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‘Metrô de Gaza’, a arma secreta do Hamas contra uma invasão de Israel

O Exército israelense nunca conseguiu destruir a rede subterrânea de comunicações, refúgios, postos de comando e cativeiro para reféns do grupo terrorista na Faixa de Gaza.

O solo arenoso de Gaza é o pior inimigo de Israel. Foi possível escavar quase que com as mãos e longe de olhares indiscretos, por mais de três décadas, para perfurar uma das maiores redes de túneis e passagens subterrâneas do planeta em um de seus menores territórios. O Estado-maior das Forças Armadas de Israel batizou de “metrô” a rede estratégica de dezenas de quilômetros de galerias de uso militar, considerada como a arma secreta do Hamas diante de uma invasão. Ao contrário de túneis de contrabando, na fronteira com o Egito, ou passagens de ataque escavadas sob a fronteira de Israel, ninguém viveu para contar o que viu no metrô da Faixa de Gaza, diz O Globo.

O objetivo central da planejada invasão será previsivelmente a rede de abrigos subterrâneos, onde se escondem os líderes políticos do Hamas e os comandantes de seu braço armado, as Brigadas de Ezedin al-Qassam. Israel lançou uma guerra em larga escala em Gaza, em 2014, que incluiu uma ampla operação terrestre durante dois meses, com o propósito de destruir as galerias subterrâneas. Em 2021, na última grande incursão do Exército, Israel voltou a anunciar sua destruição, ao mesmo tempo em que justificava os bombardeios do bairro residencial de Rimal, na capital do enclave, onde se registraram dezenas de vítimas civis. As crateras e buracos abertos pelas bombas neste distrito, após 11 dias de bombardeios, mostravam o característico solo arenoso de Gaza, sem restos de concreto ou vigas metálicas, quando a imprensa estrangeira pôde visitar o local.

— O Hamas afirma que há 500 quilômetros de túneis. Mas acredito que esse número é uma forma de desincentivo a Israel, para que não invada Gaza — explica Harel Chorev, historiador e pesquisador do Centro Dayan, da Universidade de Tel Aviv. — O que é certo é que há dezenas de quilômetros construídos, de onde são lançados foguetes e se guarda armamento. Também há salas de abastecimento, reservas de água, dispositivos eletrônicos e tudo o que se pode precisar em caso de um ataque.

Ameaça subterrânea: túneis do Hamas são preocupação de segurança para Israel — Foto: Arte/O Globo

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Alimentos, água e medicamentos chegam à Gaza pela fronteira em Rafah, mas são insuficientes para população de 2,3 milhões

Após 12 dias sob o cerco total de Israel e em grave crise humanitária, impedida de acessar água, alimentos e eletricidade, Gaza recebeu na manhã deste sábado (21/10) 20 caminhões com suprimentos para a população, por meio da passagem pela fronteira em Rafah, no Egito.

O comboio de ajuda humanitária contém água, alimentos e medicamentos, mas não combustível, que também tem sido restrito aos palestinos de Gaza e implica no não-funcionamento da única central elétrica do enclave, segundo o Opera Mundi.

A decisão para que combustível não fosse permitido partiu do governo de Israel. Nesta manhã, o porta-voz das Forças de Defesa Israelenses (FDI), Daniel Hagari, adiantou que a matéria-prima que pode gerar energia “não entraria em Gaza”.

A agência de ajuda humanitária da ONU para refugiados palestinos (UNRWA) é receptora deste comboio e tem a responsabilidade de distribuir a ajuda aos civis em Gaza. De acordo com sua diretora de comunicações, Juliette Touma, é “absolutamente crítico” que o combustível chegue à região. .

Segundo sua entrevista ao jornal catari Al Jazeera, o combustível é essencial para as operações da agência e para bombear água para as torneiras da população.

A representante classificou o envio dos primeiros caminhos com ajuda como importante, e “sublinhou que é necessário continuar e não pode ser uma prestação de ajuda “única”.

Segundo a Al Jazeera, o gabinete de comunicação social do governo em Gaza disse esperar que a UNRWA entregue ajuda humanitária em diversas regiões da faixa, que tem mais de dois milhões de habitantes.

“Com o início da entrada através da passagem de Rafah do primeiro comboio limitado de necessidades básicas, estamos à espera que a UNRWA – como parte receptora – realize a sua dever de prestar ajuda aos necessitados em várias áreas da Faixa de Gaza”, ressaltou o jornal.

