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ONU pede que países ‘ajam com urgência’ para evitar que Israel amplie guerra no Oriente Médio

Irã disse que vai retaliar assassinato cometido em seu território; países pedem que cidadãos deixem o Líbano.

O alto comissário das Nações Unidas para os direitos humanos, Volker Türk, pediu nesta segunda-feira (5) por maiores esforços diplomáticos para evitar uma guerra aberta entre Israel e outros países do Oriente Médio. As declarações ocorrem em meio a ataques israelenses no Líbano e o aumento da retórica belicista iraniana.

“Profundamente preocupado”, disse Türk, que pediu “a todas as partes, assim como os Estados com influência, que ajam com urgência” para evitar o alastramento do conflito.

Na semana passada, os assassinatos do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã e do líder militar do Hezbollah, Fuad Shukr, no Líbano aumentaram as tensões na região. Israel não assumiu o ataque contra Haniyeh, mas havia declarado a intenção de destruir o grupo por causa dos ataques de 7 de outubro.

As mortes fizeram o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, declarar que Israel tinha ultrapassado as “linhas vermelhas”, enquanto o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, ameaçou com “punição severa”.

“O Irã tem legalmente o direito de punir” Israel, insistiu o porta-voz da diplomacia iraniana, Naser Kanani, nesta segunda-feira em Teerã.

No domingo, ministros das Relações Exteriores do G7 disseram temer “uma regionalização da crise, começando pelo Líbano”, onde Israel responderia em caso de ataque do Hezbollah, e pediram para evitar “uma nova escalada”.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, teria dito a seus homólogos do G7 que Irã e o Hezbollah podem lançar um ataque contra Israel dentro de 24 ou 48 horas, ou seja, a partir desta segunda-feira, segundo a imprensa estadunindese.

Blinken também conversou por telefone com o primeiro-ministro iraquiano, Mohamed Shia al Sudani, sobre a “importância das medidas” para acalmar a situação, diante da possibilidade de ataques de grupos armados iraquianos favoráveis ao Irã.

O principal aliado de Israel, os Estados Unidos, que reforçou sua presença militar no Oriente Médio, garantiu que “ao mesmo tempo tenta acalmar a situação diplomaticamente”. Mas em um ato celebrado em Jerusalém na noite de domingo, o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, insistiu que seu governo está “decidido a opor-se” ao Irã e seus aliados “em todas as frentes”.

O Ministério da Saúde libanês anunciou nesta segunda-feira (5) a morte de duas pessoas em um ataque israelense no sul do Líbano, poucas horas depois de um bombardeio do grupo Hezbollah contra o norte de Israel.

O Hezbollah abriu uma “frente de apoio” ao Hamas no sul do Líbano, após 7 de outubro, com uma troca de tiros diária com o Exército de Israel. A violência na fronteira matou pelo menos 549 pessoas no Líbano desde outubro, a maioria combatentes do Hezbollah, mas também 116 civis, segundo um balanço da agência AFP.

Em Israel e nas Colinas de Golá ocupadas, 22 soldados e 25 civis morreram desde outubro, segundo as autoridades.

*Com AFP, Al Jazeera e Haaretz/BdF

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Macron liga para Lula para elogiar posição do país sobre Venezuela

Presidente francês também agradeceu a presença de Janja nas Olímpiadas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu, nesta segunda-feira (5), telefonema do presidente francês Emmanuel Macron.

De acordo com o Palácio do Planalto, Lula foi elogiado pela posição de Brasil, Colômbia e México que emitiram nota conjunta acerca do resultado das eleições na Venezuela. Macron também citou a posição do país de estímulo ao diálogo entre o governo e a oposição venezuelana.

Lula, que está em visita ao Chile, reiterou compromisso com “a busca de uma solução pacífica entre as partes e que respeite a soberania do povo venezuelano”.

Olímpiadas
Emmanuel Macron também agradeceu a presença da primeira-dama Janja da Silva na abertura das Olímpiadas de Paris.

Lula, por sua vez, enalteceu o carinho de Macron e de sua esposa na recepção à delegação brasileira.

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O que se espera da visita de Lula ao Chile, em meio à crise da Venezuela

O encontro, para fechar diversos acordos bilaterais, traz como pano de fundo a posição conflitante de ambos os países sobre o vizinho latino-americano.

