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Beirute tem noite ‘mais violenta’ com bombardeios maciços de Israel

Militares israelenses lançaram mais de 30 ataques aéreos nos subúrbios ao sul da capital libanesa, segundo mídia local.

Militares israelenses lançaram mais de 30 bombardeios em diferentes partes dos subúrbios de Dahye, em Beirute, que viveram sua madrugada “mais violenta” em um ano de conflito, informou neste domingo (06/10) a Agência Nacional de Notícias do Líbano (ANN).

O Ministério da Saúde do Líbano informou neste domingo que no dia anterior os ataques israelenses mataram 23 pessoas e feriram outras 93 no país.

Os subúrbios ao sul de Beirute registraram sua noite mais violenta desde o início da agressão, sendo alvo de mais de 30 ataques, cujos ecos foram ouvidos em Beirute e cuja fumaça negra cobriu todas as áreas dos subúrbios”, disse a agência de notícias estatal.

O bombardeio atingiu pelo menos cinco bairros residenciais diferentes em Dahye, assim como um posto de gasolina na estrada que liga a capital ao Aeroporto Internacional Rafic Hariri, o único aeroporto operacional do país, onde os voos há semanas têm sido limitados.

Israel diz ter atacado estruturas do Hezbollah
O Exército israelense confirmou ter lançado uma série de ataques noturnos nas proximidades da cidade, alegando ter atingido “depósitos de munição e outras infraestruturas” do grupo libanês, de acordo com uma declaração militar.

Na semana passada, seus caças e drones bombardearam diariamente Dahye, um importante reduto do Hezbollah, que havia sido amplamente poupado de ataques durante a maior parte do conflito que começou em outubro de 2023.

No entanto, como parte da forte escalada lançada por Israel desde meados de setembro, houve vários bombardeios e ataques na área que Israel alega serem “direcionados” contra líderes do Hezbollah, como o que matou há uma semana seu secretário-geral, Sayyed Hassan Nasrallah.

Ao mesmo tempo, as forças israelenses se envolveram em combates terrestres dentro do território libanês, em áreas adjacentes à fronteira, onde registraram a morte de nove soldados, e mantêm uma intensa campanha de bombardeios contra o sul e o leste do país, também feudos do grupo xiita.

Repatriação de brasileiros
Neste sábado (05/10), um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) decolou de Beirute levando 229 brasileiros. Entre eles, há 10 crianças de colo. Também embarcam para o Brasil três animais de estimação.

Aeronave tem chegada ao Brasil prevista para este domingo, após uma “parada técnica” de reabastecimento em Lisboa antes do trajeto final rumo à Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos.

Este é o primeiro voo de resgate da Operação Raízes de Cedro. O objetivo é repatriar até 500 pessoas por semana. Mais de 3 mil manifestaram interesse em voltar ao Brasil. Estima-se que cerca de 20 mil brasileiros morem em território libanês.

Ataque a mesquita ao menos mata 19 em Gaza
Um ataque israelense a uma mesquita na Faixa de Gaza na manhã deste domingo matou pelo menos 19 pessoas, disseram fontes palestinas, enquanto Israel intensifica seus bombardeios no norte de Gaza.

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Chega a Beirute o voo da FAB que trará o primeiro grupo de brasileiros que fogem do conflito no Oriente Médio

Segundo lista informada pela Globonews, 229 brasileiros e familiares voltarão ao Brasil nessa primeira viagem..

Pousou às 11h22 (horário de Brasília) deste sábado (5), no aeroporto de Beirute, o avião da Força Aérea Brasileira (FAB) que vai repatriar brasileiros e seus familiares que fogem do conflito entre Israel e o Hezbollah. A capital libanesa vem sendo alvo de bombardeios das forças israelenses, o que levou os brasileiros a pedirem seu resgate. Entre os passageiro, há dez crianças de colo. A lista divulgada pela Globonews é de 229 passageiros que retornarão ao Brasil.

A operação, que faz parte da missão Raízes do Cedro, estava prevista para ocorrer na sexta-feira (4), mas foi adiada por razões de segurança, devido aos bombardeios realizados por Israel na região, em meio ao conflito com o grupo extremista Hezbollah.

A aeronave KC-30 partiu da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, na quarta-feira (2), chegou a Portugal no mesmo dia e decolou para Beirute às 6h55 (horário de Brasília) deste sábado.

Cerca de 3 mil brasileiros querem deixar o Líbano

A operação foi organizada pelo governo brasileiro após conversas entre o presidente Lula e o chanceler Mauro Vieira, que estavam no México para a posse da presidente Claudia Sheinbaum. Desde a semana passada, a embaixada brasileira em Beirute tem intensificado os contatos com a comunidade local para identificar os cidadãos interessados em retornar ao Brasil.