O representante palestino também lembrou sobre importância do estabelecimento de corredores humanitários que funcionem 24 horas por dia a fim de “satisfazer as necessidades humanitárias e os serviços essenciais que estão completamente desaparecidos” na Faixa de Gaza, incluindo o recebimento de ajuda médica uma vez que o sistema de saúde da região está em colapso.

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Medo da intolerância insuflado pela guerra atinge judeus e muçulmanos no Brasil

Sentimento em meio ao conflito Israel-Hamas vira tema de discussão e de preocupação em sinagogas e mesquitas.

Em dias tão divisionistas, um mesmo sentimento uniu mesquitas e sinagogas: medo. A guerra entre Israel e Hamas avivou ondas de intolerância contra judeus e muçulmanos, como se a identidade religiosa automaticamente tornasse alguém cúmplice de crimes cometidos por um irmão de fé.

Uma sinagoga em Berlim foi alvo de coquetéis molotov na quarta (18). O Conselho Central de Judeus na Alemanha reagiu lembrando do “dia de fúria” convocado por Hizbullah e aliados contra a comunidade judaica. Mais do que uma frase solta, seria “um terror psicológico que leva a ataques concretos”.

Algumas casas da cidade já tinham sido pichadas com estrelas de Davi, ação que emula a opressão antissemita durante o nazismo.

Enquanto isso, a foto de Wadea Al-Fayoume com um chapéu purpurinado onde se lê “happy birthday” circulava pelo mundo. Era seu aniversário de 6 anos. Dias depois, o proprietário da casa que a família de origem palestina alugava esfaqueou o menino. No funeral, um tio disse que suas últimas palavras foram: “Mãe, eu estou bem”.

São amostras brutais de uma violência que apavora judeus e muçulmanos, nutrindo a desumanização do outro lado e dando corda para um ciclo de repulsa mútua, segundo a Folha.

O pânico tem contaminado também o Brasil. Na esteira da chacina em Israel, o rabino Rogério Cukierman, da CIP (Congregação Israelita Paulista), falou a uma audiência judaica sobre as cenas inimagináveis “de violência e sadismo” que inviabilizaram o que era para ser “uma das datas mais felizes do ano”, a festividade do Simchat Torá.

A tia nonagenária de um dos sócios da CIP, que lhe pedia para levar uma cachaça do Brasil para que fizesse caipirinhas no kibutz onde vivia, foi uma das vítimas do Hamas. Muitos judeus brasileiros conheciam alguém assassinado no dia 7 e têm amigos morando em Israel. São corriqueiras as conversas de vídeo interrompidas por sirenes do outro lado, alertas para um possível ataque de mísseis.

Abrir o celular é um show de horrores. Grupos de WhatsApp se enxameiam com publicações antissemitas pinçados das redes sociais. Um deles: “É cada judeu existindo que me faz pensar onde foi que Hitler errou”.

O mesmo preconceito, com sinais trocados, incita a islamofobia mundo afora, e muçulmanos no Brasil não são poupados dessa retórica intolerante.

Líderes dizem que judeus ganham muito mais espaço na mídia para denunciar, inclusive, o antissemitismo que sofrem. Isso sem falar em círculos em que a defesa de Israel se confunde com a imagem de um Islã bárbaro. Fenômeno gêmeo ao que se espraiou depois do 11 de setembro de 2001 nos EUA.

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Ministro da Defesa de Israel diz que Hezbollah decidiu entrar no conflito: ‘Está pagando preço alto’

Grupo libanês é considerado ‘o irmão mais velho do Hamas’

O ministro da defesa israelense, Yoav Gallant, afirmou que o grupo Hezbollah, milícia xiita libanesa por vezes definida como o irmão mais velho do Hamas, está pagando um “preço alto” pelos ataques ao norte de Israel nos últimos dias. A declaração foi dada às tropas israelenses no campo de Biranit, na fronteira com o Líbano, neste sábado.

— O Hezbollah decidiu participar nos combates, e estamos cobrando um preço elevado por isso. Presumo que os desafios vão tornar-se maiores [do que são agora], e é preciso ter isso em mente, estar pronto, como uma mola, para qualquer situação — afirmou Gallant.