A visita oficial do presidente Lula ao Chile já estava marcada antes da crise política da Venezuela que abalou a América Latina. Não foi cancelado, mas o encontro, previsto para fechar diversos acordos bilaterais, traz como pano de fundo a posição conflitante de ambos os países sobre o vizinho latino-americano.

Quando o resultado das eleições na Venezuela foi divulgado há uma semana dando vitória a Nicolás Maduro para a reeleição no país, em anúncio que ainda gera preocupações e inseguranças, o presidente do Chile foi o primeiro a marcar posição que chamou a atenção: a de questionar diretamente a validade eleitoral e levantar a hipótese de fraude.

Naquele dia, as instituições eleitorais venezuelanas não tinham trazido provas de que o resultado era confiável, mas tampouco apresentaram provas do contrário. Por isso, a postura de Gabriel Boric foi duramente criticada na região, interpretada como uma oposição política direta à Venezuela. E as falas de Boric fugiram das expectativas regionais, uma vez que o presidente é apontado como liderança de esquerda na região.

Enquanto isso, transcorreu a postura do presidente Lula, de não defender e tampouco questionar, somente elogiar o processo eleitoral e esperar os registros eleitorais para parabenizar formalmente Maduro.

Essas reações opostas chegaram a balançar as relações entre os países, com Maduro opondo-se veemenetemente ao Chile. E somente uma semana após o início do grave conflito político da Venezuela, Lula desembarca em Santiago para consolidar relações internacionais diretamente com Boric.

*GGN

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Primeira-ministra de Bangladesh renuncia e foge do país após protestos com 300 mortos, dizem Forças Armadas

Milhares de manifestantes invadiram a residência oficial do governo, que vem sendo alvo de uma onda de manifestações estudantis contra uma política de cotas para veteranos de guerra para empregos públicos. Premiê estava no poder havia 15 anos.

Primeira-ministra de Bangladesh renuncia e foge do país após protestos com 300 mortos, dizem Forças Armadas

Milhares de manifestantes invadiram a residência oficial do governo, que vem sendo alvo de uma onda de manifestações estudantis contra uma política de cotas para veteranos de guerra para empregos públicos. Premiê estava no poder havia 15 anos.

Homens passam correndo por um shopping que foi incendiado durante uma manifestação contra a primeira-ministra Sheikh Hasina e seu governo, em Dhaka, Bangladesh, domingo, 4 de agosto de 2024. —

Homens passam correndo por um shopping que foi incendiado durante uma manifestação contra a primeira-ministra Sheikh Hasina e seu governo, em Dhaka, Bangladesh, domingo, 4 de agosto de 2024. — Foto: AP/Rajib Dhar
Homens passam correndo por um shopping que foi incendiado durante uma manifestação contra a primeira-ministra Sheikh Hasina e seu governo, em Dhaka, Bangladesh, domingo, 4 de agosto de 2024. — Foto: AP/Rajib Dhar

A primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, renunciou nesta segunda-feira (5), segundo anunciou o comando das Forças Armadas, em meio a uma onda de protestos contra o governo que já deixou 300 mortos.

Após renunciar, Hasina, que estava no poder havia 15 anos e uma das mulheres mais poderosas da Ásia, deixou o país, ainda segundo os militares. As Forças Armadas anunciaram também a formação de um governo interino comandado pelos militares.

Um dos países mais populosos do mundo, Bangladesh, no sudeste asiático, vem sendo palco de protestos estudantis nas últimas semanas que já deixaram 300 mortos. Os manifestantes protestam contra o sistema de cotas do governo que reserva um terço dos empregos públicos para parentes de veteranos da guerra contra o Paquistão, em 1971, quando Bangladesh se tornou independente e virou um país.

Também nesta segunda, milhares de manifestantes invadiram a residência oficial da premiê, na capital Daca (veja vídeo abaixo). Pela manhã, a internet chegou a ser bloqueada no país inteiro, após um fim de semana com manifestações massivas e violentas.

Segundo o canal local CNN News 18, Hasina fugiu para a cidade de Agartala, no nordeste da Índia. Ainda de acordo com o canal, ela já chegou ao local, e o governo indiano deve oferecer proteção à agora ex-premiê.

