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Boicote às empresas que apoiam o bolsonarismo miliciano

A fatura um dia chega.

As empresas alvo do boicote incluem Havan e outras marcas brasileiras conhecidas, como as lojas de roupas Riachuelo , as lojas de esportes Centauro e a cadeia de restaurantes Coco Bambu.

Os brasileiros horrorizados com o fanatismo e o autoritarismo de Jair Bolsonaro estão pedindo boicotes às grandes empresas cujos fundadores ou proprietários apoiam o presidente de extrema direita.

Bolsonaro frequentemente ataca pessoas LBGT , indígenas e jornalistas e expressa admiração pela ditadura militar, mas o gatilho imediato dos boicotes foi uma manifestação planejada contra as instituições democráticas do país, apoiadas por alguns líderes empresariais – e pelo próprio presidente.

“Estou tentando combater um sentimento de impotência”, disse Edwin Carvalho, 39 anos, professor de jornalismo na cidade de Florianópolis, no sul, que postou uma mensagem em um grupo fechado do Facebook LGBT com 320.000 membros pedindo um boicote à toda a cadeia de academias Smart Fit.

“Sou professor universitário, jornalista, gay”, disse Carvalho. “Sou tudo o que Bolsonaro mais detesta no mundo.”

A publicação de Carvalho foi motivada por relatos de que o fundador do Smart Fit, Edgard Corona, havia compartilhado vídeos atacando Rodrigo Maia, presidente da câmara baixa do congresso, no grupo WhatsApp do Brasil 200, uma poderosa organização empresarial.

Os apoiadores do presidente estão planejando protestos em todo o país em 15 de março e inundaram a mídia social com memes atacando o congresso – e até propondo um retorno ao regime militar.

Vários membros do Brasil 200 – incluindo Luciano Hang, o proprietário abertamente pró-Bolsonaro da cadeia de lojas de departamentos Havan – manifestaram apoio para os antidemocratas manifestações.

Um investidor, Otavio Fakhoury, até se ofereceu para pagar por caminhões de som para a demonstração. O grupo disse que não está apoiando os protestos, mas deixando os membros decidirem se eles participarão.

As empresas alvo do boicote incluem Havan e outras marcas brasileiras conhecidas, como as lojas de roupas Riachuelo, as lojas de esportes Centauro e a cadeia de restaurantes Coco Bambu.

Pablo Corroche, 38 anos, professor em Porto Alegre, cancelou sua inscrição no Smart Fit e não mais visita Havan. “Estamos passando por um momento antidemocrático em Brasil e não vou concordar com isso”, afirmou.

Em um e-mail, o Smart Fit disse: “A Smart Fit não apoia nenhum político ou partido. Nossa principal missão é tornar democrático o acesso ao fitness de alto padrão.” A empresa apoia a causa LGBTQIA+, acrescentou.

Isso não parece ter dissipado a raiva do cliente.

Luiz Pimentel, 44, funcionário público no Rio, disse que, quando foi cancelar a associação ao Smart Fit, o casal à sua frente estava fazendo o mesmo. “Os líderes empresariais estão defendendo seus próprios interesses e não as pessoas. Por isso escolhi boicotar não apenas o Smart Fit, mas também outras empresas”, afirmou.

Pedro Parente, 56, dono de uma empresa de informação em Fortaleza, também se juntou ao boicote. “É como descobrir que uma empresa está usando trabalho escravo”, disse ele. “Eu tenho o direito de não consumir seus produtos ou serviços.”

 

 

*Com informações do GGN

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Bolsonaro corta empréstimos da Caixa para estados e municípios do Nordeste

Presidente de banco federal teria orientado funcionários a não liberar empréstimo para estados e municípios da região.

Reportagem do jornal O Estado de S.Paulo publicada nesta sexta-feira (2) informa que os governos do Nordeste estão sendo boicotados pela Caixa Econômica Federal desde a posse do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Segundo a matéria, assinada pelas repórteres Camila Turtelli e Adriana Fernandes, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, teria baixado uma ordem para que não sejam contratados empréstimos junto a Estados e municípios da região. A informação sobre o bloqueio prévio de recursos teria sido obtida com funcionários do banco e da equipe econômica do governo. “Sob condição de anonimato, elas confirmam que ouviram a orientação em mais de uma ocasião”, diz a reportagem.

No mês passado, Bolsonaro foi flagrado atacando os governadores do Nordeste, durante café da manhã com jornalistas.

Em nota oficial, a direção da Caixa negou o boicote. Mas levantamento feito pelo jornal, com base nos números do banco e do Tesouro Nacional, mostra que dos R$ 4 bilhões em empréstimos autorizados em 2019 para governos e prefeituras de todo país, apenas 2,2% (R$ 89 milhões) foram para o Nordeste.

Nos anos anteriores os índices foram bem maiores. Em 2018, o Nordeste recebeu 21,6% do total de empréstimos. Em 2017, 18,6%.

Na nota do banco, a instituição alega que as autorizações levam em conta critérios de “sazonalidade” e “o número de pleitos recebidos”, indicando que teriam diminuído os perdidos de empréstimos do Nordeste.

Segundo o jornal, no entanto, existe uma fila de pedidos da região aguardando decisão do banco. Entre eles estaria um financiamento de R$ 133 milhões para a prefeitura de São Luís (MA), para obras de infraestrutura. “O pedido do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT) foi feito no dia 9 de maio e até hoje não houve uma resposta. A orientação para a área técnica, segundo apurou a reportagem, era de não aprová-lo mesmo estando tudo certo. A estratégia foi protelar até os documentos vencerem em 30 de junho”, diz a matéria.

Outro caso é do governo da Paraíba, que há quase dois meses aguarda resposta para um pedido de R$ 188 milhões.

O jornal relata também episódio envolvendo o governo do Piauí, que precisou recorrer à justiça para conseguir um desembolso de R$ 293 milhões. Desembolsos são recursos relativos a empréstimos aprovados e contratados em anos anteriores.

 

*Com informações do Brasil de Fato