O principal trunfo do Hezbollah reside no arsenal de mísseis. Tal como no caso do Hamas, não há transparência nem dados verificados. Segundo o centro de pesquisa israelense Alma, o grupo possui algumas centenas de mísseis de alta precisão, cerca de 5 mil mísseis com alcance superior a 200 quilômetros (sendo o Fateh-110, capaz de atingir cerca de 300 quilômetros), cerca de 65 mil foguetes com alcance de até 45 quilômetros e mísseis de menos de 200 quilômetros, e cerca de 2 mil drones. Uma radiografia do Centro de Estudos Estratégicos Internacionais também sublinha a relevância da Fateh-110, segundo O Globo.

Durante a guerra de 2006, que durou 34 dias, o Hezbollah disparou cerca de 4 mil foguetes contra Israel, de um arsenal de cerca de 15 mil, segundo estimativas israelenses. E está melhor preparado agora do que estava à época.

Em termos de tropas, a variação vai dos 25 mil combatentes estimados pela revista especializada Jane’s, em 2017, aos 100 mil declarados pelo próprio chefe do Hezbollah, Hasan Nasrallah, em 2021, número considerado exagerado pelos especialistas.

Sem dúvida, a sua intensa participação na Guerra da Síria ao lado de Bashar al-Assad, causou enormes baixas nos últimos anos, mas fez com que o grupo extremista também desenvolvesse experiência de combate — o que é sempre um elemento valioso para qualquer força armada. A presença persistente na Síria de células do grupo é uma vantagem potencial.

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EUA e Israel esnobam cúpula de paz no Cairo, enquanto Gaza é bombardeada

Enquanto alguns dos principais líderes mundiais e chanceleres se reúnem neste sábado numa imponente sala no Cairo, os governos de Israel e dos EUA esnobam a cúpula da paz, organizada pelo Egito. Se a reunião conta com presidentes, monarcas e ministros de vários países, Tel Aviv não enviou ninguém e o governo americano apenas destacou uma diplomata sem qualquer influência. Enquanto isso, Gaza continuava sendo alvo de bombardeamentos.

O foco dos principais países árabes foi o de rejeitar qualquer tentativa de Israel de deslocar a população palestina para um novo território, eventualmente no Egito. O temor da região é de que um dos objetivos de Tel Aviv seja a de forçar a saída dos palestinos.

Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, insistiu que não aceita que seu povo seja expulso de Gaza. “Nunca vamos aceitar uma transferência. Nunca vamos deixar nosso território”, disse, apelando por um corredor humanitário e o fim do conflito.

Ele ainda defendeu que o Conselho de Segurança da ONU atue para “proteger os palestinos” e para que seu governo possa ganhar status de membro pleno nas Nações Unidas.

O príncipe herdeiro do Kuwait, Meshal al Ahmad al Sabah, também reforçou o coro de que não haverá uma aceitação qualquer plano de deslocar os palestinos para fora de Gaza.

Ao abrir o evento, o presidente do Egito, Abdul Fatah Al-Sissi apresentou o que acredita que ser um plano para lidar com a crise, envolvendo um cessar-fogo, a entrega de ajuda humanitária e o início de uma efetiva negociação entre palestinos e israelenses.

Cyril Ramaphosa, presidente da África do Sul, também pediu um cessar-fogo e alertou para o risco de que ambas as partes comecem a receber armas de potências. “O conflito pode sair do controle”, disse.O encontro ainda contou com Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, além chanceleres da França, Reino Unido e Alemanha. A Rússia enviou seu vice-ministro de Relações Exteriores.

O Egito havia convidado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o evento. Mas, recuperando-se de uma operação, ele ordenou que seu chanceler, Mauro Vieira, representasse o país.

Sub da Sub da Sub
Mas, no caso americano, a opção foi por destacar apenas a embaixadora alterna que ocupa a representação dos EUA no Cairo, Beth Jones. Hoje, os americanos não contam com um embaixador pleno no Egito e Jones é apenas uma chargé d’affair. Na hierarquia diplomática, trata-se de um sinal de que o governo americano não vê o encontro como prioritário.

o redor da mesa, porém, os discursos alertavam sobre o risco de um colapso da região. O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, alertou que a região está “a um passo do precipício”. Em seu discurso, ele destacou que a ajuda humanitária permitida a entrar em Gaza neste sábado está longe de ser ideal.

“Ontem fui ao posto de fronteira de Rafah”, disse. “Lá, vi um paradoxo: uma catástrofe humanitária acontecendo em tempo real. Por um lado, vi centenas de caminhões repletos de alimentos e outros suprimentos essenciais. Por outro lado, sabemos que, do outro lado da fronteira, há dois milhões de pessoas sem água, comida, combustível, eletricidade e medicamentos”, afirmou.