Em pronunciamento, o chefe das Forças Armadas, Waker-uz-Zaman, disse que o governo interino funcionará até que uma solução para o país seja encontrada.

A política de cotas havia sido abolida em 2018, mas foi restabelecida em junho deste ano. Em janeiro, manifestantes já haviam feito uma onda de protestos contra a premiê Sheikh Hasina após ela se reeleger em um pleito do qual a oposição se retirou alegando fraude.

Os protestos, liderados por grupos de estudantes do país, começaram em julho de forma pacífica, mas se tornaram violentos após embates com a polícia e com grupos pró-governo. Analistas do país também apontam influência das difíceis condições econômicas, incluindo inflação alta, aumento do desemprego e esgotamento das reservas estrangeiras.

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Eleições na Venezuela: o que está em jogo para a Rússia?

Rússia e EUA antagonizam posição sobre Maduro e crise na Venezuela expõe disputa de interesses geopolíticos.

Logo após a divulgação dos primeiros resultados das eleições da Venezuela no último domingo (28), indicando a vitória de Nicolás Maduro com 51,2% dos votos contra 44,2% de Edmundo González Urrutia, a Rússia, junto com a China, foi um dos primeiros países a reconhecer a reeleição do presidente venezuelano. Moscou manifestou o desejo de dar continuidade à parceria estratégica com Caracas e o presidente russo, Vladimir Putin, em particular, afirmou que Maduro é sempre bem-vindo em solo russo.

Moscou já colocou esta saudação em prática. Nesta sexta-feira (2), o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Ivan Gil, informou que Nicolás Maduro recebeu um convite para a cúpula do Brics, que será realizada na cidade russa de Kazan, em outubro.

“O presidente Vladimir Putin convida, em sua qualidade de presidente em exercício do Brics, o Presidente Nicolás Maduro à reunião ‘BRICS Plus’ dos líderes dos estados membros da união”, escreveu Gil na rede social X e publicou uma carta do líder russo a Maduro.

Por outro lado, o Departamento de Estado dos EUA alegou na última quinta-feira (1º) que o candidato da oposição venceu as eleições venezuelanas, intensificando a tensão internacional sobre o pleito. O antagonismo na forma com que Moscou e Washington reagiram ao resultado eleitoral dá o tom da disputa de interesses estratégicos no cenário internacional que gira em torno de Caracas.

:: Brasil, México e Colômbia pedem ‘verificação imparcial’ e ‘saída institucional’ na Venezuela ::

No caso específico da Rússia, a boa relação com a Venezuela tem um lastro histórico herdado ainda durante os governos de Hugo Chávez. Nos últimos anos, a conexão está relacionada com o isolamento que o Ocidente impôs a Moscou.

É o que afirma o Professor de Relações Internacionais da Universidade de São Petersburgo, Victor Jeifets, ao Brasil de Fato. Segundo ele, o imediato reconhecimento da vitória de Maduro por parte da Rússia era esperado, “já que tanto para a Rússia, quanto para a China, a Venezuela é um aliado importante”.

O pesquisador destaca que a Venezuela não só tem boas relações com Moscou, mas ainda goza de um status especial na formulação da política externa russa. Na doutrina de política externa da Rússia, a Venezuela é classificada especificamente como um país aliado na América Latina.

“A Rússia atualmente não tem tantos aliados. Entre os que a Rússia classifica como aliados, o Brasil, por exemplo, não é chamado assim na concepção da política externa russa, mas a Venezuela sim. E acredito que Moscou não está disposta a se desfazer de aliados”, observa.

As manifestação de apoio a Maduro por parte de Putin pode ser entendida como protocolar na medida em que seguiu a linha da tradição diplomática de Moscou de adotar uma certa neutralidade em processos políticos de países soberanos, em regiões distantes e fora do que a Rússia considera como região de influência (o espaço pós-soviético).

Além disso, a Rússia enviou uma delegação de representantes do parlamento e da Comissão Eleitoral Central do país. Os observadores relataram que as eleições decorreram em um “ambiente calmo e pacífico e que os procedimentos de votação foram transparentes e imparciais”.