Aproximadamente 3 mil brasileiros demonstraram interesse em deixar o Líbano, muitos dos quais são residentes da capital e do Vale do Bekaa, regiões diretamente afetadas pelos conflitos.

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Ataque israelense a Beirute deixa 14 mortos e 66 feridos, diz ministério

Israel diz que tinha como alvo Ibrahim Aqil, integrante importante do Hezbollah.

Ao menos 14 pessoas morreram e outras 66 ficaram feridas em um ataque israelense no sul de Beirute nesta sexta-feira (20), disse o Ministério da Saúde do Líbano. Pelo menos nove dos hospitalizados estão em estado crítico, ainda segundo a pasta.

O ataque destruiu um prédio de vários andares em um bairro residencial. Uma equipe da CNN no local viu uma mobilização em massa para resgatar pessoas debaixo dos escombros.

Israel afirmou que matou Ibrahim Aqil, integrante importante do Hezbollah, que seria parte da força de elite Radwan.

A ofensiva desta terça é a terceira contra a capital libanesa neste ano.

Em janeiro, um ataque aéreo israelense matou Saleh Al-Arouri, vice-chefe da ala militar do Hamas, que estava morando em Beirute.

Em julho, um segundo ataque israelense em Beirute matou o oficial militar mais graduado do Hezbollah, Fu’ad Shukr.

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Matéria Opinião

Por que é necessário questionar a versão dominante de “acidente” sobre a explosão no Líbano?

A tragédia em Beirute no Líbano marcou esta primeira semana de Agosto em um ano já marcado por uma série de fatos insólitos de enorme gravidade como a pandemia do novo Coronavírus, a crise financeira global e o acirramento do conflito EUA x China.

Entretanto, em que pese o fato do problema no Líbano ser um fato lamentável por si só, um fato crucial precisa ser problematizado e pegou até mesmo analistas de renome de “calças curtas”. É comum na pressa analisar determinados fatos sem levar em consideração categorias de análise fundamentais como as questões do poder de difusão de informações e de apropriação dos fatos.

No mesmo dia do incidente, em vários círculos de análise política (tanto a da grande Imprensa monopolista quanto na chamada “Blogosfera” independente) houve uma pressa curiosa em concluir que a explosão em Beirute se tratava de um “desígnio divino”, ou seja, um azar muito grande que se abatia sobre os libaneses.

Esta postura chamou a atenção porque em que pese o fato de não haver uma investigação ainda minuciosa dos acontecimentos, as imagens da explosão não se encaixam no perfil de uma explosão convencional. Por mais que um acidente com nitrato de amônia seja um risco verificado em outras partes do Mundo – inclusive no Brasil – a explosão no porto de Beirute teve características muito próprias que suscitam no mínimo questionamentos diversos. Além do mais, o fato da explosão ter ocorrido no Líbano cria certamente um ar de suspense porque afinal de contas estamos nos referindo a uma região em disputa no coração do mar Mediterrâneo em um país vizinho da Síria e imbricado diretamente no conflito de interesses de superpotências globais. Se a explosão tivesse ocorrido na Samoa Americana ou na Polinésia francesa, sem querer desmerecer os habitantes destas ilhas do Pacífico, a linha de investigação poderia não suscitar tanta polêmica assim. Mas não é exatamente isso que quero retratar aqui e sim o problema da apropriação do fato e sua difusão.

Duvidar das versões dominantes é papel constante dos núcleos progressistas. O motivo de se valorizar a criticidade é simples: quem controla os instrumentos de comunicação de massas consegue subordinar todo o hall das coberturas posteriores em uma voz unificada, ou seja, o fenômeno do monopólio da informação. Cerca de 1 hora e meia após a explosão, já circulava nas principais redes de notícias do Mundo a tese de “acidente” ou “obra do destino”, um “azar” muito grande recaiu sobre Beirute, “rezemos todos pelos libaneses”, ou seja, a coisa já ganhava até tons místico-religiosos. Entretanto, para bons analistas, a leitura sentimental de natureza religiosa não costuma satisfazer – em especial se temos em mente os fatos históricos na mão. Como historiador, sei a importância desta Ciência para a leitura do presente. Em suma, o discurso preponderante sobre a explosão em Beirute foi tomado de um frenesi pouco contextualizado, em especial se tratarmos dos fatos que ocorrem no Mundo de 2008 pra cá (para usarmos uma prazo analítico menor). Eu me pergunto quem consegue tirar um diagnóstico de “azar do destino” menos de duas horas após o evento sem que uma investigação ocorra? Entenda que todo o conjunto de informações que se seguiram caminharam nesta direção como principal vetor de investigação. Por que devemos ser obrigados a acreditar? Até mesmo o Lejeune Mirhan, conhecidíssimo professor e analista dos temas árabes no Brasil e que se coloca no campo dos analistas críticos aderiu com extrema facilidade o discurso de acidente no mesmo dia do evento (na mesma noite). Sua alegação partia da observação da própria imprensa do Hezbollah que não se manifestou em torno de questionar a natureza da explosão nas primeiras horas.