“Caminhões cheios de um lado, estômagos vazios do outro”, lamentou.

Ele destacou como um comboio de 20 caminhões está se deslocando hoje. “Mas o povo de Gaza precisa de um compromisso muito, muito maior – uma entrega contínua de ajuda a Gaza na escala necessária”, disse.

Guterres, porém, deixou claro que tanto Israel como Hamas precisam terminar com a onda de violência.

“Vamos ser claros. As queixas do povo palestino são legítimas e longas. Não podemos e não devemos ignorar o contexto mais amplo desses eventos trágicos: o conflito de longa data e 56 anos de ocupação sem fim à vista”, disse.

*Jamil Chade/Uol

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Caminhões de ajuda humanitária entram na Faixa de Gaza pelo Egito

Cerca de cem veículos com mantimentos aguardam na passagem de Rafah, mas apenas vinte cruzaram o corredor.

A entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza começou a ocorrer na manhã deste sábado, segundo autoridades palestinas. Cerca de cem veículos com mantimentos aguardam na passagem de Rafah, no Egito, mas apenas vinte cruzaram o corredor, que voltou a ser fechado, segundo a Veja.

De acordo com a embaixada norte-americana, a passagem de estrangeiros de Gaza para o Egito deve ser autorizada.

Nesta sexta, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, enfatizou a necessidade de levar os suprimentos com urgência a Gaza. “Temos 2 milhões de pessoas sofrendo enormemente”, afirmou, acrescentando que a ajuda humanitária é “a diferença entre a vida e a morte” para a população.

Cerco a Gaza
O governo de Israel bloqueou o fornecimento de água, alimentos, eletricidade e combustível a Gaza dois dias depois do início da guerra. No último domingo, contudo, decidiu liberar o fornecimento de água. Nesta semana, Biden se reuniu com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em Tel Aviv e costurou a autorização para o envio de ajuda à região.

Em comunicado, o gabinete do premiê israelense disse que, desde que os fornecimentos não cheguem ao Hamas, “não impedirá” a entrada de alimentos, água e medicamentos. A mensagem não cita, no entanto, combustível, utilizado para abastecer os geradores de hospitais no local. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, apelou para que o suprimento também entre em Gaza.

“O combustível também é necessário para geradores hospitalares, ambulâncias e usinas de dessalinização – e instamos Israel a adicionar combustível aos suprimentos vitais autorizados a entrar em Gaza”, afirmou em coletiva de imprensa.

Esta será a primeira vez que os habitantes da Faixa recebem auxílio internacional desde o início do conflito Israel-Hamas, em 7 de outubro. Na última segunda, a OMS informou que Gaza tinha apenas 24 horas restantes de provisão de água potável para a população, escalando o problema humanitário na região.

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Hospital em Gaza que abriga 12 mil civis diz que Israel ordenou evacuação

A administração do Hospital Al-Quds, em Gaza, disse nesta sexta-feira (20) que recebeu uma ordem de evacuação “imediata” do Exército de Israel. Além de cerca de 500 pacientes, muitos em UTIs, o local abriga 12 mil palestinos que deixaram suas casas para fugir dos bombardeios israelenses.

Hospital em Gaza diz ter recebido ordem de Israel para evacuar pacientes e civis. Segundo a Sociedade Crescente Vermelho Palestino (PRCS, na sigla em inglês), organização humanitária ligada à Cruz Vermelha, houve ameaças “claras” de bombardeio por parte de Israel. A informação também foi divulgada pelas emissoras CNN e Al Jazeera.

Entidade diz haver cerca de 500 pacientes e 12 mil civis no local. Em entrevista à Al Jazeera, Nebal Farsakh, da PCRS, disse que mulheres e crianças são a maioria dos pacientes, e muitos têm estado crítico de saúde. Além disso, o hospital abriga 12 mil palestinos que tentam fugir da guerra entre Israel e Hamas.

Ministério da Saúde já havia anunciado ter recebido ordens para esvaziar hospitais. Mais cedo, as autoridades palestinas informaram que as forças israelenses, “que enviam mensagens ameaçadoras às instalações de saúde”, sugeriram que os ataques aéreos não vão parar. “Os profissionais de saúde não abandonarão os nossos pacientes e civis feridos, aconteça o que acontecer”, alertou em comunicado.