No entanto, na medida em que foi se instaurando um cenário de instabilidade na Venezuela, com a oposição e atores internacionais alegando fraude eleitoral, a Rússia reforçou a sua posição de defender o resultado da votação anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral venezuelano.

De acordo com a embaixada russa em Caracas, o não reconhecimento do resultado das eleições representa um ato de interferência nos assuntos internos de um Estado independente. A mesma posição foi explicitada em um comunicado do Ministério das Relações Exteriores, que manifestou uma “rejeição categórica às tentativas de vários Estados de se arrogarem o direito de reconhecer ou não reconhecer os resultados do processo eleitoral na Venezuela”.

“Gostaríamos de enfatizar a posição de princípio russa anteriormente declarada: a eleição da liderança do país é um privilégio exclusivo do povo. Estamos convencidos de que não deve haver duplicidade de critérios nesta matéria”, completou a chancelaria.

Já o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que ‘a oposição não quer aceitar a derrota’. Ele destacou que a oposição ‘deve fazê-lo’ e parabenizar Maduro pela vitória.

A posição russa também está relacionada com o histórico de boa cooperação entre os dois países. Em visita à Venezuela em 2023, o chanceler russo, Serguei Lavrov, selou uma união com o presidente Nicolás Maduro para “unir forças” contra as sanções dos EUA. E no começo de 2024, os dois países assinaram 340 acordos nas áreas de mineração, gás, petróleo e turismo. Na ocasião, Lavrov destacou a parceria estratégica dos dois países.

Mas a relação de aliança entre Moscou e Caracas vai além do histórico de boa cooperação. A Venezuela é um dos poucos países no cenário internacional que abertamente apoia a Rússia na guerra da Ucrânia e que reconhece os territórios do leste ucraniano anexados por Moscou – Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporozhye – como parte da Federação Russa.

Assim, a Rússia apoia Maduro por entender que uma mudança de rota na política da Venezuela poderia representar um risco estratégico para Moscou. Foi o que expôs o diretor do Instituto da América Latina da Academia de Ciências da Rússia, Dmitry Rosenthal, durante um briefing para a imprensa internacional no centro de mídia do grupo Rossyia Segodnya no dia seguinte às eleições venezuelanas.

“A oposição venezuela entende perfeitamente que hoje o seu principal apoio vem dos países do Ocidente, sobretudo dos EUA. Eles não podem não se orientar pela posição deles, não podem desconsiderar suas posições, e é claro que aconteçam certas consultas, não pode haver dúvidas sobre isso. Além disso, no caso de uma hipotética vitória de Gonzalez nas eleições, a política externa da Venezuela em relação aos EUA faria um giro total de 180 graus de uma maneira bem rápida e ativa”, analisa.

O perfil político da oposição na Venezuela é um outro elemento fundamental que consolida a posição russa de apoio a Maduro. Além do alinhamento geopolítico, a influência que o Ocidente tem sobre a ala oposicionista na Venezuela fere os interesses pragmáticos de Moscou.

Segundo o professor de Relações Internacionais Victor Jeifets, “a Rússia nunca sequer tentou estreitar relações com a oposição, e nem a oposição tentou buscar seriamente um contato com Moscou”. Como exemplo, o pesquisador citou Moscou não tem nenhuma base de garantia por parte da oposição do país sobre os seus investimentos e contratos na esfera energética. “Estes estariam na zona de risco. Se mudasse o governo [na Venezuela], muitos dos investimentos russos não passariam pelo parlamento”, afirmou.

“O mais importante é que o Kremlin não está na posição de perder mais um aliado estando na condição de uma dura pressão de sanções. E o apoio a Maduro está ligado justamente a isso”, completa o pesquisador.

*BdF

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Embaixada no Líbano recomenda que brasileiros deixem o país

Representação do Brasil em Beirute monitora escalada da tensão após morte de comandante do Hezbollah e do principal líder político do Hamas.

A Embaixada do Brasil em Beirute emitiu um comunicado em que recomenda aos cidadãos brasileiros que residem no Líbano a deixarem o país “por seus próprios meios, até o retorno à normalidade”.

De acordo com o Itamaraty, o Líbano abriga a maior comunidade de brasileiros no Oriente Médio, com aproximadamente 22 mil pessoas.

