São claros os sinais de que Bolsonaro perdeu muito território nesta última semana, mais precisamente nos últimos 15 dias.
As milícias associadas de Rio das Pedras e Muzema tiveram 30 chefões do núcleo econômico, ou seja, do principal núcleo preso numa operação do Ministério Público e Polícia Civil carioca. Tudo indica que, com o assassinato de um policial federal pela milícia em Campo Grande, RJ, a PF vai entrar no jogo de uma maneira muito mais dura para dar uma resposta à altura do assassinato de um dos seus agentes.
Sabe-se que a maior e mais forte milícia do Rio, atualmente, é a do Rio das Pedras, até porque está associada à outras que comandam boa parte da Zona Oeste, assim como a Baixada Fluminense, com o intuito de dominar o porto de Itaguaí.
Mas, com as perdas dos poderosos chefões de Rio das Pedras e Muzema, o projeto dessas milícias ficou manco. Tudo indica que o Ministério Público do Rio e Polícia Civil carioca seguirão avançando nas investigações e ações contra os principais chefes das milícias.
Foram eles que descobriram que Adriano da Nóbrega não era propriamente um miliciano comum, era muito pior, por comandar o escritório do crime e fazer vários serviços para as milícias da Baixada, foi ele quem costurou uma irmandade entre elas, formando um corredor com interesses comuns na região.
O segundo fato que pesa contra Bolsonaro, são os 13 celulares encontrados com o miliciano morto. Um delegado da PF disse que os celulares têm muito mais o que falar do que se Adriano tivesse sido capturado vivo.
Em outra ponta do tsunami, que se avoluma contra Bolsonaro na parte criminal, é a CPMI da fake news que fez um cerco em torno de Hans River, um dos operadores da rede criminosa de disparos de fake news nas redes durante as eleições de 2018, que trabalhou para Bolsonaro, que, sentindo-se acuado, viu-se obrigado a mentir descaradamente e, pior, fez um ataque asqueroso contra a jornalista Patrícia Mello, da Folha de S. Paulo, que gerou reações em cadeia no Brasil inteiro contra ele e, consequentemente contra quem o contratou.
Para piorar, Eduardo Bolsonaro quis ser mais malandro do que o malandro Hans River e dobrou a aposta de insultos baixos contra a jornalista, o que pode lhe custar a cabeça na CCJ.
Isso proporcionou uma reação imediata do comando da CPMI, convocando novamente Hans para esclarecer todas as mentiras apuradas pela comissão, com o claro risco de o depoente sair algemado da sessão, contando a verdade ou dobrando a aposta nas mentiras, ou seja, o sujeito está entre a cruz e a caldeirinha. Com isso, ele pode arrastar Eduardo Bolsonaro para o mesmo rodamoínho.
Soma-se a isso tudo a perda de capilaridade de Bolsonaro no meio de seu próprio eleitorado, mas principalmente no mercado que não gostou nem um pouco dos resultados pífios da economia apresentados pelo IBGE, a disparada do dólar com recordes de aumento e, sobretudo, as declarações atabalhoadas de Paulo Guedes, escancarando que ele não tem a mínima noção do funcionamento da economia brasileira e, muito menos, como vai lidar com a crise que se instalou. Com isso, ele se revela mais charlatão do que Olavo de Carvalho, considerado hoje o principal mistificador da cena política no país.
São fatos que levam Bolsonaro a ter ataques de cólera e a se cercar de militares e evangélicos, no mesmo passo em que confessa que sua relação com Queiroz e a milícia, via Adriano da Nóbrega, não tem nada a ver com os filhos, mas com ele próprio. E ainda diz que está pronto para enfrentar essa responsabilidade e que os filhos são meros fantoches de seu projeto macabro de poder.
Agora, é conferir os próximos capítulos que prometem ser ainda mais azedos para Bolsonaro.
*Carlos Henrique Machado Freitas