Há dois dias, bombardeio atingiu área a 100 metros de Al-Quds. Este mesmo hospital já havia sido alvo de ataques em 2009, como lembrou a Al Jazeera.

Muitos pacientes estão em estado crítico, ligados a aparelhos. Não há como evacuá-los com segurança, isso vai colocar suas vidas em perigo. (…) Até a OMS [Organização Mundial da Saúde] disse que as ordens para evacuação de hospitais são impossíveis de colocar em prática. É uma pena de morte para todos os pacientes.
Nebal Farsakh, da PRCS, em entrevista à Al Jazeera

*Uol

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Imagens de satélite mostram fila de caminhões com ajuda humanitária para Gaza perto da passagem de Rafah

Cerca de 100 caminhões aguardam autorização para entrar no território.

Imagens de satélite divulgadas na sexta-feira (20) mostram os cerca de 100 caminhões com ajuda humanitária reunidos no lado egípcio da passagem de Rafah para a Faixa de Gaza, diz o G1.

A ONU estima que os veículos conseguirão autorização para entrar no território no sábado (21). O presidente dos EUA, Joe Biden, disse na sexta-feira (20) acreditar que a ajuda chegará em entre 24 a 48 horas.

Inicialmente, o governo de Israel havia bloqueado a entrada de água, alimentos, eletricidade e combustível em Gaza. No entanto, apelos da comunidade internacional e, principalmente, um encontro com Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, em Tel Aviv, convenceram Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, a autorizar o envio de ajuda humanitária para o território.

Um porta-voz da Presidência egípcia disse na quarta-feira (19) que estava coordenando, junto com os norte-americanos e com organizações humanitárias internacionais sob a supervisão da ONU, uma forma de garantir a chegada de ajuda.

“O combustível também é necessário para geradores hospitalares, ambulâncias e usinas de dessalinização – e instamos Israel a adicionar combustível aos suprimentos vitais autorizados a entrar em Gaza”, disse o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em coletiva de imprensa.

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Mãe e filha libertadas pelo Hamas chegam ao Egito: ‘razões humanitárias’, diz grupo extremista

O porta-voz do braço armado do Hamas, as Brigadas al-Qassam, disse nesta sexta-feira que o grupo libertou duas reféns americanas por “razões humanitárias”, após esforços do Catar. A informação foi confirmada pela Cruz Vermelha e por veículos locais, embora Israel e seu principal aliado, os EUA, ainda não tenham se manifestado.

De acordo com o Canal 12, Judith Raanan e sua filha, Natalie Raanan, chegaram ao Egito nesta sexta-feira. Elas foram transferidas para as instalações do Comitê Internacional da Cruz Vermelha no país e de lá seguirão para Israel, informou o jornal The Times of Israel. O Hamas optou por liberá-las devido ao declínio da saúde da mãe, segundo a CNN.

As duas residem em Evanston, Illinois, nos arredores de Chicago, e foram a Israel este mês para comemorar o aniversário de 85 anos de um parente e o feriado judaico, de acordo com seu rabino que conversou com o Times. Elas têm dupla nacionalidade, de Israel e dos Estados Unidos.

A família Raanan estava participando de uma celebração religiosa em Nahal Oz, um kibutz a cerca de 1,6 km da fronteira com Gaza, quando o ataque do Hamas começou, segundo informações apuradas pelo Times.

Natalie Raanan, de 18 anos, concluiu recentemente o ensino médio e estava ansiosa para tirar uma folga e visitar a família no exterior, disse seu tio, Avi Zamir, em um evento comunitário para os Raanans em Evanston na semana passada.

“Em resposta aos esforços do Catar, as Brigadas al-Qassam libertaram dois cidadãos americanos [uma mãe e sua filha] por razões humanitárias”, declarou Abu Obaida em um comunicado divulgado mais cedo nesta sexta pelo Hamas. “[Objetivo é] provar ao povo americano e ao mundo que as alegações feitas pelo [presidente Joe] Biden e seu governo fascista são falsas e sem fundamento”.

Israel afirma que o Hamas sequestrou 203 pessoas após o ataque terrorista em 7 de outubro. A Human Rights Watch (HRW) e outros grupos de direitos humanos disseram que manter os prisioneiros é um crime de guerra.

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As crianças que sobreviveram a bombardeios em Gaza mas ficaram órfãs

Ghassan Abu Sittah é um cirurgião plástico e reconstrutivo britânico que atualmente trabalha no Hospital al-Shifa, na cidade de Gaza.