A região vive uma escalada de tensão após o assassinato do comandante militar do Hezbollah, Fuad Shukr; e do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh. Estados Unidos, França e Reino Unido também orientaram que seus cidadãos deixem o Líbano imediatamente.

O documento da Embaixada do Brasil pede ainda que as pessoas com planos de viajar para o local cancelem a viagem. “Se você não estiver no Líbano, não viaje ao país”, enfatiza.

Para os cidadãos brasileiros que considerem essencial estar no Líbano, a recomendação é evitar permanecer no sul do país, em áreas fronteiriças ou em outras áreas de risco reconhecido.

O comunicado orienta brasileiros a seguirem todas as recomendações de segurança das autoridades locais, com atenção às áreas consideradas de risco. “Não participe de reuniões e protestos”, completa o texto.

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Breno Altman: “O chavismo fez uma aposta na politização do povo”

Em entrevista ao programa Bom Dia 247, o jornalista Breno Altman, editor do Opera Mundi, comentou sobre a situação política na Venezuela e o papel do chavismo na politização da população, que, segundo ele, explicaria uma nova vitória do presidente Nicolás Maduro no processo eleitoral. Segundo Altman, “o debate político na Venezuela é bastante acentuado.

O país é muito politizado, o chavismo fez uma aposta na politização do povo. Você conversa com as pessoas aparentemente mais simples e elas dialogam sobre a política como sujeitos da política e não como audiência. É muito comum o eleitor chavista se referir o tempo todo como nós, ele se refere como parte integrante do processo.”

Altman destacou que “a politização é mais visível, é mais classista. O chavismo tem a ver com a massa da classe trabalhadora, da população mais pobre. No Brasil a classe trabalhadora não tem esse nível de politização. A disputa é uma disputa de ideias muito acirrada.”

O jornalista enfatizou que “o chavismo fez uma aposta na mobilização, na organização, na politização e na transformação do povo venezuelano no fator essencial da governabilidade, desde o primeiro momento.

A relação de Chávez e depois de Maduro com o povo não era uma relação de entrega, no sentido em que o governo realiza políticas públicas, agrada ou desagrada o eleitorado e recebe em troca o seu apoio eleitoral a cada eleição. Não foi esta relação, não foi uma relação de opinião pública. Foi uma relação de organizar, mobilizar e educar, e mudar o Estado venezuelano para que fossem criadas instituições de poder popular. O chavismo também implementou um sistema de referendos e plebiscitos, de tal maneira que o povo decidisse as grandes questões.”.

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A geopolítica na América Latina e os ataques contra a Venezuela

O resultado das eleições presidenciais na Venezuela, reelegendo o presidente Nicolás Maduro (PSUV), movimentou todo o aparato da mídia burguesa internacional. A narrativa de que as eleições foram fraudadas é reproduzida a todo instante nos meios de comunicação alinhados com o neoliberalismo e a política externa dos Estados Unidos.

O ataque ao processo democrático da Venezuela não é fortuito, ele é parte da estratégia imperialista dos EUA para dominar politicamente e militarmente o território latino-americano. Segundo dados da própria CIA, a agência de inteligência dos EUA, a Venezuela possui as maiores reservas de petróleo do mundo. A tentativa de intervencionismo no processo político, tem como objetivo desestabilizar o governo Maduro e obter o controle geopolítico das reservas de petróleo por representantes presidenciais alinhados a política privatista, neoliberal e submissa aos interesses dos EUA.

A política adotada pelo governo Maduro segue as diretrizes do programa da Revolução Bolivariana, iniciada por Hugo Chávez, em 1999, que rompe com a doutrina neoliberal, nacionaliza as reservas e a produção de petróleo. E distribui a riqueza gerada por meio de políticas públicas, elevando a dignidade do povo venezuelano com a ampliação e garantia de direitos. Além disso, a Revolução Bolivariana é marcada por uma forte atuação política internacional, de forma solidária, que aposta na integração das nações latino-americanas e no rompimento da submissão à política externa norte americana.

EUA tem interesse no petróleo do país
As contestações da oposição aos resultados eleitorais sempre ocorreram na Venezuela, desde as vitórias de Chavez. Porém, nunca conseguiram apresentar provas que atestassem uma possível irregularidade. E, ao contrário do que diz a oposição, centenas de observadores internacionais do processo eleitoral atestam que há plena segurança, transparência e respeito à legislação venezuelana.