Ora, nada surpreendente! O próprio Lejeune faz questão de mencionar que o Hezbollah não costuma provocar ninguém, apenas reage e se protege em casos necessários, ou seja, mesmo um grupo considerado pelos ocidentais radical se coloca na defensiva na cobertura das informações. Isso entretanto não quer dizer muita coisa porque a análise da Geopolítica independe do Hezbollah. O Hezbollah por exemplo não previu em sua imprensa o despertar da Revolução colorida em 2011 na vizinha Síria e que culminou numa das mais brutais guerras do Oriente Médio em anos recentes.

Uma coisa que as esquerdas precisam compreender, sobretudo as reformistas é que desqualificar interpretações críticas e taxá-las de teorias “mirabolantes da conspiração” é um erro que a Burguesia deseja constantemente que se cometa. Se nós fossemos seguir esta lógica, o discurso crítico ao Golpe de Estado de 2016 no Brasil seria considerado “teoria” da Conspiração como a própria Burguesia se esforça diuturnamente em elaborar, num esforço que tem se provado inclusive difícil uma vez que não só as evidências como as provas do Golpe de Estado pululam por todos os poros, dentro e fora do Brasil. O tema do “Golpe de Estado no Brasil” já pertence até mesmo a cursos em Universidades no exterior!

Há quem discuta que Israel não tenha o interesse em agredir o Líbano no momento. De fato, não há indícios de que Israel esteja envolvido no caso por motivos que se provam óbvios, não há conjuntura política favorável local para uma agressão gratuita deste jeito. Mas isso não significa que o Imperialismo de conjunto não esteja interessado em bagunçar o Líbano. Um erro que vários analistas do Oriente Médio cometem é supervalorizar o papel de Israel no jogo de tabuleiro do Médio Oriente. Que Israel tem desempenhado um papel importante em servir de bucha de canhão dos interesses ocidentais na região não restam dúvidas mas o jogo vai além de Israel. E aliás, Israel é até vítima no caso porque assim como qualquer outra nação dominada, tem um governo completamente comprado pela rede de interesses estrangeiros e suas políticas, portanto, colocam os próprios habitantes de Israel em constante risco. Israel é vítima também, assim como os demais países da região.

Nada como o tempo para revelar que as coisas no Líbano vão muito além de azar. Tão logo a poeira da explosão abaixou e dias após, o próprio governo libanês colocou no hall de possibilidades interferência estrangeira. Mas, para muito além disso, quase que numa situação de auto-denúncia, manifestações tomam conta das ruas de Beirute contra o governo e com palavras de ordem ALTAMENTE controvertidas. Ao invés de “pão, terra e paz”, uma parte dos manifestantes exigem o retorno do controle do Líbano pela França! Isso mesmo que você acabou de ler! Uma das palavras de ordem como veiculado pela rede alemã de notícias Deutsche Welle deste sábado indica que uma parte significativa dos manifestantes protestam contra o governo central e exigem intervenção estrangeira no país. Se isso não é uma atuação de infiltrados que buscam incendiar uma “revolução colorida” no Líbano, o que é então? O povo libanês não quer ser colônia de ninguém. Será que a explosão mudou a opinião dos libaneses? Claro que não, estamos diante de uma tentativa de se emplacar uma “revolução colorida” no país aos mesmos moldes que levaram a Síria ao conflito civil em 2011. Em jogo, interesses estrangeiros abertos e explícitos na região no mesmo momento que uma crise global acontece onde EUA, União Europeia, Rússia e China se acotovelam no Oriente Médio sobre o controle de contratos tubulares de gás natural, jazidas de petróleo, rotas comerciais e mercados consumidores em uma clássica e corriqueira disputa Imperialista já vista inúmeras e inúmeras vezes na História recente. Devemos achar que tudo não passa de coincidência?

Mesmo que se prove por a + b = c que a explosão foi um acidente, nos livramos então da problematização política? De jeito nenhum. Não adianta fugir, todos os fatos do chamado Lebenswelt estão subordinados a relações sociais que por sua vez são pautadas por relações de poder. O caso Líbano não é um caso encerrado como a imprensa quis transparecer no mesmo dia. O caso Líbano é um caso político que a depender do desenrolar da situação pode revelar uma nova “Guerra Híbrida” na região.