segundo jornal The Guardian, trabalhadores que têm denunciado empresa de fornecer serviços de inteligência artificial a Israel para facilitar massacre no enclave foram demitidos.

Pela segunda vez em menos de um mês, funcionários da Microsoft interromperam um evento em Redmond, na capital norte-americana de Washington, que celebrava os 50 anos da empresa, em 4 de abril, como protesto contra a cumplicidade da companhia no genocídio promovido por Israel na Faixa de Gaza.

De acordo com uma reportagem publicada pelo jornal britânico The Guardian nesta sexta-feira (18/04), as funcionárias Ibtihal Aboussad e Vaniya Agrawal foram demitidas após impedirem diretores de discursar e confrontarem o CEO de inteligência artificial (IA), Mustafa Suleyman.

O veículo também lembrou o caso ocorrido em 20 de março, quando o presidente da Microsoft, Brad Smith, e o ex-diretor Steve Ballmer foram interrompidos por um funcionário e um ex-colaborador durante um evento em Seattle. Na ocasião, também ocorreram protestos do lado de fora, onde manifestantes projetaram mensagens como “A Microsoft alimenta o genocídio”.

A empresa de tecnologia tem vivido uma onda crescente de protestos por parte de engenheiros e outros funcionários que denunciam que as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) fazem uso dos serviços de IA e computação em nuvem da Microsoft para facilitar suas operações no território palestino.

Demissões polêmicas na Microsoft após protestos contra IA militar

Nos últimos meses, trabalhadores da companhia têm pressionado pelo rompimento de laços da gigante com o regime sionista. Entretanto, a empresa tem reduzido o debate como um “conflito no local de trabalho”. Segundo fontes ouvidas pelo The Guardian, a tensão abre espaço a mais demissões e saídas voluntárias.

A mobilização na Microsoft também impulsionou ações em outras gigantes de tecnologia, como o Google, onde empregados também foram demitidos após protestos semelhantes. Em fevereiro, o Google alterou suas políticas de IA, retirando veto ao uso da tecnologia em armas e vigilância.

Ao jornal britânico, Hossam Nasr, ex-engenheiro da Microsoft e um dos funcionários demitidos por organizar atos pró-Palestina, mencionou o protesto ocorrido em fevereiro contra o diretor Satya Nadella, quando cinco funcionários exibiram camisetas que tinham a frase “Nosso código mata crianças, Satya?”.

Aboussad, também demitida, relatou ao The Guardian que se sentiu “sem como ter as mãos limpas” após ter conhecimento sobre os contratos que a Microsoft possuía com o regime sionista.

“Não sei se meu salário vem do governo israelense”, afirmou.

Mobilização online e boicote
As discussões começaram em fóruns internos da empresa, como o Viva Engage, onde funcionários criticavam as ações de Israel na Faixa de Gaza. Em novembro de 2023, um mês após o início do massacre, a Microsoft bloqueou o canal “All Company”, que transmite mensagens para todos os 400 mil funcionários e fornecedores da companhia, em meio a debates acalorados sobre a questão palestina.

Fora as declarações públicas, em 2024, Nasr liderou a campanha “No Azure for Apartheid”, uma referência ao conjunto de produtos de computação em nuvem e IA Azure da Microsoft, pressionando a empresa pelo fim do fornecimento de serviços do tipo ao exército israelense. Posteriormente, o movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) incluiu a Microsoft em sua lista de boicotes.

Apurações feitas por veículos como The Guardian, AP e independentes revelaram provas sobre a existência de relações contratuais entre Microsoft e Israel, permitindo que os funcionários tenham maior conhecimento do posicionamento da companhia em relação ao massacre no território palestino. Documentos vazados inicialmente pelo Dropsite no início de 2025 revelaram uma “corrida do ouro” de empresas de tecnologia, incluindo a Microsoft, para fornecer serviços às IDF.

“A Microsoft é uma máquina de fazer dinheiro. Só importam IA e trabalho”, denunciou uma funcionária ao jornal britânico, sob condição de anonimato.