Golpe lá e cá

No Brasil, também temos tido contestações daqueles candidatos neoliberais derrotados nas urnas. Em 2014, Aécio Neves reivindicou recontagem dos votos, o que abriu um clima para o golpe em 2016 contra Dilma Roussef. Em 2022, Bolsonaro não aceitou o resultado eleitoral e tentou um processo golpista, tendo como marco o atentado em 8 de janeiro de 2023.

Todos esses ataques à democracia tiveram a mídia burguesa como principal articuladora. A ação orquestrada para deslegitimar a vontade popular do povo venezuelano é mais um golpe conduzido pela política imperialista dos EUA. A solidariedade e defesa da revolução bolivariana é um dever, nestes tempos, daqueles que defendem uma América Latina mais justa e soberana.

*Brasil de Fato

*Charge: Nando Motta

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“Brasil e China constroem uma comunidade com futuro compartilhado”, diz embaixador chinês Zhu Qingqiao

“A humanidade encontra-se em uma nova encruzilhada”, disse ele, no evento Brasil-China: 50 anos de amizade.

Em um evento especial realizado pelo Brasil 247, pela TV 247 e pela Vallya para comemorar os 50 anos de relações diplomáticas entre Brasil e China, o embaixador chinês Zhu Qingqiao fez um discurso enfático sobre a importância da parceria entre os dois países e os desafios e oportunidades que o futuro reserva. O embaixador Zhu Qingqiao abriu seu discurso agradecendo às autoridades brasileiras presentes e elogiou o papel do Brasil 247 na organização do seminário. Ele destacou que o Brasil 247 tem sido um veículo de notícias essencial para apresentar uma imagem verdadeira e objetiva da China ao público brasileiro e salientou que o evento foca em temas cruciais como o desenvolvimento verde e a cooperação econômica e comercial, refletindo a importância da relação bilateral. “Nos últimos anos, a cooperação em áreas emergentes como veículos elétricos, transporte moderno, tecnologia da informação e comércio eletrônico tem se desenvolvido rapidamente”, disse ele.

O embaixador relembrou a trajetória histórica das relações entre China e Brasil desde o estabelecimento de laços diplomáticos em 15 de agosto de 1974. Ele ressaltou que, ao longo de cinco décadas, os dois países construíram uma relação baseada no respeito mútuo e na cooperação vantajosa para ambos. O embaixador mencionou a visita do Presidente Lula à China no ano anterior e os resultados frutíferos da sétima sessão da COSBAN, co-presidida pelo Vice-Presidente Han Zheng e pelo Vice-Presidente Geraldo Alckmin.

Segundo Zhu Qingqiao, a China é, há 15 anos consecutivos, o maior parceiro comercial do Brasil e uma importante fonte de investimentos. O embaixador destacou projetos conjuntos de longa data, como o programa Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres, e mencionou a rápida evolução da cooperação em áreas emergentes, como veículos elétricos e tecnologia da informação. O embaixador Zhu também sublinhou a importância da colaboração em questões ambientais e climáticas, evidenciada pela criação de um Subcomitê de Meio Ambiente e Mudança Climática.

Diante dos desafios globais atuais, como a recuperação econômica lenta e a instabilidade geopolítica, Zhu afirmou que a humanidade está em uma nova encruzilhada, onde oportunidades e desafios coexistem. Ele defendeu que o desenvolvimento deve ser a chave para resolver os problemas da humanidade e destacou os esforços da China em promover a modernização econômica e abrir novas oportunidades de desenvolvimento para outros países, incluindo o Brasil.