“Não há lugar mais solitário no mundo do que a cama de uma criança ferida que já não tem família para cuidar dela”, escreveu o médico nas redes sociais.

Abu Sittah trata feridos dos lançados por Israel após o ataque do Hamas que deixou pelo menos 1.400 mortos em território israelense.

Até o momento, os bombardeios israelenses em Gaza deixaram pelo menos 3.300 mortos e 13.000 feridos, disse Mai al-Kaila, ministra da Saúde palestina, na quarta-feira (18/10).

“Todos têm ferimentos causados ​​por explosões, há ferimentos horríveis com estilhaços e queimaduras, pessoas que foram retiradas dos escombros de suas casas”, disse.

Dr Abu Sittah

O cirurgião descreve as cenas que vê em Gaza como “o fenômeno da criança ferida, sem família sobrevivente”.

“Todos os dias temos casos em que nos dizem que este é o único membro sobrevivente da família”, disse ele.

O médico informou que tratou uma menina de cinco anos com queimaduras e outra menina de quatro anos também com queimaduras faciais e ferimento na cabeça.

“Elas foram as únicas desenterradas vivas dos escombros da casa da família.”

O cirurgião observou que dias antes havia operado a filha de uma médica no hospital al-Shifa, em Gaza. A médica morreu nos bombardeios junto com seu outro filho, e a menina ferida foi a única sobrevivente.

Menina ferida por ataques aéreos israelenses

Caroline Hausmann dirige a CFAB, uma organização internacional que ajuda órfãos vítimas da guerra.

Neste momento, a organização não pode estimar o número de crianças sem família. Mas ela observou que o número será “enorme”.

Hausmann diz que as crianças são frequentemente exploradas. O Hamas trouxe quase 200 reféns, incluindo crianças e deficientes, para Gaza. Acredita-se que estejam em andamento negociações para libertá-los junto a mulheres.

“Trabalhamos para conectar as crianças de ambos os lados com as suas famílias, independentemente das circunstâncias”, disse a diretora do CFAB.

“Qualquer criança que perca os pais como resultado da guerra ficará traumatizada e enfrentará um longo caminho para a recuperação”, disse ela. “Haverá centenas, senão milhares de crianças afetadas.”

Em Gaza, grupos que trabalham com refugiados afirmaram que já houve enorme procura por apoio psicológico e social para as crianças afectadas pelos ataques após 7 de outubro.

“Com o trauma, o transtorno de stress pós-traumático e a depressão que as crianças sofrem, a situação só pode piorar”, disse Tamara Alrifai, da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos, UNRWA.

O médico Abu Sittah disse que a sua família no Reino Unido foi visitada pela polícia antiterrorista britânica.

Numa entrevista ao programa Newsnight, da BBC, o médico disse que a sua família foi interrogada e que agora está consultando advogados.

“Preciso descobrir por que alguém achou uma boa ideia perguntar à minha esposa onde estou, quem pagou minha passagem e para qual instituição filantrópica eu trabalho”, disse o cirurgião.

“É uma tentativa brutal de assédio… como se minha esposa não tivesse o suficiente com que se preocupar”, acrescentou.

Em comunicado, a polícia local disse à BBC: “Em 16 de outubro, agentes da polícia que responderam a uma denúncia de que um homem planejava viajar para uma zona de guerra compareceram a um endereço no norte de Londres, onde falaram com um dos ocupantes”.

A polícia acrescentou ter estabelecido que “o homem havia deixado o Reino Unido para fins humanitários”.

Mãe ao lado dos restos mortais de seu filho

Abu Sittah diz que muitas pessoas no norte de Gaza não seguiram o aviso do exército de Israel para se deslocarem rumo ao sul para evitarem serem atacados.

Elas permaneceram em suas casas, diz ele, porque áreas supostamente seguras estão sendo atacadas “com a mesma ferocidade” que aquelas que não são.

O médico afirmou que “não é possível” evacuar o hospital al-Shifa, onde a maioria dos pacientes está “gravemente ferida”.

Muitos dos que permanecem em suas casas no norte de Gaza também temem ser forçados a abandonar totalmente o território.

“Tornar-se refugiado é uma parte muito importante da identidade palestina. As pessoas simplesmente não querem passar por isso novamente e é por isso que ficam”, disse o cirurgião à BBC.

*Com BBC