 

 

Categorias
Brasil Mundo

Brasil e China, uma aliança estratégica no colapso da ordem neoliberal

A escalada protecionista de Donald Trump, com suas tarifas caóticas e retaliações, representa o fim de uma era, marcando o declínio do neoliberalismo enquanto dogma inquestionável, criando uma oportunidade única para o Brasil redefinir sua inserção internacional. Em um cenário de contradições e medidas autodestrutivas nos EUA, a China se destaca como o parceiro mais lógico para o desenvolvimento soberano do Brasil.

O ex-chanceler Celso Amorim adverte sobre os perigos do ataque ao multilateralismo, lembrando os anos 1930, quando a guerra tarifária contribuiu para a Grande Depressão e para o início da Segunda Guerra Mundial. O “tarifaço” de Trump não é uma política econômica racional, mas uma manifestação de desespero de uma potência em declínio, que nega as regras que impôs globalmente por décadas.

O historiador Francisco Teixeira destaca a hipocrisia do liberalismo econômico dos EUA, que prosperou no século 19 a partir de altas tarifas e subsídios, mas hoje critica práticas semelhantes em outros países. Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, agora reconhece que tarifas geram inflação e desemprego, uma ironia dada a prosperidade americana adquirida ao romper com essas normas. Teixeira aponta que o neoliberalismo pós-1991, assim como o protecionismo fascista, serviu a interesses imperiais, sem beneficiar as populações do Sul Global.

Diante desse contexto, a aproximação com a China e com os BRICS é vista como uma necessidade estratégica, não ideológica. Enquanto os EUA restringem seus mercados, a China se estabelece como o maior comprador de commodities brasileiras, como soja, minério de ferro e petróleo, além de demonstrar interesse em diversificar as exportações do Brasil e em transferir tecnologias.

Ao contrário das ofertas do FMI, que impõem condicionalidades, a China sugere investimentos em infraestrutura, como portos e ferrovias, essenciais para a reindustrialização do Brasil. Alinhar-se com a China e os BRICS pode permitir ao Brasil libertar-se da tutela de Washington, que historicamente tem sabota­do projetos nacionais, como os da Petrobras e da Embraer.

A China se destaca como líder na revolução tecnológica e energética do século 21, dominando setores essenciais como energias renováveis, veículos elétricos e inteligência artificial. Uma colaboração estreita com Pequim pode colocar o Brasil na linha de frente da transição ecológica, uma vez que a China controla 80% do mercado global de painéis solares e 60% das turbinas eólicas.

Parcerias com gigantes como a BYD poderiam impulsionar a indústria automotiva verde brasileira, enquanto empresas como Huawei e ZTE oferecem soluções em 5G e infraestrutura digital a preços competitivos, sem os entraves geopolíticos associados a empresas ocidentais.

A dependência dos EUA tem se revelado um projeto derrotado. Desde os desdobramentos da Operação Lava Jato até as pressões contra o 5G chinês, os EUA demonstraram ser um parceiro pouco confiável. Com uma dívida elevada de 130% do PIB e um cenário de polarização política, não oferecem a estabilidade necessária para investimentos de longo prazo.

A atualidade do mundo reflete uma transição histórica, onde a ordem neoliberal se esgota e o unilateralismo dos EUA acelera seu declínio. Tanto Amorim quanto Teixeira evidenciam que este é o momento oportuno para o Brasil aprofundar suas relações com a China, o que poderia ser um pilar na política externa nacional, aproveitando o vasto mercado consumidor chinês de 1,4 bilhão de pessoas e seus investimentos em setores estratégicos. Fortalecer os BRICS como uma alternativa ao G7 proporcionaria ao Brasil um papel ativo na reformulação da arquitetura financeira global. O país deve adotar uma postura pragmática e soberana, rejeitando tanto o fundamentalismo de mercado quanto as alianças automáticas.

A escolha é inequívoca: o Brasil pode optar por ser mero espectador do colapso da antiga ordem ou atuar como protagonista na construção de uma nova. A China oferece um trajeto viável para um Brasil industrializado, tecnológico e verdadeiramente soberano. Como advertiu Celso Amorim, a história é implacável com aqueles que, por razões ideológicas ou submissão, deixarem passar essa oportunidade singular. O futuro é reservado àqueles que têm a audácia de moldá-lo em momentos decisivos. As informações são do 247.