O embaixador expressou a disposição da China em fortalecer a cooperação com o Brasil, promovendo a integração nas cadeias de produção e fornecimento, e explorando novas áreas de cooperação, como a economia digital e a agricultura de baixo carbono. Ele também incentivou a expansão da cooperação financeira e o aumento da liquidação em moeda local. “Ambos os lados devem seguir a orientação do planejamento estratégico dos presidentes dos dois países para injetar mais conteúdo do nosso tempo na Parceria Estratégica Global China-Brasil e promover conjuntamente a construção de uma comunidade com futuro compartilhado para a humanidade. Devemos promover a sofisticação da cooperação econômica e comercial pragmática entre os dois países. Ao mesmo tempo em que fortalecemos a cooperação nas áreas tradicionais de comércio, energia, mineração, agricultura e infraestrutura, devemos otimizar a estrutura comercial e promover a integração do comércio e dos investimentos nas cadeias de produção e fornecimento. Precisamos criar mais pontos de crescimento em cooperação nas áreas de economia digital, agricultura de baixo carbono e agricultura inteligente, biotecnologia, inteligência artificial, aeroespacial, saúde e medicina”, afirmou.

Zhu concluiu seu discurso com uma mensagem de otimismo, afirmando que a China está comprometida em unir esforços com o Brasil para construir uma comunidade com um futuro compartilhado, trazendo benefícios para os povos de ambos os países e contribuindo para a estabilidade global. Ele expressou esperança de que o próximo capítulo das relações sino-brasileiras seja ainda mais promissor, marcando os próximos 50 anos com uma parceria ainda mais forte e frutífera. Assista:

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Eleições na Venezuela dão vitória a Maduro, mas atas podem ser publicadas em 30 dias

Apesar de obrigatórias, na Venezuela, um candidato pode ser proclamado presidente e 30 dias depois publicadas as atas de votação.

O sistema eleitoral da Venezuela proclamou, novamente, a vitória de Nicolás Maduro reeleito presidente do país. Esperava-se que o anúncio desta sexta-feira (02) ocorresse com a apresentação das “Atas de Escrutínio”, como são chamados os registros das mesas usados para a totalização de votos, o que não ocorreu.

Apesar de obrigatória a apresentação destes dados, na Venezuela, um candidato pode ser proclamado presidente e, em um prazo de 30 dias depois, são publicadas as íntegras dos dados de votação. O GGN recorreu à Legislação da Venezuela para explicar, abaixo, como o processo eleitoral é validado no país:

A Lei Orgânica do Processo Eleitoral da Venezuela [confira a íntegra ao final] diz que os organismos eleitorais devem apresentar no documento de totalização de votos todos os dados registrados nas Atas de Escrutínio, “ata por ata, tal como foram incluídos na totalização, apresentados na forma de uma tabela”.

Somente com estes documentos é que o Conselho Nacional Eleitoral poderá proclamar os candidatos eleitos. A proclamação da reeleição de Nicolás Maduro foi feita na segunda-feira (29) e repetida em novo boletim nesta sexta-feira (02).

No anúncio, o Conselho Nacional Eleitoral informou que Nicolás Maduro foi reeleito com 51,95% dos votos (6.408.844) contra 43,18% do candidato da oposição, Edmundo González (5.326.104), o que significa uma diferença de mais de 1 milhão de votos para o atual presidente.

A diferença entre os dois boletins é que no dia seguinte às eleições, o órgão eleitoral informou ter feito o escrutínio de 80% das mesas eleitorais e, nesta sexta, 96,87% de todas as seções teriam sido escrutinadas pelas Juntas Eleitorais do país. No resultado do início da semana, Maduro tinha obtido 51,2% dos votos e González 44,2%. Em ambos os anúncios, os registros usados para essa totalização não foram apresentados.

A Legislação eleitoral venezuelana prevê que a totalização dos votos é feita de maneira automatizada, mas o sistema processa todas as chamadas “Atas de Escrutínio”. Essa contagem é feita por uma comissão de totalização do CNE, responsável pela organização, supervisão e controle do processo de totalização.

Conforme explicado, para fazer essa totalização, o CNE deve, obrigatoriamente, ter tido acesso às atas apresentadas pelas Juntas Eleitorais, com os dados de todas as seções, mesa a mesa.

No artigo 116 do Capítulo I, “Ato de Totalização”, do Título X da Lei Orgânica de Processos Eleitorais, estabelece que a Junta Nacional Eleitoral e as Juntas Eleitorais “têm a obrigação de realizar o processo de totalização no lapso de quarenta e oito (48) horas” e que “a totalização deverá incluir os resultados de todas as Atas de Escrutínio da circunscrição respectiva”.

*GGN